Turma Formadores Certform 66

Saturday, April 30, 2016

Intimidades reflexivas - 637

"A ingenuidade é uma força que os astutos fazem mal em desprezar." - Arturo Graf (1848-1913), poeta, literato e crítico italiano de origem alemã.

De novo a mão assassina

Desde há muitos anos que a minha sogra, enquanto foi viva, alimentava alguns gatos que por lá apareciam. Mais recentemente, uma gata por lá andou, lá teve os seus filhos e por lá permaneceu. Morreu vai para algum tempo, vítima daquilo que pensamos ser um tumor na cabeça, talvez fruto de forte pancada que tenha levado. Pelo menos, essa era a convicção da minha sogra. Morreu em grande sofrimento e lá foi enterrada, no terreno anexo à moradia. Dessa ninhada, ficaram os filhos. Que por lá andavam. Um deles, por lá foi ficando. Era vítima dos seres dito humanos mas também dos seus iguais, - que o espancavam fortemente -, até lhe tendo tirado uma das orelhas. Ele, tal como a sua mãe, foi mais um infeliz que veio ao mundo para sofrer, até com os da sua espécie. Depois da minha sogra morrer, eu continuei a ir lá deitar-lhe de comer. Ele mal me pressentia, nem que fosse o tilintar da chave na fechadura do portão, e logo aparecia na parede anexa, com o seu costumeiro miar estridente, -que nunca ouvi a nenhum felino até então -, para comer e depois, para brincar. (Por vezes, aparecia-me todo ensanguentado fruto das noites de luta que travava com os outros da sua espécie). Gostava muito de mimos e carícias. Mais recentemente deixei de o ouvir. Deixei de o ver aparecer alegre pela manhã e ao fim da tarde quando por lá passo. Achei estranho mas continuei a deixar lá comida. ela ia desaparecendo e sempre pensei que seria ele. Falei há dias com um vizinho que tem gatos e que também o alimentava e ele disse-me que de facto ele desapareceu. Vai para mais de quinze dias. Pensa que o envenenaram. Aliás, esse vizinho, que gosta muito de gatos, disse-me que por lá deu umas voltas e que ficou surpreendido por não ver nenhum gato em locais onde havia muitos. Isto é, infelizmente, usual nesta zona. Devem ter deixado veneno espalhado por vários locais e os gatos, dum  dia para o outro, desapareceram todos. De novo, a mão assassina e covarde, que a coberto do anonimato vai cometendo estes crimes. Ninguém sabe quem foi. É do conhecimento geral que os columbófilos o fazem. E aqui existem vários. Mas nada se pode provar. Foi apenas mais um, aliás, mais uns tantos. Afinal eram só uns gatos, dizem. Mas valiam mais do que muitos seres dito humanos, desde logo do(s) criminoso(s) que regularmente os faz(em) desaparecer. Este bichano não tinha nome. Não tinha dono. Tinha sido rejeitado pelos seus iguais. Afinal era mais um infeliz que veio ao mundo para sofrer e dele partiu com a pior das opiniões do ser dito humano. E neste caso com razão. Não tinha nome de facto. Era apenas 'gatinho' como lhe chamávamos. Não tinha nada. Apenas muito amor para dar. E deu-o enquanto viveu. Sou testemunha disso e dele fui beneficiário. Só espero que não tenhas sofrido muito. E que lá onde estiveres que estejas em paz. Acredita que nem todos os seres dito humanos são assim, Apenas te cruzaste com a pessoa errada, se é que se pode chamar pessoa a quem faz isto. Descansa em paz, gatinho!

Pareceu-me tudo normal!...

Ia preparado para tudo. Afinal esta saga tem sido terrível. Contudo, pareceu-me que tudo hoje estava normal. (Ver foto). A comida húmida não havia, mas eles podem-na ter comido toda, a seca havia. Não muita, mas é melhor assim porque se for roubada a quantidade é menor. Não vi o cão, e os gatos também não apareceram. Ainda era cedo, apesar do sol radioso que já se fazia sentir. Espero que ambos ainda cheguem a tempo de comer antes que a comida seja retirada.

A imagem peregrina de Nª. Sª de Fátima passou por aqui

A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima anda pela Diocese do Porto, e ontem, pela Vigararia de Matosinhos. Também passou na zona onde moro. Será isto crendice? Não, certamente. Será isto tradição? Seguramente que não. Isto é tão só a Fé dum povo, genuína e pura.

Grande ser humano

Esta mulher de Bragança de que fala a TVI é uma amiga do FB que não tenho o prazer de conhecer pessoalmente. Chama-se Margarida Ferreira e merece que olhem para ela com atenção, carinho e, sobretudo, solidariedade. E já agora respeito. A obra benemérita que faz em prol dos animais é o seu testemunho. Um dia mais tarde, seguramente que lhe farão muitas homenagens e talvez uma estátua. Mas ela, embora o mereça, não precisa disso. O que ela precisa é do apoio de todos e o silêncio de alguns, que nem são dignos de pisar a sua sombra. Força, Margarida. Mais cedo ou mais tarde, o seu sacrifício, o seu exemplo, será um belo testemunho para os mais novos, atrofiados de ipods, ipads e quejandos, mas que da vida conhecem coisa nenhuma. Parabéns, Margarida. Bem Haja.

Intimidades reflexivas - 636

"Há quem sonhe com coisas que aconteceram, e explicam porquê. Eu sonho com coisas que nunca acontecerão e pergunto: porque não?" - Autor(a) desconhecido(a).

Friday, April 29, 2016

Intimidades reflexivas - 635

"Só com opções corajosas e fortes se realizam os maiores sonhos. Aqueles pelos quais vale a pena dar a vida. Não se contentem com a mediocridade. Não confiem em quem vos desvia da verdadeira riqueza, que sois vós, dizendo que a vida só é bela se possuírem coisas materiais. A vossa felicidade não tem preço, nem se comercializa; não é uma 'aplicação' que se descarrega no telefone". - Papa Francisco.

Intimidades reflexivas - 634

“Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém... Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... E ter paciência para que a vida faça o resto...” - William Shakespeare (1564-1616)


Thursday, April 28, 2016

Intimidades reflexivas - 633

"A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os homens receberam dos céus. Com ela não podem igualar-se os tesouros que a terra encerra nem que o mar cobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pôde vir aos homens." - Miguel de Cervantes (1547-1616), 23 de Abril de 2016 no 400º aniversário da morte do escritor espanhol.

