Termina hoje a sua atuação como ministro das Finanças. Mário Centeno foi um dos melhores ministros das Finanças que Portugal já teve. E a população reconheceu-o. Ele foi a figura mais popular depois do Presidente da República e do Primeiro Ministro. E logo numa pasta como as Finanças que é tão odiada. Isso é obra. Mas Centeno foi um ministro grande para um país pequeno. E daí o passar as suas fronteiras para liderar o Eurogrupo, cargo que desempenhou com brilhantismo. Não sou amigo de Centeno, nem sequer seu próximo, mas lembro-me das vezes com que me cruzei com ele na Ordem dos Economistas, numa altura em que ele não sonharia certamente em ser sequer ministro e eu tão pouco. Mas sempre lhe admirei o pensamento rigoroso, - quase aristotélico -, sem perder a ideia do social. Algo que não é comum a muitos economistas, mesmo sendo a ciência económica uma ciência social. O Professor Mário Centeno ficará sempre ligado à recuperação das contas públicas sem agravar a vida dos portugueses. A economia é uma ciência baseada em expectativas, e Centeno soube geri-las com mão de mestre. Ninguém se esquecerá de que o seu nome estará ligado ao primeiro superavit das contas públicas que não é coisa pouca. Daí que até a austero anterior ministro das Finanças alemão o tenha rotulado de 'Cristiano Ronaldo das Finanças'. E nessa altura altura ainda estaria longe de pensar no que seria o seu desempenho futuro. Agora questiona-se a sua ida para o Banco de Portugal (BP). Confesso que não entendo a polémica. De competência estamos falados. E se outros saíram da pasta das Finanças para o BP, porque não Centeno? A baixa política continua a andar por aí, com aquela invejazinha que se tem a quem é grande. E Centeno foi (é) grande. Bem maior do que o atual governador que sempre se envolveu em polémicas e tomou atitudes nem sempre conforme as necessidades do país, num registo bem abaixo do que se esperava quando foi nomeado. Mas agora, é de Centeno que tenho que falar e penso que já disse o essencial. Apenas me resta um agradecimento, aquele agradecimento que lhe é devido por qualquer um de nós. Obrigado, Professor Mário Centeno!