Turma Formadores Certform 66

Sunday, June 28, 2009

Ainda os grandes investimentos

Voltamos ao tema, porque achamos que é da maior acuidade. Agora, como tínhamos dito anteriormente, saiu um documento assinado por 50 economistas a favor dos investimentos públicos. Se bastassem as assinaturas, este tinha ganho. Mas o que interessa é algo mais profundo. Não podemos reduzir, o fazer ou não investimento público a uma luta esquerda vs. direita, até porque estes documentos são assinados por personalidades de diferentes quadrantes. Tudo se resume a uma concepção liberal, ou melhor dizendo, neoliberal, a mesma que transformou a economia num imenso casino, (cujos estragos todos temos agora que pagar) e uma visão keynesiana em que o investimento público aparece para dinamizar a economia a todos os níveis, (a mesma que salvou os EUA nos anos 30 aconselhada por Keynes, o tal inglês que alguns acham que é americano, e com um presidente T. Roosevelt que era um político duma dimensão bem diferentes dos amanuenses que temos por cá, embora tenha sofrido os mesmos ataques, é histórico e fácil de comprovar). Os políticos pequenos que temos não conseguem ver isto (alguns diga-se em abobno da verdade), ou os interesses que defendem, a tal os impedem, e a comunicação social vai dando uma ajuda, qual ave de rapina sempre ávida de sangue e cadáveres putrefactos, que vai criando e destruindo temas a seu bel-prazer, ciente da sua força, diria mais, da sua impunidade, até porque é considerado o quarto poder (Veja-se o caso PT/Media Capital, em que os políticos deram uma "ajudinha" sempre ávidos de protagonismo). E sei bem o que isto significa, por isso, como anteriormente já tinha afirmado, nunca aceitarei nenhum cargo público, a menos que algo de muito importante e definitivo para Portugal a isso me obrigasse, quanto mais não seja por um espírito de missão, que espero nunca venha a acontecer. Isto para reafirmar que acho importante os grandes investimentos, nomeadamente o aeroporto, porque o actual está saturado e, o TGV, para que Portugal não se venha a tornar mais periférico do que já é actualmente. Mas os interesses políticos fazem com que se avance e recue, e as coisas não chegam a lado nenhum, enquanto a nossa vizinha Espanha, apesar do seu elevado nível de desemprego (vejam lá senhores políticos) vai, cada vez mais, ocupando um lugar dum grande país, deixando Portugal para trás inexoravelmente. Só falta que lancem uma "OPA" sobre este rectângulo, coisa que talvez não demore muito.

Saturday, June 27, 2009

O mundo em mudança

Notas de optimismo, notas de pessimismo. Mário Soares reúne os seus mais recentes artigos e reflexões em livro. No tom coloquial a que nos habituou, o ex-Presidente da República toca os temas do capitalismo, o crash económico, as perspectivas de mudança, os que lucram com a crise, o contínuo espectro da fome, as expectativas que recaem sobre Obama. Um livro de perguntas a tentar encontrar soluções para o futuro. Uma edição conjunta Temas e Debates/ Círculo de Leitores.
«Afastado da política activa, na qual não tenho — nem quero ter — quaisquer responsabilidades, tanto políticas como partidárias, não deixei de ter uma consciência dispersa e uma participação cívica activa, informando-me do que se passa — a começar, patrioticamente, pelo meu país —, seguindo com atenção a política internacional e escrevendo regularmente em jornais e revistas, mantendo programas na televisão e expressando livremente as minhas opiniões...» segundo as palavras do autor.
O ano de 2008 foi o ano em que tudo aconteceu. Este é, portanto, um livro muito interessante dum homem, que pensa politicamente o mundo e Portugal, que nos pode ajudar a encontrar plataformas de entendimento do mundo que nos cerca, cada vez mais, globalizante.