O que uma simples mola de roupa pode fazer

É realmente incrível o que acontece quando colocamos uma simples mola num certo ponto da orelha, pois nunca imaginei que fosse possível algo do género, mas a verdade é que resulta mesmo. Na realidade, são muitas vezes os tratamentos alternativos que funcionam melhor, comparando com os convencionais. Enquanto a sinestesia é provavelmente uma palavra que te põe tonto, este método incrível funciona nos mesmos princípios e pode ajudar a curar muitas partes do corpo. Não sei se já reparou mas move a sua mandíbula quando usa uma tesoura, é devido a um cruzamento neurológico no seu cérebro, um fenómeno que pode ser muito útil. Como explica a reflexologista Helen Chin Ele, “cada orelha contém um mapa completo reflexo do sistema nervoso central do corpo”, rico em terminações nervosas e várias ligações Então, da próxima vez que sofrer de desconforto ou dor, basta pegar numa mola de roupa! Esta técnica de reflexologia é bastante simples e pode fazer uma grande diferença no seu dia a dia. A aplicação de pressão em cada um destes 6 pontos irá aliviar-lhe as dores 
rapidamente.

1- Ombros e Costas 

Esta zona da sua orelha está associada às costas e aos ombros. Coloque uma mola de forma a fazer pressão nesta zona durante 1 minuto. Faça este truque várias vezes por dia e verá que sentirá um alívio e uma redução da tensão acumulada nas suas costas e nos seus ombros.

2- Órgãos internos 

Este segundo ponto está associado ao desconforto e às dores internas do seu corpo. Caso sinta dores agudas consulte o seu médico. Se as dores não forem demasiado fortes experimente colocar uma mola nesta zona da sua orelha – vai ver que se vai sentir mais aliviado.

3- Articulações 

Esta zona está associada à inflamação e rigidez das articulações. Experimente primeiro esta técnica antes de recorrer a um médico especializado – não custa nada tentar!

4- Garganta e Sinusite 

Este quarto ponto está associado aos seios perpassais e à sua garganta. Faça a mesma técnica neste ponto sempre que comece a sentir o desconforto na garganta e os terríveis sintomas da sinusite.

5- Digestão 

A zona 5 está associada a problemas digestivos. Se costuma sofrer de desconforto digestivo após comer certos alimentos experimente esta técnica com antecedência como medida preventiva.

6- Cabeça e Coração 

Sem dúvida que a cabeça e o coração são das zonas mais importantes do nosso corpo. Ao aplicar pressão no ponto 6 irá aliviar dores de cabeça e ajuda a promover a saúde cardíaca.

Wednesday, April 27, 2016

Intimidades reflexivas - 632

“Lembre-se, é fácil esquecer para quem tem memória, difícil esquecer para quem tem coração...” - Gabriel García Márquez (1927-2014)

Prince deixa legado em defesa dos direitos animais

O reino animal perdeu o seu ‘príncipe’. Um vegan assumido que nunca se esquivou de falar a verdade, foi através da letra de “Animal Kingdom” que Prince expôs os motivos pelos quais os animais não devem ser consumidos: Nenhum membro do reino animal nunca fez nada contra mim. É por isso que eu não como carne vermelha ou branca. Não me dê nenhum queijo azul. Somos todos membros do reino animal. Deixe os seus irmãos e irmãs no mar. Prince era um apoiante da PETA e cedeu os direitos de “Animal Kingdom” para a organização usar como um convite musical para o 20º aniversário em Nova York. Participou também da festa de gala da PETA de 2005, e em 2006, onde foi considerado a celebridade vegetariana mais sexy pela PETA. Ao explicar a sua escolha em deixar de comer animais, ele afirmou que não “come nada que tenha pais” porque “Não matarás” significa exatamente isso. Prince também se recusou a usar peles de animais. Usou um casaco de lã sintética numa das capas de seus álbuns para o Joy Fantastic e, no encarte, orgulhosamente explicou a todos o motivo, escrevendo: “Se este casaco fosse de lã verdadeira, teriam morrido sete cordeiros cujas vidas iriam começar assim … Poucas semanas depois de seu nascimento, seus ouvidos seriam perfurados, suas caudas cortadas e os machos seriam castrados ainda conscientes. As altas taxas de mortalidade são consideradas normais: de 20 a 40% dos cordeiros morrem antes de oito semanas de vida, oito milhões de ovelhas adultas morrem a cada ano de doenças, exposição ou negligência. Muitas pessoas acreditam que a tosa ajuda os animais, que devem sentir muito calor. Mas, para evitar a perda de lã, os fazendeiros tosquiam as ovelhas antes dos pelos atingirem o crescimento, resultando em milhões de mortes de ovelhas pela exposição ao frio.” Quando as pessoas questionavam sua preocupação com os animais em face do sofrimento humano generalizado, Prince respondia: “A compaixão é uma palavra de ordem que não possui limites.”

Tuesday, April 26, 2016

No centenário da morte de Mário de Sá Carneiro

Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa a 19 de Maio de 1890 e faleceu em Paris a 26 de Abril de 1916. Foi um grande poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu. Como todos os artistas, sempre se sentiu incompreendido, rejeitado até pelos seus pares. A falta de dinheiro fez o resto. Viria a suicidar-se em Montmartre, Paris no Hôtel de Nice. Tinha então vinte e cinco anos de idade. Ainda deixou uma "carta de despedida" para Fernando Pessoa, nas quais explica os motivos que o levaram ao suicídio. Nela pode ler-se:

"Paris - 31 Março 1916

Meu Querido Amigo.

A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas "cartas de despedida"... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente, às mil maravilhas: mas não tenho dinheiro. [...] "


Depois do triste desenlace há sempre quem venha carpir sobre a pessoa, a sua vida e obra. Mas para Mário de Sá Carneiro já era demasiado tarde. Como dizia Plauto, «Morre jovem o que os Deuses amam» (tradução literal de 'Quem di diligunt adulescens moritur'). No centenário da sua morte que ocorre hoje, deixo-vos um dos seus poemas mais emblemáticos, que já teve passagem para o mundo da música há um par de anos atrás. Chama-se "Fim" e foi escrito em Paris em 1916. Afinal, era a sua morte anunciada. Diz o poema:

"Fim 

Quando eu morrer batam em latas, 
Rompam aos saltos e aos pinotes, 
Façam estalar no ar chicotes, 
Chamem palhaços e acrobatas! 

