Censurado!

Passaram mais 30 dias desde que fui banido deste espaço. Uma sanção dura para quem apenas pugna pela arte e cultura num espaço que se tornou uma autêntica lixeira. Mas quem dele faz um pântano pode publicar tudo o que entende, os outros não. Num curto espaço fui banido duas vezes e isso para mim é suficiente. Refleti muto durante este tempo. Por isso, quero aqui deixar clara a minha oposição à censura que enlameia este espaço. Não acho que esse seja o caminho de quem pretende uma purga do Facebook recorrendo à maneira talibã. Assim, e como já tinha deixado claro vai para um mês, abandono este espaço. Apenas poderei publicar algo que mereça atenção do público que me tem seguido. Serão situações pontuais e sem caráter de regularidade. Não estou disponível para pactuar com rapaziada inculta, estúpida e preconceituosa. Agradeço as muitas provas de solidariedade que tenho recebido mas é tempo de mudar. Esta minha atitude estender-se-á ao Instagram que é gerida pela mesma empresa que gere o Facebook, a Meta. Foi um tempo interessante aquele que passei na vossa companhia, mas que agora chega ao fim. Muitas felicidades para todos. Que o futuro vos reserve o melhor do mundo. Obrigado amigos!

Intimidades reflexivas - 1583

"O homem, uma vez criado, desobedeceu logo ao Criador, que aliás lhe dera um paraíso para viver; mas não há paraíso que valha o gosto da oposição. Que o homem se acostume às leis, vá; que incline o colo à força e ao bel-prazer, vá também; é o que se dá com a planta, quando sopra o vento." - Machado de Assis (1839-1908)

Era o que faltava...

Era o que faltava, que eu não pudesse dizer aquilo que penso por causa do que os outros vão pensar. Era o que faltava, que eu não pudesse exprimir os meus sentimentos, porque os outros poderiam interpretar de outra forma. Era o que faltava, que eu não pudesse partilhar as músicas que gosto, porque os outros me iriam julgar. Era o faltava! Mas é isto que se passa com muitas pessoas, que não podem ser quem são, não exprimem o que sentem, não partilham as músicas que gostam, porque nas redes sociais, há sempre alguém a julgar, a achar e a imaginar. Era mesmo só o que faltava, mas não falta, porque eu não preciso de me justificar. Eu é que sei de mim. Eu e Deus. O resto não me interessa, pensem, porque o pensamento é livre.

Ana Silvestre

Intimidades reflexivas - 1582

"Vi um herói - comentou. - E isso vale alguma coisa." - Eckermann  (1792-1854) in 'Conversas com Goethe'.

Intimidades reflexivas - 1581

"Tens de cortar, cortar e continuar a cortar, e tens de abater sem piedade, até que as filas de árvores se dispam e o bosque possa considerar-se são." - Jean Anouilh (19110-1987) in ' A Cotovia'.

49 anos depois do 25 de Abril de 1974

Passam hoje 49 anos sobre a revolução dos cravos. Quase meio século depois tem que se dizer que valeu a pena. Portugal deu um salto qualitativo enorme sendo hoje um dos países desenvolvidos da UE. Quão longe vai o tempo daquele Portugal, qual aldeia na Europa, que esta negava e que era negado. Era o tempo do 'orgulhosamente sós'. Mas os portugueses não queriam estar sós afastados dos seus congéneres europeus. Desde cedo buscaram essa mesma Europa libertária e democrática na busca dum exílio forçado por razões económicas ou pela guerra colonial que nos dividia. E assim foi durante 48 anos, eram os tempos negros da ditadura. Mas a liberdade acabou por chegar numa madrugada de Abril de 1974. Quase meio século volvido e olhando para trás, muita coisa foi feita, muita coisa ficou por fazer. Mas valeu a pena. As novas gerações já nem sabem o que é viver em ditadura. Afinal já levamos mais tempo de democracia do que ditadura. Apenas pelos livros de História eles o vão percecionando, e quando lhe falamos de como eram esses tempos, eles não entendem, já não se reconhecem neles. E isso é bom porque significa que a liberdade passou a estar intrinsecamente ligada às suas vidas e vivências, embora os mais velhos lhes devem continuar a explicar que tempos eram esses para que não se comentam os mesmos erros do passado neste tempo em que alguns nostálgicos teimam em andar por aí. E assim se vai fazendo Abril. E assim se vai celebrando a Liberdade. E assim se vai cumprindo o Portugal Democrático. Viva o 25 de Abril!

