Turma Formadores Certform 66

Thursday, January 31, 2019

Intimidades reflexivas - 1145

"Você está atormentado com o que os outros podem pensar a seu respeito? Perceba então como tudo é rapidamente esquecido e olhe dentro do abismo do tempo infinito. Ouça a falsidade do aplauso e pondere sobre a inconstância daqueles que o aplaudem enquanto você considera a mesquinhez do drama que almeja atrás das palmas deles." - Marco Aurélio (121 d.C.-180 d.C.)

Wednesday, January 30, 2019

Novas do Nicolau

Dada a quantidade de pedidos de informação sobre o meu velho companheiro Nicolau aqui venho trazer algumas informações.O Nicolau tem estado estável dentro do quadro clínico que tem. A incontinência de que ultimamente padece está a progredir duma forma galopante. Ele na maioria das vezes nem pede para ir lá fora. Já faz onde estiver e muitas vezes parece que nem dá por isso. Hoje anda um pouco inquieto. Não tem posição para se deitar, talvez com alguma dor, embora não dê sinal disso, mas também se nota que a cabeça não está a funcionar bem. Por vezes fica parado a olhar para uma parede sem saber para onde ir ou o que fazer. Coisas normais num cão com idade avançada e com um quadro clínico de alguma complexidade. É difícil ver a degradação física e até psicológica dum ser tão nobre. Mas temos que compreender que a sua idade é muita e que mais cedo ou mais tarde o seu fim chegará. Por enquanto ele por cá ainda anda com quase total autonomia para alegrar a nossa vida. Por ele tudo faremos para que o que resta da sua vida seja percorrida com muito carinho e muito amor. Obrigado de novo a todos os que me têm contactado pelas mais diversas formas para saber novas do Nicolau. Um bem haja a todos. Obrigado do fundo do coração.

Tuesday, January 29, 2019

Intimidades reflexivas - 1144

"Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos." - Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944)

Monday, January 28, 2019

Intimidades reflexivas - 1143

"Uma completa familiaridade com as faculdades ocultas de tudo que existe na Natureza, tanto visível quanto invisível; suas mútuas relações, atracções e repulsões, bem como sua causa, foram e são a base da Magia." - Helena Blavatsky (1831-1891)

Sunday, January 27, 2019

Intimidades reflexivas - 1142

"A dança é a mais sublime, a mais comovente, a mais bonita de todas as artes, porque ela não é uma simples tradução ou abstração da vida ; é a própria vida!" - Henry Havelock Ellis (1859-1939)

Momentos de ternura

A minha querida afilhada Inês veio cá para casa no dia de hoje. Quando chegou foi recebida pela madrinha e eu não me apercebi de que ela estava em casa. Passado algum tempo desci ao jardim e vi que ela estava a brincar com a sua Mamie e fui ter com ela. Para minha surpresa fui recebido com uma saudação muito especial. "Este coração é para ti, Pim!" disse-me a Inês. Fiquei de coração cheio. São estes momentos de ternura que nos fazem ter vontade de continuar. Obrigado Inês pelo teu carinho e simpatia. Serás sempre a luz das nossas vidas e o calor da nossa casa neste inverno da vida que começamos a cruzar.

