Turma Formadores Certform 66

Wednesday, February 27, 2013

John Bull (1562 ou 1563 - 1628)

De retorno ao barroco, trago-vos hoje um nome menos conhecido entre nós, o de John Bull. Há dias falei dos compositores de transição entre o barroco e o classicismo, como foi o caso de J.S.Bach. Hoje trago-vos um músico também de transição, mas desta feita, entre o renascimento e o barroco. Este é o caso de John Bull que nasceu no ano de 1562 ou 1563 não se sabendo ao certo a data, embora se saiba que veio a falecer a 15 de Março de 1628. John Bull era inglês e foi para além de compositor, também músico e construtor de orgãos. Foi um teclista de renome associado à escola "virginalista" e muitas das suas composições foram escritas com essa intensão. Bull foi um dos maiores compositores para teclas do início do século XVII, apenas ultrapassado pelo holandês Sweelinck, o italiano Frescobaldi e, pode-se dizer que foi uma espécie de camponês que veio a celebrar William Byrd. Ele deixou muitas composições para teclas, algumas das quais foram compiladas no Fitzwilliam Virginal Book. A sua primeira e única publicação, teve lugar em 1612 ou 1613, tratando-se dum contributo de sete peças que formam parte da coleção de música virginal intitulado Parthenia, or the Maydenhead of the First Musicke That Ever Was Printed for the Virginalls, que foi dedicado à Princesa Elizabeth nos seus 15 anos, estudo esse a quando do noivado com Frederico V, o Eleitor Palatino do Reno. Outros contributos para o Parthenia foram de contemporâneos de Bull como William Byrd e Orlando Gibbons entre muitos outros compositores famosos dessa época. Bull escreveu um hino, God the father, God the son, para o casamento da princesa com o príncipe eleitor em 1613. Para além disto, escreveu muitos hinos e canones, bem como outros trabalhos. Uns perderam-se, outros foram destruídos e outros foram roubados por outros compositores. Bull é associado à composição de God Save the King, que se tornou no hino nacional britânico. Para exemplificar a sua música, trago-vos uma "Gaillard" que podem escutar aqui: http://www.youtube.com/watch?v=9MQZDLcf460 . Espero que gostem e que tentem descobrir esta música bem do início do período barroco, com forte impacto naquilo que viria a ser esse período tão importante da história da música.

Tuesday, February 26, 2013

Silvius Leopold Weiss (1687-1750)

De regresso ao barroco, trago-vos hoje um nome menos conhecido Silvius Leopold Weiss, um compositor e alaudista de origem alemã. Silvius Leopold Weiss nasceu em Breslau na Silésia que hoje se chama Wroclaw na Polónia a 12 de Outubro de 1687 e viria a morrer a 16 de Outubro de 1750 em Dresden. Weiss era filho do também alaudista Johann Jacob Weiss. Até à bem pouco acreditava-se que tinha nascido em 1686, mas as recentes investigações indicam o ano do seu nascimento como sendo 1687. Aos sete anos atuou para o Imperador do Sacro Império Romano Germânico Leopoldo I de Habsburgo. Em 1706 encontrá-mo-lo ao serviço do Conde Karl III Philip do Palatinado, que por essa altura residia em Breslau. Entre 1710-14 esteve em Roma debaixo da proteção do príncipe polaco Aleksander Benedykt Sobieski, filho de Johann III Sobieski. Ali entrou em contacto com Alessandro Scarlatti e o seu filho Domenico Scarlatti que estavam ao serviço da mãe do Príncipe Aleksander, a rainha no exílio Maria Casimira. A 23 de Agosto de 1718 foi nomeado músico de câmara do Príncipe Elector de Saxónia Augusto. Ali permaneceu gozando duma boa situação económico-financeira até à sua morte. Este cargo obrigava-o a frequentes viagens, como a que realizou nos finais de 1718 e princípios de 1719 em conjunto com doze músicos da corte de Viena por ocasião da boda do Príncipe Eletor da Saxónia. Foi um dos mais importantes compositores de alaúde da história da música, e destacou-se também pela sua técnica de interpretação. Escreveu umas 600 peças para alaúde, a maioria delas sonatas ( não confundir com a forma sonata do período clássico), assim como música de câmara e concertos dos quais só conhecemos hoje as partes solistas. Parece que mostrou pouco interesse na publicação das suas obras. Da mesma maneira que outros virtuosos como Paganini utilizava-as, provavelmente, para seu uso pessoal exclusivo. Deixo-vos aqui uma das suas peças para alaúde que podem escutar em http://www.youtube.com/watch?v=txRXnOps-j4. Mais um compositor importante do período barroco que merece a nossa melhor atenção.

Saturday, February 23, 2013

Conversas comigo mesmo - CXXVIII

No passado domingo, dia 17 do corrente mês de Fevereiro, a Estrelita completou 16 anos de vida. Não o celebrei então, dado o grave estado de saúde em que ela se encontra, prestes a cortar com o vínculo que a ligou à vida. Nasceu nesta casa em que habito. Sempre aqui viveu e aqui vai morrer. É uma vida longa para uma cadela como ela, mas tem sido uma vida de amor incondicional e sem reservas aos seus donos. Hoje aqui te homenageio. Ainda vou a tempo de te dar os parabéns pelos teus 16 anos de vida. Parabéns, Estrelita! Espero - tenho a certeza - de que sempre foste feliz connosco e com a tua família canina, a tua mãe Patti e a tua irmã Luca. Em breve te irás reencontrar com elas no País do Arco-Íris. Até lá continua a ser feliz. Contarás sempre, até ao teu derradeiro sopro de vida, com o nosso enorme amor e carinho.