Que o meu caixão vá sobre um burro 
Ajaezado à andaluza... 
A um morto nada se recusa, 
Eu quero por força ir de burro. 

Mário de Sá Carneiro
Paris, 1916"

Intimidades reflexivas - 631

"O humor compreende também o mau humor. O mau humor é que não compreende nada." - Millôr Fernandes (1923-2012), poeta e dramaturgo brasileiro.

Monday, April 25, 2016

42 anos depois celebramos Abril

Mais uma celebração do 25 de Abril aí está. 42 anos volvidos, depois daquela madrugada de tantas esperanças, de tantos anseios, que mudou? Muito certamente. Quem como eu viveu já essa data em idade adulta, sabe bem disso. Foi a liberdade, a descolonização - por vezes apressada, mas nestes processos a urgência é a palavra que mais se ouve -, foi, sobretudo, a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (UE). Foi esta adesão (para o bem e para o mal e ela foi ansiada) que modificou totalmente a face dum Portugal atrasado, retrógrado, cheio de cresças e superstições, enfim, um país terceiro mundista face à Europa desenvolvida, a mesma Europa a que geograficamente pertencíamos, mas para quem vivemos de costas voltadas durante demasiado tempo. (A História não para e o regresso das caravelas era inevitável). E agora, era o tempo de recuperação. Da transformação deste país atrasado, num outro desenvolvido. Claro que há sempre coisas boas e más. Não existem ideais em tudo isto. Mas se fizermos um balanço imparcial, não podemos deixar de verificar que apesar de tudo valeu a pena. Quando vejo certos jovens a insurgirem-se contra a UE, apenas vejo gente que não conheceu o seu país nos anos mais obscuros da sua História recente. É certo que tudo muda. O país mudou e a UE também. Dessa Europa solidária que era aquela a que aderimos, hoje vemos uma outra arrogante e inflexível. Mas mesmo assim, apesar da "troika" e dos ultraliberais que se foram apossando dos corredores de Bruxelas, valeu a pena. (E um dia também eles passarão). Valeu a pena porque este jovens de hoje não sabem o que era a sopa da Legião Portuguesa - porque para muitos era a única refeição decente do dia -  nas escolas primárias do meu tempo. Da pobreza explícita que tocava quase todos. Do analfabetismo que atingia a esmagadora maioria da população do meu país. Valeu a pena porque estes jovens não sabem o que era ir trabalhar com sete anos, e até menos, para ajudar no orçamento de casa. Gente que lutava por um prato de sopa quente à mesa, quando hoje se discutem mestrados e doutoramentos. Que longo caminho percorremos em tão curto espaço de tempo! Sim, porque 42 anos na História de um pais com quase nove séculos de História, é menos que uma gota no oceano. E esta juventude de hoje vê isto tão distante, não vivenciou estes caminhos de pedra da minha geração, que para eles tudo é uma espécie de algo que nunca se terá passado. Por tudo isto, o 25 de Abril valeu a pena. É certo que houve erros, desilusões, pedras na estrada, mas quem não as tem. Nem tudo foram rosas é certo, mas nem tudo foram cardos. Apesar de algumas dificuldades, de algumas tergirvações, valeu de facto a pena. Celebremos então Abril. Viva o 25 de Abril!

A saga continua!...

Quando cheguei ao local para alimentar o cachorro o aspeto era o da foto anexa. Tudo roubado de novo. Até a comida seca que o meu amigo Bruno Alves Ferreira lá deixou ontem, tinha desaparecido na totalidade! Quer a do cão, quer até, a dos gatos. Nada sobrou para que não existissem dúvidas. Um dos gatos logo apareceu e foi comer. Fiquei lá ainda uma meia hora para que ele comesse, mas também para ver se alguém aparecia. Nada de anormal aconteceu. Se a pessoa que tira a comida é a que me foi indicada, essa criatura controla a entrada e saída no local porque é a única pessoa que habita na única rua de acesso ao mesmo. Assim, ele vê quem entra e quando sai sem qualquer problema. No local que cultiva anexo à casa pré-fabricada que é a sua habitação, existe um terreno que ele e o pai cultivam. Para além dos cachorros que tem acorrentados com grossas e pesadas correntes, tem desde à quinze dias, um cavalo que mete dó ver. Ele é apenas um esqueleto com a pele em cima. De tão magro e cadavérico até impressiona. Daí se pode ver a amizade que este sujeito tem pelos animais. Mas, o que interessa aqui, é que a saga continua. Sem fim à vista. Tudo isto é terrível.

Intimidades reflexivas - 630

"O corpo viaja de carro, a alma viaja a pé." - Luís XIV (1638-1715) rei de França.

Sunday, April 24, 2016

Repetiu-se de novo!...

Pois o inevitável voltou a acontecer. Repetiu-se de novo o roubo da comida. Quando lá cheguei o aspecto era o da foto anexa. Nem a comida seca que existia lá ontem em abundância, resistiu. Tudo roubado. É incrível como podem existir seres dito humanos deste jaez. Apesar dos apelos que foram deixados no local por diversas vezes, - no sentido de alertar quem faz isto, para que no caso de ter dificuldade em alimentar os seus animais que nos contacte -, pois mesmo assim, tudo continua na mesma. O cão já não o vejo há muito tempo. Talvez até tenha mudado de local, porque quando chega já nada deve existir para comer. Apenas os gatos vou vendo. Hoje um deles lá estava à minha espera. O mesmo que ontem esperou que o seu amigo comesse primeiro. Ficou a comer quando de lá saí. Talvez tenha tido tempo de encher um pouco o estômago. Por isso, ainda lá fiquei durante algum tempo. Mas estou certo que, daqui a pouco nada lá restará. E o cão se aparecer, nada terá para comer. (Se alguém puder ir lá deixar um pouco de comida seca, seria bom. Deixei lá alguma, muito pouco, porque era a que me restava). Tudo isto é simplesmente inacreditável!...