Friday, June 26, 2009

O adeus de Michael Jackson (1958-2009)


Não é meu hábito vir a este espaço comentar este tipo de acontecimentos, mas pela sua importância não poderia passar-lhe ao lado. Michael Jackson foi um ícone da música pop, que teve o seu auge nos anos 70 e 80. A minha geração é um pouco anterior, os meus ícones eram os Beatles e os Rolling Stones, mas mesmo assim, não deixei de ser influenciado pela sua música. Pela voz de menino, pela dança, sempre frenética em palco, e sobretudo, pelos excelentes vídeos que nos deixou. Quem não se lembra do famoso "Thriller", o álbum mais vendido da história da música, e do extraordinário vídeo a que deu origem, uma verdadeira novidade nessa época. Aliás, deixem que vos aconselhe um outro, muito interessante também, que se chama "Ghost", em que Michael Jackson desempenhou todos os papéis. É algo de soberbo. Mas a minha admiração por Michael Jackson vem bem detrás, quando fazia parte dum grupo com os seus irmãos, que se chamava Jackson 5. Das muitas interpretações saliento uma que, ainda hoje, ouço com emoção que se chama "Ben", nesta altura Michael Jackson era pouco mais do que uma criança. Aqui fica a homenagem a um dos maiores ícones da música dos anos 70 e 80, ao lado de grandes nomes como Elvis Presley, The Beatles, Madonna ou Barbra Streisand. Morreu o Rei da Pop. Viva o Rei.

Thursday, June 25, 2009

A polémica em torno dos grandes investimentos

Temos assistido nos últimos tempos a um debate intenso, nem sempre sério, sobre os grandes investimentos para o país. Esta temática foi hoje abordada por um jornal, no qual se lia que os grandes investimentos estavam a dividir os economistas. Mas tentemos esclarecer um pouco a situação. Saiu um documento à alguns dias, que é do conhecimento público, onde vinte e oito economistas achavam que se deviam parar os grandes investimentos. Hoje mesmo, estão a ser preparados dois documentos em que outros economistas defendem a visão contrária. Dos primeiros existem alguns nomes conhecidos, embora isso não chegue para tornar o documento mais credível do que outro qualquer. Alguns desses economistas também tiveram as suas histórias nos tempos de maior visibilidade que nem todos nós esquecemos. Mas vamos ao que interessa. É sabido que nestes tempos conturbados de crise económica, todos tentam dar a sua opinião no sentido de debelar a malfadada crise. Até os neoliberais que passam o tempo a dizer que a economia devia ser regulada por si só, usando a tão famosa imagem da "mão invisível" de Adam Smith (já lá vai muito tempo!), agora vêm a todo o vapor pedir maior intervenção do Estado. Até na pátria do neoliberalismo, os EUA, (nunca tal se viu), e que levou o anterior presidente Bush a apresentar um plano no Congresso para levar o estado a intervir na economia (espantêmo-nos todos!), foi o famoso plano Paulson. No fundo, o Estado entrava para salvar os prevaricadores utilizando dinheiros públicos, que eram utilizados para comprar aquilo que já nada, ou pouco, valia. Mas os tempos são mais difíceis ainda, estamos mais perto da necessidade de aplicar medidas próximas do "new deal" que salvou a economia americana nos anos 30, do que os projectos neoliberais que levaram à economia de casino que deu no que deu. (Já agora, cumpre informar que o mentor desta política for John M. Keynes, economista inglês, e não norte-americano, como um conhecido político português, à dias, afirmava na televisão. É caso para dizer, se não conhecem Keynes devidamente, dificilmente conhecerão as suas propostas, mas em política é assim mesmo). Hoje, como nessa época, era importante ter políticos com outra dimensão, como foi o caso de Roosevelt, ou mais recentemente, como Willy Brandt, Olof Palme, Pietro Nenni, James Callaghan, apenas para citar alguns. Na minha opinião as grandes obras, os grandes investimentos, têm toda a acuidade. Dizem que isso não cria emprego, embora não seja de todo errado, não é bem assim, mas nem só de emprego vive a economia. É importante que não se esqueça o desenvolvimento do país, e aquilo que é o endividamento futuro não seja o papão usado por políticos menos sérios que, quando no governo, até assinaram tratados internacionais para os levar a cabo. Se perdermos esta oportunidade, ficaremos inevitavelmente para trás, como já aconteceu noutras épocas. Só como exemplo, é bom que se lembrem de que Portugal depois de ter assinado um acordo com Espanha para uma autoestrada que terminava em Badajoz do lado espanhol, esperou 10 anos(!) para que do lado português fosse concluída, enquanto nos entretínhamos em estudos e mais estudos que no fim de pouco serviram. Depois dizemos que a Espanha é muito evoluída e nós não saímos da cepa torta! Assistimos a políticos que hoje dizem uma coisa, enquanto governo, e outra, enquanto oposição. É isso que descridibiliza a política, exactamente porque temos um déficit de políticos que hoje mais parecem amanuensses, vazios de ideias e de estratégia, para não irmos mais longe. Sei do que falo, porque já por lá passei, e saí desiludido, prometendo a mim próprio que nunca mais aceitava qualquer cargo de serviço público. Mas, voltando ao tema, acho que as grandes obras são necessárias, caso contrário, ficaremos inevitavelmente para trás, cada vez mais. É preciso abraçar o princípio da modernização do país, o emprego virá por arrasto, o contrário, é que não, só defendido por mentes conservadoras (aqui sem conotação política, até porque existem pessoas a defender este princípio de diferentes quadrantes), que pensam duma forma egocêntrica, não vendo que para além deles e da geração que representam há mais mundo, há mais Portugal.