Saturday, January 26, 2019

Novas do Nicolau e da Rosita

Cá trago novas do meu velho amigo e companheiro. O Nicolau está estável na sua situação limitada que dura vai para mais de um ano e meio. A alimentação teve que ser alterada. Começou a rejeitar coisas que antes eram para ele autênticos mimos. Mas, ainda assim, come bem e com apetite. A incontinência está a progredir, o que torna esta situação ainda mais difícil. Fruto da idade e da doença. Por enquanto, o Nicolau vai resistindo com a sua vontade de viver e estar na nossa companhia. Ele é quase uma sombra, não quer estar só um momento que seja. Nós também não o queremos longe. Tudo faremos para que os dias que lhe restem sejam de muito amor e carinho. Um obrigado sincero aos muitos que me têm questionado sobre a evolução do Nicolau. Fico-vos muito grato. Quanto à sua arqui-inimiga também tenho informações a dar. A Rosita sempre alegre e prazenteira lá continua a sua saga na minha casa. Desde as quatro da madrugada que a vejo a andar pelo jardim dum lado para o outro. Às sete da manhã, cá apareceu a miar como se não houvesse amanhã, para a habitual refeição. Desta vez veio com a sua irmã que de vez em quando por cá aparece mas que não come nada nem aqui se fixa. Apenas vai beber água a um dos lagos que por aqui tenho. A Rosita, essa sim, não deixe de comer a sua habitual dose de paté e um pedaço de queijo que não dispensa. Vai intercalando um e outro e depois vai dormir numa das duas camas que por cá tem. Daqui a pouco, se o sol se apresentar, ela vai para debaixo do alpendre apanhar os raios matinais e depois vem pedir a sua dose de colo que ela tanto adora. Assim vai a vida desta gata, - Mariana de seu nome, Rosita por adoção -, aquela que enjeitou os seus donos para os trocar por nós. (É bom dizer que os seus verdadeiros donos também já a enjeitaram à muito). Mas a ela parece não causar mossa. Afinal é aqui que a Rosita quer estar.

Friday, January 25, 2019

Intimidades reflexivas - 1141

"Tanto jornal, tanta rádio, tanta agência de informações, e nunca a humanidade viveu tão às cegas. Cada hora que passa é um enigma camuflado por mil explicações. A verdade, agora, é uma espécie de sombra da mentira." - Miguel Torga (1907-1995) in 'Humanidade às Cegas'.

Thursday, January 24, 2019

Intimidades reflexivas - 1140

"Como se explica isto? A quem me substiu dentro de mim? (...) Afinal deste dia fica o que de hontem ficou e ficará de amanhã: a ânsia insaciável e innumera de ser sempre o mesmo e outro." - Bernardo Soares, (heterónimo de Fernando Pessoa) in 'O Livro do Desassossego'.

Wednesday, January 23, 2019

Intimidades reflexivas - 1139

"Se a lua visse o seu rosto, prostrar-se-ia; se o quarto crescente visse a sua face, enrubesceria de vergonha." - Ibn Sahl de Sevilha (1212-1251)

Tuesday, January 22, 2019

Saudades de ti, avó Margarida!...

Um ano volvido e o meu ciclo de efemérides começa. É altura para olhar de novo para a minha já extensa galeria de ausentes. Hoje celebra-se o 29º aniversário da morte da minha avó materna e madrinha, Margarida. Tenho dela sempre aquela referência duma segunda mãe. Foi com os meus avós que praticamente fui educado e deles conservo todos os princípios que me inculcaram na meninice. Isso também é uma forma de gostar e de venerar. A minha avó era o pilar forte onde me apoiava nos momentos mais aziagos, como também era a pessoa onde repousava e saboreava as minhas vitórias. Terei dela sempre esta eterna visão duma pessoa que fez tudo para que eu me transformasse em alguém que estaria para além da sua pessoa. E conseguiu. Hoje resta apenas a memória, mas ela é tão forte como se ainda aqui estivesse ao meu lado. Minha avó Margarida apenas tenho que te agradecer todos os sacrifícios que em meu nome foram feitos, o muito que me ensinaste, os princípios que me inculcaste e que tentei sempre preservar na minha vida. Só por isso mereces um lugar eterno onde a luz seja perene. Lá onde estiveres que estejas em paz, avó Margarida!

Monday, January 21, 2019

Eclipse lunar

Enquanto caminhava madrugada fora, assisti a um verdadeiro espetáculo, o eclipse lunar. Depois da lua aparecer com uma cor avermelhada, - que normalmente se chama de 'super lua' ou mais popularmente de 'lua de sangue' -, deu-se o eclipse que durou quase todo o trajeto que fiz. Um espetáculo incrível a brindar os madrugadores como eu. Este será o primeiro de três, (julgo não estar enganado), que serão visíveis em Portugal este ano.

Intimidades reflexivas - 1138

"(...) A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande." - Pe. António Vieira (1608-1697), excertos de 'Sermão aos Peixes'.

