Tuesday, February 28, 2023
Monday, February 27, 2023
A casa do pai e da mãe
É a única casa que você pode ir quando quiser, sem convite. A única casa que você pode colocar a chave na porta e entrar diretamente. A casa que tem olhos amorosos que olham fixamente para a porta até te verem. A casa que lembra os teus dias sem preocupações e a tua felicidade durante a tua infância. A casa em que a tua presença e o olhar nos rostos da tua mãe e do teu pai são para ti uma bênção, e a tua conversa com eles é uma recompensa. A casa que se você não for, o coração dos seus donos encolhe. A casa em que se acenderam duas velas para iluminar o mundo e encher a sua vida de felicidade e alegria. A casa onde a mesa de jantar é para você e não tem hipocrisia. A casa que se chegar a hora da comida e você não comer, o coração de seus donos vai quebrar e ficar triste. A casa que te oferece todas as risadas e felicidade. Oh, meus jovens! Descubram o valor destas casas antes que seja tarde demais... Sortudos são aqueles que ainda têm a casa dos seus pais para ir.
Sunday, February 26, 2023
Coisas da dura vida
Andava eu preocupada com os meus problemazinhos de merda, parei no supermercado para comprar umas coisas. Estava na fila para para pagar quando oiço uma rapariga, na caixa em frente, com uma pizza na mão, a pedir qualquer coisa. A funcionária não percebeu e ela repetiu. "Será que dá para comprar a pizza agora e voltar mais logo para a aquecer aqui?". Uma das funcionárias disse que não (há um espaço onde é possível aquecer a comida mas só a comprada no momento, ou seja, sem a pessoa sair do espaço) e a outra pergunta-lhe qualquer coisa que não entendi, e ela responde, com uma expressão meio desalentada, meio conformada: "sim, estou...mas é complicado". Com um meio sorriso, explicou a uma das funcionárias que estava a trabalhar (suponho como empregada doméstica) numa casa ali perto mas que o patrão não a deixava comer lá. Então a solução era, após o trabalho, comer no supermercado. Tudo isto se passou num Pingo Doce situado num simpático condomínio numa das zonas mais caras de Lisboa. Já tinha ouvido histórias de gente que nem sequer deixa quem lhe limpa a sanita usar a casa de banho mas nunca me tinha confrontado com um rosto. Imaginem o quão rasca é preciso ser para pagar a alguém para cuidar da casa, para limpar, para passar a ferro, e sabe-se lá o que mais, e ter a lata de dizer a essa pessoa: "olhe, não pode é comer aqui, tem de ir à rua". Não consigo imaginar o que é que se passa na cabeça de quem acha normal dizer isso a outro ser humano, tratando-o como se fosse um lixo . Quem é esta gente? Que vidinhas tristes é que têm? Cada vez mais agradeço pela educação que tive e por sempre ter tido bons exemplos de como tratar os outros com dignidade. Acho que posso dizer que tive uma infância privilegiada. Sempre houve (e ainda há) uma regra tácita e básica, além do respeito e da educação: se as pessoas estão a trabalhar para nós mais do que 4 horas (a não ser que não queiram) comem uma refeição. E ver aquela cena no supermercado trouxe-me à memória as tachadas de arroz de feijão que a minha mãe fazia quanto era altura de apanhar as batatas ou das vindimas. Para que toda a gente tivesse o que comer. Há gente que pode ter tudo mas como gente é muito poucochinho.