Sunday, June 14, 2009

A crise financeira e a recessão VI

De novo voltamos ao tema, já longo neste espaço, mas o momento que atravessamos assim o impõe. Isto porque voltamos a assistir a uma inflação negativa de 1,2% que foi anunciada esta semana. Tem-se falado muito da crise, o que pode ser mau, visto criar um clima, mesmo no subconsciente, que leva a que baixemos os braços, como se fossemos impotentes para ultrapassar a situação. Curiosamente, não se tem falado tanto de deflação, que é o aspecto mais grave que a crise pode assumir. Porque será? Pelo receio da gravidade da situação? Porque para a maioria das pessoas, o termo diz pouco, por demasiado rebuscado? Seja lá pelo que for, da deflação ninguém fala, e não é só em Portugal que tal acontece. Mas o grave de tudo isto é que, mesmo não se falando dela, ela está mais próxima do que parece. No caso português, um novo indicador de inflação negativa é indiciador disso mesmo. Alguns dizem que, tenta-se compensar a descida do índice de preços com o aumento dos combustíveis, para que o índice não cai demasiado. Tem lógica, mas todos sabemos que quando se fala de combustíveis a lógica segue outros parâmetros nem sempre claros para a maioria das pessoas. Mas vamos estando atentos, para ver se as coisas não pioram ainda mais. A tão propalada retoma que muitos anunciam, desde logo os ministros das finanças do G8, ainda ontem, mais parece uma injecção de coragem do que outra coisa. Vejam o deserto da cidade de Detroit, que foi a capital do automóvel durante muitos anos nos EUA, que está a ser abandonada por todos, ficando apenas aqueles que não o podem fazer, com casas a serem vendidas a 1 dólar(!). Parece que estamos de regresso ao "far-west", com todo o cortejo situações que isso implica. Mas o mais grave é que se calhar estamos mesmo, por isso à que nos precavermos, porque a crise não será tão passageira como dizem, embora os políticos tentem dizê-lo, mais para aumentar a auto-estima das populações, do que por copnvicção. Mas tenhamos fé, tudo o que começa acaba, e esta crise também há-de ter um fim, o que não se sabe é quando.