Friday, February 22, 2013

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

De regresso ao barroco, trago-vos hoje um dos seus nomes maiores desse período musical, um músico de transição entre o barroco e o classicismo, Johann Sebastian Bach. J. S. Bach nasceu em Eisenach a 31 de Março de 1685 e viria a morrer em Leipzig a 28 de Julho de 1750. Mais conhecido como compositor, ele também foi professor, compositor, cantor, maestro, exímio organista, cravista, violinista e violista. Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo se tornou num músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia da sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, mas as suas funções mais destacadas foram a de "Kantor" da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante de sua carreira. Absorvendo inicialmente o grande repertório de música contrapontística germânica como base do seu estilo, recebeu mais tarde a influência italiana e francesa, - entre elas a de Lully, já objeto de divulgação neste espaço -, através das quais a sua obra se enriqueceu e transformou, realizando uma síntese original de uma multiplicidade de tendências. Praticou quase todos os géneros musicais conhecidos no seu tempo, com a notável exceção da ópera, embora as suas cantatas maduras revelem bastante influência desta que foi uma das formas mais populares do período Barroco. A sua habilidade no órgão e no cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e tornou-se lendária, sendo considerado o maior "virtuose" da sua geração e um especialista na construção de órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor e violinista, mas como compositor o seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi exatamente popular, ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como grande. A maior parte de sua música caiu no esquecimento após a sua morte, mas a sua recuperação iniciou-se no século XIX e desde então o seu prestígio não cessou de crescer. Na apreciação contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e muitos o vêem como o maior compositor de todos os tempos, deixando muitas obras que constituem a consumação do seu género. Entre as suas peças mais conhecidas e importantes estão os Concertos de Brandenburgo, o Cravo Bem-Temperado, as Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias das suas cantatas. Queria aqui deixar uma peça para a vossa audição que eu muito aprecio e escuto desde a minha infância, embora na altura não soubesse quem era o seu autor. Trata-se  de "Air (on G String)" extraído da sua 3ª Suite Orquestral e que podem escutar aqui: http://www.youtube.com/watch?v=E2j-frfK-yg. Está peça ocupou um espaço muito importante na minha infância, como atrás referi, e sempre me propus vir um dia a descobrir que peça era e quem era o seu autor. Há músicas que nos marcam para a vida e esta marcou-me para todo o sempre. Daí a partilha que faço convosco com os votos de que busquem à descoberta da música de Bach que vos levará a um universo duma enorme grandeza e beleza que poucos imaginam existir.

Thursday, February 21, 2013

Conversas comigo mesmo - CXXVII

Será que as profecias que por aí andam têm, de facto, algo de acertivo? Desde logo as de Nostradamus, as mais conhecidas? A Igreja Católica está a entrar numa fase de profunda descredibilização. A resignação de Bento XVI já indiciava, segundo alguns, isso mesmo. Agora ficamos a saber que este até pretende publicar uma nota a antecipar o prazo do Conclave. Nostradamus tinha afirmado que a Igreja se destruiria por dentro. Seriam os seus membros a contribuirem para isso. O anticristo estaria no seu seio! E ao que temos assistido? Os casos de pedofilia e outros escândalos que envolvem membros da Igreja multiplicam-se a cada dia em várias latitudes. Até também entre nós. Uma Igreja que se fechou muito sobre si própria, encerrada no luxo e ostentação dum Vaticano, - bem longe dos princípios do seu inspirador Jesus Cristo - onde nos seus corredores perpassam as mais profundas intrigas, não é difícil de aceitar o divórcio que as populações estão a ter face ao mundo cristão. Bento XVI não deixou de criticar veementemente os membros da Igreja, alguns que dela se têm aproveitado com fins pouco claros. Mas se agora a crítica faz sentido, não deixa de ser curioso encontrarmos estes mesmos sinais ao longo dos tempos. Veja-se o que foi o Vaticano na Idade Média. Veja-se o que era quando o papado era detido pelos Bórgia. Afinal, parece que a malapata vem de longe, talvez desde a sua fundação. A Igreja ao encerrar-se nos seus luxos, deixou de olhar para os seus fiéis e, sobretudo, daqueles que pediam atenção face às necessidades que a vida lhes impunha e que, nem sempre, encontraram nela a resposta e o apoio por que tanto clamavam. Por tudo isto, e talvez, por muito mais que nunca saberemos, Bento XVI bateu com a porta num gesto que não se vi-a desde à mais de 600 anos. Mas foi mais longe quando apontou o dedo aos maus membros da Igreja que a descredibilizaram ao longo do tempo. Foi um ato de coragem. Eu que nunca simpatizei muito com Bento XVI, embora lhe reconheça uma inteligência superior, - um grande artista e intelectual -, fiquei a admirá-lo no fim do seu pontificado. Pela coragem, pela frontalidade, por não ter medo de quebrar tradições, por denunciar os males de que a Igreja padece. Nostradamus dizia, segundo alguns, que este seria o último Papa, e que ele e o seu anterior seriam dois bons Papas. Contudo, e segundo as minhas contas, Bento XVI não será o último Papa, mas haverá ainda mais um! E a ser assim, é legítimo perguntar o que virá a seguir? A grande interrogação aqui fica para dar azo às mais variadas conjeturas. Talvez a resposta esteja naquilo que alguns dizem ser os escritos secretos de Nostradamus que teriam ficado na posse da sua filha e que teriam desaparecido. Será que Bento XVI os conhece? Será por isso que quis terminar o seu pontificado? Ou simplesmente, já não tinha paciência para continuar? O futuro talvez nunca venha a esclarecer-nos sobre tudo isto. Talvez já não para a minha geração porque estas coisas demoram o seu tempo a vir a lume, mas como estamos em plena época da revelação, estou seguro que um dia se saberá a verdade. Até lá, só me apetece perguntar: E se Nostradamus tinha, de facto, razão?

Equivocos da democracia portuguesa - 241

A máscara finalmente caiu! Apesar de o Carnaval já ter passado, só agora a máscara do executivo caiu. Já todos o sabíamos. Já muitos de nós o tinhamos escrito e defendido. Afinal a renegociação do prazo para ajustar o défice foi hoje anunciada na AR por Vítor Gaspar. O mesmo que, entoando em coro a lauda do PM, ia dizendo que "nem mais tempo, nem mais dinheiro". O tempo afinal não é suficiente e, embora ainda não o digam, a inevitabilidade de mais dinheiro estará aí ao dobrar da esquina. Mas o anúncio de Vítor Gaspar é ainda importante e significativo por um outro motivo. É o assumir do fracasso do OE 2013, a sua incumpribilidade, como muitos de nós já tínhamos aqui afirmado a quando da sua aprovação. E o anúncio de Vítor Gaspar é ainda mais importante porque assume o falhanço do governo e da sua política que apenas tem servido para destruir a economia e fabricar desempregados. O ultraliberalismo nunca foi uma via credível em nenhum país, por isso, e como em tempo oportuno aqui o referenciamos, ó ultraliberalismo só se firmou quando apoiado com uma força musculada, numa deriva ditatorial, de que são exemplo a Argentina e o Chile, e até o Brasil dos coronéis, nos idos de 70, 80 e 90, do século passado. Tirando isso, ele nunca foi solução e em Portugal também não o será. Com o descontentamento a crescer, com o assédio aos membros do governo onde quer que apareçam, este governo está cada vez mais fechado em si próprio, longe das gentes, sem apoio de ninguém. A máscara do governo caiu de facto hoje na AR. É um dia histórico porque para além da retórica política todos ficamos a saber que já nem o governo acredita naquilo que anda a fazer. A Europa já tinha dado o sinal quando o adjunto de Ohli Rehn, Simon O'Conor, veio a terreiro dizer que "o crescimento de Portugal é dececionante". Tudo estava dito. A própria UE já não acredita, o governo já não acredita, os portugueses já não acreditam. Afinal o que estão estes senhores a fazer no poder à um ano e meio? A esconder-se atrás do passado? Agora já nem esse os salva. O grito das populações já se faz sentir. Gente que se organiza aqui e ali, não parecendo enquadrada politicamente por ninguém, mas que estão simplesmente fartos. De novo, a "Grândola, vila morena" se voltou a ouvir. As emoções voltaram a aparecer. Mas não deixemos de notar o perigo que tudo isto encerra para o regime. É certo que isto não vai lá só com canções, mas o sinal está dado. A bem do regime o executivo deveria tirar as necessárias ilações e rapidamente antes que as canções se calem para dar lugar a outros argumentos. E isso seria grave. E isso seria um rude golpe na democracia. Agora que a máscara caiu, apesar do Carnaval já ter passado à muito, porque esperam para tirar as inerentes conclusões?

