Intimidades reflexivas - 1340

"Cada um lê no poema, o poema que traz em si." - André Tecedeiro

Intimidades reflexivas - 1339

"A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro." - Clarice Lispector (1920-1977)

No funeral de José Atalaya

Nascido a 8 de Dezembro de 1927 viria a falecer na passada sexta feira dia 19 de Fevereiro de 2021. Refiro-me ao maestro José Atalaya. Discípulo de Luís de Freitas Branco e Joly Braga Santos, este grande maestro e compositor (faceta menos conhecida) defendia os chamados 'concertos informais'. Muitos de nós lembram-se dos famosos concerto no Teatro Carlos Alberto no Porto onde José Atalaya fazia algo próximo daquilo que fez Leonard Bernstein com os famosos 'Concertos para Jovens'. Tal consistia em desmistificar a música erudita e quebrar aquela barreira pomposa entre esta e o público. E assim, - tal como Bernstein nos EUA -, Atalaya começou a trazer gente mais jovem e não só aos seus concertos, um público que ia muito para além do público habitual que assistia a estes eventos. Aos 93 anos, José Atalaya deixou-nos. Ontem foi o dia do seu funeral. Mais um grande nome da cultura portuguesa nos deixa. Apenas restando a sua memória e aquilo que fez pela música que não foi coisa pouca. Descansa em paz, José Atalaya!

Lawrence Ferlinghetti (1919-2021)

Lawrence Ferlinghetti (Yonquers, Nova Iorque 24 de março de 1919 – São Francisco, 22 de fevereiro de 2021) foi um poeta, editor e pintor americano da Geração Beat, mais conhecido pela sua obra poética e por ter sido o responsável pela divulgação em livro de todos os maiores expoentes daquele movimento e suas maiores obras.

SAUDAÇÃO

A cada animal que abate ou come sua própria
                                             espécie
E cada caçador com rifles montados em
                                             camionetas
E cada miliciano ou atirador particular
                                  com mira telescópica
E cada capataz sulista de botas com seus cães
                    & espingardas de cano serrado
E cada policial guardião da paz com seus cães
                     treinados para rastrear & matar
E cada tira à paisana ou agente secreto
             com seu coldre oculto cheio de morte
E cada funcionário público que dispara contra o
               público ou que alveja-para-matar
               criminosos em fuga
E cada Guardia Civil em qualquer pais que  
        guarda os civis com algemas & carabinas
E cada guarda-fronteiras em tanto faz qual
       posto da barreira em tanto faz qual lado de
       qual Muro de Berlim cortina de Bambu ou
       de Tortilha
E cada soldado de elite patrulheiro rodoviário
              em calças de equitação sob medida &
              capacete protetor de plástico &
              revólver em coldre ornado de prata
E cada radiopatrulha com armas antimotim &
             sirenes e cada tanque antimotim com
             cassetetes & gás lacrimogênio
E cada piloto de avião com foguetes & napalm
                                                    sob as asas
E cada capelão que abençoa bombardeiros que
                                                    decolam
E qualquer Departamento de Estado de qualquer
     superestado que vende armas aos dois lados
E cada Nacionalista em tanto faz que Nação em
      tanto faz qual mundo Preto Pardo ou Branco
      que mata por sua Nação
E cada profeta com arma de fogo ou branca e 
      quem quer que reforce as luzes do espírito
      à força ou reforce o poder de qualquer
      estado com mais Poder
E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam & matam pela Paz
Eu ergo meu dedo médio na única saudação apropriada

Prisão de Santa Rita, 1968

Intimidades reflexivas - 1338

"Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco." - Fernando Pessoa (1888-1935) in 'Livro do Desassossego'.

Intimidades reflexivas - 1337

"Paremos de indagar o que o futuro nos reserva e recebamos como um presente o que quer que nos traga o dia de hoje." - Heraclito (500 a.C.-450 a.C.)

Animais e pandemia

A proibição de circular entre concelhos fruto da pandemia é uma medida que todos entendemos mas não deixa de ser limitativa. Quem ajuda animais errantes vê-se sempre quartado na sua liberdade quando tem que os ir alimentar a concelhos que não são o da sua residência. Por vezes é difícil e nem sempre as autoridades o compreendem, no fundo estão a cumprir ordens. E assim a pandemia também vai contribuindo para que os animais errantes paguem a sua fatura sem compreenderem o porquê.

