Saturday, April 30, 2016
De novo a mão assassina
Desde há muitos anos que a minha sogra, enquanto foi viva, alimentava alguns gatos que por lá apareciam. Mais recentemente, uma gata por lá andou, lá teve os seus filhos e por lá permaneceu. Morreu vai para algum tempo, vítima daquilo que pensamos ser um tumor na cabeça, talvez fruto de forte pancada que tenha levado. Pelo menos, essa era a convicção da minha sogra. Morreu em grande sofrimento e lá foi enterrada, no terreno anexo à moradia. Dessa ninhada, ficaram os filhos. Que por lá andavam. Um deles, por lá foi ficando. Era vítima dos seres dito humanos mas também dos seus iguais, - que o espancavam fortemente -, até lhe tendo tirado uma das orelhas. Ele, tal como a sua mãe, foi mais um infeliz que veio ao mundo para sofrer, até com os da sua espécie. Depois da minha sogra morrer, eu continuei a ir lá deitar-lhe de comer. Ele mal me pressentia, nem que fosse o tilintar da chave na fechadura do portão, e logo aparecia na parede anexa, com o seu costumeiro miar estridente, -que nunca ouvi a nenhum felino até então -, para comer e depois, para brincar. (Por vezes, aparecia-me todo ensanguentado fruto das noites de luta que travava com os outros da sua espécie). Gostava muito de mimos e carícias. Mais recentemente deixei de o ouvir. Deixei de o ver aparecer alegre pela manhã e ao fim da tarde quando por lá passo. Achei estranho mas continuei a deixar lá comida. ela ia desaparecendo e sempre pensei que seria ele. Falei há dias com um vizinho que tem gatos e que também o alimentava e ele disse-me que de facto ele desapareceu. Vai para mais de quinze dias. Pensa que o envenenaram. Aliás, esse vizinho, que gosta muito de gatos, disse-me que por lá deu umas voltas e que ficou surpreendido por não ver nenhum gato em locais onde havia muitos. Isto é, infelizmente, usual nesta zona. Devem ter deixado veneno espalhado por vários locais e os gatos, dum dia para o outro, desapareceram todos. De novo, a mão assassina e covarde, que a coberto do anonimato vai cometendo estes crimes. Ninguém sabe quem foi. É do conhecimento geral que os columbófilos o fazem. E aqui existem vários. Mas nada se pode provar. Foi apenas mais um, aliás, mais uns tantos. Afinal eram só uns gatos, dizem. Mas valiam mais do que muitos seres dito humanos, desde logo do(s) criminoso(s) que regularmente os faz(em) desaparecer. Este bichano não tinha nome. Não tinha dono. Tinha sido rejeitado pelos seus iguais. Afinal era mais um infeliz que veio ao mundo para sofrer e dele partiu com a pior das opiniões do ser dito humano. E neste caso com razão. Não tinha nome de facto. Era apenas 'gatinho' como lhe chamávamos. Não tinha nada. Apenas muito amor para dar. E deu-o enquanto viveu. Sou testemunha disso e dele fui beneficiário. Só espero que não tenhas sofrido muito. E que lá onde estiveres que estejas em paz. Acredita que nem todos os seres dito humanos são assim, Apenas te cruzaste com a pessoa errada, se é que se pode chamar pessoa a quem faz isto. Descansa em paz, gatinho!
Pareceu-me tudo normal!...
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Grande ser humano
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Friday, April 29, 2016
Intimidades reflexivas - 635
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Thursday, April 28, 2016
Intimidades reflexivas - 633
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O que uma simples mola de roupa pode fazer
É realmente incrível o que acontece quando colocamos uma simples mola num certo ponto da orelha, pois nunca imaginei que fosse possível algo do género, mas a verdade é que resulta mesmo. Na realidade, são muitas vezes os tratamentos alternativos que funcionam melhor, comparando com os convencionais. Enquanto a sinestesia é provavelmente uma palavra que te põe tonto, este método incrível funciona nos mesmos princípios e pode ajudar a curar muitas partes do corpo. Não sei se já reparou mas move a sua mandíbula quando usa uma tesoura, é devido a um cruzamento neurológico no seu cérebro, um fenómeno que pode ser muito útil. Como explica a reflexologista Helen Chin Ele, “cada orelha contém um mapa completo reflexo do sistema nervoso central do corpo”, rico em terminações nervosas e várias ligações Então, da próxima vez que sofrer de desconforto ou dor, basta pegar numa mola de roupa! Esta técnica de reflexologia é bastante simples e pode fazer uma grande diferença no seu dia a dia. A aplicação de pressão em cada um destes 6 pontos irá aliviar-lhe as dores
rapidamente.