Sunday, February 17, 2013

Georg Friedrich Händel (1685-1759)

De regresso ao universo extremamente rico do Barroco, hoje decidi-me em trazer um nome grande e muito conhecido desse período musical Georg Friedrich Händel. Händel nasceu em Halle an der Saale a 23 de Fevereiro de 1685 e viria a falecer em Londres a 14 de Abril de 1759. Händel celebrizou-se como compositor alemão embora tenha optado pela nacionalidade britânica em 1726. Desde cedo mostrou notável talento musical, e a despeito da oposição de seu pai, que o queria ver como advogado, conseguiu receber um ensino qualificado na arte da música. A primeira parte de sua carreira foi passada em Hamburg, onde foi violinista e maestro da orquestra da ópera local. Depois dirigiu-se para a Itália, onde conheceu a fama pela primeira vez, estreando várias obras com grande sucesso e entrando em contacto com músicos importantes. Em seguida foi indicado mestre de capela do eleitor de Hanover, mas pouco trabalhou para ele, e esteve na maior parte do tempo ausente, em Londres. O seu patrão mais tarde tornou-se rei da Inglaterra com o nome de Jorge I, para quem continuou a compôr. Fixou-se definitivamente em Londres, e ali desenvolveu a parte mais importante de sua carreira, como autor de óperas, oratórias e música instrumental. Quando adquiriu a cidadania britânica adotou uma versão anglicizada do seu nome, George Frideric Handel. Tinha grande facilidade para compôr, como prova a sua vasta produção, que compreende mais de 600 obras, muitas delas de grandes proporções, entre elas dezenas de óperas e oratórios em vários movimentos. A sua fama em vida foi enorme, tanto como compositor quanto como instrumentista, e mais de uma vez foi chamado de "divino" pelos seus contemporâneos. A sua música tornou-se conhecida em muitas partes do mundo, e foi de especial importância para a formação da cultura musical britânica moderna, e desde a metade do século XX tem sido recuperada com crescente interesse. Hoje ele é considerado um dos grandes mestres do Barroco musical europeu. Da sua vasta obra quero aqui deixar a referência de "Rinaldo" ópera composta em 1711. Nas cantatas deixo como referência a "Ode for St. Cecilia's Day" composta em 1739 e nas oratórias desde logo a monumental "Messiah", provavelmente a sua obra mais conhecida, composta em 1741. A nível instrumental, Händel deixou reportório para vários instrumentos donde saliento o orgão, a flauta, violino e oboé, que tiveram expressão nos seus "Concerti Grossi" onde são visíveis as influências de Corelli e Vivaldi. Na música orquestral saliento duas peças incontornáveis, as suites festivas, "Water Music" e "Music for the Royal Fireworks" sobejamente conhecidas. Músico incontornável do Barroco muito popular entre os amantes de música, com vasta obra como atrás fiz referência muito sumária. Gostaria de aqui deixar, como habitual, uma peça para que tenham uma aproximação à música deste extraordinário compositor. Optei pela "Sarabande", peça que muito aprecio e que podem escutar em http://www.youtube.com/watch?v=JSAd3NpDi6Q . Fica aqui a referência para que desperte o vosso interesse em ouvir mais desta música magnífica composta por este extrordinário compositor.

Saturday, February 16, 2013

Giuseppe Tartini (1692-1770)

Cá volto de novo ao meu tão querido período barroco. Desta feita trago-vos hoje um nome importante sobretudo pelo violino, Giuseppe Tartini. Tartine nasceu em Pirano a 8 de Abril de 1692 e viria a falecer em Pádua a 26 de Fevereiro de 1770. Notabilizou-se como compositor, pedagogo e, sobretudo, como exímio violinista. É célebre o que disse Tartini quando afirmou que sonhou que fez um pacto com o Diabo e que este era seu servo e lhe realizava qualquer desejo. Giuseppe entregou-lhe o seu violino e o Diabo tocou-lhe aquela que seria a sua Sonata do Diabo. Daí ficou como mais célebre a sua sonata O trilo do diabo, publicada após a sua morte. Escreveu tratados de violino e expôs a sua concepção harmónica do modo menor. Depois duma aventura amorosa, tendo sido retido num mosterio de S. Francisco de Assis, Tartini entregou-se intensamente ao estudo do violino, - fruto da sua clausura -, inclusive pesquisando novas possibilidades sonoras do instrumento. Ao mesmo tempo dedicado à composição, escreveu a célebre Sonata n.º 2 Op. 1 - Trilos do diabo, - que pode ser ouvida no link: http://www.youtube.com/watch?v=z7rxl5KsPjs - cujo apelido provém do espantoso encadeamento de trilos no terceiro movimento. Segundo depoimento que o compositor fez a Lalande - e que este reproduziu durante a sua Viagem à Itália (1790) - a realização dessa sonata teria sido sugerida em sonho pelo próprio demónio. Até hoje a obra permanece como "peça de resistência" no repertório dos virtuoses. A sua entrega ao ensino resultou na feitura de trabalhos didáticos, entre os quais o Tratado de música segundo a verdadeira ciência da harmonia (1754). Além de ser o maior violinista do século XVIII, Tartini distinguiu-se como compositor responsável pela evolução do concerto e da sonata. São as sonatas que mais lhe valem a dupla glória de intérprete e criador. Entre elas se destacam a Sonata n.º 11 em sol menor Op. 11 - Didone, a Sonata n.º 1 em si bemol maior Op. 6 - Imperador, além da já mencionada Sonata n.º 2 Op. 1 - Trilos do diabo. Também são notáveis as Variações sobre um tema de Corelli. Este é mais um dos nomes grandes deste período histórico e musical. Espero que estas notas vos acicatem o gosto de irem perquisar um pouco mais a obra de Giuseppe Tartini, verão que vale bem a pena e não se arrependerão do tempo dispendido.