Memórias dum tempo outro

Ao remexer nas minhas memórias esta madrugada dei com esta foto. Foi tirada em minha casa há muitos anos atrás e nela se pode ver o meu amigo Rolando com quem cresci e do seu filho Filipe. Eramos ainda muito jovens nessa altura e viríamos a ter percursos diferentes mas a amizade sempre ficou. Costuma-se dizer que recordar é viver e aqui penso ser o caso. Foi uma bela recordação que me surgiu altas horas da madrugada que me transportou a um tempo outro já longínquo. Aqui quero enviar um grande abraço ao meu amigo Rolando, um beijo à sua esposa Ana Maria e também um forte abraço ao seu filho Filipe que já não vejo há um bom par de anos. Esta casa estará sempre disponível para vos receber porque os amigos não se renegam. Estejam bem de saúde é o que espero e vos desejo. Espero que esta memória seja para ti e para os teus tão gratificante quanto o foi para mim.

Intimidades reflexivas - 1336

"Em cada perda há um ganho, tal como em cada ganho há uma perda, e cada fim traz um recomeço." - Provérbio Budista

Intimidades reflexivas - 1335

"Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldade passar cem anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se entediar." - Albert Camus (1913-1960)

Intimidades reflexivas - 1334

"Nunca a tinha visto verdadeiramente. A quantas pessoas no decurso da minha vida olhei sem as ver? É espantoso. Aí está mais um assunto para reflexão. Quando duas pessoas se encontram, cada uma é mudada pela outra, e assim nascem dois indivíduos novos. Talvez isso queira dizer… Meu Deus, como é complicado. Pensarei em tudo isto à noite, quando não puder dormir." - John Steibeck (1902-1968) in 'O Inverno do nosso Descontentamento'.

Tempo de Quaresma

Inicia-se hoje a Quaresma que nos vai levar à Páscoa. Representa os 40 dias que Jesus peregrinou no deserto e foi tentado pelo demónio, segundo a liturgia cristã. Período também para a nossa reflexão. Sairmos da nossa zona de conforto, irmos para o nosso deserto, longe dos ruídos e do bulício que nos rodeia a cada momento, e aí entrar na nossa reflexão. Sobre cada um de nós, sobre a vida, sobre o seu sentido, sobre a missão que nos é pedida nesta caminhada. Depois dos exageros da carne representados pelo Carnaval, vem agora este, um período de arrependimento e recolhimento. Um período para estarmos com nós próprios neste momento difícil que o mundo atravessa.

Carnaval

Este é um Carnaval bem diferente do habitual. Nem se dá por ele. O tempo dos festejos e os corsos este ano não farão a sua aparição. A pandemia a isso obriga. De máscara ou sem ela, todos temos que ser foliões à distância, virtualmente, este também é um sinal dos tempos que correm. Talvez para o ano seja diferente. Este ano será assim. Isso não impede que vos deseje um bom Carnaval seja ele passado de que maneira for.

Intimidades reflexivas - 1333

"Quando lemos um livro, devemos perguntar a nós próprios não o que diz, mas o que significa." - Umberto Eco (1932-2016)

Feliz dia dos namorados

Mais um Dia dos Namorados. Aquele dia de paixões ardentes e assoberbadas. O dia de amores incontidos ou revelados. O dia do amor na sua forma mais selvagem, ingénua e pura. Este é o dia dos que se amam é comum dizer-se mas porque não replicá-lo pelos outros dias do calendário. Se o fizéssemos talvez existissem menos amores não correspondidos, menos agressividade, menos violência doméstica, menos separações, menos infidelidades. O problema é que este dia não passa de mais um dia em que o mercantil impera: uma prenda, um jantar afrodisíaco e uma noite escaldante. Este ano reinventado por questões sanitárias. No dia seguinte tudo volta à costumeira rotina até ao próximo ano. Mas aqui fica a nota, façam deste dia um ícone para os restantes do calendário e verão com serão mais felizes. Feliz Dia dos Namorados!

Intimifdades reflexivas - 1332

 "A vida é um palco." - Willliam Shakespeare (1584-1616)

33 anos depois

Passam hoje 33 anos sobre o falecimento de meu Pai, Álvaro. Recordo esse dia como se fosse hoje, bem como as peripécias que aconteceram nas 24 horas que antecederam. Disso já aqui falei e não quero voltar ao tema. O que me interessa hoje é a recordação, a memória dum homem que deixou a sua pegada no mundo. Um verdadeiro andarilho pelo mundo, a quem eu fui buscar este gosto das viagens e da descoberta. De condição humilde foi-se erguendo para terminar a sua vida com muita dignidade. Hoje passam 33 anos sobre o seu falecimento e a memória que fica é enorme, gigantesca. Tínhamos visões bem diferentes do mundo mas isso nunca quis dizer que vivêssemos de costas voltadas. Embora já muita água tenha corrido sob as pontes desde então, a recordação que dele tenho é muito vincada. Ele que até nem gostava de animais, acabou a sua vida rendido a eles pela influência dum cão, o seu Dick, que lhe deram e que ele acarinhou como um filho. O cachorro transformou-o numa pessoa mais humana. O amor que ele tinha pelo meu Pai era tal que morreu um ano depois dele. 'O meu cordeirinho' como ele dizia porque o cachorro ia com ele para todo o lado. Dormia com ele e fez do meu Pai um ser muito melhor. 33 anos depois essa memória fica perene como tudo o que de bom a vida deve ter. Lá onde estiveres que estejas em paz, meu Pai!