1- Ombros e Costas
Esta zona da sua orelha está associada às costas e aos ombros. Coloque uma mola de forma a fazer pressão nesta zona durante 1 minuto. Faça este truque várias vezes por dia e verá que sentirá um alívio e uma redução da tensão acumulada nas suas costas e nos seus ombros.
2- Órgãos internos
Este segundo ponto está associado ao desconforto e às dores internas do seu corpo. Caso sinta dores agudas consulte o seu médico. Se as dores não forem demasiado fortes experimente colocar uma mola nesta zona da sua orelha – vai ver que se vai sentir mais aliviado.
3- Articulações
Esta zona está associada à inflamação e rigidez das articulações. Experimente primeiro esta técnica antes de recorrer a um médico especializado – não custa nada tentar!
4- Garganta e Sinusite
Este quarto ponto está associado aos seios perpassais e à sua garganta. Faça a mesma técnica neste ponto sempre que comece a sentir o desconforto na garganta e os terríveis sintomas da sinusite.
5- Digestão
A zona 5 está associada a problemas digestivos. Se costuma sofrer de desconforto digestivo após comer certos alimentos experimente esta técnica com antecedência como medida preventiva.
6- Cabeça e Coração
Sem dúvida que a cabeça e o coração são das zonas mais importantes do nosso corpo. Ao aplicar pressão no ponto 6 irá aliviar dores de cabeça e ajuda a promover a saúde cardíaca.
Wednesday, April 27, 2016
Prince deixa legado em defesa dos direitos animais
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Tuesday, April 26, 2016
No centenário da morte de Mário de Sá Carneiro
Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa a 19 de Maio de 1890 e faleceu em Paris a 26 de Abril de 1916. Foi um grande poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu. Como todos os artistas, sempre se sentiu incompreendido, rejeitado até pelos seus pares. A falta de dinheiro fez o resto. Viria a suicidar-se em Montmartre, Paris no Hôtel de Nice. Tinha então vinte e cinco anos de idade. Ainda deixou uma "carta de despedida" para Fernando Pessoa, nas quais explica os motivos que o levaram ao suicídio. Nela pode ler-se:
"Paris - 31 Março 1916
Meu Querido Amigo.
Meu Querido Amigo.
A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas "cartas de despedida"... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente, às mil maravilhas: mas não tenho dinheiro. [...] "
Depois do triste desenlace há sempre quem venha carpir sobre a pessoa, a sua vida e obra. Mas para Mário de Sá Carneiro já era demasiado tarde. Como dizia Plauto, «Morre jovem o que os Deuses amam» (tradução literal de 'Quem di diligunt adulescens moritur'). No centenário da sua morte que ocorre hoje, deixo-vos um dos seus poemas mais emblemáticos, que já teve passagem para o mundo da música há um par de anos atrás. Chama-se "Fim" e foi escrito em Paris em 1916. Afinal, era a sua morte anunciada. Diz o poema:
"Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Mário de Sá Carneiro
Paris, 1916"
Monday, April 25, 2016
42 anos depois celebramos Abril
Mais uma celebração do 25 de Abril aí está. 42 anos volvidos, depois daquela madrugada de tantas esperanças, de tantos anseios, que mudou? Muito certamente. Quem como eu viveu já essa data em idade adulta, sabe bem disso. Foi a liberdade, a descolonização - por vezes apressada, mas nestes processos a urgência é a palavra que mais se ouve -, foi, sobretudo, a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (UE). Foi esta adesão (para o bem e para o mal e ela foi ansiada) que modificou totalmente a face dum Portugal atrasado, retrógrado, cheio de cresças e superstições, enfim, um país terceiro mundista face à Europa desenvolvida, a mesma Europa a que geograficamente pertencíamos, mas para quem vivemos de costas voltadas durante demasiado tempo. (A História não para e o regresso das caravelas era inevitável). E agora, era o tempo de recuperação. Da transformação deste país atrasado, num outro desenvolvido. Claro que há sempre coisas boas e más. Não existem ideais em tudo isto. Mas se fizermos um balanço imparcial, não podemos