Friday, February 15, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 240

A farsa que vivemos em Portugal parece não ter fim. Quando o executivo vai afirmando que tudo está a correr como o esperado, vemos que a realidade se encarrega de mostrar a incomensurável mentira que nos está a ser vendida. O PIB caiu 3,2% no ano passado, o exército de desempregados está à beira de um  milhão(!) - embora na realidade já se tenha ultrapassado em muito este número, se considerarmos os emigrantes que abandonaram o país no último ano bem como aqueles que não estão a receber qualquer apoio social e não estão inscritos nos centros de emprego porque já perderam a esperança - quando a economia não cresce, quando se está à beira duma espiral recessiva que foi alertada por muitos, até pelo PR, quando a desesperança já começou a criar raízes, o governo vem dizer que tudo está no bom caminho. Este embuste é até subscrito por alguns deputados do PSD que na sua senda de alinhamento governamental não percebem aquilo que andam por aí a dizer. Ainda ontem um deputado da maioria dizia que a queda do PIB está em linha com as projeções do governo. Este é mais um colossal disparate. O governo previa uma queda do PIB de 3%, veio-se a verificar 3,2%, portanto, até parece que é pouca a diferença. Será só para esse deputado ignorante que de economia não deve saber mais do que o nome. O valor de 0,2% em termos macroeconómicos é um desvio enorme que representa umas dezenas de milhar de trabalhadores desempregados, pelos visto coisa pouco para o obtuso parlamentar. Mas no meio de tudo isto, ainda aparece a notícia da "caça à multa" ao consumidor que não peça fatura! Isto já está a cair no ridículo. O jornal Público de hoje escreve que o sindicato dos trabalhadores do fisco "não conhece nenhuma diretriz para multar os consumidores que não peçam fatura". Mais adiante este sindicato afirma que "não existe nenhuma operação nacional nesse sentido" e, por fim, afirma que "os que foram multados fizeram parte duma operação piloto para testar a situação"! E já agora, aos multados será que lhes será devolvido o valor da coima cobrada com um formal pedido de desculpas pela participaçao no teste piloto? Três versões do mesmo tema. Ou a confusão é muita ou o sindicato não se sente confortado com tudo isto. Até parece que o governo avançou com a medida "atirando o barro à parede" para ver como a população reagia, coisa já normal neste grupo de gente que enxameia os ministérios pagos por todos nós, com ou sem fatura. Ainda ontem vimos que no bar da AR, a maioria, para não dizer todos, os deputados não pediam faturas. Em vez de concentrar esforço na recuperação do país, o executivo está mais centrado em sacar dinheiro às populações já profundamente exauridas. Apetece-nos citar as palavras do ex-secretário da Cultura deste executivo, Francisco José Viegas - com o evidente pedido de desculpas pela linguagem - que afirma que "terei de lhe pedir - a Paulo Núncio, o homem da Autoridade Tributária e Aduaneira para informar as suas gentes - para ir tomar no cu, ou, em alternativa, que peça a minha detenção por desobediência". Pronto. Está dito!

Wednesday, February 13, 2013

Os 500 anos da Biblioteca da Universidade de Coimbra


Comemoraram-se ontem os 500 anos da Biblioteca da Universidade de Coimbra. Num dia de Carnaval, - mesmo para aqueles que o tentaram anular -, a data passou ao lado. Mas é bom recordarmos aqui aquilo que é uma das maiores e mais importantes bibliotecas universitárias do mundo. Num país onde a cultura sempre foi algo desprezível, nestes tempos de crise que até a ignoram por acharem que é algo de irrelevante, a biblioteca da Universidade de Coimbra aí está, um bastião de cultura que já passou por muitos momentos difíceis, mas foi resistindo, ciente da sua importância para a identidade dum povo. Ontem passaram 500 anos, meio milénio de avanços e recuos, de dificuldades e tempos mais amenos, mais aí permanece. A efeméride não me parece que tenha sido celebrada por muitos. Afinal a cultura parece ser o parente pobre, neste país pobre, de gente pobre de tudo, sobretudo de cultura. Aqui quero deixar o registo e o convite a que visitem a Biblioteca porque vale a pena, pela beleza do edifício, pela grandeza das obras que acolhe no seu seio, naquilo que se pode associar a um banho de cultura, num país tão carente dela.

600 anos depois, Bento XVI resigna


A notícia caiu como uma "bomba em céu sereno" para usar as palavras do cardeal Angelo Sodano. Bento XVI abdica de papa, aparentemente por motivos de saúde e de fragilidade física. Todos sabemos que o cargo é exigente. Todos sabemos que Bento XVI não teve um período fácil para gerir a Igreja. Mas mesmo assim, a notícia não deixou de ser surpreendente. Os escândalos que têm abalado a Igreja, sobetudo, os casos de pedofilia, não terão sido as coisas mais fáceis de gerir. O escândalo da fuga de informações por parte do seu secretário, homem de muita confiança desde há muitos anos, num caso que ficou conhecido pelo Vatileaks, abalaram a confiança do Papa nas pessoas que o rodeavam. Passou a não saber em quem confiar, e quando começamos a viver rodeados de sombras, a pressão deve ser avassaladora. Há quem afirme que o Papa quis dar um sinal de que o Vaticano se tornou ingovernável. Talvez tenha sido isso, mas a dificuldade de governar tamanha "nau" sempre foi algo que atravessou os tempos. Todos os que andam mais ligados à História, e sobretudo, à História das Religiões, sabe que o Vaticano nem sempre foi um local calmo e tranquilo. Porque se envolveu demasiadas vezes em lutas pelo poder efémero e terreno, temporal, porque foi cobiçado pela política dos tempos, por interesses nem sempre da sua matriz original, o Vaticano não foi, de facto, um local tranquilo como deveria ter sido, como deveria ser. A diplomacia do Vaticano é sobejamente conhecida, as teias que o poder, a política e até o dinheiro tecem não foram exteriores ao Vaticano. Todos se lembrarão do escândalo do Banco Ambrosiano, no consulado de João Paulo II, e dum dos seus dirigentes principais ter aparecido enforcado na Torre de Londres, aparentemente como sendo suicídio, ou apenas como uma justificação que dá jeito. Seja como for, cansado pelos anos, pela doença, Bento XVI achou que devia deixar o lugar a outro. Bento XVI nunca se afirmou duma forma efetiva junto dos fiéis. Ele é muito introvertido, tímido segundo os mais próximos, um intelectual brilhante, talvez o mais brilhante deste tempo de facilitismos. Mas a tarefa não era fácil. É sempre difícil substituir alguém com a dimensão de João Paulo II. Quando Joseph Ratzinger assumiu o lugar, com certeza que estava ciente disso mesmo. Depois dum magistério longo e tão querido pelos fiéis e mesmo por aqueles que não o eram, mas admiravam a sua personalidade, como foi o de João Paulo II, quem se apresenta a seguir terá enormes dificuldades, e quando já tem alguma idade, ainda mais difícil se torna a tarefa. Seja qual seja a razão, Bento XVI assumiu uma posição histórica quando toma a decisão de abdicar. Algo que já não se via desde o século XIV, quando Gregório XII o fez num pontificado que durou de 1406 a 1415. Agora coloca-se o problema da sucessão. Há quem defenda um papa de fora da Europa e que seja também mais jovem. Penso que se está no tempo de definir o perfil do candidato. Mas que seja alguém que abra a Igreja aos novos tempos, que consiga congregar os fiéis e trazê-los de novo para o seio da Igreja. Numa Europa grandemente descristianizada, há muito trabalho pela frente, muito terreno para lavrar e cultivar. Talvez que a imagem punjente do raio a atingir a cúpula da Basílica de S. Pedro horas depois do anúncio do Papa, seja um sinal. Os livros de profecias abrir-se-ão de novo, as interpretações começarão a circular por aí, as leituras aparecerão a todo o momento. Mas agora é tempo de reflexão. Como é costume nestas ocasiões, os cardeais dizerem que esperam a inspiração do Espírito Santo para escolherem o novo sucessor. Espero que assim seja para bem da Igreja e dos seus seguidores.