Novo Ano Chinês 2021

O Ano Novo Chinês calha em 12 de fevereiro deste ano e com ele começa o Ano do Boi de Metal. O boi é o segundo animal do calendário chinês, que muda anualmente. Cada Ano Novo Chinês traz consigo um animal diferente com implicações simbólicas que estão enraizadas na mitologia. O Boi está associado às horas entre uma e três da manhã, trabalho árduo e honestidade. Em 2021, o elemento do Boi é o metal, o que significa que os desafios são iminentes no início do ano. Este ano, o radical celestial é xīn, uma palavra associada a confiança, sentimentos e objetivos de longo prazo. Se hoje se cruzar com um chinês não deixe de lhe desejar um Feliz Ano Novo!

Intimidades reflexivas - 1331

"Deus criou as terras com lagos e rios para que o homem pudesse viver / E o deserto para que pudesse encontrar a sua alma." - Provérbio tuaregue

Intimidades reflexivas - 1330

"Segundo a definição dos estóicos, a sabedoria consiste em ter a razão por guia; a loucura, pelo contrário, consiste em obedecer às paixões; mas para que a vida dos homens não seja triste e aborrecida Júpiter deu-lhe mais paixão que razão." - Erasmo de Roterdão (1466-1536), excerto de «Elogio da Loucura».

Intimidades reflexivas - 1329

"(...) A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão." - Nelson Rodrigues (1912-1980)

Intiimidades reflexivas - 1328

"Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco." - Fernando Pessoa (1888-1935) in 'Livro do Desassossego'.

Intimidades reflexivas - 1327

"A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro." -  Clarice Lispector (1920-1977)

Intimidades reflexivas - 1326

"A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota." - Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Onde está o paraíso?

Por vezes achamos que o paraíso, aquele lugar etéreo onde jorra o leite e o mel, não está ao nosso alcance. E damos connosco sempre com aquele ar mirífico a dizer, "gostava de estar e ali ou acolá porque é um verdadeiro paraíso". Esta é uma frase recorrente que utilizamos amiúde. Mas a perspetiva desse tal paraíso varia de criatura para criatura. Com certeza que um escaravelho que habita uma estrumeira tem uma noção bem diferente do que será o seu paraíso. E esta ideia pode ser replicada sob muitas outras criaturas. Por isso, acho que devemos ser mais comedidos e pensar que o paraíso é o local onde estamos quando temos alguém que nos ama e amamos alguém. Onde nos sentimos bem, realizados onde os afetos são o que melhor nos enleva. Podemos ter muitas coisas materiais, podemos ter uma carreira de sucesso, mas se não temos amor e carinho a rodear-nos seremos muito pobres e em vez do tal paraíso vivemos num inferno. Por isso, sintam-se bem convosco e com os que vos rodeiam e será aí que tereis o tão almejado paraíso. Afinal é tão simples.

Os dois lobos

Um dia o meu avô disse-me que cada um de nós tem dentro de si dois lobos que lutavam entre si. Um, que odeia, que lamenta, que é feroz e intransigente; e outro, que é amor, paixão, compreensão, piedade. Perguntei-lhe então qual dos dois vencia essa luta. E ele respondeu-me: "Aquele que tu alimentares".

