Turma Formadores Certform 66

Tuesday, April 27, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 50

Quem os viu e quem os vê. Esta afirmação tão banal quando popular aplica-se seguramente àquilo que vimos a semana e meia atrás. Todos sabemos que Sócrates e Alberto João nunca morreram de amores um pelo outro. Agora, na Festa da Flor que se realizou na Madeira no era só charme de parte a parte. Sou dos que defendem que se devem cultivar o mais possível as boas relações institucionais, senão mesmo pessoais, entre os vários orgãos de soberania. Mas todos conhecemos a teimosia de José Sócrates, bem como, a célebre frontalidade, diria mais, a falta de educação de Alberto João Jardim. Mas como dizia o próprio, bem como, alguns madeirenses, à males que vêm por bens. E na reconstrução da Madeira, depois dos dias difíceis que passou, o dinheiro é importante quanto necessário. E no reino da finanças, tudo é possível, desde que dê alguns dividendos. Assim, assistimos ao impensável. Quem dizia de José Sócrates, aquilo que Alberto João disse, nunca imaginaríamos que pudéssemos assistir a tal coisa. Vamos a ver quanto tempo vai durar este amor tardio entre os dois políticos, mas Alberto João, como velha raposa, já foi lançando o repto para dentro do próprio PSD de Passos Coelho, - de quem o líder madeirense nem quer ouvir falar -, de que apoiaria o governo de Sócrates "naquilo que ache justo, mesmo que tal significasse ir contra o seu próprio partido". Todos percebemos o significado destas palavras que, com toda a certeza, fazem rir José Sócrates. Estes são os caminhos ínvios da política, que nos deixa, por vezes, desconcertados, embora saibamos que é assim mesmo, sobretudo quando os euros andam por aí a tapar alguns erros, - que todos dizem existir -, de algumas opções feitas pelo governo regional, quanto à política de solos e de construções.

Saturday, April 24, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 49

De novo anda a justiça nas bocas do mundo, a propósito do caso Bragaparks. Embora não sejamos juristas, somos de opinião de que na justiça algo vai muito mal. Depois do Dr. Ricardo Sá Fernandes ter denunciado o acordão da Relação sobre Domingos Névoa, que segundo ele, prova a existência de tentativa de corrupção - dando assim lugar à existência dum corruptor e dum potencial corrompido (que não o chegou a ser) - apesar disso, acaba por absolver Domingos Névoa!!! Não pomos em causa que a legislação a isso conduza, mas a ser assim, então que se mude a legislação. Numa altura em que tanto se fala em corrupção e no combate à mesma, não deixa de ser irónico que a justiça tome atitudes destas que só vem dar força aos potenciais corruptos. Ricardo Sá Fernandes apareceu indignado na sua qualidade de cidadão, como qualquer um de nós terá ficado com a "famosa" decisão, embora o cidadão comum não tenha a mesma visibilidade pública do advogado. Mas mais estapafúrdia foi a reacção do presidente do sindicato dos magistrados, quando vem advogar o encerramento da Ordem dos Advogados. Nem queríamos acreditar naquilo que estávamos a assistir na televisão. Essa sim, é uma afirmação irresponsável dum sindicalista que parece, como disse e bem, o bastonário da Ordem, "não ter percebido que já estamos em democracia à mais de 30 anos", sendo já passado a ditadura imposta pelos tribunais plenários de outros tempos. Ou então, quis com isso mostrar a nostalgia de outras ditaduras, também elas de má memória, que a História se tem encarregado de aniquilar. No meio de tudo este "circo" em que a justiça se transformou, o cidadão comum já não acredita em nada. Cada vez mais, acha que deve fazer justiça pelas suas mãos, porque a outra, - a dos tribunais, - é cara, é morosa, nunca se sabendo o rumo que as coisas vão tomar, dependendo da "azia" dum qualquer juiz ou do dinheiro para contratar bons advogados. Como dizia ontem um jornalista da SIC, "a justiça não tem sabido dar-se ao respeito" ao que nós acrescentamos, que os seus agentes também não. De facto, não sabemos se a Ordem dos Advogados deveria ser extintas, mas a sê-lo, tal também se aplicaria ao sindicato dos juízes e, no limite, à própria justiça "tout court", porque justiça assim, bem nós a dispensámos. Todos falam que a justiça vai mal, mas ninguém parece estar interessado em contribuir para a sua melhoria. Já era tempo de se passar das palavras aos actos. Não é bonita a imagem que se dá no estrangeiro da justiça portuguesa. Como dizia à dias a conceituada revista alemã "Der Spiegle" "a justiça portuguesa está a transformar Portugal num paraíso para a escória europeia" (sic). Reflictamos todos sobre estas palavras. São palavras duras mas significativas do pantanal a que chegamos. Já agora, esperamos não estar a cometer nenhum delito de opinião, e que o senhor presidente do sindicato dos juízes, não nos coloque à porta uma qualquer polícia - de preferência secreta - para nos levar, pela calada da noite, para um qualquer calabouço, onde nos fazem desaparecer sem rasto, como parece ser a tese do "famoso" sindicalista, lembrando práticas dantanho que pelos vistos, têm neste senhor, um dos mais fervorosos defensores. Ao nostálgico juiz lembramos que amanhã se comemora o 36º aniversário do 25 de Abril que veio introduzir o estado de direito e a liberdade de expressão em Portugal.