Tuesday, February 12, 2013

À memória de meu pai - 25 anos depois

Passam hoje 25 anos sobre a morte de meu pai. Um momento que a memória recorda com saudade, uma efeméride que o coração regista com dor. 25 anos depois parece que foi ontem. Era um dia soalheiro, bem diferente do dia de hoje, mas escuro no meu coração. 25 anos depois a recordação aqui fica, a singela homenagem se faz porque não se pode esquecer. Lá onde estiveres, espero que estejas em paz! É esta a minha firme convicção.

Equivocos da democracia portuguesa - 239

Hoje é dia de Carnaval e pensavamos que não seria feriado. Enganamo-nos! Demos uma volta esta manhã pela cidade e vimos quase tudo fechado. Apenas alguns cafés e vários pão quente - mas nem todos - tinham aberto as portas. Os restaurantes que abriram ostentavam cartazes nas portas a dizer que fechavam às 15 horas! Afinal não era para ser um dia normal de trabalho? Algumas autarquias abriram, muitas outras não. As repartições que estavam abertas deveriam ter lá os funcionários a jogar ao Carnaval porque pessoas nem vê-las, ainda por cima a gastar energia, computadores - talvez a fazer jogos! - que doutra maneira não custariam nada ao hierário público. Enfim, o país está quase parado, adormecido, a gozar o Carnaval. Uma notícia que corre por aí num dos meios de comunicação dizia que o PM estaria no seu gabinete donde não sairia hoje. Refém de si próprio, refém das suas ideias que os portugueses já rejeitaram à muito, só como acontece sempre com aqueles que não sabem rir e querem tirar o riso aos outros. Uma espécie de desobediência civil percorre este país. É a resistência silenciosa dos portugueses - algo que fazem muito bem e já deram mostras disso ao longo da História - deixando os governantes a falar sozinhos, não acatando aquilo que lhes querem tirar e que a tradição lhes concedeu. País triste este onde já nem os governantes conseguem ser respeitados, as suas determinações acatadas, de oásis prometidos que nunca alcançados. Este país meteu férias, cheio de tanto sofrer, de tanto ser acossado por medidas que o conduzem à miséria, de sacrifícios nunca explicados. Hoje percorremos as ruas da nossa cidade e vimos tudo isto. O PM talvez venha dizer que tudo correu como foi determinado pelo governo! Mas ninguém vai acreditar. Afinal o governo não sai dos gabinetes para não ver a trapalhada - mais uma! -em que se envolveu. Mas como é Carnaval, ninguém leva a mal.

Monday, February 11, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 238

Os desvarios do executivo não deixam de nos deixar surpreendidos. Esta semana foi o caso Franquelim Alves que está a desgastar a imagem do governo. Com o CDS/PP em silêncio, - o que diz bem do incómodo que tal nomeação está a causar -, Franquelim Alves vem à televisão negar as acusações. Não está aqui em causa a culpabilidade maior ou menos da pessoa, mas sim, aquilo que politicamente tal nomeação encerra. Depois a ocultação no "curriculum" da sua passagem pela SLN, que não veio ajudar em nada, outra coisa não seria de esperar. O que afirmou quando foi chamado a depôr na comissão de inquérito ao BPN na AR também não. Quem não deve não teme costuma-se dizer, o que aqui não foi o caso. Depois a defesa do mesmo feita pelo ministro da economia na AR foi um verdadeiro desastre. Citando cartas que nada têm a ver com a situação, inventando desculpas esfarrapadas e justificações incongruentes, levaram a que o ministro da economia tivesse um efeito contrário na audição parlamentar daquele que pretendia. Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa foi claro sobre este caso. Nuno Melo taambém não deixou de fazer o seu reparo. Pensamos que qualquer pessoa de bom censo não teria sugerido esta nomeação, por mais competente que a pessoa em causa seja. É que o caso BPN é muito sensível ao portugueses, e vir ampliar a questão com uma nomeação destas, só vem introduzir mais instabilidade num governo verdadeiramente à beira dum ataque de nervos, aumentando também a clivagem entre os partidos da coligação. Para além disso, ainda se continua a falar nos 4 mil milhões de euros que se pretendem cortar. Esta situação levará Portugal a um nível de pobreza só comparável aos anos do Estado Novo. A insensibilidade social é extrema. As pessoas não contam, apenas as estatísticas, os ratios, os objetivos. A fome nas escolas, as famílias em pobreza extrema a recorrerem cada vez mais a apoios sociais, o desemprego galopante sem dar mostras de abrandar, as empresas a fecharem umas atrás das outras são questões marginais para um governo que pretende implementar a sua agenda ultraliberal a coberto do "memorandum" da "troika". Como se tudo isto não bastasse, ainda faltam mais cerca de 3 mil milhões de euros que o governo tem que acomodar no orçamento a partir de 2014 e que se referem aos cortes temporários de ações que foram tomadas ao longo do tempo. Assim, quando se fala dos 4 mil milhões teremos que pensar que não são 4 mas 7 mil milhões a justificar no OE. Buraco atrás de buraco, com uma luz que teima em não aparecer ao fundo do túnel, Portugal vai-se afundando sem honra nem glória. E quando se falam de vitórias, estas são apenas fugachos que não servem para resolver os problemas, nem os portugueses sentem o seu efeito nas suas parcas vidas que levam. Veja-se o "famoso" regresso aos mercados. Depois da primeira tentativa esteve para haver outra, esta sim, de emissão de dívida, que não foi efetuada. Justificou-se isso com  a situação espanhola. É verdade que a situação em Espanha condiciona muito o que acontece em Portugal, mas talvez não seja só essa a razão. As coisas estão longe de estar consolidadas, mesmo com a ajuda do BCE. A perda de fundos europeus a semana passada são bem o exemplo do que a UE pensa dos países periféricos. O orçamento comunitário é cada vez mais curto quando a situação que se vive reclamava o contrário. Quando mais precisavam de ajuda é que não a têm. Afundamo-nos dia a dia num mar tumultoso sem que encontremos o rumo para um qualquer porto de abrigo.