Intimidades reflexivas - 629

"Aquele que não tem dois terços do dia para si é escravo, não importa o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito." - Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Saturday, April 23, 2016

400º aniversário da morte de William Shakespeare

Comemora-se hoje o 400º aniversário da morte de William Shakespeare. O grande vulto inglês William Shakespeare nasceu Stratford-upon-Avon, 23 de Abril de 1564 e viria a falecer em Stratford-upon-Avon, 23 de Abril de 1616 - local onde viveu toda a sua vida - cuja casa ainda existe (onde se presume ter nascido) e que pode ser visitada. Foi um grande poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra e de "Bardo do Avon" (ou simplesmente The Bard, "O Bardo"). Das suas obras, incluindo aquelas em colaboração, restaram até aos dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cujas autorias, no entanto, são ainda disputadas. As suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos dos seus textos e temas, especialmente os do teatro, permanecem vivos até aos nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Existe nas nossas livrarias um volume com as obras completas de William Shakespeare que aconselho vivamente aos interessados nestas matérias. O único senão é que a edição é em inglês antigo, onde se pode ver a musicalidade da língua nessa época, mas também não será de leitura muito acessível para muitas pessoas.

Fico na dúvida...

Fico na dúvida. Quando cheguei ao local onde alimento o cachorro, o aspeto era o da foto anexa. Não sei se comeram tudo ou não, daí a minha interrogação. Seja como for, depois de ter lavado os recipientes, como de costume, lá deixei comida em abundância. Um dos gatos veio de um local mais afastado para comer. O outro que já lá estava fugiu, e ficou à espera da sua vez. Se ninguém tirar a comida, há em abundância para todos e até para o cachorro. O importante é que ninguém a retire entretanto. O cachorro não apareceu. Deveria andar por outras paragens e, normalmente, vem mais tarde. Oxalá ainda vá a tempo de comer alguma coisa.

Friday, April 22, 2016

O Dia da Terra

Hoje celebra-se o Dia da Terra. O Dia da Terra foi criado pelo senador norte-americano Gaylord Nelson, no dia 22 de Abril de 1970. Tendo por finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra. Mas parece que só um dia destinado a esta temática não é suficiente. O planeta está cada vez mais degradado, fruto da ganância da humanidade, e se nada for feito, podermos estar bem próximo de mais um cataclismo que alterará a vida na Terra, talvez mesmo, acabando com ela. Será este o novo Apocalípse? Sabe-se hoje, que situações destas já aconteceram em tempos passados, e que levaram ao desaparecimento duma parte da vida, e a que ressurgiu, apareceu de forma diversa. Estas são questões que não são de amanhã, mas de hoje, do nosso dia a dia, da nossa vida como a conhecemos e a entendemos.

Prince (1958-2016)

Soube da notícia há poucas horas. Ontem, mais um dos grandes músicos nos deixa. Prince era um gigante da música que cruzava o funk e a soul com a pop. São estas coisas que nos fazem sentir velhos a caminhar para o fim da jornada da vida. A geração com a qual cresci, já quase toda desapareceu. A que me acompanhou nos últimos anos, está a desaparecer. O ciclo da vida fechasse e a noção do inevitável assume um ponto importante. Price, deste-nos alguns dos momentos mais fantásticos da música dos últimos tempos. E para além do artista, havia também o homem. Talvez nem todos saibam o enorme legado que deixa na defesa dos animais. RIP, Prince!

Intimidades reflexivas - 628

"A única maneira de teres sensações novas é construires-te uma alma nova. Baldado esforço o teu se queres sentir outras coisas sem sentires de outra maneira, e sentires-te de outra maneira sem mudares de alma. Porque as coisas são como nós as sentimos — há quanto tempo sabes tu isto sem o saberes? — e o único modo de haver coisas novas, de sentir coisas novas é haver novidade no senti-las. Mudar de alma. Como? Descobre-o tu. Desde que nascemos até que morremos mudamos de alma lentamente, como do corpo. Arranja meio de tornar rápida essa mudança, como com certas doenças, ou certas convalescenças, rapidamente o corpo se nos muda. Não descer nunca a fazer conferências para que não se julgue que temos opiniões, ou que descemos ao público para falar com ele. Se ele quiser que nos leia. De mais a mais o conferenciador semelha actor — criatura que o bom artista despreza, moço de esquina da Arte." - Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa.

Intimidades reflexivas - 627


"Apenas desejo a tranquilidade e o descanso, que são os bens que os mais poderosos reis da terra não podem conceder a quem os não pode tomar pelas suas próprias mãos." - René Descartes (1596-1650)

Thursday, April 21, 2016

Uma ministra amiga dos animais

"Numa conferência realizada recentemente, em Lisboa, na Assembleia da República, por iniciativa do PAN – Pessoas, Animais, Natureza, a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, defendeu que devia haver uma mudança no Código Civil de modo a que os animais deixassem de ser uma coisa e passassem a ser classificados como algo “entre uma coisa e um ser humano”.

Esta posição da ministra foi muito bem acolhida quer pelo partido promotor da iniciativa, quer pela esmagadora maioria das associações de proteção dos animais a nível nacional, desconhecendo-se qualquer reação por parte das organizações afins a nível regional.

Se se vier a concretizar a alteração referida, Portugal seguirá as pisadas de outros países europeus, como a Suíça, a Alemanha, a Áustria ou a França.

No caso da Áustria, de acordo com o advogado brasileiro Roberto Macedo, o Código Civil “dispõe expressamente que os animais não são objetos, são protegidos por leis especiais e as leis que dispuserem sobre objetos não se aplicam aos animais exceto se houver disposição em contrário”.

No caso da França, o Código Civil, alterado em Janeiro de 2015, segundo a mesma fonte afirma “que os animais são seres vivos dotados de sensibilidade”.

A posição da ministra portuguesa será similar ao que consta no Código Civil francês pois, segundo o Diário de Notícias, ela terá afirmado o seguinte: "É comum reconhecermos que muitos animais são dotados de uma vida mental consciente. Sentem prazer e sentem dor. Têm diversos tipos de experiências sensoriais, são capazes de sentir medo, ter fúria ou alegria, agem segundo memória, desejos e intenções".

Na mesma conferência a ministra reafirmou a sua posição favorável a uma maior proteção aos animais, citando o filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham que em relação àqueles dizia que não importava se pensavam ou não, o que importava é que sofriam.

Esperemos que os promotores da iniciativa de alterar o Código Civil tenham sucesso e que mais membros do governo pensem como a ministra que, diga-se em abono da verdade, não está muito bem acompanhada."