Sunday, January 20, 2019

Intimidades reflexivas - 1337

"Foi há treze anos, em uma tarde calmosa de Agosto, neste mesmo escritório, e naquele canapé, que o cego de Landim esteve sentado. São inolvidáveis as feições do homem. Tinha cinquenta e cinco anos, rijos como raros homens de vida contrariada se gabam aos quarenta. Ressumbrava-lhe no semblante anafado a paz e a saúde da consciência. Tinha as espáduas largas; cabia-lhe muito ar no peito; coração e pulmões aviventavam-se na amplidão da pleura elástica. Envidraçava as pupilas alvacentas com vidros esfumados, postos em grandes aros de ouro. Trajava de preto, a sobrecasaca abotoada, a calça justa, e a bota lustrosa; apertava na mão esquerda as luvas amarrotadas e apoiava a direita no castão de prata de uma bengala." - Camilo Castelo Branco (1825-1890) in 'O cego de Landim'.

Saturday, January 19, 2019

Intimidades reflexivas - 1336

"Uma arma de triunfo te dei, sobre todas as outras: a coragem de seres só; deixou de te afectar como argumento ou força esmagadora a alheia opinião, as ligeiras correntes e os redemoinhos do mar; rocha pequena, mas segura, sobre ti se hão-de erguer, para que vençam a noite, as luzes salvadoras; não te prendem os louvores dos que te querem aliado, nem as ameaças dos contrários; traçaste a tua rota e hás-de segui-la até ao fim, sem que te desviem as variadas pressões." - Agostinho da Silva (1906-1994) in 'A Coragem de Seres Só'.

Friday, January 18, 2019

Intimidades reflexivas - 1335

"A alma, ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia toma cor. Há seres cuja alma é uma contínua exalação: arrastam-na como um cometa ao oiro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há-os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo." - Raul Brandão (1867-1930)

Thursday, January 17, 2019

Intimidades reflexivas - 1334

"Quando os homens ingressam na vida são tenros e frágeis; quando morrem são hirtos e duros. Por isso os hirtos e duros se tornam mensageiros da morte, e os tenros e frágeis são os mais credíveis mensageiros da vida." - Lao Tsé (século VI a.C.) in 'Mensageiros da vida'.

Wednesday, January 16, 2019

"O Fado da Severa" - Maria João Lopo de Carvalho

Este livro que trago aqui levou-me a viajar em duas direções comum e que se cruzam. Passo a explicar. Durante algum tempo da minha vida era frequente estar em Lisboa. Daí conheci muitos dos recantos que este livro nos mostra, com a diferença temporal que os separa como é óbvio. Mais tarde, quando ingressei no Grupo Vista Alegre, quis o destino que Lisboa voltasse a estar no meu caminho. Isto à custa da sede do Grupo ser então no Largo Barão de Quintella, que os lisboetas mais conhecem pelo Largo dos Bombeiros. Ali paredes meias com o cais das colinas, o Chiado e o Bairro Alto. À custa disso, percorri muitas vezes o esse mesmo bairro, almocei em muitos dos seus restaurantes, jantei em muitas das suas tasquinhas onde pela noite fora se ouvia fado. Já não era aquele fado vadio da Severa que o livro tão bem retrata, mas ainda, ainda tinha o seu quê de vadio e marginal, bem diferente do de hoje que, após se elevado à condição de Património Imaterial da Humanidade, fez com que muitos, mesmo os jovens, se voltassem para o fado que passou a ser moda. Isso foi importante para a canção nacional, mas talvez tenha descaraterizado um pouco aquele lado mais vadio e fascinante do fado. Por tudo isto, este livro, para além de celebrar a imagem dessa figura mítica que foi a Severa, também serviu para um reencontro com o meu passado já um tanto ou quanto distante da minha juventude. Coisas curiosas que um livro nos pode levar a pensar e, sobretudo, a encetar uma viagem de memórias. Mas voltemos ao livro. Na sinopse do mesmo pode ler-se: "Na Mouraria, cruzam-se dois mundos quando a noite cai. O dos marujos, dos rufiões, das mulheres de má vida, as tabernas enchem-se com os filhos enjeitados da cidade. À procura de consolo, de um regaço pago, de vinho e de fadistagem. Vão eles e os nobres, embuçados, em busca do fruto proibido. Longe do São Carlos, onde as damas e as joias são legítimas, dos palácios nas Laranjeiras, mergulham no mundo sórdido e apaixonante onde se canta e bate o fado. E ninguém o faz melhor do que Severa, filha de cigano e de meretriz. Do pai herda o tom de pele, o sangue quente; da mãe a profissão e as artes de prender os homens. São muitos os que a visitam, mas só um lhe deixa marca, o conde de Vimioso. É dele e da Severa esta história, nascida entre corridas de toiros, casas de má fama, recitais privados. É esse o amor proibido que Maria João Lopo de Carvalho tão bem evoca, num tom que nos remete para uma Lisboa feroz e verdadeira. Uma história onde brilham sempre a luz e as sombras dessa Lisboa e o indomável espírito de Severa: a cigana que inventou o fado, a mulher que vendeu o corpo - mas que nunca vendeu a alma". Sobre a autora, Maria João Lopo de Carvalho nasceu em 1962 e licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Professora de Português e de Inglês no ensino público e privado, representante em Portugal dos colégios ingleses Pilgrims, fundou e dirigiu a Know How, Sociedade de Ensino de Línguas. Tem vários livros publicados dos quais saliento "Marquesa de Alorna" e "A Padeira de Aljubarrota". A edição é da Oficina dos Livros. Um livro muito interessante a merecer uma leitura atenta e cuidada. Um verdadeiro retrato duma 'Lisboa de outras eras' como diz a canção. A foto da capa é uma reprodução do 'Fado' da autoria de José Malhoa.