Sunday, February 10, 2013

Ano Novo chinês

Inicia-se hoje o Ano Novo chinês sob o signo da serpente. Segundo a astrologia chinesa a serpente é considerada um símbolo de boa sorte na China, logo este ano regido pelo signo da Serpente trará amor e sabedoria, mas pede calma, reflexão e planeamento. Este ano corresponde ao ano 4711 do nosso calendário. Se têm amigos chineses não deixem de lhes desejar um Feliz Ano Novo... Já agora, e se o pretende fazer em chinês aqui fica a expressão 新年好.

Thursday, February 07, 2013

Carlo Gesualdo (1566-1613)

De regresso ao barroco decidi hoje trazer-vos Carlo Gesualdo, um compositor dos primórdios do barroco que muito se notabilizou nos madrigais, género musical muito em voga nesse tempo. Carlo Gesualdo - também conhecido por Gesualdo da Venosa - nasceu a 8 de Março de 1566 e viria a morrer em Gesualdo a 8 de Setembro de 1613. Foi príncipe de Venosa e conde de Conza. Gesualdo era italiano de origem nobre e notabilizou-se como compositor essencialmente de madrigais e como alaúdista de que foi um exímio executante. Gesualdo é considerado um compositor da Renascensa tardia, e é recordado como um escritor de madrigais - como atrás já referimos - utilizando uma expressividade intensa em todas as suas obras. Era um compositor que escrevia intensamente segundo aquilo que dele se conhece. A sua obra é vasta. Consagrou-se também como compositor de música sacra, muito em voga neste período, utilizando uma linguagem cromática que não se viria a escutar até aos finais do século XIX. Da sua obra  de madrigais registo aqui as seguintes: Livro I (Madrigali libro primo), para cinco vozes, Ferrara, 1594; Livro II (Madrigili libro secondo), para cinco vozes, Ferrara, 1594; Livro III (Madrigali libro terzo), para cinco vozes, Ferrara, 1595; Livro IV (Madrigali libro quarto), para cinco vozes, Ferrara, 1596; Livro V (Madrigali libro quinto), para cinco vozes, Gesualdo, 1611; Livro VI (Madrigali libro sesto), para cinco vozes, Gesualdo, 1611. Das suas obras sacras, saliento as seguintes: Sacrae Cantiones I, para cinco vozes, 1603; Tenebrae Responsories para Quinta-Feira Santa, para seis vozes, 1611; Tenebrae Responsories para Sexta-Feira Santa, para seis vozes, 1611; Tenebrae Responsories para Sábado Santo, para seis vozes, 1611. Como habitualmente, deixo-vos aqui um link para escuta da sonoridade de Gesualdo que pode ser ouvida aqui: http://www.youtube.com/watch?v=JZAs9LjJAHU . É um exemplo dos muitos madrigais que Gesualdo compôs. Carlo Gesualdo é uma figura que não é muito conhecida fora dos amantes deste género de música, mas é duma importância enorme. As suas obras irão formatar muito daquilo que se viria a compôr no futuro. Um músico de referência que deve ser descoberto por todos os amantes de música, sobretudo, dos que se revêem mais no período barroco.

Wednesday, February 06, 2013

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736)


De volta ao barroco, hoje trago-vos um dos grandes nomes desse período da música, Giovanni Battista Pergolesi. Pergolesi nasceu em Jesi na Itália a 4 de Janeiro de 1710 e viria a falecer em Nápoles em Março de 1736 com apenas 26 anos. O dia ao certo não é conhecido. Depois de ter estudado violino com Francesco Mondini, foi convidado, aos 16 anos, para o Conservatório dos Pobres de Jesus Cristo, em Nápoles. Durante os cinco anos que frequentou esta academia as suas propinas foram pagas por um aristocrata de Jesi. A imagem de Pergolesi cristalizou-se ao longo dos séculos com base em poucas obras. É considerado por muitos especialistas como o “pai” da ópera cómica. Só recentemente é que foi recuperada toda a extensão da sua obra, através de um exaustivo trabalho de investigação, realizado a nível internacional. A sua música – nem sempre bem recebida – testemunha uma personalidade criativa extremamente sofisticada e complexa, restituindo-nos uma época e uma sociedade observada e interpretada através de múltiplas dimensões. Também escreveu diversas árias italianas ao estilo canzone, de muito bom gosto lírico. Os últimos meses de vida foram passados no mosteiro franciscano de Pozzuoli, para onde se retirou, aparentemente convencido de que a tuberculose não lhe permitiria regressar a Nápoles. Morreu em Março de 1736, com apenas 26 anos. Da sua obra há que salientar trabalhos de índole cómica e dramática, donde se destacam  La conversione e morte di San Guglielmo (1731), sua primeira ópera; Lo frate 'nnammorato (O irmão apaixonado, 1732, com um texto Neapolitano ); La Serva Padrona (A senhorita servente, que estreou no dia 28 de Agosto de 1733); L'Olimpiade (31 de Janeiro de 1735); Il Flaminio (1735); Querelle des Bouffons (a discussão dos comediantes); Stabat Mater (1736); Sallustia; Livieta e Traccolo e ainda Adriano na Síria. Para que fiquem com uma ideia da sua música, trago-vos aqui um extrato de La Serva Padrona, provavelmente, uma das suas obras mais conhecidas, que podem ver e ouvir em http://www.youtube.com/watch?v=Q7XSSqoAWcQ . Opera muito alegre e com momento hilariantes dá-nos bem o tom de jovialidade da música de Pergolesi, ele também um jovem. Apenas quero aqui dar uma informação adicional. Está para sair no próximo mês de Março um CD com o título de "As Sete Palavras de Cristo". É um registo de excelente qualidade que já tive o privilégio de escutar e que recomendo vivamente.