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30914, 19 de abril de 2016, p.15)

"Uma turba perigosa e sem escrúpulos" - Manuel Carvalho

Sobre a possível destituição de Dilma Rousseff, Manuel Carvalho escreveu a sua opinião no Público de ontem, e que aqui transcrevo na íntegra. Um artigo claro, realista, no qual me revejo. Diz assim:

'Durante três penosas horas, a Câmara dos Deputados em Brasília dedicou-se a debater a destituição da Presidente Dilma Rousseff e transformou-se nesse lugar estranho onde subsiste o pior que há no Brasil: a política. O deplorável ambiente de comício, a inacreditável facilidade com que se trocavam insultos, a essência do Estado laico a ser torpedeada por persistentes clamores evangélicos, o deboche egocêntrico que levou uns a citar os filhos e outros os lugarejos de origem (sempre deu para saber que no Maranhão existe uma Itapecuru) foram apenas mais uma prova de que o Brasil está entregue a uma horda de predadores a quem não se pode confiar uma chave de casa, quanto mais o destino de uma Presidente eleita. Miguel Haddad, do PSDB (oposição), sobressaiu nesse festival de vaidades e vacuidades ululantes ao dizer que “o nosso país precisa de fazer sentido”. É precisamente isso que falta na história do impeachment de Dilma: lógica, coerência, objectividade, reflexão, ponderação, tolerância e democracia. Ou, se quiserem, sentido.

Entre as intervenções dos 25 partidos e as dos líderes das bancadas do Governo e da minoria, raramente se falou no que estava em causa. O relatório apresentado pelo deputado Jovair Arantes, que justificava o impeachment, passou ao lado das intervenções. O que se viu e ouviu nessa feira de vaidades foi o perfume inebriante do ódio acirrado pelo medo. E o anseio de oportunidades que a possível viragem no ciclo político sempre propicia a uma alcateia de deputados que, em 60% dos casos, tem casos pendentes na justiça.

Dilma violou a lei ao usar dinheiro da banca pública para financiar programas do Governo e, sim, Dilma violou a lei da Responsabilidade Fiscal. Mas, num país informal onde o Tribunal de Contas é um patinho sentado, se essa fosse causa para a destituição, há muito que o Planalto ou as sedes dos governos estaduais eram uma permanente dança da cadeira. Dilma e o PT estão acossados porque governaram mal, porque se agarraram ao poder como lapas, porque facilitaram gigantescos esquemas de tráfico de influência onde grassou a corrupção, porque a economia está de rastos, porque a Presidente mandou na Petrobras nos anos tenebrosos dos negócios espúrios e desvios colossais, mas o impeachment não tem nada a ver com isto. Tem a ver com supostas violações de regras que podem ser objecto de censura política mas nunca de recurso à bomba atómica do sistema político brasileiro, oimpeachment.

Se alguma utilidade teve o penoso exibicionismo dos deputados brasileiros na tarde deste domingo foi o de provar isso mesmo. Que o que está em causa é apenas um expediente legal e processual para derrotar no parlamento o que o PT ganhou nas urnas. A tese do golpe não é por isso absurda. O que é absurdo é que a multidão que estava a julgar o destino de uma Presidente inepta, arrogante e incompetente, mas apesar de tudo com a ficha limpa na Procuradoria, tenha na sua maioria contas a prestar na Justiça. O que é incompreensível é que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, seja ele próprio um dos campeões das suspeitas de corrupção. O que é sem sentido é que o grande guru da operação, Michel Temer, possa escapar das acusações de violações à lei quando foi até há pouco vice de Dilma. Ganhe ou perca este combate (o processo passa agora para o Senado), a Presidente é passado e o pior é que não se vislumbra nenhum futuro. Com uma Câmara de Deputados assim, histriónica, acéfala, umbiguista e demagógica, mais do que Dilma, o que está em perigo permanente é a democracia.'

Um artigo que nos faz refletir sobre o futuro desse grande país que é o Brasil. Um artigo que merece a nossa melhor atenção, sobretudo, face ao futuro mais próximo do país.

Wednesday, April 20, 2016

Intimidades reflexivas - 626

"Há dois tipos de pessoas realmente fascinantes: os que sabem tudo e os que ignoram tudo." - Oscar Wilde (1854-1900)

O Brasil a bater no fundo

Confesso que o processo político em curso nesse grande país irmão que é o Brasil, me vem deixando atordoado. Depois dos comentários que publiquei no sábado passado, pensei que já teria visto tudo. Mas não. Ainda havia (e haverá certamente) mais para ver. Vi uma chusma de 'deputados' - as aspas não estão aí por acaso - autenticamente possessos, histéricos e sei lá mais o quê, a vociferarem contra a Presidente da República. Numa democracia há sempre vozes a favor e contra, mas acho que o Brasil já nem se pode considerar uma democracia. Ou deixará de sê-lo a muito breve trecho. Vi clamores sobre o bom nome de Dilma. Vi enxovalho, mas vi muito mais. Um desses tais 'deputados' (com aspas pois claro, até já nem me lembro do nome), chegou à vergonha de querer celebrar a memória assassina dum coronel que, ao que parece, foi o torturador de Dilma na prisão! Isto passou os limites do razoável, mas parece que o povo brasileiro não tem consciência disso. Atordoado com o ruído, não consegue enxergar para lá da ponta do nariz. Se Dilma Rousseff tem algo que se lhe aponte, pois então as instituições que funcionem. Mas não vi ainda o apontar nenhum crime que a pudesse incriminar. E sendo assim, na Europa, chamámos-lhe golpe de Estado. Aliás, esses tais 'deputados' já nem escondem ao que vêm. Dos 65 deputados que fizeram surgir o processo de destituição, 8 têm processos crime nos tribunais centrais, 22 nos tribunais inferiores e até um deles - Paulo Maluf, ex- governador de S. Paulo - esteve preso 40 dias e tem um processo de captura internacional através da Interpol. Esta é a imagem de alguns 'deputados' brasileiros que se assumem como justiceiros de Dilma Rousseff. E o povo brasileiro lá vai cantando e rindo, - com samba à mistura -, em mais uma festa. Chegado aqui, lembro-me das palavras dum tenebroso nazi, Adolf Hitler, que no seu 'Mein Kempf' escrevia: "As massas são desprezíveis". E parece ser isso que estão a fazer ao povo brasileiro. Parece que muitos 'deputados' andam a ler o livro de Hitler. E isso já não dá para maquilhar o que se está a passar na grande nação brasileira. O Brasil tem sido considerado um dos países emergentes, saindo dum período de ditadura militar e de uma democracia insípida, que o tinha colocado no terceiro mundo. Mas não demorará muito tempo, que essa economia emergente regresse ao terceiro mundismo de novo. O Brasil bateu no fundo. E agora, que alternativas existem? (Sérias e não corruptas quero dizer). Numa Europa que olha para o Brasil atónita, sem perceber que valores são esses, tão diferentes dos europeus, apenas fica a nota de que aquilo que está a acontecer no Brasil conseguiu por de acordo quase todos os comentadores por cá, independentemente do quadrante político ideológico a que pertencem. E isso dá muito que pensar.