deixar de verificar que apesar de tudo valeu a pena. Quando vejo certos jovens a insurgirem-se contra a UE, apenas vejo gente que não conheceu o seu país nos anos mais obscuros da sua História recente. É certo que tudo muda. O país mudou e a UE também. Dessa Europa solidária que era aquela a que aderimos, hoje vemos uma outra arrogante e inflexível. Mas mesmo assim, apesar da "troika" e dos ultraliberais que se foram apossando dos corredores de Bruxelas, valeu a pena. (E um dia também eles passarão). Valeu a pena porque este jovens de hoje não sabem o que era a sopa da Legião Portuguesa - porque para muitos era a única refeição decente do dia - nas escolas primárias do meu tempo. Da pobreza explícita que tocava quase todos. Do analfabetismo que atingia a esmagadora maioria da população do meu país. Valeu a pena porque estes jovens não sabem o que era ir trabalhar com sete anos, e até menos, para ajudar no orçamento de casa. Gente que lutava por um prato de sopa quente à mesa, quando hoje se discutem mestrados e doutoramentos. Que longo caminho percorremos em tão curto espaço de tempo! Sim, porque 42 anos na História de um pais com quase nove séculos de História, é menos que uma gota no oceano. E esta juventude de hoje vê isto tão distante, não vivenciou estes caminhos de pedra da minha geração, que para eles tudo é uma espécie de algo que nunca se terá passado. Por tudo isto, o 25 de Abril valeu a pena. É certo que houve erros, desilusões, pedras na estrada, mas quem não as tem. Nem tudo foram rosas é certo, mas nem tudo foram cardos. Apesar de algumas dificuldades, de algumas tergirvações, valeu de facto a pena. Celebremos então Abril. Viva o 25 de Abril!
A saga continua!...
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Sunday, April 24, 2016
Repetiu-se de novo!...
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Saturday, April 23, 2016
400º aniversário da morte de William Shakespeare
Comemora-se hoje o 400º aniversário da morte de William Shakespeare. O grande vulto inglês William Shakespeare nasceu Stratford-upon-Avon, 23 de Abril de 1564 e viria a falecer em Stratford-upon-Avon, 23 de Abril de 1616 - local onde viveu toda a sua vida - cuja casa ainda existe (onde se presume ter nascido) e que pode ser visitada. Foi um grande poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra e de "Bardo do Avon" (ou simplesmente The Bard, "O Bardo"). Das suas obras, incluindo aquelas em colaboração, restaram até aos dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cujas autorias, no entanto, são ainda disputadas. As suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos dos seus textos e temas, especialmente os do teatro, permanecem vivos até aos nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Existe nas nossas livrarias um volume com as obras completas de William Shakespeare que aconselho vivamente aos interessados nestas matérias. O único senão é que a edição é em inglês antigo, onde se pode ver a musicalidade da língua nessa época, mas também não será de leitura muito acessível para muitas pessoas.
Fico na dúvida...
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Friday, April 22, 2016
O Dia da Terra
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Prince (1958-2016)
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Intimidades reflexivas - 628
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Thursday, April 21, 2016
Uma ministra amiga dos animais
"Numa conferência realizada recentemente, em Lisboa, na Assembleia da República, por iniciativa do PAN – Pessoas, Animais, Natureza, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, defendeu que devia haver uma mudança no Código Civil de modo a que os animais deixassem de ser uma coisa e passassem a ser classificados como algo “entre uma coisa e um ser humano”.
Esta posição da ministra foi muito bem acolhida quer pelo partido promotor da iniciativa, quer pela esmagadora maioria das associações de proteção dos animais a nível nacional, desconhecendo-se qualquer reação por parte das organizações afins a nível regional.