Intimidades reflexivas - 1580

"Quando chego a uma cidade, pergunto sempre: quem são as doze mulheres mais belas. Quem são os doze homens mais ricos. Quem é o homem que me pode mandar enforca." - Stendhal (1783-1842) in 'Lucien Leuwen'.

Intimidades reflexivas - 1579

"Por algum motivo traz a espada. É o agente de Deus." - Bernardo de Claraval (1090-1153) in 'Elogio da Milícia Templária'.

Dia Mundial da Terra

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Terra. Apenas um dia na urgência de celebrá-la todos os dias, em todos os nossos gestos, com todo o carinho que necessita um corpo doente. Há que celebrá-la diariamente para que possamos redimirmos de todo o mal que lhe temos feito.

Intimidades reflexivas - 1578

"E, enquanto o sagrado Enoque e Elias faziam este relato, eis que surgiu outro homem numa figura miserável, carregando o sinal da cruz aos ombros." - Evangelho de Nicodemos

Intimidades reflexivas - 1577

"O que o rebanho mais odeia é aquele que pensa de forma diferente, não é tanto a própria opinião, mas a audácia de querer pensar por si mesmo, algo que eles não sabem fazer." - Arthur Schopenhauer (1788-1886)

Intimidades reflexivas - 1576

"Muitas vezes encontramos o nosso destino na estrada que fazemos para o evitar." - Jean de la Fontaine (1621-1695)

Intimidades reflexivas - 1575

"É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá." - Miguel Esteves Cardoso

Intimidades reflexivas - 1574

"Se sabe que sou um descrente, então, conhece-me melhor do que eu. Posso ser um descrente, mas sou um que sente uma nostalgia pela crença." - Pier Paolo Pasolini (1922-1975)

Intimidades reflexivas - 1573

"Cada pessoa deve ser total, completa, e ter liberdade para o ser. Sempre bati no ponto, para mim importantíssimo, da liberdade total, não condicionada: cada um ser aquilo que é, coisa bastante restringida pela aparelhagem política e económica. O homem foi feito para ser um poeta à solta, seja qual for a sua expressão poética. Pode ser a música, a literatura ou coisa nenhuma... Olhar os gatos, as pedras, as árvores. Até pode acontecer que uma pessoa não seja absolutamente nada, de repente tenha uma ideia estupenda para o bem do mundo." - Agostinho da Silva (1906-1994)

Intimidades reflexivas - 1571

"Um homem sábio tem o dever de compreender que a saúde é o seu bem mais precioso. " - Hipócrates (460 a.C-370 a.C.)

Intimidades reflexivas - 1570

"A nação é de todos, a nação tem de ser igual para todos. Se não é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam estado, se tornaram quadrilha." - Aquilino Ribeiro (1885-1963) in 'Quando os Lobos Uivam'.

Intimidades reflexivas - 1569

"A quem posso expor a urgência da minha própria paixão?" - Virgina Woolf (1882-1941) do livro «As Ondas». Curiosidade:Vita, a sua amiga íntima, foi a inspiração de Virginia ao escrever a obra Orlando (1928).

