Turma Formadores Certform 66

Friday, May 31, 2019

O instinto do amor

Este texto foi dedicado ao meu velho amigo e companheiro Nicolau por uma amiga de nome Helena Almeida. Foi escrito e publicado no dia em que fazia precisamente oito dias que o Nicolau faleceu. Um texto comovente e merecer uma leitura atenta. Obrigado, Helena, por tão nobre gesto.

"O Instinto do Amor

Dedicado ao meu amigo José Ferreira

Passamos momentos que jamais vou esquecer! Recordo com muita ternura a amizade que criámos, a ligação que construímos e que nunca vai desaparecer. Animal de estimação pode ser o nosso melhor amigo!

Vou sempre lembrar da sua vivacidade, do teu jeito alegre e da boa energia que evidenciava o teu olhar carinhoso. Até um dia, meu amigo!
Às vezes as pessoas não entendem o amor que se tem a um animal. Seja cachorro, seja um gatinho, seja o que for. Mais do que um animal de estimação eu perdi um amigo fiel que sempre esteve ao meu lado.

E esta dor é verdadeira, honesta, crua. Não dá para explicar. É como se no meu coração existisse agora um vazio gigante, uma negridão turbulenta. O amor não tem definição, nem a saudade e, infelizmente, nem a morte tem.

Talvez seja por isso que é tão difícil aceitar a perda de um parceiro tão especial e marcante. Com ele dividi o que tinha, compartilhei meu coração, minha vida. Só desejo que esteja em um lugar de paz e que um dia nos reencontremos. Descanse em paz, companheiro!
Amei o meu Nicolau até ao último instante.

Os animais são, para mim, o mais extraordinário que existe neste planeta. Não há possibilidade de viver em harmonia com o mundo sem amar os animais. E o meu de estimação foi amado até ao seu último suspiro. Descanse em paz, companheiro!

Ficaram por aqui as memórias de momentos incríveis que passamos lado a lado. Foram tantas horas de divertimento e provas de amor que nem consigo contabilizar. Sentirei a tua falta todos os dias. E irei sempre homenagear sempre a tua vida comigo.

Os animais são mesmo incríveis. Eles nos elevam, dão sentido à nossa vida e são fiéis como nenhum outro ser humano. O problema é que não vivem para sempre. E hoje entendo isso como nunca. Estou sofrendo porque me sinto mais só; porque o meu companheiro foi para o céu.

O melhor relacionamento do mundo é aquele que é vivido e aproveitado intensamente sem vergonha ou preconceito. Fui uma pessoa privilegiada por ter conhecido meu querido amigo que tinha no olhar um brilho que me encantava todos os dias. Que saudade!

Não vai ser fácil viver sem ti e sem a tua constante alegria na minha vida. Deveria ser proibido seres como tu morrerem. O mundo seria mais feliz e cativante coma tua presença e o meu ganharia uma nova e refrescante vida.

Mas pensamentos impossíveis não servem de nada.
Meu bom amigo, que seu descanso seja sereno.

Até um dia."

Thursday, May 30, 2019

Festividades de Nossa Senhora da Hora

Celebra-se hoje o dia de Nossa Senhora da Hora. Não sou dos que mais apreciam estas festas populares, não por serem populares, mas porque simplesmente me dizem pouco. Contudo, e sempre que posso, vou neste dia à Senhora da Hora. Porque para além das festividades, vou encetar uma romagem às minhas memórias, ao meu passado de muitas décadas, quando ainda criança visitava esses locais pela mão dos meus pais e avós. Era lá que me comprava as farturas e o célebre doce de Teixeira, era lá que vinha algum brinquedo daqueles de madeira ou de lata como era normal nessa época, mas sobretudo, era nas barracas de louça que me compravam mais um 'santinho' para embelezar a cascata para os Santos Populares que mais tarde se fazia. E isso marcou-me tanto que ainda conservo a quase totalidade desses bonecos de barro. A minha avó materna e madrinha era natural desse lugar e esta festa era obrigatória nas poucas diversões que então existiam. Assisti com o meu avô materno e padrinho ao erguer da igreja nova, mas era a mais antiga, a tradicional capela que me enchia as medidas. Porque nela tinham os meus pais casado e eu fui batizado, nela assisti a cerimónias de muitos amigos e familiares que partiam desta vida. Sempre fiquei agarrado a essa memória. Por isso, neste dia acabo por arranjar maneira de lá passar. Só nesta altura a velha igreja está aberta o que me enche de alegria. Palmilhei aqueles caminhos que, apesar de diferente e modernizados, ainda conservam aquelas memórias de outros tempos, tempos bem recuados mas cujas marcas ainda perduram. E assim fiz, mergulhei nas recordações e vim de lá mais animado, especialmente, mais enriquecido com as memórias da minha infância que ainda me restam. Aquela infância mais longínqua e profunda que a memória ainda conserva.

Wednesday, May 29, 2019

Intimidades reflexivas - 1202

"Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras." - Marcel Proust (1871-1922) in 'À Procura do Tempo Perdido'.

Tuesday, May 28, 2019

Sete dias passaram

Passaram sete dias sobre a morte do meu querido e velho amigo Nicolau. As saudades aumentam na razão inversa do tempo que se esbate. Sempre que olho para os locais onde ele gostava de estar, nomeadamente, aqueles onde ele se deitava enquanto eu trabalhava, estão agora vazios. Aqui e ali o seu odor ainda vai resistindo pela casa e potencia essa ânsia de o ter por perto e as memórias dos seus últimos momentos. Por vezes dou comigo a entrar pé ante pé neste ou naquele local onde ele habitualmente estava a dormir para não o acordar como se ele ainda aí estivesse. Às refeições vou colocando de lado um ou outro alimento que ele gostava como se ainda lho fosse oferecer. Tudo isto está demasiado fresco, demasiado presente para poder ser esquecido. E estou certo de que assim continuará por muito mais tempo. São memórias de muitos anos a conviver dia após dia com esse ser magnífico que foi o Nicolau. Ele está e estará sempre presente na minha memória porque sempre tive com ele uma ligação muito profunda. Dou por mim amiúde a pensar nele. Desde o seu resgate ainda bebé até ao seu fim volvida uma longa vida. Das noites mal dormidas durante estes quase dois últimos anos, eu deitado no chão junto dele e a minha mulher num sofá, para lhe acudir às inúmeras crises que tinha durante este seu percurso final. Este companheiro anda sempre comigo, mesmo em pensamento. Parece que aqui e ali o ouço a andar, a bater neste ou naquele móvel como fazia mais recentemente com a sua falta de equilíbrio notório. Uma vida cheia e plena que agora tem o seu contraponto neste vazio que preenche a minha casa e a minha vida. Sete dias é pouco tempo mas as saudades são avassaladoras parecendo querer esmagar-me. O meu velho amigo Nicolau não estará jamais aqui, mas essa evidência é-me difícil, penosa até de aceitar. Apenas a esperança de que esteja bem num outro lugar onde o amor aos animais seja a regra, um lugar de muita felicidade e luz, me anima a continuar. Me atenua este vazio que a perda me deixou e que parece que aumenta todos os dias. Nestes sete dias volvidos, este é mais um dia de fortes lembranças porque um amor como este que senti pelo Nicolau não se esbate no tempo. Lá onde estiveres que estejas em paz, Nicolau!