Tuesday, February 05, 2013

Jean-Baptiste de Lully (1632-1687)

Mergulho de novo num espaço artístico que me toca profundamente, já sabem do que falo, o período barroco. Hoje trago-vos um outro nome grande desse período, Jean-Baptiste de Lully. Lully não era francês de nascimento, mas sim, italiano, daí a deriva do seu nome em italiano, Giovanni Battista Lulli, como também aparece em alguns registos. Aqui utilizarei a designação francesa porque ele passou uma grande parte do seu tempo em França - e viria a tornar-se cidadão deste país em 1661 - e todo o seu desenvolvimento artístico tem a ver com a França. Lully nasceu em Florença a 28 de Novembro de 1632 e vira a morrer em Paris a 22 de Março de 1687. Como antes já referi, ele embora tenha nascido em Itália, foi em França que desenvolveu a sua atividade artística, trabalhando junto da corte de Luis XIV de França, o chamado "Rei Sol". Lully foi um compositor muito prolixo e viu imitado o seu estilo um pouco por toda a Europa. Foi casado com a filha do compositor Michel Lambert de seu nome Madeleine. Lully é considerado hoje o mestre do chamado Barroco Francês. As suas obras principais são: Le Mariage Forcé (1664), Le Bourgeois Gentilhomme (1670) e Le Temple de La Paix (1685). Foi também um compositor de óperas, onde se destacam: Alceste ou Le Triomphe d'Alcide (1674), Atys (1676), Thésée (1675), Amadis de Gaula (1684), Roland (1685), Acis et Galatée (1686) e Armide. Conheceu Molière de cujas obras aproveitou para as suas próprias peças. Como curiosidade diz-se que foi o percursor da batuta. Como é meu hábito, deixo-vos aqui um extrato duma peça de Lully "Fanfare por le Carrousel Royal" que pode ser escutado aqui: http://www.youtube.com/watch?v=kAOpFAGU3aA . Como podem ver, trata-se duma música muito brilhante, luminosa como era timbre da época. No barroco nem tudo eram peças de índole religiosa, como por vezes se ouve por aí. Havia música mais profana de glorificação aos soberanos da época. Este é um bom exemplo disso mesmo. Espero que se deliciem tanto quanto eu, e tentem descobrir mais sobre a obra deste grande compositor.

Monday, February 04, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 237

Parece que cada vez mais este governo tem como seu "leit-motiv" o surpreender-nos. Já não basta as afirmações de que tudo está bem quando o país está a ser depauperado dia após dia, com a economia estagnada, com o desemprego sempre a subir, com a finança sempre virada e apostada em ajudar aqueles que são os maiores responsáveis pela crise, a banca. A mesma banca do "aguenta, aguenta!" Como se tudo isto não bastasse, agora aparece a nomeação de Franquelim Alves, ex-administrador da SLN empresa ligada ao BPN de triste memória para nós todos. Este homem que esteve envolvido em situações inacreditáveis, que foi à AR, e que afirmou na Comissão de Inquérito ao BPN, que ocultou a situação de que tinha conhecimento desde há algum tempo, pois é este homem que agora se vê promovido a secretário de Estado. Se não fosse tão grave até nos daria vontade de rir. Parece que o executivo nos quer dizer, duma forma sibilina, que o crime afinal compensa. A polémica tem sido tal que o ministro da economia - o tal de quem nunca nos lembramos do nome - teve que vir a terreiro apoiar o seu secretário de Estado e assumindo a responsabilidade da sua nomeação. Mas o mais estranho é que o CDS tenha vindo dizer que "não condena aquele que os tribunais não condenaram", mas lá vai deixando escapar por uma "fonte anónima" a perplexidade de tal situação. O CDS tem que ponderar que não pode estar com um pé dentro e outro fora do governo. Não pode dizer uma coisa dentro do governo e outra através de uma qualquer "fonte" próxima da direção. Nuno Melo, que esteve na Comissão de Inquérito ao BPN, diz que "não comenta para já". Mas outros não deixaram de o fazer, mesmo pessoas ligadas ao PSD como Marcelo Rebelo de Sousa. É de atentar nas palavras que o professor ontem proferiu na TVI. É importante que a memória não se perca, e a dos portagonistas também. Afinal estamos todos a passar por enormes dificuldades pelo que se passou no BPN. O "buraco" foi de cerca de 5 mil milhões de euros! O corte que o governo quer fazer em nome da reforma do Estado é de 4 mil milhões! Aqui está a comparação para que ninguém se esqueça que, na atividade pública como na vida em geral, temos que ser como a mulher de César. Este não foi o caso. Que mensagem quer o governo passar para os cidadãos? Aquela apressada saída de Belém a fugir aos jornalistas ou outra que ainda não conseguimos vislumbrar? E o que pensa o Presidente da República? Será que algum dia o saberemos?

Sunday, February 03, 2013

"As Cinquenta Sombras de Grey" . E. L. James

Acabo de ler o primeiro volume da saga de E. L. James, que mão amiga me fez chegar, - a obra completa contempla três volumes (para além deste, ainda contempla "As Cinquenta Sombras Mais Negras" e "As Cinquenta Sombras Livre") -, e agora compreendo o que a autora disse na apresentação da obra numa sessão de autógrafos: "Dei o livro a ler aos meus pais e eles acharam que tinha sexo a mais"! Aparentemente este é um livro que explora as fronteiras mais obscuras do sexo, refiro-me ao sadomasoquismo, mas essa é só a impressão de quem lê o livro duma forma ligeira e passadista. "As Cinquenta Sombras de Grey" é muito mais do que isso. É uma viagem à mente do ser humano, ao comportamento psicológico, ao que existe de mais escondido num qualquer recanto do nosso cérebro. Porque está lá, embora nem todos estejamos interessados em explorar esse lado mais sombrio da nossa mente. Mas passemos à sinopse do romance. "Anastasia Steele é uma estudante de literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia a entrevistá-lo para um jornal universitário. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, sombrio, cuja beleza corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la, Mas apenas se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo aquele poder a assusta - os aviões privados, os carros topo de gama, os guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas exigências, a obsessão pelo controlo... E uma voracidade sexual que parece não conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e o seu profundo e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor?" "As Cinquenta Sombras de Grey" é o primeiro volume da triologia de E. L. James, que é já o maior fenómeno literário de 2012 em todos os países onde foi publicado - só nos Estados Unidos vendeu 15 milhões de exemplares em três meses. Sobre a autora E. L. James trabalha como executiva na televisão, é casada, tem dois filhos e vive em Londres. Desde criança que sonhava escrever histórias que apaixonassem os leitores, mas teve de suspender esse sonho para se focar na sua família e na sua carreira. Quando finalmente teve coragem, durante 18 meses dedicou-se a escrever o seu primeiro romance, "As Cinquenta Sombras de Grey", que deu início à mais ousada, discutida e polémica triologia do século XXI. Eleita como uma das 100 personalidades mais influentes do ano pela revista Time, E. L. James está atualmente a escrever uma nova história de amor... Resta acrescentar que a edição é da Lua de Papel, uma editora do grupo Leya. Que dizer deste livro, apenas que é avassalador!...