Se se vier a concretizar a alteração referida, Portugal seguirá as pisadas de outros países europeus, como a Suíça, a Alemanha, a Áustria ou a França.
No caso da Áustria, de acordo com o advogado brasileiro Roberto Macedo, o Código Civil “dispõe expressamente que os animais não são objetos, são protegidos por leis especiais e as leis que dispuserem sobre objetos não se aplicam aos animais exceto se houver disposição em contrário”.
No caso da França, o Código Civil, alterado em Janeiro de 2015, segundo a mesma fonte afirma “que os animais são seres vivos dotados de sensibilidade”.
A posição da ministra portuguesa será similar ao que consta no Código Civil francês pois, segundo o Diário de Notícias, ela terá afirmado o seguinte: "É comum reconhecermos que muitos animais são dotados de uma vida mental consciente. Sentem prazer e sentem dor. Têm diversos tipos de experiências sensoriais, são capazes de sentir medo, ter fúria ou alegria, agem segundo memória, desejos e intenções".
Na mesma conferência a ministra reafirmou a sua posição favorável a uma maior proteção aos animais, citando o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham que em relação àqueles dizia que não importava se pensavam ou não, o que importava é que sofriam.
Esperemos que os promotores da iniciativa de alterar o Código Civil tenham sucesso e que mais membros do governo pensem como a ministra que, diga-se em abono da verdade, não está muito bem acompanhada."
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30914, 19 de abril de 2016, p.15)
"Uma turba perigosa e sem escrúpulos" - Manuel Carvalho
Sobre a possível destituição de Dilma Rousseff, Manuel Carvalho escreveu a sua opinião no Público de ontem, e que aqui transcrevo na íntegra. Um artigo claro, realista, no qual me revejo. Diz assim:
'Durante três penosas horas, a Câmara dos Deputados em Brasília dedicou-se a debater a destituição da Presidente Dilma Rousseff e transformou-se nesse lugar estranho onde subsiste o pior que há no Brasil: a política. O deplorável ambiente de comício, a inacreditável facilidade com que se trocavam insultos, a essência do Estado laico a ser torpedeada por persistentes clamores evangélicos, o deboche egocêntrico que levou uns a citar os filhos e outros os lugarejos de origem (sempre deu para saber que no Maranhão existe uma Itapecuru) foram apenas mais uma prova de que o Brasil está entregue a uma horda de predadores a quem não se pode confiar uma chave de casa, quanto mais o destino de uma Presidente eleita. Miguel Haddad, do PSDB (oposição), sobressaiu nesse festival de vaidades e vacuidades ululantes ao dizer que “o nosso país precisa de fazer sentido”. É precisamente isso que falta na história do impeachment de Dilma: lógica, coerência, objectividade, reflexão, ponderação, tolerância e democracia. Ou, se quiserem, sentido.
Entre as intervenções dos 25 partidos e as dos líderes das bancadas do Governo e da minoria, raramente se falou no que estava em causa. O relatório apresentado pelo deputado Jovair Arantes, que justificava o impeachment, passou ao lado das intervenções. O que se viu e ouviu nessa feira de vaidades foi o perfume inebriante do ódio acirrado pelo medo. E o anseio de oportunidades que a possível viragem no ciclo político sempre propicia a uma alcateia de deputados que, em 60% dos casos, tem casos pendentes na justiça.
Dilma violou a lei ao usar dinheiro da banca pública para financiar programas do Governo e, sim, Dilma violou a lei da Responsabilidade Fiscal. Mas, num país informal onde o Tribunal de Contas é um patinho sentado, se essa fosse causa para a destituição, há muito que o Planalto ou as sedes dos governos estaduais eram uma permanente dança da cadeira. Dilma e o PT estão acossados porque governaram mal, porque se agarraram ao poder como lapas, porque facilitaram gigantescos esquemas de tráfico de influência onde grassou a corrupção, porque a economia está de rastos, porque a Presidente mandou na Petrobras nos anos tenebrosos dos negócios espúrios e desvios colossais, mas o impeachment não tem nada a ver com isto. Tem a ver com supostas violações de regras que podem ser objecto de censura política mas nunca de recurso à bomba atómica do sistema político brasileiro, oimpeachment.
