João Bénard da Costa - A morte ao 74 anos de idade
Hoje comemora-se o 1º de Maio dia do trabalhador. Entre nós nem sempre foi assim, neste dia, hoje de festa, eram frequentes as arremetidas da polícia sobre todos aqueles que o pretendiam celebrar. O 1º de Maio de 1974, o primeiro após a libertação do regime totalitário, foi uma festa grandiosa onde não se vislumbravam as diferenças que, logo no seguinte, se viriam a verificar. Foi uma manifestção sublime que percorreu todo o país, onde, para além de se celebrar a liberdade reconquistada, e o Movimento das Forças Armadas (MFA), o slogan que mais se ouvia era o de "nem, mais um soldado para a guerra". Esse slogan era empunhado, sobretudo, por jovens que não queriam ir matar ou morrer em África, em nome de uma causa que já nada lhes dizia. Hoje o 1º de Maio é mais uma data para o calendário, é mais um feriado que se banalizou, embora tenha sido usado como crítica às políticas do vários governos. Até nisso se standardizou. Este ano, com certeza, não irá escapar a crítica à crise, ao desemprego, e também servirá, em ano eleitoral, para afinar algumas estratégias e slogans para as próximas eleições. Será uma festa, como sempre o é em democracia, mas longe da unidade e do sentimento profundo que se viveu em 1974, em que para as gerações mais novas, era tudo novo, porque nunca tinham vivido em liberdade.