Saturday, February 25, 2023
Friday, February 24, 2023
Thursday, February 23, 2023
Wednesday, February 22, 2023
Tuesday, February 21, 2023
"Francisco - O Caminho" - Maria João Avillez
A propósito da realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa em 2023, o Papa Francisco concedeu uma entrevista a Maria João Avillez em Roma. «Há quanto tempo não se ouvia um Chefe da Igreja usar de tom tão justo e tamanha sabedoria para falar da mulher? Houve a sanção irada na condenação dos abusos cometidos por algum clero. Seguida de uma garantia com assinatura: nada voltará a ser como foi. Houve o registo da clareza no tema da Liturgia. Houve o tom mais íntimo, num emocionado desabafo sobre Fátima, recordando a sua própria descoberta da «Virgem do Silêncio», à mistura com as lembranças da infância e da juventude na sua Argentina natal. Vimos a luz derramada sobre uma repetida evocação do Espírito Santo e a sabedoria, a experiência, a notabilíssima solidez teológica, sempre que se tratou da Igreja. Houve muito, para todos. E a esperança como modo de vida.» palavras de Maria João Avillez. sobre a autora, Maria João Avillez iniciou a sua atividade profissional com 17 anos, na RTP, e desde então não mais parou de fazer jornalismo: na televisão, nos jornais e na rádio. Foi redatora principal do Expresso e trabalhou ou colaborou em diversos meios de comunicação social – Diário de Notícias, Sábado, TSF, Rádio Renascença, SIC Notícias, TVI, RTP. Entre 1987 e 1989, trabalhou como assessora no gabinete do então ministro da Educação, Roberto Carneiro. Atualmente escreve no Observador e tem um espaço de comentário politico semanal na TVI 24, colaborando também por vezes com o Público e o Expresso. Tem onze livros publicados. A edição é do Círculo de Leitores na sua série "Temas & Debates".
Monday, February 20, 2023
Sunday, February 19, 2023
Saturday, February 18, 2023
A criança mais rica do mundo
Ele não tinha riqueza, não tinha brinquedos bonitos, porque seus pais não tinham como comprar. Mas nem por isso ele era infeliz, tudo o que ele tinha era um velho guarda-chuva e um amigo fiel que dividiam o seu guarda-chuva em dias de chuva. Eu acredito que nunca existiu outra criança tão feliz como ele. Era a criança mais rica do mundo, porque brincava com a natureza e com seu único amigo. Existe riqueza maior que essa? Ser feliz era sua maior riqueza.
Friday, February 17, 2023
O que levamos da vida?
O que levamos da vida afinal? Nada do que adquirimos, apenas o que vivemos. Então, suavize sua vida, deixe pra lá o que não te faz feliz. A vida é tão curta, faça o bem, ame, veja a vida de forma positiva, ajude, faça o que te dá prazer, tenha sonhos, e melhor, realize-os, pratique a gentileza, cuide de quem ama, abrace quem você quer bem, e viva cada momento em toda sua intensidade. Isso é viver, e acredite, a vida sempre retribui à altura.
Thursday, February 16, 2023
Abusos sexuais na Igreja Católica
Desde o início se sabia que algo de muito grave vinha por aí. Por mais que houvesse quem dissesse que eram poucos os casos, ninguém acreditava nisso. Mesmo que só um fosse já era grave, mais de quatro mil é assustador. (Fora os que não se conhecem). Confesso que fiquei incrédulo. A instituição que mais deveria defender o ser humano afinal chafurda no mais nojento lamaçal. Já em tempos trouxe um livro onde se relatavam as práticas sexuais de alguma gente influente dentro do Vaticano. Algo que toda a gente sabe. Quem já visitou o Vaticano não lhe passou despercebido alguns 'engates' que por lá existem durante a tarde junto à colunata de Bernini. Tudo muito sombrio e abjeto. Alguns elementos da Igreja quiseram silenciar tudo isto, aliás como tinham feito durante décadas. Mesmo entre nós, altas figuras da Igreja diziam que eram muitos poucos e que a Comissão teria dificuldade em encontrar casos desses porque