Intimidades reflexivas - 1325

"Cada um lê no poema o poema que traz em si." - André Tecedeiro

Voltando às questões fraturantes

Ainda queria voltar ao tema que ontem vos propus em torno das questões fraturantes. No domingo passado enquanto ouvia o padre da minha paróquia a tecer conjeturas sobre a eutanásia, não pude deixar de me interrogar sobre o tema. E tal como ontem alargá-lo às questões do aborto e do casamento gay. Apesar de católico fico sempre um pouco preocupado quando ouço estas coisas. Sei que a doutrina da Igreja a isso conduz, mas também sei que o papa Francisco tem vindo a ultrapassar certas linhas com vista a aproximar a Igreja do nosso tempo para exasperação de alguns. Mas enquanto ouvia o pároco lembrei-me que nunca o ouvi a desenvolver raciocínios tão fortes sobre a violência doméstica, o racismo ou a xenofobia, mesmo indo ao arrepio do papa. Porque será? Sabemos que para a Igreja a mulher tem um papel secundário, até bem marginal se olharmos para tempos mais recuados, e talvez isso impeça um padre de defender os seus direitos. Sei que isto não é exclusivo do catolicismo visto que, nas outras religiões ditas do Livro, tal acontece até com mais veemência, como é o no judaísmo mais ortodoxo ou no islamismo mais fundamentalista. Já contra o racismo e a xenofobia nada se altera também. O mesmo se verifica em outras religiões do chamado oriente mais profundo. Algo que nos deve deixar a pensar. Mas o catolicismo, religião mais próxima da nossa cultura, tal entra em contradição com os muitos esqueletos no armário de alguns dos seus membros. A começar pelo próprio Vaticano e a acabar no mais longínquo padre de aldeia. Não serão todos assim, bem entendido, mas estas serão as exceções que confirmarão a regra. Sei que há questões fraturantes que podem por em causa os próprios fundamentos da religião, mas isso não pode impedir que tenhamos uma atitude tacanha, corporativa, limitada. Quem já visitou o Vaticano e o fez com atenção, e não só para colecionar fotografias, ter-se-á apercebido de algumas coisas que aqui digo. Porque a impunidade leva ao relaxar nas atitudes e isso é bem visível por lá. E por isso é que não compreendo esta Igreja eternamente virada para o passado com cada vez menos que dizer às novas gerações que dela se afastam porque nela não se revêm. Tudo muito questionável e que durará ainda muito tempo a resolver, se é que se resolverá algum dia, mesmo com um papa de mente aberta.

Questões fraturantes

Do aborto à eutanásia passando pelo casamento gay, estas são questões fraturantes do nosso tempo que não em exclusivo da nossa sociedade. Antes de avançar faço a minha declaração de interesses: são católico e não concordo com nenhuma delas. Se em tempos se discutiu a questão do aborto que hipocritamente muitos se opuseram -alguns que até conheço daí o epíteto de hipócritas - eu fui dos que votou a favor. Dirão alguns que estou a ser incoerente, quiçá até, cínico. Mas não penso isso. Porque embora eu não concorde com eles, não tenho o direito de impor a minha vontade a outrém. A minha vontade não é melhor nem pior do que a dos demais, daí o contribuir com o meu voto para dar uma opção de escolha, depois será a consciência de cada um a ditar o resto. No caso recente da eutanásia tudo se passa de igual modo. Não houve referendo, mas se houvesse, votaria a favor. Não que concorde mas não devo coartar o direito dos demais de assumirem posições contrárias. Conheço casos - todos nós conhecemos casos desses - em que a eutanásia será uma benção face ao sofrimento atroz. Por isso acho que tenho o direito e o dever de dar liberdade ao meu semelhante para pensar o que será melhor para si. Se a altura foi bem escolhida, talvez não, mas em questões destas não pode haver um tempo oportuno. Todo ele o é ou não consoante a perspetiva. Tenho ouvido muitas homilias vindas do clero que se opõem a todas, - todos sabemos que a Igreja sempre foi muito conservadora -, mas acho que aqui, mais uma vez, a Igreja está a perder o comboio do tempo e da História e assim verá mais um grupo de pessoas a virar-lhe as costas. Longe vão os tempos dos temores que a Igreja inspiravam às pessoas. Os tempos mudaram e quem fica parado acaba por ficar inexoravelmente para trás. Tal como a legalização dos casamentos gay que apoiei pelas mesmíssimas razões. E deixem que vos diga que conheço casais gay que são imensamente felizes ao contrário de outros heterossexuais. E aqui até o Papa Francisco não ficou indiferente, um grande avanço para a Igreja. Os telhados escondem muita coisa podem crer. Estas são questões fraturantes e de difícil decisão para muitos, mas seja qual for a nossa opinião, não temos o direito de a impor a terceiros. Legalizemos e depois será a consciência de cada um a ditar o comportamento e a atitude. Mais do que questões mesquinhas está a liberdade do outro, aquele outro que pode pensar de modo diferente de nós, mas que não pode ser marginalizado por isso mesmo. Todos os avanços da sociedade foram fruto dum corte epistemológico, um rasgar de convenções face a novos olhares do mundo. E assim a Humanidade tem progredido e assim continuará. Não podemos empurrar para trás o comboio da História porque o mais provável que nos pode acontecer é ser esmagado por ele.