Monday, May 27, 2019

Intimidades reflexivas - 1201

"Amar é sofrer. Para evitares sofrer, não deves amar. Mas, dessa forma vais sofrer por não amar. Então, amar é sofrer, não amar é sofrer, sofrer é sofrer. Ser feliz é amar, ser feliz, então, é sofrer, mas sofrer torna-nos infelizes, então, para ser infeliz temos que amar, ou amar para sofrer, ou sofrer de demasiada felicidade - espero que estejas a perceber." - Woody Allen

Sunday, May 26, 2019

Intimidades reflexivas - 1200

"Odeio esse acidental arrependimento que vem com a idade." - Michel de Montaigne (1533-1592)

Saturday, May 25, 2019

Os anjos da morte

Durante a doença e morte do Nicolau fui por variadas vezes assolado por mensagem para - segundo afirmavam - 'o ajudar a partir'. Sempre achei este eufemismo como algo que me cheira a descartar os seres, sejam pessoas ou animais. É como se me dissessem, ele já não vale nada, manda matá-lo e segue em frente. Sei que nesta sociedade cada vez mais desumanizada há defensores destas teorias da morte, servidas em papel brilhante de laço a preceito e sem o tema 'morte' que não convém prenunciar. Não sou contra quem o defende, mas sempre me achei do lado daqueles que defendem a vida em vez da morte. Se isto é ser antiquado pois sê-lo-ei de consciência tranquila e leve que nem uma pena. Nunca nenhum animal que passou pelas minhas mão foi 'assassinado' e o Nicolau sê-lo-ia ainda menos. Se tenho latitude mental para aceitar quem pense de maneira diferente da minha, já não tenho tanta assim, quando estas pessoas invadem espaços de outros com as suas promessas dum paraíso ali ao fundo a fornecerem soluções que não pedi de todo. São aquilo que chamo de 'anjos da morte' por mais bem servida que seja. Gostava até de um dia saber se essas pessoas seriam tão lestas nestas decisões caso se tratasse delas próprias, porque já sei que se fosse referente a terceiros o fariam com à-vontade, o importante é que a pessoa partisse e deixasse de dar trabalho. (E já agora, que tivesse um testamento a deixar bem materiais ou outros, isso seria o ideal). Penso que pessoas que pensam desta maneira, - as tais que são tão evoluídas inteletualmente -, deveriam parar um pouco e pensar se têm o direito de invadir o espaço de outros com as suas propostas radicais. Cada vez mais penso que essas pessoas tão 'evoluídas' afinal nem sequer têm tempo para achar o que é bom ou mau, o conveniente ou o inconveniente. Mas é assim, o mundo descartável em que vivemos, onde quem já não pode, está a mais parece estar na moda, a tal moda que eu liminarmente não acompanho. Mas isso até nem é novidade nenhuma, eu faço parte do outro grupo, dos 'cotas', de inteligência limitada,  a desagregar-se - se é que tive alguma ao longo da vida - e como tal não estarei à altura de tão ousados pensadores, que pensam e tomam decisões da vida e da morte... dos outros.

Friday, May 24, 2019

Momentos maiores

Ontem ao fim da tarde tivemos um momento de muita alegria e simultaneamente de tristeza. Tristeza, pelo desaparecimento do nosso velho amigo Nicolau; alegria, pela visita da nossa afilhada Inês. A Inês soube do falecimento do seu amigo Nicolau. Chorou e rezou por ele. Quis vir cá homenageá-lo com algumas flores. Da intenção ao ato foi um relâmpago. E nós de coração apertado, e ela de lágrimas a bailar nos olhos, lá foi depositar as suas flores no seu túmulo. Aproveitou e fez o mesmo com a mãe adotiva do Nicolau, a Tuxa, que está ao lado. Dois bons amigos e companheiros, unidos na vida e agora na morte, com quem a Inês brincou desde tenra idade e que tanto gostavam dela. Estes são momentos que aquecem os nossos corações muito fragilizados, que vindo da nossa querida afilhada, assumem um valor muito especial. Obrigado, Inês, pelo teu gesto que tão bem caiu nos nossos corações. A Tuxa e o Nicolau lá do país do Arco Íris devem estar muito contentes, felizes e agradecidos.

Obrigado Vet's

Após o desaparecimento do meu velho amigo Nicolau é de justiça fazer aqui um público agradecimento ao Hospital Veterinário Animal Care e da sua diretor clínica Dra. Susana Melo. A Dra. Susana Melo e a sua equipa foram responsáveis pelo acompanhamento do Nicolau desde quase sempre, e mais recentemente, com muita proximidade desde que o Nicolau teve o seu grave problema de saúde à quase dois anos. A sua disponibilidade no apoio a um doente crónico como o Nicolau sempre se pautou por grande profissionalismo que se traduziu na sua recuperação e manutenção até este momento. Assim, acho que é do mais elementar bom senso o agradecimento a esta equipa que sempre esteve disponível na ajuda ao Nicolau. A todos o nosso mais profundo agradecimento.

Agradecimento

Quero agradecer a todos os que nestes últimos dias me deram palavras de amizade e de conforto neste momento mais difícil da morte do meu velho amigo Nicolau. Agradeço do fundo do coração. Muito obrigado a todos.

Feliz aniversário, minha Mãe!

Faria 85 anos hoje a minha Mãe que já à muito partiu. Mas a saudade fica, essa memória de quem nos deu à luz e nos acompanhou ao longo duma parte da nossa vida. E que memórias tenho! Diz-se que enquanto os homenagearmos e deles nos lembrarmos, eles não morrem. E, fiel a este princípio, aqui estou a celebrar a memória de minha Mãe. Lá onde estiveres que estejas em paz. Feliz aniversário, minha Mãe!

Thursday, May 23, 2019

A amizade de um cão e duma criança


Como é do conhecimento de todos à muito que não partilho fotos da minha afilhada Inês. Contudo hoje vou fazê-lo com o meu pedido de desculpas aos seus pais, Sandra Patrícia Ferraz e Aires Ferraz, mas dadas as circunstâncias penso que compreenderão. Desde muito pequena a nossa afilhada vinha para nossa casa e convivia com os nossos animais, entre eles o Nicolau. Nestas fotos a Inês teria entre 2 e 3 anos. E é sobre esta relação que quero falar.Quando o Nicolau ficou paralisado à quase dois anos atrás, foi com a Inês que ele voltou a subir as escadas para o andar de cima onde ele gostava tanto de estar, com o intuito de a seguir. Ontem aconteceu algo incrível. O Nicolau estava praticamente moribundo, já quase sem respirar quando a minha afilhada saiu para a escola a seguir ao almoço. Ela mora na moradia pegada à minha e foi perceptível a voz da Inês. O Nicolau como que regrediu da sua viagem. Abriu os olhos e olhou para o alto. Quando a voz da Inês se foi esbatendo, ele voltou o olhar para mim, fitou-me nos olhos e alguns minutos depois partia. É algo que não esqueço. Estava bem perto dele a falar com ele e a dar-lhe coragem para a viagem que ele ia fazer, assisti a tudo. Uma imagem e um gesto que nunca mais esquecerei.