Saturday, June 13, 2009

"In memorium" de António Variações - 25 anos depois do seu desaparecimento

António Joaquim Rodrigues Ribeiro nasce em Fiscal, pequena aldeia do concelho de Amares, Braga a 3 de Dezembro de 1944. O quinto dos dez filhos de Deolinda de Jesus e Jaime Ribeiro, António faz os seus estudos na escola local, ajudando no resto do tempo os pais no campo. Mas a paixão pela música demonstrada desde tenra idade fá-lo-á esquecer muitas vezes os trabalhos da lavoura em favor das romarias e folclore locais.
Aos 11 anos, terminada a instrução primária, experimenta o primeiro ofício em Caldelas. " Ia fazer quinquilharias, mas passado pouco tempo desistiu ", contará a mãe já em 1988, à Imprensa. Mal completa 12 anos abandona a terra natal rumo a Lisboa. Vem para ser marçano, mas acabará por trabalhar num escritório. A tropa fá-la em Angola, mas sem antes pedir à mãe que lhe acenda uma vela a Santo António para protecção. Regressa são e salvo. Mas logo volta a partir, desta feita para Londres, onde permanece um ano a lavar pratos num colégio.
Em 1976 regressa, de novo por pouco tempo. O próximo destino será Amesterdão, onde fica mais um ano e aprende o ofício de cabeleireiro. Já em Lisboa, dedica-se de dia ao ofício, e à noite à sua paixão pela música, dando espectáculos com um grupo de músicos intitulado " Variações ". E começa então a ser notado pelo seu visual excêntrico e personalizado, com base nas cores e formas originais e em alguns elementos de adorno, como por exemplo os brincos.
Em 1978 apresenta uma maqueta com algumas músicas à editora Valentim de Carvalho e nesse ano assina contrato. Mas terá de esperar quatro anos para poder gravar, porque entretanto Mário Martins e Nuno Rodrigues insistem para que grave, respectivamente folclore ou pop.
Os contactos com profissionais do mundo da música, seus clientes na barbearia, abrir-lhe-ão, entretanto as portas da notoriedade.
Em Fevereiro de 1981 surge pela primeira vez na televisão, no "Passeio dos Alegres" de Júlio Isidro, que o convidará para algumas emissões da "Febre de Sábado da Manhã" na Rádio Comercial.
Em Julho de 1982, já sob o nome António Variações, edita o seu primeiro single, um duplo lado A com "Povo Que Lavas No Rio" - imortalizado por Amália Rodrigues - e "Estou Além", um inédito de sua autoria. Um ano depois sairá o primeiro LP- "Anjo da Guarda"- que o transformará numa estrela popular à escala nacional.
Depois de inúmeros concertos na época estival, sobretudo em festas e romarias de aldeias e outras pequenas localidades, volta a entrar em estúdio. Entre 6 e 25 de Fevereiro de 1984 grava o segundo e último LP, "Dar e Receber".
Em Abril aparece pela última vez em público no programa televisivo "A Festa Continua" de Júlio Isidro. Será a única interpretação no pequeno ecrã das faixas do novo disco. Quando "Dar e Receber " é editado, semanas mais tarde, já António Variações se encontra internado no Hospital Pulido Valente devido a um problema brônquico-asmático. É já no hospital que ouvirá pela primeira vez na rádio as músicas de promoção do disco.
Debilitado pela doença que se agrava vertiginosamente, é transferido a pedido da família para a Clínica da Cruz Vermelha, onde virá a falecer a 13 de Junho. Neste dia de S. António aqui fica a memória, 25 anos depois, daquele que foi uma verdadeira "pedrada no charco" no panorama artístico português. É bom recordar e ouvir de novo.

Monday, June 08, 2009

HOME - O mundo é a nossa casa


Yann Arthus-Bertrand leva-nos numa viagem original à volta da Terra, para que possamos contemplá-la, entendê-la. HOME vai ajudar-nos a perceber a nossa relação com o nosso planeta. Serão revelados, em simultâneo, as preciosidades que ela nos oferece e as marcas que deixamos para trás, com um único objectivo: encorajar-nos a proteger o mundo. Este filme é um livro de viagens feito apenas com fotografias de paisagens aéreas. Do céu, podemos observar as correntes de água, as várias direcções dos caminhos, podemos compreender uma situação complexa com um simples olhar, sem recorrer a qualquer explicação. Como dizia Archimedes, “Dá-me um ponto de apoio e eu elevarei o mundo”. No nosso caso, aquele “ponto de apoio” é o nosso olhar. Este filme incita a uma nova consciência. De facto, à medida que nos levantamos no ar, vemos o nosso mundo de uma maneira diferente, de uma forma como nunca experienciámos. HOME convida-nos a parar por um momento de modo a olharmos para o nosso planeta e percebermos como tratamos a sua riqueza e a sua beleza. Antes do filme, HOME viu a luz do dia em livro. 500 000 fotografias em mais de 100 países, 3 milhões de livros vendidos em todo o mundo, 100 exposições ao ar livre de acesso gratuito receberam mais de 100 milhões de visitantes, 4 documentários visionados por 5 milhões de telespectadores da televisão francesa. O Livro “A Terra Vista do Céu“ torna-se num filme: HOME - Um filme de Yann Arthus-Bertrand e Produzido por ELZEVIR FILMS e EUROPACORP. A edição portuguesa é exclusiva da FNAC. Este filme passou na RTP2 na passada sexta-feira, dia 5 do corrente, dia dedicado ao ambiente.