Tuesday, April 19, 2016

Intimidades reflexivas - 625

"Estudar Deus através do estudo daquilo que Ele tinha feito, e do entendimento dos Seus porquês e motivos, era visto por muitos como uma empresa iminentemente devota". - Peter Dear, historidor e professor na Universidade de Cornell.

Intimidades reflexivas - 624

"Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo." - Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

"Vade retro pecunia satanarum" por Rainer Daehnhart

"Dos países da União Europeia, 12 sujeitaram-se à "Moeda Única". As notas são iguais para todos. Porém, cada país mantém o direito de criar uma das faces das moedas. Mesmo nestas faces nacionais foi imposto a "argola com estrelinhas da U.E.", como cercadura. Enquanto uns países escolheram como centro monumentos ou poetas célebres, Portugal optou por colocar o selo rodado de D. Afonso Henriques, os 7 castelos e os 5 escudos com as chagas de Cristo, como símbolo nacional. Quem estudar um pouco a simbologia, de imediato percebe a mensagem que a moeda transmite. O pentagrama, já utilizado pelos druidas para prender as forças maléficas, mudou hoje de sentido, sendo o símbolo do microcosmo ateísta. Olhem para os tanques soviéticos e americanos! Só mudaram a cor! Consciente disso ou não, cada pentagrama de Satanás enfrenta, na moeda portuguesa, uma torre (peça bem conhecida como barreira de defesa por quem joga xadrez), ou um escudo, com as chagas de Cristo, o que é um exorcismo: "VADE RETRO SATANÁS"! Face portuguesa do EURO. Um campo de batalha entre as Forças do Mal e as do Bem! A última moeda a nível mundial, que ainda ousa representar o símbolo da Cruz! No centro, vê-se a Cruz Templária com a palavra "PORTUGAL" por cima das pétalas da rosa. Se a cruz lembra a morte, a rosa significa o nascimento. Juntos enviam a mensagem de que há quem nos defenda dos pentagramas, a fé em Cristo e de que Portugal vai renascer!" in "Vade retro pecunia satanarum" por Rainer Daehnhart.

Monday, April 18, 2016

Uma viagem de consciência

Independentemente de termos ou não um qualquer credo religioso, penso que ninguém fica indiferente ao pontificado do Papa Francisco. Sábado passado foi um desses dias. O Papa Francisco saiu da sua zona de conforto e foi a Lesbos na Grécia, mergulhar na miséria e indiferença, no medo e preconceito, - tudo junto -, que leva a que muita gente a precisar de ajuda se veja confinada a autênticos campos de concentração. Esta Europa símbolo da liberdade, anda há muito sem rumo. E nesta matéria dos refugiados ainda mais. Para além das boas intenções de alguns países em acolher refugiados, tudo se esfuma nos burocratas de Bruxelas, que nos seu gabinetes aquecidos de chão alcatifado, nada sabem do que é sobreviver no meio da miséria e, pior do que isso, da indiferença. Este espaço europeu que é identificado como um espaço de liberdade e tolerância, reage assim, por puro preconceito, estupidez e ganância. (E entretanto, o Mediterrâneo que em vez de nos unir, nos separa, se vai convertendo num verdadeiro cemitério de gente inocente). Sei que muitos que me lêem podem achar que tudo está muito correto, mas seria bom que eles continuassem longe. Afinal receamos que aquela gente sem nada, sejam potenciais terroristas. O desconhecido sempre foi um fator de ignorância. Mas desenganem-se. O Ocidente também o foi num outro tempo, quando levou a morte e a destruição, a tortura e as violações, a morte indigna e por desporto, como aconteceu nas Cruzadas. Essa gente que em nome de Cristo, apenas eram movida pela ganância, dos despojos que obteriam depois do combate, e das mulheres que sacrificavam como prémio dos vencedores, atuou duma forma tão indigna e horrenda tal qual um qualquer terrorista que hoje se faz explodir num qualquer sítio, ele também vítima do fanatismo e estupidez de pensar que está a servir uma causa nobre, um qualquer Deus, apenas sendo um peão de brega de uns tantos que nos seus palácios dourados, rodeados pelas suas muitas mulheres, se riem da sua própria estupidez. Este é um sinal dos tempos, tão iguais a outros sinais dum outro tempo. E não pensem que era melhor, apenas porque éramos nós que conduzíamos o processo. Seja como for, foi preciso que o Papa Francisco, apoiado por outras confissões religiosas, fosse lá para envergonhar a Europa e o mundo. Destruir um preconceito quando trouxe consigo quatro famílias de refugiados. (Citando Madre Teresa de Calcuta: "Esta é uma pequena gota num oceano, mas sem essa gota, o oceano seria diferente"). Dar um sinal de que afinal, somos todos humanos, seja qual for a nossa crença religiosa ou até, a falta dela. Há gestos que ficam para o mundo e este ficará com certeza. Esta foi uma das viagens papais que, porventura, menos gente teve em volta do Papa. Mas foi certamente uma daquelas viagens com mais significado de todas as que o Papa Francisco efetuou até hoje. Porque foi uma viagem de consciência. À nossa consciência. Há momentos que são históricos e este foi um deles. O Papa Francisco tem-me sempre surpreendido pela positiva desde que foi nomeado e acho que continuará a fazê-lo ao longo do seu pontificado. Mas isso, não pode esbater uma pergunta que me baila na cabeça há muito tempo. Afinal porque há pessoas que se matam ou matam outros seus semelhantes em nome da religião? Não são as religiões códigos onde se vai buscar a paz e não a guerra, tolerância e não o ódio? Afinal que gente é esta e que credo defendem? Será que estes são os tais sanguinários cruzados do século XXI como o foram os ocidentais em séculos anteriores? Porque tem que ser assim? Porque anda o mundo desalinhado deste jeito? Perguntas em branco. Respostas que se anseiam e que não chegam. Porque no fundo, o dá-las já é um incómodo, seja por quem for, seja em nome de que lado for.