Carta ao meu querido Nicolau

Querido Nicolau,

Espero que estejas bem, no país do arco íris, numa dimensão cheia de luz e prados verdejantes, na companhia dos teus irmãos que conhecentes na tua existência, mas também que tenhas reconhecido todos os outros que, desde a minha infância, povoaram a minha. Seres que como tu, foram muito amados e que fizeram com que eu fosse, com toda a certeza, um ser melhor.

Estou a escrever-te para que saibas que tenho muitas saudades tuas. Conheci-te à mais de 16 anos e meio, quando foste abandonado por gente sem escrúpulos, numa noite de grande temporal. Ouvi-te chorar toda a noite mas não sabia que estavas na rua. Madrugada ainda, vim ver o que se passava face ao teu choro contínuo, e dei contigo. Mal te peguei, tu estavas todo encharcado, escondido debaixo dum automóvel que estava estacionado à minha porta, mas logo te calaste quando me olhaste. Com aqueles olhos tão belos de pestanas espessas que sempre conservaste ao longo da vida.  (E foi com esses olhos belos que olhaste para mim pela última vez como era meu desejo). Talvez tivesses sentido que era a tua hora boa, face a tal provação, na tua ainda tão tenra idade. Era véspera de Natal, daí o teu nome.

Depois de te ter resgatado, logo apareceram pessoas a querer ficar contigo. Até já tinham casota e cadeado para te acorrentarem para a vida! E nem sabiam se o senhorio deixava que lá ficasses (segundo me disse uma dessas criaturas) mesmo assim, e apesar de tudo! Tinhas saído dum sofrimento e prometiam-te outro até ao teu fim da vida. Mais tarde, na tua primeira visita ao veterinário, logo apareceu um casal já de alguma idade, que te queria adotar. Eras muito bonito, alegre e traquina. Mas a tua marca no meu coração já era funda e por isso ficaste. Como sabes, cachorro que resgato fica na minha vida até o destino decidir outra coisa.

Na nossa casa, logo foste recebido pela tua mãe adotiva, a Tuxa, que já partiu vai para um par de anos. Ela logo te adotou. Era muito maternal. Ensinou-te tudo o que uma mãe ensina aos seus filhos. Brincou muito contigo. Amava-te muito. E só assim, te ia tolerando tudo, mesmo quando tu eras demasiado atrevido para com ela. Mas tu também a amavas. Não esqueço o dia em que ela expirou à nossa frente. Tu estavas lá e percebeste tudo. Ficaste muito triste. No dia seguinte - porque os nossos cachorros nunca são enterrados no próprio dia - tu vieste e assististe. Ainda foste junto dela como a despedir-te. E nos dias seguintes e meses subsequentes, nunca deixavas de ir visitar a sua sepultara logo pela manhã. Era a primeira coisa que fazias quando acordavas. Depois foste indo cada vez menos, o tempo vai curando tudo, mas volta e meia, ainda te ias deitar junto da sua sepultura.

Porque, para além de seres corpulento, muito pesado, inspirares respeito, também tinhas um coração do mesmo tamanho. E assim permaneceste toda a tua vida. Quando estiveste doente, não paravas de nos lamber o rosto e as mãos, como forma de agradecimento por te termos dado uma existência digna. Mas também era a forma de sentires o amor que te tivemos toda uma vida. E nem sabes o que isso nos comovia.

Por isso, decidi escrever-te esta carta. Eu e a tua dona temos tido o coração muito apertado pela tua ausência. Ontem, ficamos mais pobres. A nossa vida ficou mais vazia. Ainda restam algumas coisas que foram tuas. A alcofa, os cobertores, as mantas, eu sei lá mais o quê, que nos faz lembrar a cada momento que um dia elas foram tuas e te aconchegaram. Agora, vão ser doadas a outros teus irmãos que sofrem neste mundo tão violento, as agruras da vida. Oxalá que essa energia que neles deixaste sirva para que outros encontrem o amor e um lar como tu encontraste. Seria a nossa alegria e, - tu aí em cima -, também ficarás feliz certamente.

Desapareceste do nosso mundo visível, mas estás aí sob uma outra forma de existência. A tua presença é sentida, quanto mais não seja, nos nossos corações que tanto te amaram. Estou seguro que estás bem porque seres sublimes e tão puros não podem ter outro desiderato. E diz aí aos teus amigos, - sobretudo àqueles que sofreram muito na vida, neste mundo tão agressivo -, que nem todos os humanos são maus. E dá o teu exemplo de como foste tratado. Porque no meio do terreno mais agreste há sempre uma flor capaz de surgir. Fala-lhes de ti, da tua vida connosco, deste amor que partilhamos contigo. 

Quero-te dizer que algumas das linhas que aqui te deixo, já tinham sido escritas à quase dois anos, quando adoeceste gravemente e pensei que seria o teu fim. Mas tu não estavas de acordo, ainda querias viver mais algum tempo na nossa companhia. E recuperaste. E ainda foste para os teus lugares preferidos no lar que também era teu, como passeaste muitas vezes no jardim que tanto gostavas. E foram quase dois anos que passaram e que se cumpririam no final do próximo mês. E que felizes ficamos por te ter mais algum tempo na nossa companhia. Mas a vida é assim. O ciclo inexorável de vida e morte é imparável e nada podemos fazer para alterar a ordem das coisas. Um dia a tua hora chegou como chegará para todos nós.

E agora já é tempo de me despedir. Não um adeus, mas um até um dia. Estou convicto que no dia que a minha hora também chegar aí estarás do outro lado da ponte do arco íris a esperar-me, a saudar-me, a acalmar-me face ao temor do desconhecido. E, certamente, que tu e os teus amigos, serão as melhores testemunhas daquilo que foi a minha vida. Lá, nesse plano superior da vida, quero crer que a luz será abundante, os campos verdejantes, as estradas bem planas. E não haverá animais a sofrer. Acorrentados ou torturados, abandonados ou violados, porque nesse plano não haverá espaço para essas situações, a maldade não terá terreno fértil para se agarrar. 

Deixo-te estas linhas que ensopam o papel, são linhas humedecidas pelas lágrimas desta imensa saudade que nos deixaste ao partir. Não são tanto lágrimas de tristeza, mas lágrimas de esperança, daquela esperança que é sentir que estarás num sítio melhor. Porque foste um ser belo, sublime, imponente. Um ser leal e amigo como muitos humanos não são capazes de ser, porque foste uma luz brilhante na nossa existência.

Fica bem meu velho amigo e companheiro Nicolau, companheiro de tantos anos e de tantas lutas. Vai brincar com os teus amigos do país do arco íris e não te esqueças de me esperar porque tudo farei para ir ter contigo quando a minha hora soar. Porque um amor verdadeiro não se renega, nem se esquece e o nosso vai para lá do infinito, vai para além da Eternidade. Fica em paz, Nicolau!

Até ao dia do nosso reencontro.