Tuesday, January 15, 2019

Intimidades reflexivas - 1333

"Há duas maneiras de espalhar a luz: ser a vela ou o espelho que a reflecte." - Edith Wharton (1862-1937)

Monday, January 14, 2019

Intimidades reflexivas - 1332

"Meu amor, a verdade, a trágica verdade, é que cada vez gosto mais de ti, com aquela mansa fúria de que fala o poeta. Desde que te conheço que não tenho olhos para nenhuma outra mulher, milagre que só tu poderias fazer, tornar realidade e alegria. Regresso sempre a ti como um comboio de corda na sua calha circular. E agora, que tenho estado doente e piegas, a saudade de ti aumentou terrivelmente mais, catastroficamente mais, deixando-me a passear de mãos atrás das costas no teu retrato horas seguidas. Até ao fim do mundo." - António Lobo Antunes in 'Regresso Sempre a Ti'.

Sunday, January 13, 2019

Intimidades reflexivas - 1331


"O sagrado é, por definição, aquilo que nos escapa. O sagrado é o outro. Tudo o resto é pouco mais que nada." - Prof. Eduardo Lourenço.

Saturday, January 12, 2019

A saga da Rosita

A Rosita por cá continua, agora com a companhia cada vez mais próxima da sua 'irmã' Maria. Embora esta não fique cá, nem coma nada do que lhe damos, vem sempre visitar a Rosita que para ela é Mariana. Tenho pena de a ter fora de casa, mas o Nicolau não a aceita e, como já aqui disse várias vezes, não queremos mais vínculos muito próximos com animais porque a idade está a passar para nós e não queríamos deixar nenhum animal para trás. Contudo ela tem duas camas bem fofas e quentinhas. Uma no fundo do jardim debaixo dum alpendre bastante abrigado do frio e onde ela passa todo o dia porque o sol lá bate de manhã à noite e uma outra anexa à nossa casa num espaço coberto com uma cama bem abrigada do frio, do vento e da chuva. É o que podemos fazer por ela e ela mostra-se agradecida e por cá continua com a sua meiguice e ternura. Enquanto por cá andarmos e podermos tudo faremos para que se sinta o mais acarinhada possível. Não queríamos mais animais, mas a Rosita trocou-nos as voltas e por cá se instalou. E parece que veio para ficar.