Friday, April 23, 2010

A crise financeira e a recessão - XXI

Continuamos a assistir ao assédio da economia portuguesa por parte dos agentes internacionais. Como dizia à dias Cavaco Silva, quando um país é "filado" pelos especuladores é difícil fugir-lhes. Penso que Cavaco Silva tem toda a razão, porque é claro que, ao tentarem colar a economia portuguesa à grega - com a qual nada tem a ver, mesmo para não iniciados nestas matérias - estão-se a criar condições para que Portugal venha a sofrer alguns amargos de boca nos próximos tempos. Estes até já começaram. Os juros da dívida pública regressaram ao tempo do escudo, o que vem agravar ainda mais a situação que estamos a viver. À quem diga que esta é uma situação de teste ao euro, com a conivência inclusive de alguns países da zona euro. Nestas matérias tudo é possível, embora a ser verdade esta situação, não deixa de ser lamentável. Que venha do outro lado do oceano atlântico até se compreende. É do conhecimento geral que os americanos sempre se opuseram à criação do euro e, até no limite, à própria UE. Vemos o FMI a lançar atoardas sobre a economia portuguesa, embora de vez em quando, venha dizer que afinal só estão na Grécia. Por mais que as autoridades portuguesas desmintam, assistimos de facto, a um complôt contra Portugal. Nesta matéria como em outras, penso que deve prevalecer o interesse nacional, e as forças políticas, todas elas, devem conjugar esforços para enfrentar esta delicada situação. Silva Lopes ontem dizia que Portugal "está a ser vítima de especuladores porque lhes cheirou a sangue". O "The Economist", jornal de referência mundial, na sua edição de ontem, separava claramente a economia portuguesa da grega. Mas mesmo assim, a situação continua fruto tão só de especuladores que pretendem ganhar nos jogos de bolsa e não só. A situação vai ser difícil, e demorará algum tempo a abrandar, mas sou de opinião que temos que estar unidos, como já o estivemos noutros momentos difíceis da nossa História, para combater as forças que nos pretendem esmagar. Será um combate desigual, mas já travamos combates desiguais noutros tempos, e não foi por isso que deixamos de vencer.

Tuesday, April 20, 2010

A crise financeira e a recessão - XX

Temos vindo a assistir nos últimos dias a uma desenfreada campanha com vista a criar condições para que Portugal seja o sucessor da Grécia no clube dos países com dificuldades à beira da falência. Ainda ontem, Joseph Stiglitz, antigo economista chefe do FMI vinha dizer que Portugal seria o próximo país a entrar em bancarrota, afirmando ainda que os países mais débeis deveriam sair do euro, caso contrário, esta moeda tenderia a desaparecer. Quanto à segunda afirmação de Stiglitz ela não trás nenhuma novidade, porque os próprios princípios da UE colocam essa hipótese, quanto à primeira, parece que este ex-director do FMI está a dar indicações ao sistema bancário mundial. Que leva este senhor, tal como outros, a fazerem este tipo de afirmações mais ou menos gratuitas? Parece que os países mais pequenos como a Grécia e Portugal, incomodam alguns dentro da própria UE. Dir-nos-ão que não é assim, porque os responsáveis comunitários têm rejeitado estas ideias. Mas vejam de que maneira o fazem. Sem convicção apenas, segundo parece, para respeitarem o politicamente correcto. Sabemos que países pequenos, pobres e periféricos como Portugal poderão não ter um papel tão importante assim na UE e na zona euro. Mas, quando se trata de escoar produção para fora da Europa comunitária, os nossos portos já são bem vindos, como o foram nos anos 80 quando Portugal aderiu à então CEE. Vejam o dinheiro que chegou apenas e, sobretudo, para rasgar estradas que conduziam as grandes metrópoles europeias aos portos portugueses. E não esqueçamos que Portugal tem um papel importante dentro dos países da CPLP, que representam, no seu conjunto, mercados muito apetecíveis. Mas apesar disso, é verdade que os bancos têm vindo a criar condições de dificuldades para a nossa economia, com intuitos nem sempre muito claros. Somos dos que defendemos a UE, bem como defendemos, a seu tempo, a entrada de Portugal no euro. Daí estarmos um pouco desiludidos com a falta de empenho da UE em clarificar o que de facto pensa sobre Portugal. Quanto a Stiglitz, não nos surpreende, visto ser um americano que, como todos os americanos, nunca lhes interessou uma UE forte, nem um euro a fazer frente ao todo poderoso dólar. Quanto aos europeus, as coisas são bem mais incómodas, porque se a UE não se apresentar como um espaço coeso de entreajuda dos vários países seus componentes, é meio caminho andado para a desagregação. Que aconteceria se isso viesse (vier) a acontecer? Talvez um caos maior do que aquele a que vamos assistindo. Provavelmente ninguém sairia vencedor, apenas interessando aos EUA a situação de domínio económico do mundo, a que UE tem obstado desde a sua fundação.