Intimidades reflexivas - 623

"Algumas pessoas dizem-me que vou para o inferno e elas vão para o céu. De certa forma deixam-me feliz por não irmos para o mesmo lugar." - Mark Twain (1835-1910)

Intimidades reflexivas - 622

"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol." - Pablo Picasso (1881-1973)

Sunday, April 17, 2016

Do mal o menos!...

Quando ia a caminho do local onde alimento o cachorro, ia-me preparando para mais um desilusão. Mas, apesar de tudo, ainda havia alguma comida húmida e seca também. (Ver foto). Mas existe sempre algo que me desilude. Apesar de ontem ter limpo todos os recipientes, hoje encontrei-os de novo sujos. A bacia da água até resíduos de cigarro tinha! Um dos recipientes de comida húmida estava igual. Não percebo esta maldade humana que tudo faz para afastar os pobres animais dum local onde não incomodam ninguém, nem estorvam à atividade industrial na zona. Apenas maldade, pura e simples. Não vi por lá nem o cachorro nem os gatos. Espero que apareçam e depressa antes que a comida desapareça. É por eles que faço tantos quilómetros, com despesa de gasolina e de latas de comida que compro, para além daquela que me dão e que aqui agradeço. Sem nenhum apoio, que aliás não aceito. Apenas comida e nada mais. E assim vou continuando a tentar minorar o sofrimento de quem sofre. É pena que este esforço não seja, se não recompensado, pelo menos compreendido.

Saturday, April 16, 2016

Intimidades reflexivas - 621

"A felicidade não passa por nada disso, pelo sucesso, pela celebridade, pela fama. Passa por uma paz interior que eu ainda não encontrei." - António Lobo Antunes.

A "bagunça" brasileira

Volto de novo ao tema que aqui trouxe vai para um par de semanas sobre a situação brasileira. Não me move nenhuma intenção de ser pró ou contra Dilma Rousseff, apenas e só uma análise distante de quem está do outro lado do Atlântico e vê no Brasil um prolongamento da sua língua e cultura. É conhecido o carinho com que os portugueses olham para o Brasil, coisa que, não é tão real assim quando olhada no sentido inverso. Mas seja como for, apenas esse carinho de olhar para um país irmão me move, como move, qualquer português. Mas vamos à situação brasileira. Quem olha para esse grande país tem a sensação de estar a olhar não para um país a caminho do desenvolvimento - um país emergente, como é conhecido na gíria económica -, mas para um qualquer país do terceiro mundo, mais atrasado e primário. A maneira como vemos o Colégio de deputados com cartazes (por vezes até ofensivos referindo-se a um órgão de soberania) leva-nos a pensar o quão distante está o Brasil da mentalidade europeia, onde uma atitude dessas, levaria os deputados perante a justiça, ainda antes da presidente. Depois, vemos que se fala muito de crime, - que é a única situação em que a Constituição brasileira permite a destituição -, crime que parece que ninguém encontra, nem sequer a justiça. O que indicia que por trás de tudo isto, parece tratar-se mais dum golpe palaciano com o presumível apoio de alguma população, (nitidamente manipulada), que quando der pelo logro será demasiado tarde. Todos sabemos que a corrupção no Brasil é enorme - e não só no Brasil, infelizmente - mas, todos sabemos também que a corrupção brasileira vem de cima para baixo e não ao contrário, onde raros serão os políticos - independentemente dos partidos a que pertencem - que não têm uma mancha no seu percurso. Uns onde essa mancha é visível, outros que a seu tempo se saberá, com certeza. Até o caso dum dos mais aguerridos no combate à Presidente, seja um homem que já passou pela prisão e que até tem um mandato de captura internacional da Interpol, não podendo sair do país. (Dos 65 deputados que fizeram surgir o processo de destituição, 8 têm processos crime nos tribunais centrais, 22 nos tribunais inferiores e até um deles - Paulo Maluf, ex- governador de S. Paulo - esteve preso 40 dias e tem um processo de captura internacional). Seja como for, fica-se com a sensação de que estaremos perante um golpe de Estado orquestrado - até pode não ser assim, mas é essa a imagem que passa - que uma certa direita quer levar a termo para recuperar alguns privilégios perdidos e, se possível, limpar um pouco a sua 'folha de serviço'. E mais cedo ou mais tarde, poderão entrar em cena as botas cardadas dos militares, experiência que os brasileiros tão bem conhecem. (Até porque nesta "bagunça" nem sequer existe uma alternativa credível para substituir a presidente! Não existe uma terceira via). E só aí se aperceberão do engano em que caíram. Pode ser quer tudo aquilo que alguns pensam deste lado do Atlântico esteja errado, mas como as coisas estão a ser conduzidas é isso que indiciam. Porque em Democracia há sempre espaço para se alterar seja o que for, quando se recorrem a métodos como estes, que todos os dias entram pelas nossas casas adentro, talvez se esteja a sugerir algo diferente. Porque Democracia parece não ser.

Outra vez o mesmo!...

De novo, quando cheguei ao local onde alimento o cachorro, nada havia. (Ver foto). É caso para dizer, outra vez o mesmo! Nem seca, nem húmida, nada existia e a disposição dos recipientes dava para ver o que tinha sucedido. Até o recuado do recipiente da comida seca estava num sítio onde não é habitual. Algo que se repete dia após dia. Já nada há a dizer porque tudo já foi dito. Apenas lidar com a situação parece ser o melhor. E esperar que, por um qualquer acidente do destino, isto se venha a resolver. Quando de lá saí, um dos gatos devorava a comida desenfreadamente, enquanto o outro esperava a distância respeitável, que ele acabasse para ir lá também. A comida que deixei dava para ambos e até para o cão. Não sei é se eles terão tempo de a comer.