As debilidades do meu velho companheiro Nicolau

O meu velho companheiro Nicolau está a dar sinais de cada vez maior desgaste físico. Da vista direita está praticamente cego e da esquerda já vê pouco. Tem vários tumores e quando algum processo interno se passa com ele, o Nicolau fica muito afetado e deita um cheiro pestilento que logo desaparece passados dois ou três dias. Estamos avisados para tudo isto. Ontem e hoje têm sido uns desses dias. O Nicolau não pode ser sujeito a cirurgias dada a idade e sobretudo a sua doença. Qualquer intervenção seria de risco e preferimos tê-lo assim entre nós do que o perder numa sala de operações. Assim vai a sua vida. Sempre com determinação mas que aqui e além vai dando lugar ao cansaço que logo dele se apodera. O meu velho companheiro está a percorrer o que lhe resta da vida e nós estamos a acompanhá-lo de muito perto. Tudo faremos para que ele tenha um resto de vida digno. Estaremos sempre ao seu lado como ele tem estado ao nosso vai para mais de 16 anos.

Friday, January 11, 2019

O PSD acossado

Nada tenho a ver com o PSD mas acho que é um partido importante para o nosso regime democrático e, por isso, me preocupa aquilo que vejo por lá. Conheço Rui Rio desde jovem, afinal fomos colegas de curso e de ano na Faculdade de Economia do Porto. Sei que tem um feitio difícil mas sei também que é um homem muito sério e honesto apesar de termos diferentes visões do mundo. Coisa rara na política e nos políticos de hoje e, tal como o que aconteceu a Seguro no PS, incomoda alguns dos seus. Aqueles que são passistas não estão confortáveis, aqueles que estão preocupados com as listas e a sua participação nelas porque se ficarem fora não sabem o que fazer da vida. Mas mais do que isso, o PSD está a ser alvo do ataque duma certa Maçonaria onde Montenegro se acolhe e Relvas é proeminente. Não confundam com a Maçonaria no geral, há várias obediências maçónicas. Um dia isto se tornará mais claro.

Intimidades reflexivas - 1330

"Para começar, gosto das mulheres. Acho que elas são mais fortes, mais sensíveis e que têm mais bom senso que os homens. Nem todas as mulheres do mundo são assim, mas digamos que é mais fácil encontrar qualidades humanas nelas do que no género masculino. Todos os poderes políticos, económicos, militares são assunto de homens. Durante séculos, a mulher teve de pedir autorização ao seu marido ou ao seu pai para fazer fosse o que fosse. Como é que pudemos viver assim tanto tempo condenando metade da humanidade à subordinação e à humilhação?" - José Saramago (1922-2010) in 'As Mulheres São Mais Fortes'.

Thursday, January 10, 2019

De novo me cruzei com as veredas da vida

Palmilho a noite. Um friozinho leve vai-me acompanhando. Ao fim de um quilómetro já não se sente é apenas uma quimera. Ao cruzar a noite, cruzo-me também com algumas pessoas, embora poucas, que vão a caminho dos seus empregos onde entram muito cedo, ou então aqueles desgraçados que a coberto da noite escondem a indiferença a que a vida os votou. Lembram-se de à dias vos ter falado dum pobre desgraçado que tinha sido operado mas não tão bem assim, mesmo depois duma segunda cirurgia. Pois hoje voltei a cruzar-me com ele. Agarrado ao seu velho carro de supermercado lá vai tentado encontrar papel nos contentores do lixo. Perguntei-lhe como as coisas estavam. Disse-me que agora estavam bem melhor. Tudo estaria a correr bem e no final deste mês teria uma nova avaliação médica da sua situação. De novo, como à dias já tinha acontecido, aquele sorriso confiante apareceu com aquele sentimento de que tudo iria dar certo. Que tinha fé nisso. Vi-lhe o brilho nos olhos, aquele brilho sincero de quem acredita que será mesmo assim. Desejei-lhe melhoras e ele, de novo, brindou-me com aquele sorriso luminoso que corta a noite e nos faz estremecer. Agradece circunspecto mas sorri muito. Um sorriso franco e sincero. Talvez porque alguém lhe ter dado atenção, ele que caminha nas sombras da noite e da vida. Talvez porque confia que finalmente a sua qualidade de vida vai melhorar. Ou porque não as duas. Segui a minha jornada e ele a dele. Mas nada foi como até aí. É como se essa luz que o percorre também me quisesse fazer alguma companhia. Não sei quando o verei de novo. Talvez amanhã, ou para a semana, ou para o mês próximo. Não sei. Mas sei que nos voltaremos a encontrar algures numa madrugada qualquer.