Do teu amigo e companheiro,


José

Wednesday, May 22, 2019

Nicolau - Atualização

O Nicolau continua a sua lenta agonia. Vai rejeitando a alimentação que mesmo ministrada por uma seringa ele tem dificuldade em engolir. A única coisa que ainda aceita água que entretanto passou a desejar de novo. Está a definhar dia após dia. Ontem ao final do dia, o Nicolau esteve bastante mal, pensei que seria o fim esperado, mas não, o Nicolau recuperou. A sua força e resiliência são espantosos e a sua capacidade de lutar pela vida são enormes. Dormiu com intermitências, tal como nós, mas está sereno e tranquilo. Apenas mostra dificuldades em respirar de vez em quando fruto da sua insuficiência cardíaca. Mas está sereno e apenas levanta a cabeça quando um de nós se afasta por qualquer motivo. Quer os donos junto dele nesta hora derradeira. E nós assim fazemos. O Nicolau terá sempre a nossa companhia até ao seu derradeiro momento. Quanto ao amor te-lo-á para além do infinito. De novo aqui quero agradecer a todos os me têm contactado pelos mais diversos meios a saber novas do Nicolau. Estou profundamente grato a todos. É sempre bom sentirmos um abraço amigo neste momentos de provação, nem que seja um abraço virtual. A todos o meu muito obrigado. Voltarei a este tema sempre que a situação evolutiva do Nicolau o justifique. Obrigado.

Tuesday, May 21, 2019

Homenagem ao Nicolau - IV

Dear Jose’.....your heart is breaking....a terrible sadness is filling your moments....Nicholas knows he has been loved by you and your family all his life....he has loved you back....Nicholas will never die, he will be alive in your heart and memories....he will wait for you at the RAINBOW BRIDGE my friend....my eyes are filled with tears for you....till then...

Nicolau - Atualização

Estou exausto porque praticamente não dormi. O Nicolau vai resistindo. Durante e noite teve paragem respiratória por diversas vezes. A primeira vez pensei que era o fim, mas não, o Nicolau ia recuperando. Nunca tal tinha visto nos muitos cães que passaram pela minha vida. A sua frágil condição está a ficar cada vez mais evidente. Mas a sua vontade indómita de viver é mais forte. Passei a noite junto dele e quando por uma vez me afastei um pouco mais, logo ele ergueu a cabeça com muito custo para saber onde eu estava. Ainda dormiu por alguns momentos. Está muito frágil. Não come nem bebe desde domingo à noite. Diz-me a experiência que quando isso acontece os cães não duram mais do que quarenta e oito horas. Talvez seja hoje o desenlace fatal, mas com o Nicolau nunca se sabe. Estou destroçado, de coração apertado, na iminência de perder este meu grande companheiro. Sei que o fim é inevitável e custa-me vê-lo assim. Mas, egoisticamente me apetece dizer, que ainda o tenho. O fim aproxima-se a passos largos. Mais uma vez agradeço a todos os que me têm enviado mensagens de apoio, o meu muito obrigado do fundo do coração. Manterei todos sempre informados do evoluir da situação. Muito obrigado.

Homenagem ao Nicolau - III

THINKING OF YOU AND NICHOLAS MY FRIEND José Ferreira . 😢

Brenda Tunnell

Homenagem ao Nicolau - II

Carta do Nicolau

Querida Dono,

Neste momento só tenho que te agradecer...agradecer por teres me acolhido, teres cuidado de mim a vida toda, me proporcionado momentos felizes e inesquecíveis, me teres dado uma família, um lar, essas lembranças levarei comigo aonde eu estiver!!

Obrigado pela infinita paciência, me ensinaste a ser um cão obediente...obrigado por teres perdoado tantas estripolias, tantas destruições, fiz tantas coisas erradas no teu tapete (era mais forte do que eu, aquele cheiro me atraía muito), destruí tantos sapatos novos, arranhei tanto o teu carro na tentativa de subir para o banco (os passeios de carro eram os meus predilectos), e o pior de tudo era os buracos que fazia no teu quintal, cavando cavando, ahh aquele cheirinho da terra, e o que eu me divertia a enterrar os meus brinquedos! 
Tu querido dono, para mim foste sempre a pessoa mais importante, 
davas me o meu alimento, me escovavas, a minha água era sempre fresquinha e me deste muito, e muito carinho....Muito AMOR!!
Eu contava as horas todos os dias, à espera de tu chegares do trabalho para te
receber com muitas lambidelas e pulos, algumas vezes não tinhas tempo para mim, mas sempre compreendi a pessoa ocupada e a vida de correria que tinhas.... Quantos passeios pelas manhãs de domingo, e como eu te arrastava de tanta ansiedade para ver os amigos da rua, às vezes arranjava confusão e tu me salvavas sempre,... tu dizias que eu não tinha tamanho para enfrentar aqueles cães grandes!!...
E os banhos de água morninha que me davas, ah eu amava a água escorrendo no meu pêlo, e a melhor parte era de me sacudir e de te molhar todo, eu não gostava nada daquele champo que fazia arder o meu nariz e nem do perfume que me fazia espirrar, espirrar....
Querido dono nunca me deixaste faltar nada e cuidavas de mim como um filho uma pessoa de família!!
Obrigada por tantos cuidados e preocupações, tantas idas ao veterinário, tudo bem, eu tinha medo daquele homem de bata verde e do cheiro estranho que todas as vezes me dava umas picadas, mas tu sempre dizias que era para o meu bem, então me sentia seguro...
Os anos se passaram, envelheci e agora adoeci, eu sei que agora não tenho recuperação, sinto que estou partindo, a minha respiração está fraca, as minhas patas estão enfraquecidas, não consigo mais me levantar, ....o meu tempo de vida é muito mais curto que o teu e não poderei ser o teu companheiro para toda a vida.
O que mais me conforta depois de tantos anos de convivência é que te transformei numa pessoa melhor, mais sensível, amiga, amorosa e solidária. O mundo seria melhor se todas as pessoas tivessem um animal de estimação, descobririam o verdadeiro significado da amizade, lealdade, fidelidade e pureza !! 
Muitas pessoas não compreendem a nossa missão aqui na terra, que é transformar humanos em pessoas melhores, muita gente não veem que somos seres puros e inocentes e nos encaram de forma totalmente errada!! E é apenas isso que somos, seres puros, inocentes e cheios de amor para dar, muitas vezes são vocês humanos que nos transformam em seres agressivos, indóceis e amargos como muitos de vós!!
Já eu só tenho a agradecer a vida digna e feliz que me deste e te faço o meu último pedido nunca deixes o meu espaço vazio, se puderes preenche com outro ser como eu, não para me substituir, mas para continuar a minha missão de te tornar cada vez melhor e um ser cada vez mais especial !!
" Jamais te esquecerei aonde eu estiver, obrigado!! Com muita gratidão e Amor.
O teu sempre, Nicolau.💙"

Escrevi este texto como uma forma de consolo ao José Ferreira.
Beijinhos com muita força caro Amigo.😘💜

Maria Odete Martins

Nicolau - Atualização

A respiração do Nicolau está quase impercetível, mas continua a resistir. Já está assim vai para quatro horas. Estou a vela-lo. Eu estou aqui com ele como ele esteve sempre comigo toda a sua vida. O Nicolau não morrerá sozinho. Está sereno, calmo, tranquilo, como sempre ficamos face ao inevitável. Aguardo o desenlace a qualquer momento. Obrigado a todos pelo apoio nesta hora difícil por que estou a passar.