simplesmente não existiam! Mas afinal existiam e muitos. Demasiados. E o silêncio da Igreja é ensurdecedor. Mesmo nas homilias onde volta e meia se fala disto e daquilo, agora reina o silêncio. Tudo isto pela força e empenho dum homem que muito admiro, falo do Papa Francisco. Sem ele o silêncio continuaria e a impunidade também. Agora se percebe o porquê do Papa Francisco ser tão contestado pela ala conservadora da Igreja. Porque era importante ocultar, esconder, enganar, olhar para o lado para que tudo continuasse como dantes. Mas Francisco não queria ir por aí, nem teve medo em enfrentar os 'lobbies' dentro da Cúria. Se sempre o admirei muito, agora estou a admirá-lo muito mais. Mas isso não impede que me sinta envergonhado como católico praticante que sou. Estas são as situações que levam as pessoas a afastarem-se da Igreja, a não se reverem nesta gente que a povoa e a ofende. Sei que não são todos, mas por poucos que sejam, já são demais. A Comissão fez um excelente trabalho. As figuras que a compunham eram disso garantia. Agora há que punir essa gente desqualificada que por aí anda. Curiosamente os responsáveis máximos da Igreja portuguesa são os mesmos que antes diziam que não havia casos mas que agora, face a tanto incómodo, acham que têm que puni-los severamente. Tudo uma frágil fantochada. Algo anda mal por estes lados o que me leva a pensar no que diz o Livro da Revelação entre nós mais conhecido pelo Livro do Apocalipse que aconselho que leiam. Estamos mesmo na era em tudo o que esteve oculto será revelado.
Wednesday, February 15, 2023
Arte e Poesia
Não importam todos os rabiscos que já fizemos nem todos os papéis amassados na lixeira, porque todo texto bom de ser lido antes foi rascunho. E, por mais belo que seja, é natural que, ao relê-lo, percebamos uma palavra para ser acrescentada, trocada, excluída. A ausência de uma vírgula. A necessidade de um ponto. Uma interrogação que surge de repente. Viver é refazer o próprio texto muitas, incontáveis, vezes...
Tuesday, February 14, 2023
Dia de São Valentin
Celebra-se hoje o Dia de São Valentin, também apelidado de Dia dos Namorados. Mais do que o simbolismo religioso que demorou a ser absorvido pelo Catolicismo, este dia é mais festejado pela sua vertente mais ligada ao romance. E é aqui que me sinto mais perplexo, porque um dia para celebrar o amor entre duas pessoas não quererá dizer que nos tornamos indiferentes nos restantes? Hoje levamos à pessoa que amamos os presentes, as flores, uma noite mais escaldante, e no dia seguinte não serão estes mesmo protagonistas que a violam, a agridem, a assassinam? Todos conhecemos casos de violência doméstica que por vezes é confundida com amor. Parece mentira mas é verdade. Conheci um casal onde a violência doméstica era a regra. Contudo a mulher dizia que isso era o símbolo do amor que o seu marido lhe tinha. O ciúme seria o acicate para a paixão. Escusado será dizer que a senhora era analfabeta e o marido tinha a escolaridade mínima. Só assim se compreende tal situação. Passados muitos anos e com os dois protagonistas já falecidos ainda me interrogo como isto era possível. Conheci outro onde as discussões eram aterradoras e à noite na cama apaziguavam os humores em noites escaldantes segundo os próprios afirmavam. A escolaridade aqui era melhor mas o princípio era o mesmo. Por isso, sempre me questiono neste dia como seria bom que entre seres que se dizem amar mutuamente, se de facto se amam de verdade, por que não eternizar este dia. Já agora não só do homem para a mulher mas também o reverso. Como seria mais edificante. A violência doméstica seria uma quimera porque sempre o amor triunfaria. E talvez assim não precisássemos deste dia para mentirmos a nós próprios porque todos seriam Dia dos Namorados. Sei que é uma utopia, mas que seria bonito lá isso seria. Feliz Dia dos Namorados!