Se alguma utilidade teve o penoso exibicionismo dos deputados brasileiros na tarde deste domingo foi o de provar isso mesmo. Que o que está em causa é apenas um expediente legal e processual para derrotar no parlamento o que o PT ganhou nas urnas. A tese do golpe não é por isso absurda. O que é absurdo é que a multidão que estava a julgar o destino de uma Presidente inepta, arrogante e incompetente, mas apesar de tudo com a ficha limpa na Procuradoria, tenha na sua maioria contas a prestar na Justiça. O que é incompreensível é que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, seja ele próprio um dos campeões das suspeitas de corrupção. O que é sem sentido é que o grande guru da operação, Michel Temer, possa escapar das acusações de violações à lei quando foi até há pouco vice de Dilma. Ganhe ou perca este combate (o processo passa agora para o Senado), a Presidente é passado e o pior é que não se vislumbra nenhum futuro. Com uma Câmara de Deputados assim, histriónica, acéfala, umbiguista e demagógica, mais do que Dilma, o que está em perigo permanente é a democracia.'
Um artigo que nos faz refletir sobre o futuro desse grande país que é o Brasil. Um artigo que merece a nossa melhor atenção, sobretudo, face ao futuro mais próximo do país.
Wednesday, April 20, 2016
O Brasil a bater no fundo
Confesso que o processo político em curso nesse grande país irmão que é o Brasil, me vem deixando atordoado. Depois dos comentários que publiquei no sábado passado, pensei que já teria visto tudo. Mas não. Ainda havia (e haverá certamente) mais para ver. Vi uma chusma de 'deputados' - as aspas não estão aí por acaso - autenticamente possessos, histéricos e sei lá mais o quê, a vociferarem contra a Presidente da República. Numa democracia há sempre vozes a favor e contra, mas acho que o Brasil já nem se pode considerar uma democracia. Ou deixará de sê-lo a muito breve trecho. Vi clamores sobre o bom nome de Dilma. Vi enxovalho, mas vi muito mais. Um desses tais 'deputados' (com aspas pois claro, até já nem me lembro do nome), chegou à vergonha de querer celebrar a memória assassina dum coronel que, ao que parece, foi o torturador de Dilma na prisão! Isto passou os limites do razoável, mas parece que o povo brasileiro não tem consciência disso. Atordoado com o ruído, não consegue enxergar para lá da ponta do nariz. Se Dilma Rousseff tem algo que se lhe aponte, pois então as instituições que funcionem. Mas não vi ainda o apontar nenhum crime que a pudesse incriminar. E sendo assim, na Europa, chamámos-lhe golpe de Estado. Aliás, esses tais 'deputados' já nem escondem ao que vêm. Dos 65 deputados que fizeram surgir o processo de destituição, 8 têm processos crime nos tribunais centrais, 22 nos tribunais inferiores e até um deles - Paulo Maluf, ex- governador de S. Paulo - esteve preso 40 dias e tem um processo de captura internacional através da Interpol. Esta é a imagem de alguns 'deputados' brasileiros que se assumem como justiceiros de Dilma Rousseff. E o povo brasileiro lá vai cantando e rindo, - com samba à mistura -, em mais uma festa. Chegado aqui, lembro-me das palavras dum tenebroso nazi, Adolf Hitler, que no seu 'Mein Kempf' escrevia: "As massas são desprezíveis". E parece ser isso que estão a fazer ao povo brasileiro. Parece que muitos 'deputados' andam a ler o livro de Hitler. E isso já não dá para maquilhar o que se está a passar na grande nação brasileira. O Brasil tem sido considerado um dos países emergentes, saindo dum período de ditadura militar e de uma democracia insípida, que o tinha colocado no terceiro mundo. Mas não demorará muito tempo, que essa economia emergente regresse ao terceiro mundismo de novo. O Brasil bateu no fundo. E agora, que alternativas existem? (Sérias e não corruptas quero dizer). Numa Europa que olha para o Brasil atónita, sem perceber que valores são esses, tão diferentes dos europeus, apenas fica a nota de que aquilo que está a acontecer no Brasil conseguiu por de acordo quase todos os comentadores por cá, independentemente do quadrante político ideológico a que pertencem. E isso dá muito que pensar.
