Monday, November 30, 2020
Sunday, November 29, 2020
Em busca da magia do Natal
José era uma criança feliz. Como todas as crianças ainda não tinha provado as privações da vida. Na sua ainda tenra idade tudo era magia e descoberta e José sentia-se feliz. José era uma criança realmente feliz.
Como acontecia com todas as
crianças que viviam em famílias modestas, José só pelo Natal tinha brinquedos
novos. Diziam-lhe que era o Menino Jesus que lhe oferecia os tais brinquedos se
ele se portasse bem. (Nessa altura, o Pai Natal, embora ocupasse as decorações
da sua casa, não tinha o estatuto central que tem hoje. E José nem percebia bem
isso, o que ele queria era os ansiados brinquedos).
Ano após ano na noite de Natal e
já com a ceia a decorrer, José era surpreendido por um ruído junto da chaminé
da cozinha onde ainda ardiam as brasas do fogão a lenha. E José primeiro ficava
surpreso para logo a seguir ir a correr à cozinha e descobrir os brinquedos que
tanto tinha desejado ali bem aconchegados junto ao fogão e não na árvore porque
era aí que estava a chaminé. Essa era a magia do Natal, aquela que todos os
anos se renovava e que trazia José ansioso durante um ano inteirinho só para
viver esse momento.
Mas José foi crescendo e começou
a verificar que antes do tal ruído que indiciava a chegada do Pai Natal a
descer pela chaminé, - a cumprir as ordens do Menino Jesus -, o seu avô
arranjava sempre um pretexto para sair da mesa. E isso, se no início nem o
apoquentava, à medida que os anos foram passando, foi motivo de reflexão. Algo
de estranho se passava nessa altura. ‘Mas que seria?’, Interrogava-se José.
Mas logo tudo era esquecido
porque os brinquedos eram o mais importante e as doçarias da quadra também,
numa época em que só nessa altura se comiam tais coisas.
Contudo, um ano decidiu que
haveria de tirar aquilo a limpo. Era uma terrível coincidência que o
atormentava e José sempre gostou de perceber o porquê das coisas desde muito
pequeno. O Natal próximo lá chegou no tempo aprazado como sempre acontecia e
José começou a gizar o seu plano. Sem dizer nada a ninguém do que o inquietava,
José lá foi aguardando os preparativos que tanto o entusiasmavam para a ceia
desse Natal.
Sempre deslumbrado com a sua
árvore de Natal, tão pobremente vestida, mas tão acarinhada por José, e o seu
presépio belo de plástico que a sua avó lhe tinha oferecido, tudo era magia
para a criança que ele era. A magia do Natal ia-se cumprir de novo. Mas a sua
dúvida permanecia, agora já com laivos de desconfiança que espicaçavam a sua
mente imberbe.
Quando chegou a hora de ir para a
mesa, José posicionou-se para dar seguimento ao seu plano. O lugar era o mesmo,
mas ele conseguiu dar um arranjo às cadeiras para poder sair rapidamente dela
quando chegasse o tal momento. Mas estava apreensivo porque algo lhe dizia que
daí para a frente os natais seguintes não teriam a mesma magia, encanto e
deslumbramento. Mas mesmo assim, achava que deveria ver o que se passava em
nome da sua proverbial curiosidade.
Depois de terminada a ceia já com
as iguarias mais doces a prepararem-se para ir para a mesa, de novo o seu avô
saiu como sempre fazia. O que ninguém esperava era que esta criança saísse uns
segundos após a correr, perante a preocupação das restantes pessoas à mesa, e
surpreendeu o seu tão querido avô a colocar os brinquedos e a fazer o famoso
ruído.
Foi como se tivesse sido atingido
por um balde de água gelada. Embora o seu avô lhe disse que estava ali para
agarrar o Pai Natal mas este tinha fugido, no seu íntimo tudo aquilo era um
embuste. Primeiro, uma certa incredulidade; depois, um certo desencanto por ter
sindo vítima dum engano que durou muitos anos. Na altura ficou verdadeiramente
descoroçoado não percebendo que aquilo que o seu avô fazia, o fazia em nome do
muito amor que lhe tinha.
Só mais tarde, já com mais idade,
José perceberia o gesto e o encanto que ele encerrava em si mesmo. Mas como
temia aquando da vez que decidiu esclarecer as coisas, afinal o tal pensamento
que tinha assumiu uma crua realidade. De facto, desde esse Natal nunca mais
houve magia. Foi como se um hipotético vaso de cristal onde ela se encerrava
tivesse sido estilhaçado.
José foi percebendo com o
decorrer dos anos o que isso significava, mas aquela magia que a quadra
encerrava para ele, nunca mais foi vislumbrada. E que saudade José tinha desse
tempo de inocência e credulidade.