Saturday, February 02, 2013

Dietrich Buxtehude (1637-1707)

 
De regresso à minha exploração do barroco musical venho hoje falar-vos de Dietrich Buxtehude. Não se sabe ao certo onde nasceu, nem em que dia. Há quem aponte a região de Bad Oldesloe, algures no ano de 1637. Mas sabe-se que morreu em Lubeck a 9 de Maio de 1707. Buxtehude foi uma figura cimeira do período barroco, tendo-se destacado como compositor e organista. Apesar de ter nascido provavelmente na cidade de Bad Oldesloe, que na época pertencia à Dinamarca, hoje é território alemão. Ele sempre se consideraria a si próprio dinamarquês. Buxtehude era de ascendência alemã e é um dos mais significativos músicos do barroco alemão. O seu único professor foi o seu pai, que também era organista e mestre escola em Bad Oldesloe. No entanto, este muda-se para Hälsingburg na Suécia, tendo Buxtehude apenas um ano de idade. Mais tarde, mudar-se-ia para Helsingor na Dinamarca, onde viria a morrer em 1674. Terá sido nesta cidade que Buxtehude cursara a Lateuschule. Mais tarde, viria a ocupar o lugar do pai vindo a crescer em fama e prestígio, sobretudo com a retoma da tradição dos Abendmusik. São conhecidos os saraus que organizava na Igreja, bem como as visitas de compositores promissores na época como Haendel, Mattheson ou mesmo Bach. A tradição religiosa ocupa uma parte importante da sua obra, como era uso na época, especialmente a linha de tradição protestante. Contudo, dedicou-se a outros géneros de música como solos para orgão, variações corais, canzonas, toccatas, prelúdios e fugas, bem como, a concertos sacros, nomeadamente oratórias. É duma dessas suas cantatas - Der Herr is mit mir Bux WV 15 - que vos trago um extrato de que gosto particularmente, o célebre "Alleluia". que podem escutar carregando no link: http://www.youtube.com/watch?v=crGdezCHud8 . É uma peça de uma beleza ímpar e subejamente conhecida. Dá para introduzir a obra de Buxtehude que merece ser explorada, ouvida, divulgada. Buxtehude não é um compositor muito conhecido entre nós, mas a sua importância na época era muita, e a influencia na história da música é inquestionável.
 

Friday, February 01, 2013

Equivocos da demcocracia portuguesa - 236

Assistimos hoje a mais um debate na AR. Um dos famosos debates quinzenais em que o governo deveria apresentar contas aos representantes eleitos. E dizemos deveria porque o que assisitmos é dum nível confrangedor. O governo não pára de cantar laudas à sua governação no preciso momento em que o Eurostat divulgou mais um recorde de desempregados que atinge já os 16,5%. Mais duzentos mil do que no período homólogo, em que o desemprego atingia os 14,7%. Bastava este número para que o governo parasse para pensar, mas a sua fúria ultraliberal é insaciável, e este é mais um número, uma estatística, e nada mais do que isso. Não interessa se por trás desse número estão famílias destroçadas, sem dinheiro, algumas a pensar no suicídio como saída imediata, e este governo acha que isto não é mais do que um número. (Faz-nos lembrar um conhecido estadista que dizia que: "um morto era uma tragédia, um morticínio era uma estatística"!) E nisso estão de acordo governo e banca. Ontem um banqueiro muito conhecido pelas afirmações infelizes que faz, voltou a terreiro a dizer que "se um sem-abrigo aguenta, porque será que nós não aguentamos?" Gostava de ver este infeliz - porque só um infeliz é capaz de produzir esta afirmações - como viveria com 200 euros por mês como muitos portugueses. Se a sua vida o colocasse nesse patamar talvez ele aprendesse a respeitar mais as pessoas que, ao contrário dele, não têm montes de dinheiro, caucionado em alguns casos por todos nós - a quem ele insulta - como foi o caso quando recorreu ao financiamento do Estado. Mas o governo não vê isso, ele apenas olha para a banca como o último reduto. E talvez tenha razão. Para além da banca não sabemos quem mais apoia este executivo. O divórcio do governo das suas gentes é total, o país real é apenas uma fantasia para os lados de S. Bento. As empresas continuam a fechar porque estes banqueiros, sempre tão mordazes, não injetam dinheiro na economia, o desemprego não pára de aumentar, a desconfiança na economia é cada vez maior, e esta não cresce nem crescerá nunca com esta política. Agora virou moda o falar-se na agricultura. Sem dúvida que é importante, mas não nos podemos esquecer que nenhuma economia cresce assente só no setor primário. Isso seria o regredir às teses de Adam Smith e David Ricardo e da sua "mão invisível", ou até, de Malthus. Mas esses tempos já passaram à muito. Para já não falar no contexto em que hoje nos movemos. Se a economia, sobretudo ao nível do setor secundário não crescer, o que tudo isto significa é um empobrecimento generalizado - que já está a acontecer - que nos fará voltar aos primórdios do Estado Novo. Onde o ensino era só para os mais abastados, onde a saúde era só para quem a pudesse pagar, onde a qualidade de vida era uma miragem - nem se sabia bem o que isso era -, onde o futuro passava sempre pela emigração. Só que nessa altura a emigração era de trabalhadores pouco qualificados e/ou analfabetos, hoje são os cérebros que partem, jovens com qualificações que vão ajudar países terceiros depois do seu país - e da sua família - terem investido na sua educação e depois "exporta-os". Esse é o verdadeiro empobrecimento. Mas isto é normal numa política que não quer entraves, que não quer vozes dissonantes. Quanto mais ignorantes melhor como era apanágio de outros tempos, de outro regime. E com tudo isto, é verdadeiramente vergonhoso, ver o governo na AR a gabar-se do que tem feito. Também compreendemos que senão se gabar a si próprio também ninguém o fará. Mas mesmo assim, dá ideia duma colossal falta de vergonha, dum tremendo embuste face ao que prometeram em campanha eleitoral, dum péssimo serviço que é prestado à democracia. É certo que esta não se faz sem partidos. Mas assim, não há democracia que resista. E os sinais já andam por aí, devagarinho, em surdina, mas estão aí, basta para isso, calcorrear as ruas das nossas cidades.