"Cem Anos de Perdão" - João Tordo

Depois de Águas Passadas, a dupla Pilar Benamor e Cícero Gusmão regressa para um novo mistério de matizes bizarros. Na pequena e remota ilha de St Dismas, ao largo da Inglaterra, um crime violentíssimo entre irmãos choca a comunidade, trazendo à superfície o mal-estar entre os ilhéus e os Filhos de Dismas, uma seita religiosa que perdura há séculos. A Polícia local vê-se a braços com um caso que parece impossível de resolver, com a investigação travada pelo obscuro fanatismo dos crentes. Max Loar, o homicida confesso, acaba na prisão de Brixton, enquanto ondas de choque repercutem na imprensa do Reino Unido perante a brutalidade do crime. É na cadeia que conhece Cícero, que está preso por homicídio. Apesar dos esforços de Cícero para compreender o rapaz, as coisas acabam mal. Pouco depois, recebe a visita de Pilar Benamor, a jovem ex-subcomissária da PSP que, desde a violenta resolução do caso Drexler em i>Águas Passadas, desapareceu do mundo. no reencontro com o velho amigo, Pilar recebe a resposta aos seus sonhos premonitórios e não resiste a mergulhar de cabeça na história dos irmãos Loar. Rumando à ilha — um lugar enigmático, pleno de forças malignas —, Pilar une forças com o sargento Noah contra o inquietante padre Prudence, que lidera os dismáticos, numa investigação aos meandros do fanatismo, do poder e das pulsões mais sombrias do ser humano. Sobre o autor, João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. É autor de dezasseis livros, divididos entre o romance, o policial e o ensaio. Venceu o Prémio Literário José Saramago em 2009, com o romance As três vidas, e o Prémio Literário Fernando Namora em 2021, com Felicidade. Foi ainda finalista do Prémio Literário Europeu, do Prémio P.E.N. Clube, do Prémio Oceanos, do Grande Prémio de Romance e Novela APE e do Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores, entre outros. Toda a obra de João Tordo está publicada na Companhia das Letras. Os seus livros estão editados em vários países, incluindo França, Itália, Alemanha, Brasil, Hungria, Espanha, Argentina, México e Uruguai. A edição é da Companhia das Letras.

Que mulher é essa

Que mulher é essa que sempre surpreende,

Sorri mesmo enfrentando as dificuldades,

Que quando cai se levanta e segue em frente,

E jamais desiste da sua própria felicidade.

É brava, bruta, atrevida, ousada e abusada,

Que não se priva saciando os seus desejos,

Fica sem vergonha quando se sente amada,

E para realizar os seus sonhos não perde tempo.

Às vezes é sensível, frágil, inocente e delicada,

Tendo horas que chora e sofre sozinha, calada,

Querendo que as dores da alma saíssem com as lágrimas.

Mas ela é daquelas que supera e dá a volta por cima,

Que sacode a poeira, bate no peito e não desanima,

Dona de uma força e um amor que nem ela mesmo imagina.

Intimidades reflexivas - 1567

"Penso que escandalizar é um direito, ser escandalizado é um prazer e aqueles que se recusam a ser escandalizados são moralistas." - Pier Paolo Pasolini (1922-1975)

Feliz Páscoa!

Mais uma Páscoa que chega com as mesmas interrogações que a minha mente vai produzindo. Durante os últimos dias que antecedem o domingo de Páscoa, assistimos ao maior sacrifício de animais que se produz todo o ano, sobretudo de cabritos, bebés a quem não foi dada a possibilidade de chegarem à idade adulta e de usufruir do milagre da vida como todos nós. Não foram vítimas dum cataclismo, das alterações climáticas ou doutro fenómeno qualquer. Eles foram vítimas da gula do ser dito humano. Para uns parcos minutos de prazer na comezaina desenfreada como é habitual, a vida de milhares de seres belos, pacíficos, inocentes foi tirada num enorme sacrifício onde a orgia de sangue é evidente e mostra bem o grande sofrimento porque passaram. Neste domingo onde se devia celebrar a vida, afinal é ensombrada pela morte. Esta celebração, como outras ao longo do calendário, vão-me dividindo. O Cordeiro de Deus que foi imolado virá a ressuscitar neste dia, segundo a tradição bíblica. Mas estes inocentes não ressuscitarão jamais. Viram a sua curta vida interrompida pela brutalidade humana. Não basta celebrar a Páscoa ou outra data qualquer se o nosso coração está pesado pela morte de inocentes que foram arrastados para o sacrifício sem saber para onde iam. Afinal que Páscoa celebramos? Que Páscoa queremos celebrar? E se mesmo assim a vossa vontade de celebrar não esmoreceu, se mesmo assim a vossa gula não abrandou, então algo está muito errado. Apesar de tudo isto que me incomoda e me entristece desejo-vos uma Feliz Páscoa!