(Novembro 2020)
Saturday, November 28, 2020
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Irresponsabilidade
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Friday, November 20, 2020
Feliz aniversário, Nicolau!...
Thursday, November 19, 2020
Intimidades reflexivas - 1280
Wednesday, November 18, 2020
Carta aberta ao meu ilustre colega Rui Rio
Com os meus melhores cumprimentos.
Hesitei se deveria vir a terreiro expor-te as minhas preocupações. Depois de alguns dias de reflexão resolvi ir em frente. É o que estou aqui a fazer. Faço desde já a minha declaração de interesses. Não sou político e não pertenço a qualquer partido.
Já vão longínquos os tempos em que as nossas vidas se cruzaram na Faculdade de Economia do Porto. Algumas décadas volvidas ainda recordo algumas conversas que tivemos. Do modo como me dizias que a figura carismática de Sá Carneiro te tinha marcado e que tinha despoletado a tua vontade de aderir ao então PPD.
Habituei-me ao teu desassombro, à tua integridade e honestidade que viriam mais tarde a ser a tua chancela quando foste eleito Presidente da Câmara do Porto. Durante anos, sempre afirmei aos meus amigos - ou em conferências em que participava - que tu eras o modelo de político que gostava de ver replicado no meu país. (Então ainda nem eras Presidente da Câmara Municipal do Porto). Continuo a pensar o mesmo, embora agora lhe coloque algumas reticências.
Aquilo que fizeste nos Açores deixou-me atónito. Porque sei que és um democrata e defendes valores bem diferentes doutros que fazem da xenofobia, racismo e outros coisas que tais, a sua marca ideológica. Sei que tens muita oposição interna e que precisas de aparecer como vencedor de algo. Só que escolheste o momento errado e o parceiro inimaginável. Em política não pode valer tudo.
Não basta vires dizer que é só regional e não nacional o acordo que foi feito, todos sabemos que não é assim, basta ler o Expresso da semana passada. E com isso, só vieste dar uma ajuda preciosa a quem não te quer a liderar o PSD. (Se calhar colocaste a primeira perda na tua sepultura política, só que não foi uma pedra qualquer, foi um pedregulho).
Há quem diga que a tua índole autoritária afinal atingiu o seu clímax. Sei que tem essa vertente de autoritarismo - talvez fruto da tua educação alemã - mas, sei também, que ter autoridade não significa ser ditador (ou defensor de ditadores). Nunca o fizeste e quem a isso recorre não pode estar de boa fé. Mas que há coisas impensáveis, lá isso há, e o que fizeste nos Açores, para além de te ajudar, poderá vir a ser um engulho monumental para ti e para o teu partido.
Questionar-me-ás porque venho a terreiro com esse assunto se nem militante do PSD sou. Pois é verdade, não sou militante de nenhum partido como atrás referi, mas sou um cidadão preocupado com o meu (nosso) país. Tal como tu o és. E só isso me motivou.
(Agora até já me cobram as afirmações elogiosas que em tempos fiz sobre ti. Vê bem ao que as coisas já chegaram).
Mas continuo a acreditar que continuas a ser o mesmo Rui Rio doutros tempos. Com certeza diferente - tal como eu - que vamos mudando consoante a idade e a experiência de vida se faz sentir. Por isso, espero que corrijas a mão e não voltes a cometer esse erro que te pode ser fatal. Para mim, continuas a ser um homem sério, honesto, íntegro e democrata tal como te conheci há muitos anos atrás.
Aceita esta crítica com abertura de espírito. Sei que o farás. Afinal o que está em causa é o bem do meu (nosso) país. E sei também que não venderás as tuas ideias por um prato de lentilhas. Assim espero. Assim quero acreditar.
E assim termino, com a clareza e desassombro que me conheces, mas também com a crítica construtiva - porque séria, respeitosa e sem outros dúbios interesses - que aqui produzo.
Aproveito para te endereçar os meus melhores cumprimentos e subscrevo-me.
Atentamente.
José Ferreira
Tuesday, November 17, 2020
Intimidades reflexivas - 1279
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Intimidades reflexivas - 1276
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Tempo de memórias
Thursday, November 12, 2020
A América doente
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"Mapas do sentido" - Jordan B. Peterson
Tuesday, November 10, 2020
Morrer da doença ou da cura?
Monday, November 09, 2020
Sunday, November 08, 2020
Intimidades reflexivas - 1274
Saturday, November 07, 2020
Intimidades reflexivas - 1273
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Dia de Finados ou de Fiéis Defuntos
Sunday, November 01, 2020
Dia de Todos os Santos