Monday, February 13, 2023
Sunday, February 12, 2023
35 anos de memória
Dia 12 é o dia em que passam 35 anos sobre o falecimento de meu Pai, Álvaro. Dele guardo a memória viva mas simultaneamente longínqua. Apesar de ter na altura 3 anos de idade, recordo com precisão o dia em que ele emigrou para a Venezuela. Não percebia o que estava a acontecer, mas impressionou-me muito ao ponto de tantas décadas depois ainda o recordar com precisão. Depois o regresso e a luta pela vida a continuar. Reformou-se para além da idade prevista então e morreu poucos meses depois. Nunca soube qual o valor da reforma e quando a primeira chegou já ele estava morto. Ironias da vida, duma vida de trabalho como foi a sua. 35 anos passados resta a memória que em mim permanecerá até ao dia em que, também eu, deixarei este mundo. Feliz aniversário, Pai! Lá onde estiveres que estejas em paz.
Saturday, February 11, 2023
Friday, February 10, 2023
Thursday, February 09, 2023
Wednesday, February 08, 2023
"Contos de São Peterburgo" - Nikolai Gógol
Estão aqui reunidas as cinco «Histórias de Petersburgo», «Avenida Névski» (1834), «Diário de um Louco» (1834), «O Nariz» (1836), «O Retrato» (1841) e «O Capote» (1841). Acrescentou-se «A Caleche» (1836), pequeno conto que alguns autores integram neste ciclo. Trata-se do chamado «segundo período» da obra do autor, que se seguiu ao período das histórias ucranianas, «Noites na Granja ao pé de Dikanka» e «Mírgorod». Estes contos do fantástico-real (ou real-fantástico?), integrando o humor e a sátira inconfundíveis de Gógol, tiveram grande influência no ulterior desenvolvimento da prosa literária russa e, também, no de todas as literaturas ocidentais. A modernidade das propostas de Gógol continua mais viva do que nunca nestas histórias em que a personagem principal é a cidade de Petersburgo: mesquinha, sufocante, ridícula, irrisória e ilusória. Nikolai Gógol, autor clássico da literatura russa, nasceu a 20 de março de 1809 (1 de abril pelo nosso calendário gregoriano) na província de Poltava (Ucrânia), no seio de uma família de médios proprietários rurais (1200 hectares e 200 servos da gleba). Partiu jovem para Petersburgo, onde começou por ocupar sucessivos empregos em ministérios, foi professor, ao mesmo tempo que ia escrevendo e publicando em revistas. Passou grande parte da sua vida em viagens pelo estrangeiro e pela Rússia. A edição é da Assírio & Alvim.
Tuesday, February 07, 2023
Monday, February 06, 2023
Sunday, February 05, 2023
"Ensaios sobre o dia seguinte - O mundo, Portugal e a educação" - David Justino
«Estes Ensaios Sobre o Dia Seguinte são, assim o pretendo, uma abordagem do porvir a partir da reflexão sobre o passado, mais ou menos recente, tal como o interpretamos. Não os entendam como qualquer tentativa de "antecipação" do futuro. Fiéis que somos às maneiras de pensar cientificamente conduzidas em ciências sociais, essa reflexão parte sempre dos problemas e da sua constante (re)formulação, numa incessante busca de explicações verosímeis, de preferência a conclusões ditas verdadeiras. Por isso, lembro mais uma vez, escolhi a fórmula dos ensaios que nos conferem um pouco mais de liberdade e de capacidade de questionamento do adquirido válido ou do senso comum que nos tende a esmagar neste mundo de comunicação avassaladora.» Da introdução ao livro. David Justino é licenciado em Economia, pós-graduado em História Económica e doutorado em Sociologia, é atualmente Professor Associado na FCSH-UNL. Recebeu o Prémio Gulbenkian de Ciência 1987 (Ciências Sociais e Humanas) e o Prémio Grémio Literário 2017. Foi Ministro da Educação do XV Governo Constitucional (2002-2004), consultor para os Assuntos Sociais do Presidente da República (2006-2016) e presidiu ao Conselho Nacional de Educação (2007-2013). Um belo livro a pensar a sociedade e a educação tão posta em causa nos nossos dias. Um livro fundamental que deve ser lido com muito atenção. A edição é da Almedina.