Tuesday, April 19, 2016
"Vade retro pecunia satanarum" por Rainer Daehnhart
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Monday, April 18, 2016
Uma viagem de consciência
Independentemente de termos ou não um qualquer credo religioso, penso que ninguém fica indiferente ao pontificado do Papa Francisco. Sábado passado foi um desses dias. O Papa Francisco saiu da sua zona de conforto e foi a Lesbos na Grécia, mergulhar na miséria e indiferença, no medo e preconceito, - tudo junto -, que leva a que muita gente a precisar de ajuda se veja confinada a autênticos campos de concentração. Esta Europa símbolo da liberdade, anda há muito sem rumo. E nesta matéria dos refugiados ainda mais. Para além das boas intenções de alguns países em acolher refugiados, tudo se esfuma nos burocratas de Bruxelas, que nos seu gabinetes aquecidos de chão alcatifado, nada sabem do que é sobreviver no meio da miséria e, pior do que isso, da indiferença. Este espaço europeu que é identificado como um espaço de liberdade e tolerância, reage assim, por puro preconceito, estupidez e ganância. (E entretanto, o Mediterrâneo que em vez de nos unir, nos separa, se vai convertendo num verdadeiro cemitério de gente inocente). Sei que muitos que me lêem podem achar que tudo está muito correto, mas seria bom que eles continuassem longe. Afinal receamos que aquela gente sem nada, sejam potenciais terroristas. O desconhecido sempre foi um fator de ignorância. Mas desenganem-se. O Ocidente também o foi num outro tempo, quando levou a morte e a destruição, a tortura e as violações, a morte indigna e por desporto, como aconteceu nas Cruzadas. Essa gente que em nome de Cristo, apenas eram movida pela ganância, dos despojos que obteriam depois do combate, e das mulheres que sacrificavam como prémio dos vencedores, atuou duma forma tão indigna e horrenda tal qual um qualquer terrorista que hoje se faz explodir num qualquer sítio, ele também vítima do fanatismo e estupidez de pensar que está a servir uma causa nobre, um qualquer Deus, apenas sendo um peão de brega de uns tantos que nos seus palácios dourados, rodeados pelas suas muitas mulheres, se riem da sua própria estupidez. Este é um sinal dos tempos, tão iguais a outros sinais dum outro tempo. E não pensem que era melhor, apenas porque éramos nós que conduzíamos o processo. Seja como for, foi preciso que o Papa Francisco, apoiado por outras confissões religiosas, fosse lá para envergonhar a Europa e o mundo. Destruir um preconceito quando trouxe consigo quatro famílias de refugiados. (Citando Madre Teresa de Calcuta: "Esta é uma pequena gota num oceano, mas sem essa gota, o oceano seria diferente"). Dar um sinal de que afinal, somos todos humanos, seja qual for a nossa crença religiosa ou até, a falta dela. Há gestos que ficam para o mundo e este ficará com certeza. Esta foi uma das viagens papais que, porventura, menos gente teve em volta do Papa. Mas foi certamente uma daquelas viagens com mais significado de todas as que o Papa Francisco efetuou até hoje. Porque foi uma viagem de consciência. À nossa consciência. Há momentos que são históricos e este foi um deles. O Papa Francisco tem-me sempre surpreendido pela positiva desde que foi nomeado e acho que continuará a fazê-lo ao longo do seu pontificado. Mas isso, não pode esbater uma pergunta que me baila na cabeça há muito tempo. Afinal porque há pessoas que se matam ou matam outros seus semelhantes em nome da religião? Não são as religiões códigos onde se vai buscar a paz e não a guerra, tolerância e não o ódio? Afinal que gente é esta e que credo defendem? Será que estes são os tais sanguinários cruzados do século XXI como o foram os ocidentais em séculos anteriores? Porque tem que ser assim? Porque anda o mundo desalinhado deste jeito? Perguntas em branco. Respostas que se anseiam e que não chegam. Porque no fundo, o dá-las já é um incómodo, seja por quem for, seja em nome de que lado for.