Homenagem ao Nicolau - I

Querido Nicolau

hoje nao contenho as lagrimas ao olhar para estes teus olhos cor de azeitona, esse teu olhar que so tu sabes bem expressar. Ao longo destes anos tens mostrado a todos nos o que e a resilencia e a superacao.
Apesar da tua longa idade, habituamos-nos a ver-te com o teu sorriso, o teu andar cambaleante sempre atras da tua rosita. 
Sabes Nicolau, desde que te conheci tens sido o meu guerreiro de Luz, o meu heroi, aquele que nos da a forca para seguir em frente e dizer a vida e vivermos um dia de cada vez, com alegrias tristezas superando obstaculos, e tens dado grandes licoes de vida a todos nos que te acompanhamos.
Sempre ao teu lado os teus queridos familares, sim familiares, pois tem sido extraordinarios.
Os teus donos sempre foram os teus mentores, pessoas que sempre estao aonde tu queres estar, mas tambem apoiantes e encorajadores que partilham os teus sonhos a tua doenca, 
Ha maos amigas.
Ha mais uma capacidade interpessoal que e muitas vezes desprezada ou ignorada, mas que e muito familiar a disposicao e humildade para pedir ajuda quando e necessaria.
Acredito bem que todos junto de ti e mesmo nos que vamos acompanhando a tua doenca recorremos ao filho de Deus, Jesus pois raramente andamos sozinhos.
Pedir ajuda nao e um sinal de fraqueza
E um sinal de forca.
Rezo por ti, sim poderao dizer e loucura rezar por um animal/
pois e amigos para mim este grande amigo e todos os amigos dele sao a nossa melhor amizade, o nosso melhor ouvinte, a quem nunca nos negam uma festa.
Forca NICOLAU

Helena Almeida

Monday, May 20, 2019

Nada de pieguices

Estou a viver um momento excecional sem dúvida nenhuma. A partida do Nicolau está a ser muito difícil para mim. Parece até, que ele é que me está a dar a coragem que me falta para enfrentar o inevitável. À pouco debrucei-me sobre ele para o sentir, afinal estes são os momentos finais em que o posso fazer. Emocionei-me como é natural e não pude evitar que algumas lágrimas me caíssem dos olhos. O Nicolau que estava muito sereno, quase se ergueu a olhar para mim e a ladrar como que a dizer-me que parasse com aquilo. Que me deixasse de pieguices. Confesso que fiquei admirado e logo ele se deitou de novo e continuou a respirar cada vez mais frágil. Está a desaparecer lentamente. A respiração é cada vez mais ténue o que me leva a olhar com atenção para ver se ainda respira. Está calmo e sereno mas ainda teve forças para me dar um raspanete. Agora está deitado. Não quis comer nem beber. Descansa e aguarda serenamente a sua hora. Estou destroçado e de coração partido. A hora do adeus aproxima-se e nada mais posso fazer. O inevitável ciclo da vida fechar-se-á em breve.

As lágrimas do Nicolau

Não sei se percebem bem esta foto. Foi tirada à minutos. O Nicolau tem lágrimas a humedecerem-lhe aqueles belos olhos negros de pestanas espessas que ostenta. Nunca tinha visto isto em nenhum cão. E já assisti ao fim de muitos ao longo da minha vida. É tocante e comovente. Não posso fazer mais por ele, apenas aguardar que o destino se encarregue de o levar em paz e sem sofrimento.

A hora da decisão

Estão à porta as eleições europeias e é tempo de olharmos para o que elas representam. Na maioria dos países - felizmente não todos - estas eleições são olhadas como pouco importantes, daí a sua elevada abstenção. Contudo, há que ter em consideração que estas eleições representam para os países que fazem parte da União Europeia (UE) mais do que as próprias eleições legislativas. Porque é na Europa que se desenham e definem as políticas regionais para cada país, embora nem sempre tenhamos noção disso. Como já afirmei por diversas vezes, cada vez mais as decisões dos governos não são independentes da vontade europeia, o que é normal, à medida que se vai aprofundando o projeto europeu que, infelizmente, está a passar por momentos bem complexos. Contudo, a eleição dum partido - seja ele qual for - vai reforçar a família política europeia em que esse partido se insere e assim definir as políticas globais para a Europa. Assim a importância do voto (que muitos menosprezam) é fundamental. Os governos são cada vez menos independentes do consenso europeu e, para quem segue estas questões, é bem visível o que está a acontecer com o Brexit e o que daí advirá para a Europa e sobretudo para a Grã-Bretanha que será a maior perdedora em tudo isto. Veja-se o êxodo que as sedes de algumas grandes empresas e bancos estão a fazer e para a desconfiança com que os agentes económicos olham para o que será o Reino Unido fora da UE. É bom que tenhamos bem noção do que está em jogo, porque se é assim para os grandes países, o que dizer dos países mais pequenos e periféricos como Portugal. Todos devemos ter em atenção a importância do nosso voto nestas eleições, que mais não é, do que o voto na Europa à qual pertencemos numa altura em que forças anti europeias se posicionam no horizonte. O voto é assim algo de suprema importância que não devemos menosprezar.

Nicolau - Atualização

De novo aqui venho dar satisfação aos inúmeros pedidos de informação que me têm chegado sobre a situação do Nicolau. Ontem à noite teve um período difícil com dificuldade em respirar fruto do seu problema cardíaca. Depois acalmou e dormiu bem toda a noite, sem que antes tivesse comido a sua refeição. Hoje de manhã, acordou bem, já fez a sua habitual higiene, mas desta vez, quase que não mostrou o seu desagrado. O Nicolau está a ficar cada vez mais fraco e débil. Até agora, não quis comer ainda nada. Vê-se que a debilidade aumenta dia após dia num fim anunciado que se aproxima rapidamente. Apenas vai olhando de quando em vez para ver se estou por perto. Aqui estou ao seu lado num escritório improvisado e ele sente-se tranquilo por se sentir acompanhado. Está sereno mas, como disse atrás, muito debilitado. Infelizmente penso que não terá muito tempo de vida. Até que ela se extinga tudo faremos para que os seus últimos dias sejam de tranquilidade, paz, serenidade e muito amor. Ao fim e ao cabo, estamos a devolver-lhe tudo aquilo que ele nos deu durante este dezasseis anos e meio que vive connosco. Agradeço mais uma vez a todos os que me têm contactado pelas mais diversas formas a saber da situação do Nicolau. Informarei sempre que haja algo que o justifique. A todos o meu muito obrigado.