22 anos depois

Passam hoje 22 anos que a minha Mãe partiu. Estava hospitalizada à precisamente 15 dias por vontade própria. Depois de muito sofrimento em vida a hora dela chegava no preciso momento em que eu estacionava no parque do hospital Pedro Hispano. Se a minha vida estava já em viragem, foi nesse dia que teve uma guinada definitiva. Muito sofri. Muito chorei. Sem apoio de ninguém. Apenas amigos de trabalho que me conheceram 8 dias antes perceberam o meu drama. Que ironia! Foi algo tão perturbador que ainda hoje, 22 anos depois, está tão viva como nessa altura. E o sofrimento é o mesmo. A dor é enorme. Se na juventude sempre a via alegre e a cantar, nos últimos anos ficou a imagem numa mulher soturna e triste. Chorava muito como eu choro nestes últimos anos. Que saudades ainda andam por aqui. Muita água passou sob as pontes desde essa altura. Mas a memória ficou e a dor imensa também. Hoje passam 22 anos. Longo tempo este que apesar da distância não ameniza o sofrimento. Hoje é o dia da memória. Da sua memória. Da minha memória. Lá onde estives, minha Mãe Odette, que estejas em paz!

Intimidades reflexivas 1566

"A vida trás maus momentos, mas também boas surpresas. É preciso estar pronto para recebê-las." - Aforismo popular

Intimidades reflexivas - 1565

"Nunca devíamos conhecer os nossos ídolos. Raramente estão à altura das nossas expectativas." - Aforismo popular

Intimidades reflexivas - 1564

"Velhos pecados criam grandes sombras." - Aforismo popular

Intimidades reflexivas - 1563

"Se todos os teus amigos te abandonarem não fiques triste, porque até o Sol, que está sozinho, continua a brilhar." - Anónimo

Intimidades reflexivas - 1562

"Fiquei sozinha um domingo inteiro. Não telefonei para ninguém e ninguém me telefonou. Estava totalmente só. Fiquei sentada num sofá com o pensamento livre. Mas no decorrer desse dia até a hora de dormir tive umas três vezes um súbito reconhecimento de mim mesma e do mundo que me assombrou e me fez mergulhar em profundezas obscuras de onde saí para uma luz de ouro. Era o encontro do eu com o eu. A solidão é um luxo." - Clarisse Lispector (1920-1977) in 'Um Sopro De Vida'.

Domingo de Ramos

A caminho da celebração maior do Catolicismo, refiro-me à Páscoa, estamos a celebrar neste dia a entrada de Jesus em Jerusalem e a maneira como foi saudado pelo povo. Nos nossos dias, talvez já sejam poucos os que sabem o porque deste dia, porque o viram ser transformado numa espécie de dia dos padrinhos, falo do domingo de Ramos. Enquanto padrinho não escapo a esta celebração. Daqui a pouco a minha querida afilhada Inês irromperá pela minha casa adentro para saudar os seus padrinhos e nós cá estaremos para a acolher com todo o carinho e amor. Estamos ansiosos para termos cá em casa de novo a nossa afilhada. Ela é a nossa razão de ser, o nosso orgulho, neste tempo que nos resta de vida. É a luz do nosso outono da vida que nos aquece os corações. Este será mais um dia de muita celebração, carinho e amor que lhe damos e que ela retribui em dobro. Cá estaremos para ti Inês porque tu és o melhor das nossas vidas. Feliz domingo de Ramos!

Intimidades reflexivas - 1561

"Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele." - Victor Hugo (1802-1885)