Intimidades reflexivas - 1391
Minha querida Inês,
Nessa altura ainda não tinha
percebido que me estava reservada uma agradável surpresa. E aqui deixa que fale
no plural incluindo a Mamie que tanto te adora. É que fomos honrados com um
convite para estar junto de ti em tão importante ocasião. Fruto desta pandemia
que estamos todos a viver, a organização da comunhão impos um limite de pessoas
para acompanhar cada criança, a saber, quatro por cada uma. E nós fomos
convidados para estar contigo num gesto dos teus pais que muito nos honrou e
que aqui queremos deixar o nosso profundo agradecimento. Já agora, fica aqui
também um agradecimento ao teu irmão que abdicou de estar contigo para que os
teus padrinhos o pudessem fazer.
Mas deixa voltar à pessoa do teu
padrinho de novo. Depois do ato religioso irá haver um almoço de confraternização,
agora também em formato limitado e reduzido, mais uma vez fruto da pandemia.
Tinhas-me dito que gostavas que eu fosse ao almoço e nessa altura disse-te logo
que não. Expliquei-te as razões que muito bem compreendeste e percebeste. Como
te disse então, não estavam reunidas as condições para isso. Sabes que te
adoro, sabes que és muito importante na minha vida, sabes que és a luz que
ilumina o que resta da vida que me foi concedida, mas tudo isso não impede que
não esteja presente no almoço conforme me tinhas pedido. Caso o fizesse,
estaria a renegar a educação que os meus maiores, - com tanto sacrifício -, me
deram e isso nunca o faria. Orgulho-me dessa educação que não permite espaço a
quem não a tem. Isso, repito, não significa que goste menos de ti, bem pelo
contrário, mas antes, que para além de ti há uma consciência que é incapaz de
trair aqueles que tudo fizeram para me dar uma educação sólida. Isso nunca o
farei. Sei que ainda és muito jovem e podes não perceber isto na sua plenitude, mas estou certo
que mais tarde, - também com outra formação que irás adquirindo com o tempo -, seguramente
compreenderás e apoiarás a decisão do teu padrinho. Decisão firme mas
simultaneamente tão dolorosa porque sei o gosto que tinhas em que eu estivesse
contigo também nesse momento. A vida é assim e temos que assumir os nossos atos em toda a sua extensão.
Mas como te disse então, o
importante no ato que hoje celebras é o lado religioso, que é único, (e que
sabes o quão importante é para mim), e não tanto um almoço que, embora de confraternização,
poderá ser replicado numa outra altura. No fundo o importante é que assim,
todos estaremos contigo, sem que a falta de educação ganhe espaço para atropelar
este lindo e único momento da tua vida.
Os teus padrinhos sempre aqui
estarão ao teu lado para o que precisares. Sabes que podes contar com eles
sempre até ao limite das suas possibilidades. Conheces o amor que te temos que
começou num dia de Outubro há quase dez anos. Esse é um amor puro e sincero,
aquele que vem do coração, do mais profundo do nosso ser. Este é aquele amor
que não se renega. Este é aquele amor que, como te disse já por variegadas
vezes, vai para além do infinito.
Sejam quais forem as condições,
sabes que os teus padrinhos estarão sempre contigo, mas também temos a consciência
que este amor nos é retribuído, coisa que fazes todos os dias.
Agora só me resta desejar em meu
nome e no da Mamie, um dia feliz, tão feliz como felizes foram os momentos que
hoje desfrutamos na tua companhia. Isso é que é o essencial e o importante. Tudo
o resto não passa de espuma dos dias.
Que estejas feliz são os meus
votos neste dia tão especial para ti, mas também para mim. E nunca olvides
aquilo que venho dizendo ao longo do tempo, a saber, ‘que nunca te esqueças de ser
feliz.’
Com muito amor do teu padrinho.
Pim