Wednesday, January 09, 2019

Intimidades reflexivas - 1329

"Deveríamos olhar demoradamente para nós próprios antes de pensarmos em julgar os outros." - Jean-Baptiste Poquelin (Molière) (1622-1673)

Tuesday, January 08, 2019

Intimidades reflexivas - 1328

"Eu tive um sonho, que não era um sonho. O luminoso sol tinha-se extinguido e as estrelas vagueavam às escuras pelo espaço eterno. Sem luz e sem rumo, a gelada Terra oscilava, cega e negra, no céu sem lua. A alvorada chegou e foi-se. E chegou de novo, sem trazer o dia." - Lord Byron (1788-1824) in 'Darkness'.

Monday, January 07, 2019

Intimidades reflexivas - 1327

"A roupa mais bonita que uma mulher pode vestir, são os braços de um homem que a ama..." - Yves Saint Laurent (1936-2008)

Sunday, January 06, 2019

Feliz aniversário, Paula Maia!

Celebra-se hoje o aniversário da minha grande amiga Paula Maia. Para além da celebração em si, é de louvar a grande defensora dos animais que é, a maneira como luta em prol deles. Acompanhou-me no processo do Repinhas e deu para perceber as mudanças para melhor que então se verificaram e que aqui citei por inúmeras vezes. Sei a maneira como lutou por outros animais no local onde o Repinhas passou os últimos tempos antes de ser resgatado e como luta por tantos outros noutras paragens. Sei disso tudo e não posso ficar indiferente. Feliz coincidência, ou talvez não, o seu aniversário coincide com o dia de Reis Magos. Assim apetece-me dizer que é o aniversário duma princesa no meio de reis. Uma metáfora a preceito que me apraz aqui trazer. Tenha um Feliz Aniversário e que a sua estrada da vida seja sempre ensolarada pelo muito bem que faz aos animais e às gentes. Parabéns, Paula Maia!. Bjs.

Epifania de Reis

Celebra-se hoje o dia de Reis Magos ou a Epifania de Reis segundo o rito cristão. Nele se celebra a adoração dos três reis magos do Oriente que, curiosamente, podem não ter sido três. Onde se faz alusão à adoração dos reis ao Menino Jesus é no Evangelho de São Mateus (2:10), provavelmente o que mais detalhadamente trata esta questão e não só. (Veja-se o caso da Paixão do Senhor que deu origem a uma das mais impressionantes peças de música do barroco pela mão sábia de J.S. Bach). O detalhe é tal que até aparecem os nomes dos ditos reis: Baltazar, Gaspar e Melchior. Contudo, lê-se no Antigo Testamento, mais concretamente no Livro dos Salmos (72:10), que 'viriam adorar o menino os Reis de todos os Continentes'. Aqui está a resposta. Na Idade Média, apenas se conhecia os continentes europeu, asiático e africano. Assim estes reis representavam os três continentes conhecidos. É certo que o continente americano já era conhecido mas ainda estava na bruma o que fez com que não fosse retratado nos presépios mais antigos. (Ainda se poderia falar do zoroastrismo persa se quiséssemos complicar as coisas. Mas não interessa para aqui). O importante é reter que a leitura das festividades cristãs estão muitas vezes impregnadas de outras culturas religiosas exógenas que o cristianismo adaptou. A própria celebração do Natal a 25 de dezembro é disso um dos vários exemplos. Mas detalhes à parte, a convenção popular elegeu os três reis magos para o presépio e é assim que o vemos e o construímos nas nossas casas. Com a celebração da Epifania, termina o tríptico da natividade. Esta celebração não tem grande expressão entre nós, coisa bem diferente da adoração que tem na vizinha Espanha. Seja como for, este é um fim de ciclo dentro do rito católico embora na verdade existam três Epifanias, a saber, a Epifania dos magos do oriente - de que aqui vos falei - e que é celebrada no dia 6 de Janeiro; a Epifania a João Batista no rio Jordão e a Epifania quando se tornou conhecido pelo milagre de Caná. Mas isso são questões que agora não interessam porque o que hoje pretendo assinalar é o Dia de Reis Magos que fecha o comummente chamado de tríptico natalíco. Bom Dia de Reis a todos!