Eleições europeias - Junho 2009

Realizaram-se hoje as eleições para o Parlamento Europeu. Embora se tenham registado elevadas taxas de abstenção, um pouco por todo o lado, em Portugal ela foi de facto muito elevada superior inclusivé à média europeia. Assim, a taxa de participação (cerca de 36,5 por cento) foi inferior à média comunitária (43,4 por cento), o que coloca o nível de abstenção em aproximadamente 64 por cento. O que leva a que tal se verifique? Que os eleitores não queiram dar a confiança a um partido, ou não se revejam nos existentes é compreensível, mas para isso vota-se em branco, (que chegou perto dos 6 por cento), mas a abstenção é de difícil compreensão. Porque se não votam, como podem criticar esta ou aquela política? Para o fazermos, em democarcia representativa, temos que votar. Acresce que todos temos que perceber que dois terços das leis dos vários países da UE, que nos afectam diariamente, são desenhados em Bruxelas, o que só por si, diz da importância das eleições europeias. Quando forem as legislativas, diz a tradição, que a abstenção seja reduzida para metade desta, por quê? Cada vez mais os governos nacionais têm menos peso nas decisões, visto serem mandatários das políticas da UE. Em termos mais radicais diria, que as europeias são muito mais importantes que as legislativas, porque é que não compreendemos isto? Será que os partidos não estão a fazer um esclarecimento mais incisivo? Talvez, mas cada um de nós deve informar-se mais sobre os assuntos que a todos nos afecta. É quase como a história do aluno cábula, que para além de ter os melhores professores da escola, não evolui, pelo simples facto de que é cábula e não estuda, por melhor que seja a informação que lhe é disponibilizada. O desinteresse da política não pode justificar tudo.

Wednesday, June 03, 2009

Testamento Político - Richelieu

Richelieu acalentou durante anos este projecto, e não se pode dizer que o encarasse como simples acrescento, ocioso e pleonástico, à sua glória como político. Pelo contrário, o Testamento é por ele visto como um derradeiro instrumento para fazer política, o que quer dizer uma forma de continuar a ordenar os acontecimentos e a reduzir a incerteza prometida pelo futuro àquilo que já havia realizado. O Testamento pretende ser esse lugar de onde o cardeal, na impossibilidade de se perpetuar a si mesmo, quer perpetuar a sua sombra, isto é, o alcance efectivo do seu poder. Armand Jean Du Plessis, Cardeal de Richelieu, duque político francês de Luís XIII de 1628 a 1642; foi arquitecto do absolutismo na França e da liderança francesa na Europa. Teria nascido na Rue de Jouy (hoje em Paris IV) em 9 de Setembro de 1585 e foi baptizado na igreja de St-Eustache em 5 de Maio. O seu irmão mais velho era Henri du Plessis, marechal de campo, governador da cidade de Angers, morto em duelo em 1619 pelo seu adversário o Marquês de Thémines.
Consagrado Bispo de Luçon em 1607, foi orador do clero nos Estados Gerais de 1614, passando a fazer parte do conselho da regente Maria de Médicis por volta de 1616. Tornou-se cardeal em 1622.
Figura polémica da política francesa do século XVII, Richeleu deixou um pensado testamento político. Documento inédito, traduzido por Carlos Leone, com notas e introdução de Diogo Pires Aurélio, esta edição permite uma releitura da influência e estratégia política do duque cardeal.
É desta controversa figura da História que vos proponho a leitura do livro que ele intitulou de "Testamento Político". Uma obra muito interessante para se perceber a estratégia política que levou a França à liderança mundial, mas para também percebermos algumas das coisas que, ainda hoje, são influenciadas por este livro e que acabam por afectar a nossas vidas todos os dias. A edição é do Círculo de Leitores inserido na sua colecção "Temas & Debates".