Sunday, April 17, 2016
Do mal o menos!...
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Saturday, April 16, 2016
A "bagunça" brasileira
Volto de novo ao tema que aqui trouxe vai para um par de semanas sobre a situação brasileira. Não me move nenhuma intenção de ser pró ou contra Dilma Rousseff, apenas e só uma análise distante de quem está do outro lado do Atlântico e vê no Brasil um prolongamento da sua língua e cultura. É conhecido o carinho com que os portugueses olham para o Brasil, coisa que, não é tão real assim quando olhada no sentido inverso. Mas seja como for, apenas esse carinho de olhar para um país irmão me move, como move, qualquer português. Mas vamos à situação brasileira. Quem olha para esse grande país tem a sensação de estar a olhar não para um país a caminho do desenvolvimento - um país emergente, como é conhecido na gíria económica -, mas para um qualquer país do terceiro mundo, mais atrasado e primário. A maneira como vemos o Colégio de deputados com cartazes (por vezes até ofensivos referindo-se a um órgão de soberania) leva-nos a pensar o quão distante está o Brasil da mentalidade europeia, onde uma atitude dessas, levaria os deputados perante a justiça, ainda antes da presidente. Depois, vemos que se fala muito de crime, - que é a única situação em que a Constituição brasileira permite a destituição -, crime que parece que ninguém encontra, nem sequer a justiça. O que indicia que por trás de tudo isto, parece tratar-se mais dum golpe palaciano com o presumível apoio de alguma população, (nitidamente manipulada), que quando der pelo logro será demasiado tarde. Todos sabemos que a corrupção no Brasil é enorme - e não só no Brasil, infelizmente - mas, todos sabemos também que a corrupção brasileira vem de cima para baixo e não ao contrário, onde raros serão os políticos - independentemente dos partidos a que pertencem - que não têm uma mancha no seu percurso. Uns onde essa mancha é visível, outros que a seu tempo se saberá, com certeza. Até o caso dum dos mais aguerridos no combate à Presidente, seja um homem que já passou pela prisão e que até tem um mandato de captura internacional da Interpol, não podendo sair do país. (Dos 65 deputados que fizeram surgir o processo de destituição, 8 têm processos crime nos tribunais centrais, 22 nos tribunais inferiores e até um deles - Paulo Maluf, ex- governador de S. Paulo - esteve preso 40 dias e tem um processo de captura internacional). Seja como for, fica-se com a sensação de que estaremos perante um golpe de Estado orquestrado - até pode não ser assim, mas é essa a imagem que passa - que uma certa direita quer levar a termo para recuperar alguns privilégios perdidos e, se possível, limpar um pouco a sua 'folha de serviço'. E mais cedo ou mais tarde, poderão entrar em cena as botas cardadas dos militares, experiência que os brasileiros tão bem conhecem. (Até porque nesta "bagunça" nem sequer existe uma alternativa credível para substituir a presidente! Não existe uma terceira via). E só aí se aperceberão do engano em que caíram. Pode ser quer tudo aquilo que alguns pensam deste lado do Atlântico esteja errado, mas como as coisas estão a ser conduzidas é isso que indiciam. Porque em Democracia há sempre espaço para se alterar seja o que for, quando se recorrem a métodos como estes, que todos os dias entram pelas nossas casas adentro, talvez se esteja a sugerir algo diferente. Porque Democracia parece não ser.
Outra vez o mesmo!...
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Friday, April 15, 2016
Thursday, April 14, 2016
Bino - Deixado na rua - Felgueiras
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Wednesday, April 13, 2016
Intimidades reflexivas - 618
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Tuesday, April 12, 2016
Monday, April 11, 2016
Chávena de chá (Ensinamento Zen)
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Sunday, April 10, 2016
Intimidades reflexivas - 616
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Toda roubada!...
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Saturday, April 09, 2016
Tudo mais ou menos!...
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Friday, April 08, 2016
15º aniversário do falecimento de minha Mãe
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