Friday, April 15, 2016

Intimidades reflexivas - 620

"A Medicina é uma filosofia, e isto não é compatível com a renúncia à crítica no que respeita aos principais autores." - Rasis (al-Razi) (ca. 865-925)

Thursday, April 14, 2016

Intimidades reflexivas - 619

"A pior das corrupções não é aquela que desafia as leis, mas a que se corrompe a ela própria." - Louis de Bonald (1754-1840)

Bino - Deixado na rua - Felgueiras

Paciência: o intervalo entre a semente e a flor. Paciência é para nós a palavra chave. Não estamos aqui para despachar animais, talvez por isso tenhamos tantos connosco e o número continue a crescer. Os animais que acolhemos são parte de nós, integram a nossa grande família. Cuidamos deles diariamente, faça chuva, ou faça sol...de segunda a segunda. O nosso grande objectivo é encontrar-lhes uma família de verdade! Aquela que sempre esperou por eles e sabemos existir. O Bino foi deixado amarrado a uma árvore. Que tipo de gente deixa um animal indefeso amarrado a uma árvore? É para morrer ali em sofrimento? A definhar de dor? Que tipo de crime terá cometido o nosso pequeno Bino? Ao vê-lo correr alegremente com os outros patudos só conseguimos pensar... o teu dia vai chegar pequenote e ainda vais ser muito, muito feliz. Se procura um cãopanheiro para toda a vida, um patudo que torne o seu lar ainda mais acolhedor o Bino é o menino ideal. É lindo, de porte pequeno e muito meiguinho. POR FAVOR PARTILHEM, VAMOS encontrar uma família de verdade para este menino tão lindo! (Contactos - 912553602/964697659/937390792/938273085 /Apelo de Eugénia Maria Borges Sampaio).

Wednesday, April 13, 2016

Intimidades reflexivas - 618

"Deve-se estar atento às ideias novas que vêm dos outros. Nunca julgar que aquilo em que se acredita é efectivamente a verdade. Fujo da verdade como tudo, porque acho que quem tem a verdade num bolso tem sempre uma inquisição do outro lado pronta para atacar alguém; então livro-me de toda a espécie de poder - isso sobretudo." - Agostinho da Silva (1906-1994)

Tuesday, April 12, 2016

Intimidades reflexivas - 617

"Por dois motivos fitais uma estrela; por ela ser luminosa e por ser impenetrável. Descei porém a vista, e vereis junto de vós mais suave luz, mais indecifrável mistério: a mulher." - Victor Hugo (1802-1885) in «Os Miseráveis»

Monday, April 11, 2016

Chávena de chá (Ensinamento Zen)

Um professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação e muitas outras coisas. O Mestre ouviu-o em silencio e depois disse. "- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longínquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá." O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a enchê-la sem parar. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu visitante gritou: "- Pára. Não vês que o pires está cheio?" "- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta."

Sunday, April 10, 2016

Intimidades reflexivas - 616

"Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem. A vida é o que eu estou a ver: uma manhã majestosa e nua sobre estes montes cobertos de neve e de sol, uma manta de panasco onde uma ovelha acabou de parir um cordeiro, e duas crianças — um rapaz e uma rapariga — silenciosas, pasmadas, a olhar o milagre ainda a fumegar." - Miguel Torga (1907-1995)

Toda roubada!...

O inevitável aconteceu de novo, qual maldição. Quando cheguei para abastecer de comida os recipientes para o cão e os gatos, vi que toda a comida tinha sido roubada! (Ver foto). Mesmo a seca que ontem lá havia em abundância. Bem como o paté que deixei. Apenas um resto de comida que me dão lá havia, talvez porque não interessasse. Pelo menos essa lá ficou para eles comerem. É incrível que isto se verifique e já há tanto tempo. É o único local onde isto acontece, daqueles que frequento para ajudar animais. Sem fim à vista, só me resta desistir, ou continuar, e acreditar que a fortuna protegerá esses pobres infelizes. Não posso fazer mais nada. Estou a ficar cansado com tudo isto.

Saturday, April 09, 2016

Tudo mais ou menos!...

Quando regressei ao local onde alimento o cachorro, verifiquei que tudo estava mais ou menos. Havia muita comida seca, mas da húmida apenas restava a sujidade nos recipientes que falei na semana passada e que parece que só eu limpo quando lá vou. O mesmo com a água suja e fétida. (Ver foto). Lamentável! Depois de lavar tudo, deitei água limpa e comida húmida fresca. Um dos gatos apareceu logo a correr quando me pressentiu no local. Quando de lá saí ficou a comer. Espero que tenha tido tempo de comer tudo o que queria antes que a comida seja roubada de novo. Pelo menos ele, terá o estômago mais aconchegado no dia de hoje. Quanto ao cão, não o vi. Quando lá chegar, possivelmente, já nada encontrará. Como vem sendo habitual nestes últimos tempos.

Intimidades reflexivas - 615

"Um déspota tem momentos bons; uma assembleia de déspotas nunca." - Voltaire (1694-1778)

Friday, April 08, 2016

15º aniversário do falecimento de minha Mãe

Já quinze anos passaram e parece que foi agora. Hoje celebro o 15º aniversário do falecimento de minha Mãe. Mais uma efeméride no meu já longo calendário de memórias. Confesso que esta é a que mais me custou, a que mais me custa ainda hoje, volvidos 15 anos. Porque não estava à espera de tal e, muito menos, do modo como aconteceu. Já vos falei muitas vezes sobre esta questão, e não quero voltar a fazê-lo de novo. Já há muito perdoei aos protagonistas de toda esta estória, sinceramente, como tantas vezes a minha Mãe me pediu que fizesse, já no hospital a dias de morrer, sem que eu - e talvez ela - pensássemos que tal ia suceder. Hoje apenas quero trazer aqui a memória, (a celebração da ausência física da pessoa, que não do seu espírito), serenamente, singelamente, como deve ser, como quero que seja. Já quinze anos passaram e parece que foi agora. Vou visitá-la daqui a pouco ao jazigo onde se encontra aquilo que resta dela. Duma pessoa humilde e simples, que não pode fazer face ao turbilhão que, em determinada altura, se gerou em seu torno, - sem que se percebesse bem porquê -, numa espécie de tempestade perfeita que sobre ela se iria abater. Simplesmente vou lá visitá-la, como faço amiúde. Com aquela singeleza e serenidade de que tanto ela gostava. Apenas mostrar que as memórias não se apagam assim tão facilmente. E as pessoas só morrem verdadeiramente quando essa memória se apaga. Por enquanto, ela não se apagou, nem se apagará durante a minha vida. Essa é uma das formas de eternizar a vida. Aquela que conhecemos, mesquinha e fugidia do nosso quotidiano, face a uma outra transcendental que temos dificuldade, por vezes, em entender. Já quinze anos passaram e parece que foi agora. Naquela manhã solarenga de Domingo de Ramos. Já eu estava no parque de estacionamento do hospital para a ir visitar. Ela partia. Não queria que a visse no fim. Quis preservar aquela imagem de Mãe que sempre conheci. Durante a vida e para além dela. Lá onde estiveres, descansa em paz, minha Mãe!...