Tuesday, June 02, 2009

Sir Edward Elgar - 152 anos depois


Sir Edward William Elgar, nasceu a 2 de Junho de 1857 e viria a falecer a 23 de Fevereiro de 1934. Este compositor britânico, nasceu em Broadheath, Worcestershire.
Filho de um afinador de pianos, e rodeado de música e instrumentos musicais na loja do pai na Worcester High Street, o jovem Edward foi auto-didacta em música. No Verão levava nos seus passeios música para estudar, iniciando uma forte ligação entre música e natureza.
Deixando a escola aos 15 anos, começou por trabalhar com um advogado local, mas após um ano enveredou por uma carreira musical, aprendendo piano e violino. Aos 22 anos tornou-se chefe de banda no Worcester and County Lunatic Asylum, perto de Worcester. Foi primeiro violino nos festivais de Worcester e Birmingham, e chegou a tocar a Sexta Sinfonia e o Stabat Mater de Antonin Dvorak sob a direcção do próprio compositor. Agradou-lhe especialmente, e influenciou-o bastante o estilo de orquestração de Dvorak.
Aos 29, através da actividade de ensino, conheceu a sua futura mulher Caroline Alice Robers, poetisa e escritora. Casaram-se três anos depois contra a vontade da família dela, e a prenda de Edward para Caroline foi a peça para violino e piano "Salut d'amour". Os Elgars passaram a residir em Londres, centro da vida musical inglesa. Após algum tempo, constataram que não podiam subsistir apenas com o trabalho de compositor de Edward, pelo que ele retomou o ensino de música.
Durante a década de 90 do século XIX, Elgar construiu uma sólida reputação como compositor, especialmente de obra vocal para os festivais musicais das Midlands. "The Black Knight", "King Olaf" (1896), "The Light of Life" e "Caractacus" tiveram algum sucesso, o que lhe permitiu obter um lugar de editor musical.
Em 1899, aos 42 anos de idade, compôs o seu primeiro grande trabalho orquestral, as "Variações Enigma" tornando-se o compositor britânico mais conhecido da época. Este trabalho intitula-se "Variations on an Original Theme (Enigma)". O enigma é que, embora haja treze variações do tema original ('enigma'), este nunca é ouvido. Em 1900 estreou em Birmingham a versão coral do poema do Cardeal Newman "The Dream of Gerontius". Apesar da desastrosa estreia, a obra foi posteriormente reconhecida como uma das maiores de Elgar.
Elgar é principalmente conhecido pelas "Marchas de Pompa e Circunstância" datadas de 1901. Após compô-las, foi-lhe pedido para adaptar a letra de A. C. Benson para uma Ode à Coroação do Rei Edward VII de Inglaterra. O resultado foi "Land of Hope and Glory".
Entre 1902 e 1914 Elgar teve um sucesso estrondoso, visitou quatro vezes os E.U.A., e ganhou bastante dinheiro com os direitos da sua obra. Entre 1905 e 1908 foi Professor de Música na Universidade de Birmingham.
A sua "Simfonia nº 1" de 1908 foi cem vezes tocada no primeiro ano. Com a chegada da I Guerra Mundial, a música de Elgar ficou um pouco fora de moda, e, depois de ficar viúvo em 1920 pouco mais compôs. Pouco antes de falecer compôs o magnífico e elegíaco "Concerto para Violoncelo". Talvez isto sugira que Alice Elgar era a sua principal influência e impulsionadora do seu êxito.
Armado cavaleiro em 1904 e tornado baronete em 1931. Em 1932, trabalhou com o jovem e talentoso violinista Yehudi Menuhin, que na altura tinha apenas 16 anos de idade, na gravação do seu "Concerto para Violino".
No fim da vida iniciou uma ópera e aceitou a proposta da BBC para compor uma "Terceira Sinfonia". Esta encomenda foi persuadida pelo seu amigo George Bernard Shaw, a quem Elgar tinha dedicado a obra "Severn Suite". A sua doença terminal impediu-o de a completar mas os esboços que deixou permitiram a Anthony Payne completá-la ao estilo do compositor. Morreu no dia 23 de Fevereiro de 1934. No espaço de apenas dois meses morreram outros dois importantes compositores ingleses – Gustav Holst e Frederick Delius - terminando assim um período importante de grandes compositores ingleses. Neste dia em que se completam 152 anos do seu desaparecimento, é bom recordar-mos Elgar e ouvir a sua música, sobretudo aquela menos conhecida e não menos importante.