Saturday, January 05, 2019

Intimidades reflexivas - 1326

"É mais fácil ser amante do que marido, pela razão de que é mais difícil manter o espírito todos os dias do que dizer coisas bonitas de tempos em tempos." (Il est plus facile d'être amant que mari, par la raison qu'il est plus difficile d'avoir de l'esprit tous les jours que de dire de jolies choses de temps en temps.) - Honoré de Balzac (1799-1850)

Friday, January 04, 2019

National Geographic - "Faraday - A Indução electromagnética"

Mais um número especial de ciência da National Geographic está nas bancas. Desta feita dedicada a Faraday, com o título de 'Faraday - A Indução Electromagética' e com o subtítulo de 'Ciência de Alta Tensão', descreve-nos a vida e obra do cientista inglês Michael Faraday. Ao contrário dos seus pares nessa época, Faraday era oriundo dum classe humilde inglesa, sem estudos superiores e com desconhecimento completo da ciência matemática. Com o seu esforço de querer saber e com uma tenacidade ímpar, Faraday viria a ombrear com os cientista do seu tempo e viria, inclusive, a liderar o Royal Institution onde tinha entrado como auxiliar. O autor leva-nos pelos meandros da vida e obra deste cientista, nascido a 22 de Setembro de 1791 em Newington, Inglaterra e que viria a falecer em Hampton Court, Inglaterra a 25 de Agosto de 1867. Era profundamente admirado pela rainha Vitória que lhe ofereceu esta casa onde viria a falecer. Nunca foi defensor dos grandes títulos nobiliárquicos e de cargos sumptuosos que viria a rejeitar invocando até os seus princípios religiosos. Muitos foram os seus contributos para a ciência, mas destaco aqui, aquele que todos nós estudamos em física na nossa juventude, a famosa 'gaiola de Faraday' que hoje vemos aplicada em elevadores, micro-ondas ou aviões. Do modesto ardina até ao lugares mais elevados da ciência  por tudo isto passou Faraday. Mais um número interessante e imprescindível nesta coleção de 'Ciência' que a National Geographic vem publicando. Alerto aqui de novo para o interesse destes números, normalmente de linguagem acessível, focando o que de mais importantes estes homens contribuíram para a ciência, e que podem ser um bom contributos para os estudantes. Recomendável a todos os títulos.

Thursday, January 03, 2019

Intimidades reflexivas - 1325

"Aproveita a rosa quando é o momento porque o tempo sabemos que voa e a mesma flor que hoje floresce amanhã acabará." - Walt Whitman (1819-1892)