Sunday, May 19, 2019

Nicolau - Atualização

De novo trago aqui a situação do meu velho amigo Nicolau na sua derradeira caminhada final. Ontem tinha comido com bastante apetite e bebido muita água. Mas agora só aceita comida e água da minha mão. Qualquer outra pessoa que o queira fazer, o Nicolau não aceita e chega até a mostrar os dentes. Dormiu bem e teve uma noite tranquila e serena. Acordou com a sua habitual rebeldia. Tornou difícil fazer a sua higiene porque não está com disposição para isso. Não quis comer a sua usual refeição. Está aqui deitado a meu lado, e volta e meia, vai levantando a cabeça para ver se estou por perto. Nota-se que está a ver cada vez menos. Quase cego mas com os sentidos apurados, sobretudo o seu faro. A parte fisiológica continua a funcionar bem por enquanto. Quer-se levantar mas não consegue, não o conseguirá jamais. Está tranquilo, talvez mesmo e cada vez mais, resignado à sua nova situação. Mais um dia passou e o Nicolau ainda cá está para alegria nossa. Vamos esperar que passe bem o dia como ontem aconteceu.

Emoções

Um turbilhão de emoções e sentimentos me envolvem. Um mundo de pensamentos me percorre. Uma avalanche de medos se infiltram. Tudo porque um ser nobre tomou à muito o meu coração e agora está perto de dizer adeus.

Saturday, May 18, 2019

Nicolau - Atualização

Mais uma noite passou, mais um dia foi superado. O Nicolau passou bem a noite, embora a momentos se ergue-se para ver se nos vi-a. Estava deitado a meu lado mas queria ter a certeza de que não estava sozinho. Depois lá mais para a madrugada foi vencido pelo sono e pelo cansaço. À pouco dormia a sono solto, tranquilamente, agitando de quando em vez as pastas, movido por um sonho que espero o faça feliz. Mas está sereno e calmo. Talvez resignado com a sua situação. Mas sempre reconfortado com a nossa presença. Mais um dia se seguirá. O sol erguer-se-á de novo para iluminar mais este dia. Qualquer um deles, a partir de agora, pode ser o último da vida do meu velho companheiro Nicolau. Não quero por agora pensar nisso. Apenas quero que seja mais um dia na sua companhia e com isso já me dou por feliz. Depois veio a higiene diária e ele logo mostrou o seu desagrado apesar da sua frágil situação. É uma odisseia porque temos que o virar de posição visto o Nicolau já não o pode fazer sozinho. Perdeu definitivamente o andar. Está medicado para as dores que parece não ter. Todos os dias fazemos este ritual que tanto lhe desagrada. Comeu bem embora não beba muita água. E, agora numa nova posição, está mais confortável e adormeceu. Volta e meia acorda e tenta varrer o espaço com os olhos. Vê-me aqui por perto e logo continua o seu sono. E assim se vai fazendo o dia a dia dum velho companheiro que aos poucos vai desaparecendo. A angústia é muita, talvez até contraste com a sua aparente serenidade. Mas estou com dificuldade em aceitar o inevitável para o qual nada posso fazer.

Que dor imensa

Como é duro ver um ser tão nobre a caminhar para o fim da vida. Estaremos sempre contigo. Nunca ficaste, nem nunca ficarás para trás. Que dor imensa sentimos, impotentes sem nada poder fazer por ti.

Friday, May 17, 2019

Nicolau - Atualização



O Nicolau passou esta noite um pouco agitado, fruto mais do ter dormido quase todo o dia, do que outra coisa qualquer. Acordou frágil, como sempre acontecerá daqui para a frente. Já lhe fizemos a higiene e ele logo aproveitou para rosnar e mostrar os dentes com aquela sua rebeldia de sempre e de quem odeia tomar banho. Depois lá comeu a sua habitual refeição com o apetite costumeiro. Agora, depois de tão grande odisseia, como será sempre algo que faça daqui para a frente, o Nicolau adormeceu serenamente. Mudei o meu local de trabalho para o rés do chão para poder estar com ele e só depois de ver que isso tinha acontecido é que adormeceu ao meu lado como sempre fez. Anda com o sono trocado e logo à noite ficará de vigia ao que parece. Está muito frágil, não se consegue segurar nas patas. Para cuidarmos dele temos que o erguer com o auxílio de duas toalhas. A partir de agora será sempre assim até que os seus dias se esgotem. Aproveito para agradecer a todos os que me têm contactado pelas mais diversas formas a perguntar pelo Nicolau. Estou muito grato a todos pelo carinho e apoio. Voltarei ao contacto sempre que existir assunto relevante para tal. Muito obrigado.

Thursday, May 16, 2019

A impotência

O meu velho companheiro está a chegar ao fim e eu impotente para fazer seja o que for. Como é dura a existência. Como é triste ver partir um ser tão nobre e leal. Já passei por isto inúmeras vezes na vida e, apesar disso, nunca me sinto preparado para uma outra situação. Como tudo isto é duro. Não consigo fazer nada. Quando chegam estes momentos é como se a minha vida parasse. Que sofrimento este...

E a Rosita?

Entretanto, a Rosita está do outro lado da sala a dormitar. Desde anteontem que está sempre por perto, embora o Nicolau já tenha mostrado má cara. Mas ela ali está serena e tranquila. Parece querer estar perto nele nestas horas derradeiras.

Nicolau - Atualização

O Nicolau está a esvair-se lentamente. Hoje já não se consegue erguer, muito menos subir ao 1º andar onde sempre gostava de estar. O estado de saúde dele agravou-se nas últimas horas. Embora tenha dormido bem e comido a sua refeição habitual, está cada vez mais fraco e débil. Julgo que não durará muito tempo. Se chegar ao fim desta semana, já será uma vitória. O meu coração sofre e chora por antecipação ao vê-lo assim. Não está em sofrimento, apenas está sereno e talvez resignado. Talvez a paz já esteja com ele. Força Nicolau!...

Wednesday, May 15, 2019

A foto improvável

Esta foto foi tirada a meio da tarde de ontem. Nela é visível o meu velho amigo Nicolau a apanhar uma brisa fresca que se fazia sentir e atrás a Rosita. Ela já percebeu as limitações dele e não foge. Parece até que quer estar perto dele. Contudo, o Nicolau assim que a pressentiu fartou-se de olhar para trás. Chegou mesmo a rodar no chão com as poucas forças que ainda tem para a ver e sempre com aquela vontade de não a querer por perto. O Nicolau igual a si mesmo, como sempre esteve ao longo da sua já longa vida. Esta é de facto uma foto improvável que só foi possível pela debilidade do Nicolau. Entretanto informo que ele passou bem a noite, embora esteja muito fraco. A sua debilidade é extrema e é visível o seu agravamento dia após dia. Já comeu a sua habitual refeição e agora, como é seu hábito, está junto de mim a fazer mais um sono. Sempre que houver evolução da sua situação informarei. Agradeço agora e sempre a todos os que me têm contactado pelas mais diversas formas a saber novas do Nicolau. A todos um bem haja e um obrigado muito sincero do fundo do coração.