Wednesday, January 02, 2019

Quando o início de ano nos interpela

Como sabem, costumo fazer o meu exercício matinal ainda noite dentro, o que faz com que praticamente me cruze comigo próprio, ausentes que estão as gentes da azafama que virá algumas horas mais tarde. Assim, no percurso que faço praticamente não há vivalma. Acontece que uma das poucas pessoas que vejo pela matina é um pobre desgraçado que anda a recolher papel nos contentores do lixo. A princípio cada um seguia o seu caminho, mais tarde, começou a saudação matutina. Um dia, já lá vão uns anos, ele veio ter comigo para tentar ajudar uma senhora que tinha o carro estacionado num determinado local, a trabalhar e de faróis acesos e que ele dava por morta. Lá fomos, e depois de chamar as respetivas autoridades, a senhora lá foi para o hospital. Como um conhecido dele também acorreu, ele sempre que me via vinha dar-me notícias. A senhora parece que melhorou, embora pela situação em que estava, e pelo local onde tinha o carro estacionado, fiquei sempre com  a sensação que era o suicídio que a senhora procurava. E foi assim através deste episódio que comecei a falar um pouco mais com este senhor. Eu seguia o meu percurso, ele o dele, e assim aconteceu por vários anos. Hoje, bem cedo ainda, cruzei-me de novo como ele. Já não o via à um par de semanas e pensei que tivesse ido para alguns familiares para passar as festas. Mas não. O senhor esteve hospitalizado para tratar uma hérnia. A operação não correu muito bem e teve que lá voltar para uma segunda intervenção cirúrgica para colocar uma folha de prata, segundo me disse, porque os intestinos tinham sido afetados. Como tivesse ficado um orifício que vertia os líquidos que ingeria, colocaram-lhe um saco com a promessa de que dali a algum tempo tudo tinha cicatrizado. Mas não foi assim. À um par de dias teria feito um 'arrozinho', segundo a sua própria expressão, e começou a ver o arroz a sair pelo tal orifício À medida que o ia ingerindo. Ficou em pânico e pensou, ainda segundo as suas palavras, 'agora é que vou lá para cima', pensando na morte iminente. Voltou ao hospital e depois de lhe terem limpo o orifício e de vários exames, mandaram-no embora dizendo que o orifício era muito pequeno e que iria cicatrizar em breve. O certo é que os líquidos que ingere continuam a sair e por isso o saco lá continua. Mas a promessa de melhoras ficou. Lamentava-se ele que, embora os médicos lhe dissessem para não fazer esforços, ele tinha que os fazer porque senão não tinha como viver. Até um pequeno subsídio que tinha e que não especificou, lhe teria sido retirado. Sem trabalho, sem apoio algum, qualquer um de nós se veria afogado em problemas. Este senhor não é exceção. Contudo, a sua força interior é enorme. Se a sua história recente me tinha impressionado, mais emocionado fiquei quando dele me despedi. Disse-lhe que se os médicos lhe disseram que em breve tudo estaria curado é porque seria assim, e que ele tivesse fé porque tudo iria correr bem. Desejei-lhe melhoras e um ano novo o melhor possível. E foi aqui que ficou marcada a imagem dum homem deserdado da vida, a viver na vereda da sociedade que o ignora como seu igual. Ele iniciou a sua caminhada com um velho carrinho de supermercado que lhe deram para ele transportar o papel acumulado que recolhe dos contentores e olhou-me com um sorriso muito luminoso, cumprimentou-me e disse-me: 'Vai correr tudo bem. Estou certo disso'. E seguiu o seu caminho áspero mas luminoso deixando-me a olhar para ele quase sem reação. Estas são aquelas lições que a vida nos dá. Pensamos sempre que estamos pior do que quem quer que seja, mas esquece-mo-nos que existe sempre alguém pior do que nós. Esta foi a primeira lição que este ano me trouxe. Foi a primeira interpelação deste novo ano. Logo ao segundo dia pela madrugada onde tudo adquire uma outra expressão e que aqui quero partilhar convosco.

Tuesday, January 01, 2019

No início de 2019

Hoje celebra-se o primeiro dia do novo ano, mas também se comemora o Dia Mundial da Paz. E assim sendo, será a paz e a saúde para cada um de nós um dos primeiros desejos. Porque sem uma e outra tudo se tornará mais complicado. Mas neste primeiro dia do novo ano, e depois da folia terminada, é tempo de olhar com aquela clareza que nos faz continuar ano após ano na senda de quimeras que nos alimentam a existência. Mas apesar de quimeras, algumas tornar-se-ão realidade o que fará com que o ciclo do novo ano encerre em si as expectativas que os anteriores transportaram. Pela minha parte, que a saúde não me falte nem aqueles que me são queridos, será já uma grande benção. Que o discernimento nunca deixe de me acompanhar na estrada da vida como até aqui. Que tenha a sagacidade de estar sempre do lado correto e justo face a este mundo desalinhado. E que este ano, seja também um ano onde a minha ânsia de conhecimento encontre mais uma parede sólida onde se apoiar. Porque sou um grande defensor do saber, que é o verdadeiro motor do mundo e da relação entre os homens, que faz com que a nossa estrada da vida seja mais luminosa e ensolarada. Vontade não falta, assim haja ocasião para isso. E que o meu velho amigo Nicolau vá resistindo mais um ano, porque é uma fonte inspiradora para mim pela sua força, crença e vontade de viver que o tem mantido estes anos todos entre nós. É com esta expectativa que abordo este novo ano, em tudo idêntico ao que foi em anos anteriores. Veremos se 2019 me ajuda a que estes anseios se tornem realidade. Um Feliz Ano Novo para todos!