Tuesday, May 14, 2019

Novas do Nicolau

De novo vos trago novas do meu velho companheiro Nicolau. E desta vez não são as melhores. O seu estado de saúde agravou-se fortemente. Está muito débil, apesar de ainda comer com apetite embora menos do que o habitual. Dir-me-ão que se calhar será uma situação idêntica a tantas outras e em breve recuperará. Talvez, mas temo que não seja assim. A sua debilidade é muita, cada vez com mais dificuldade em se aguentar de pé. Dorme muito e está quase sempre prostrado. A incontinência piorou. Gostava que chegasse ao fim do próximo mês para celebrar o segundo ano que resistiu à sua doença. Mas, sinceramente, acho que desta vez não chegará. Estou cansado e angustiado com a possibilidade de perder este meu velho e leal companheiro de dezasseis anos e meio. Tudo tem um fim na vida, já o sabemos. Mas é muito duro quando esta altura chega. Sempre que se justificar voltarei ao contacto para dar notícias aos muitos que ao longo dos anos têm acompanhado a situação do Nicolau. Agora só resta esperar e ver o que o futuro nos reserva.  E tentar ser forte, embora perceba que não sou capaz. Afinal o Nicolau representa muito, mas mesmo muito, para mim. Força, Nicolau!

Monday, May 13, 2019

Intimidades reflexivas - 1199

"Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz..." - Machado de Assis (1839-1908)

Sunday, May 12, 2019

Intimidades reflexivas - 1198

"Não faças planos para a vida, que podes estragar os planos que a vida tem para ti." - Agostinho da Silva (1906-1994)

Saturday, May 11, 2019

Intimidades reflexivas - 1197

"Na vida, nada se resolve, tudo continua. Permanecemos na incerteza; e chegaremos ao fim sem sabermos com o que podemos contar." - André Gide (1869-1951)

Friday, May 10, 2019

Intimidades reflexivas - 1196

"Libertei mil escravos. Podia ter libertado outros mil, se eles soubessem que eram escravos." - Harriet Tubman (1820–1913)

Thursday, May 09, 2019

9 de Maio - Dia da Europa

Hoje celebra-se o dia da Europa. E as eleições para o Parlamento Europeu estão já aí. Um dia para refletir sobre a Europa a que pertencemos, o que queremos que ela seja e com isso definir aqueles que queremos eleger para nos representar.

Intimidades reflexivas - 1195

"O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um." - Almada Negreiros (1893-1970)

Wednesday, May 08, 2019

Intimidades reflexivas - 1194

"Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros; há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água; ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros." - Jorge Luis Borges (1899-1986)

Tuesday, May 07, 2019

Intimidades reflexivas - 1193

"Alguns de nós pensam que aguentar as situações tornam-nos mais fortes. Mas às vezes é saindo delas que nos tornamos mais fortes." - Herman Hesse (1877-1962)

Monday, May 06, 2019

Intimidades reflexivas - 1192

"Antes de tudo, dizei-me: haverá no mundo coisa mais doce e mais preciosa do que a vida?" - Erasmo de Roterdão (1466-1536)

Sunday, May 05, 2019

Dia da Mãe

Mais uma data que me trás muitas saudades. Quando era jovem o Dia da Mãe celebrava-se a 8 de Dezembro e era o prenúncio do Natal que se aproximava. Era-mos convidados na escola a fazer um postal para dar às nossas Mães. Anos mais tarde passou para Maio, o mês consagrado a Maria mãe de Jesus. Talvez por isso a data foi perdendo aderência. Os tempos são outros e para muitos jovens o simples facto de homenagearem a Mãe é fator de constrangimento. No passado, quando era em Dezembro, havia espírito mais familiar porque é inverno e a tendência mais intimista da data era mais evidente. Mas acima de tudo e para além do tempo de calendário, o importante é homenagear a nossa Mãe. A minha já à muito que partiu, e dentro de dias voltarei a falar dela, a propósito do dia do seu aniversário. Agora apenas celebro a memória e acredito que enquanto assim for as pessoas não morrem de facto. É caso para dizer que hoje se celebra o Dia da Mãe e eu não tenho a minha. Mas a vida é assim. O que temos de mais certo na vida é a inexorável morte e contra isto nada podemos fazer. Mas mesmo assim, não deixo de desejar à minha Mãe um feliz Dia da Mãe esteja ela onde estiver, esperando sempre que esteja em paz. E aproveitando esta ocasião, desejo um Feliz Dia da Mãe a todas as Mães, aquelas que o são de verdade, e não tanto àquelas quem põe no mundo um ser. São coisas bem diferentes. Feliz Dia da Mãe!

Saturday, May 04, 2019

Os primórdios do Nicolau

O ciclo de vida do meu velho amigo e companheiro Nicolau está a chegar ao fim. É a doença, é a idade avançada, e só ainda não teve um desfecho porque o Nicolau ainda não desistiu de viver. Isso já todos sabemos e não é disto que vos quero falar agora. Quero trazer aqui o início de vida do Nicolau. Como já por diversas vezes aqui referi, o Nicolau foi abandonado à porta do prédio onde então vivia na Maia numa noite tempestuosa de inverno ante véspera de Natal. Toda a noite o ouvi chorar, mas sempre pensei que fosse numa varanda de outros prédios que existem no local. Talvez uma 'prenda' para um qualquer menino que quando se fartar dele o iria abandonar. Não consegui dormir toda a noite com aqueles gritos de afição daquele cachorro que ecoavam nos meus ouvidos. Levantei-me bem cedo como é meu hábito e vim à rua ver o que se passava. E lá estava ele, debaixo dum carro, completamente encharcado a tiritar de frio. Era ainda muito bebé. Segundo os vetrinários que o examinaram nos dias seguintes, teria algo como três semanas de vida. O trauma dessa noite ficou com ele para a vida pois sempre que está um dia de vento, o Nicolau como que desaparece, esconde-se onde pode. Agora já não tanto porque penso que nem tem a noção disso. Mas voltemos à saga de início de vida do Nicolau. Debaixo do prédio onde morava há um café e pão quente onde ia comprar o pão e tomar o pequeno-almoço. Quando lá cheguei pelas sete da manhã, uma das empregadas perguntou-me se tinha sido eu que tinha resgatado o cão. Disse-lhe que sim, e logo ela me pediu encarecidamente para lho dar. Questionei-a porque não o tinha resgatado. Disse-me que não o poderia ter no estabelecimento e que o levava quando saísse. Ela só saía à tarde e o pobre infeliz ali ficaria a gritar todo o dia, correndo o risco de ser atropelado. Embora não pensasse dar o cachorro a ninguém, ainda a questionei sobre as condições que tinha para ele. Era para ficar amarrado toda a vida a uma casota num quintal, embora não soubesse se o senhoria deixava. Isto é, se não deixasse era posto de novo à rua. Face a isto que lhe disse, encolheu os ombros e por ali ficou. Mas o Nicolau já não sairia das minhas mãos. A maneira como me olhou nos olhos quando nele peguei e que logo o fez calar, foram demasiado fortes para o enjeitar. Poucos dias depois, e já com ele forte e traquina levei-o ao veterinário. Fomos à Clínica de Matosinhos onde a minha mãe tratava os cães e onde ele foi castrado e logo ele encantou as pessoas que lá estavam. Era um sábado de manhã quando chegou também um casal idoso que levava o seu cachorro, mas ainda a curar o luto da perda dum outro. Acharam o Nicolau muito bonito e pediram se lhe dava o cachorro e prometeram que o tratavam bem. O que admito como certo porque o que lá levavam era muito bonito e bem tratado. O Nicolau parece que percebeu o que estava a acontecer. Ele tão traquina até aí, logo veio colocar-se debaixo da minha cadeira no meio das pernas muito sossegado. Ele sabia que nada nos poderia separar mas mesmo assim ficou apreensivo. Depois da consulta e quando regressávamos a casa, já no carro, ele voltou a ser o que era dantes. Tinha percebido que vinha connosco para o seu lar. E depois foi em crescendo. Até no prédio queriam ficar com ele para, mais uma vez, o amarrarem a uma casota. Nem pensar. O Nicolau entrou na minha vida para sempre. Sempre muito acarinhado por nós e por uma cadela que também tínhamos resgatado à rua, e que foi sempre uma mãe extremosa para ele até ao fim da vida, mesmo quando já muito velha, ele a tratava com alguma agressividade. Sempre o fez desde que percebeu que era maior e mais forte do que ela, embora a Tuxa quando se zangava a sério o punha na ordem. E assim o Nicolau, o meu último abencerragem, foi crescendo em tamanho, força e beleza, e foi preenchendo cada vez mais a nossa casa. Sobretudo quando os restantes foram morrendo e só ele ficou. E foram seis companheiros que ele teve durante um determinado período da vida.  E assim foi vivendo e envelhecendo, com as forças a faltar, a vista a fugir, a magreza a apossar-se do seu belo corpo, que neste momento está bem longe do glamour doutros tempos como é natural. Assim tem sido a longa vida deste meu velho amigo e companheiro que todos os dias, e por vezes mais do que uma vez por dia, me olha nos olhos como quando lhe peguei pela primeira vez. Aqueles olhos agradecidos dum ser que poderia estar fadado à miséria igual a tantos, amarrado, ao frio e ao calor, com fome e sede, e que apenas porque cheguei primeiro lhe transformei a vida para melhor, quero crer. Pelo menos tudo faço para que o que resta da sua vida seja de tranquilidade, serenidade, dignidade. O Nicolau é mais do que um cão para mim, ele é um membro da família e assim continuará a ser até que o último sopro de vida o abandone. Um ser nobre e digno que merece o nosso respeito, amor e carinho. E ele sabe-o. Sempre está junto dum de nós. Não quer estar sozinho. quer sentir o calor dos seus donos enquanto ainda pode desfrutar dele. E tê-lo-á sempre até ao fim. P.S.: É conhecido o seu mau feitio, mais fruto do mimo que tem do que da sua índole. Uma coisa ele nunca gostou ao longo da vida, tomar banho. Sempre foi uma odisseia para nós o dar-lhe banho. Deixo-vos aqui uma foto do Nicolau, um meses depois de ter sido resgatado a tomar o seu banho. E que cara de desagrado ele tem!

Friday, May 03, 2019

A crise corporativa que abala um país

Assistimos ontem a algo inimaginável, a formação duma coligação negativa contra o governo. Não é algo que me surpreenda tanto assim. O que acho estranho é que partidos que se dizem 'responsáveis' - e todos o dizem ser - ponham em causa a estabilidade financeira duma nação. Se a direita em nada me surpreende, porque simplesmente não têm nenhum projeto para apresentar ao país e agarra-se a tudo o que aparece na tentativa de enganar os portugueses; já a esquerda que até agora suportou o governo me deixa mais confuso. Sou dos que não acham estes partidos fiáveis para se ter uma negociação, mas passados quatro anos até me ia habituando à ideia de que estava enganado. Afinal não estava. Esta gente é duma irresponsabilidade total. Todos sabemos que o país não tem capacidade financeira para isso, porque (como já hoje fomos vendo) não são só os professores, mas outras corporações que pretendem aproveitar a onda. Abriu-se a temida caixa de Pandora e agora não sabemos o que daí virá. É certo que estes partidos não querem o país equilibrado segundo os critérios de Bruxelas, - um 'exit' qualquer seria ouro sobre azul para esta gente - que não é capaz de ver para além do seu umbigo. Se não fosse a União Europeia (UE) o nosso país estaria muito atrasado e só quem não conheceu o país na altura da adesão e da evolução que teve desde aí pode negar isto. Estes grupos políticos desde sempre vêm reivindicando o não posicionamento de Portugal face à UE: um porque vive agarrado a um passado que não percebeu que já acabou à muito; outro pelo fulgor da juventude irreverente (irresponsável) que gosta de por tudo em causa sem ter algo para apresentar para substituir para melhor a situação. Um país não pode ficar refém duma corporação, seja ela qual for, por mais legítimas que sejam as suas ambições. Porque um bem coletivo não pode ser minorado por um bem dum qualquer grupo. Hoje, e depois de alguns comentários que circulam no media, já vemos alguns partidos a virem a terreiro tentar corrigir o que ontem disseram com aquelas justificações - a tentar esclarecer o que ontem disseram - que ainda os amarram mais à triste situação em que se colocaram. (Vejam as afirmações, por exemplo, do Dr. António Lobo Xavier, um membro muito respeitado do CDS, sobre a posição que o seu partido tomou ontem). Sei que têm havido reuniões com o governo e o PS e que mais tarde haverá com o Sr. Presidente da República. Não sei o que daí virá, mas se fosse primeiro ministro, apresentava a demissão e deixava a responsabilidade a quem ontem foi tão irresponsável. Situações destas não podem ser toleradas. Afinal o governo perdeu a sua base de apoio, ficou sem apoio político, logo sem condições de continuar a exercer o poder. Como já muitas vezes aqui disse, não sou um defensor de Costa, bem pelo contrário, mas se ele tomar esta posição até sou capaz de o aplaudir de pé. 

A resistência do Nicolau

O Nicolau vai estando estável dentro do possível dado o seu quadro clínico. Tudo se vai agravando paulatinamente à medida que a idade avança e os vários problemas que tem vão progredindo. Mas apesar de tudo, ainda tem muita força e determinação. O seu proverbial mau feitio é disso prova. Ainda sobe e desce escadas quase sem ajuda. Come bem e bebe muita água. Enquanto assim for, vai resistindo.

A insinuação da Rosita

A Rosita vai-se aos poucos insinuando cá em casa. Apanha uma porta aberta ou uma janela e logo ela vem. Volta e meia dou com ela a dormir no sofá. Sabe que o Nicolau já quase não a deteta e não tem força para ir atrás dela e assim vai abusando da sorte e, aos poucos, vai conquistando novo espaço, aliás como fez quando por cá começou a andar. De pezinhos de lã ela lá vai levando a água ao seu moinho. Não me posso sentar em qualquer lado que ela logo aparece, mia, trepa para o colo e instá-la-se. Tudo isto se torna mais complicado porque ela tem donos e não quero acostumá-la a coisas que poderá perder mais adiante, como já aconteceu com os seus donos naturais e a levaram a vir cá para casa. Mas no fundo tenho pena dela e vou olhando para o lado. Eu que não queria mais animais parece que estou fadado para que estes cruzem o meu caminho até à hora de eu partir para outra dimensão. Não terei descanso. É a sina que me espera.