Monday, April 12, 2010

Giuseppe Tartine - A homenagem no 318º aniversário do seu nascimento

Giuseppe Tartini nasceu em Pirano a 8 de Abril de 1692 e viria a morrer em Pádua a 26 de Fevereiro de 1770. Notabilizou-se como violinista, pedagogo e compositor. Formou uma famosa escola de violino – a Escola das Nações – de onde saíram eminentes violinistas, entre os quais Nardini. Tartini afirmou que sonhou que fez um pacto com o Diabo e que este era seu servo e lhe realizava qualquer desejo. Giuseppe entregou-lhe o seu violino e o Diabo tocou-lhe aquela que seria a sua Sonata do Diabo. A sua obra mais conhecida é a sonata "O trilo do diabo", publicada após a sua morte. Escreveu tratados de violino e expôs a sua concepção harmónica do modo menor. Desde cedo recebeu lições de música e violino, mas até aos vinte anos pouco se interessou pela música, dedicando-se ao direito na universidade de Pádua, vindo a casar-se secretamente com a sobrinha de um cardeal de que resultaria numa ordem de prisão. Disfarçando de frade, Tartini conseguiu fugir encontrando refúgio no convento dos franciscanos de Assis. Perdoado pelo cardeal, Tartini voltou a Pádua à companhia da esposa, iniciando então a carreira de concertista. O sucesso enorme atraiu-lhe inúmeros discípulos de vários países, fundando ele uma escola de violino em Pádua (1728), logo denominada Escola das Nações, como atrás já referi. Adquiriu grande reputação como virtuoso e professor, onde teve Nardini como aluno. Tartini morreu em Pádua a 26 de Fevereiro de 1770. Durante o seu retiro, Tartini entregou-se intensamente ao estudo do violino, inclusive pesquisando novas possibilidades sonoras do instrumento. Ao mesmo tempo dedicado à composição, escreveu a célebre Sonata n.º 2 Op. 1 - Trilos do diabo, cujo apelido provém do espantoso encadeamento de trilos no terceiro movimento. Segundo depoimento que o compositor fez a Lalande - e que este reproduziu durante a sua Viagem à Itália (1790) - a realização dessa sonata teria sido sugerida em sonho pelo próprio demónio. Até hoje a obra permanece como "peça de resistência" no repertório dos virtuosos. A sua devoção ao ensino resultou na feitura de trabalhos didáticos, entre os quais o Tratado de música segundo a verdadeira ciência da harmonia (1754). Além de ser o maior violinista do século XVIII, Tartini distinguiu-se como compositor responsável pela evolução do concerto e da sonata. São as sonatas que mais lhe valem a dupla glória de intérprete e criador. Entre elas se destacam a Sonata n.º 11 em sol menor Op. 11 - Didone, a Sonata n.º 1 em si bemol maior Op. 6 - Imperador, além da já mencionada Sonata n.º 2 Op. 1 - Trilos do diabo. Também são notáveis as Variações sobre um tema de Corelli. Aqui fica a homenagem quando se cumpriram, a semana passada, 318 anos sobre o seu nascimento.

Thursday, April 08, 2010

A crise financeira e a recessão - XIX

A economia está a contrair-se como já todos percebemos. Aquilo que aqui defendi no passado recente, começa a criar corpo. Portugal, como alguns dos países ditos desenvolvidos, poderão entrar em recessão, de novo, a curto prazo. O crescimento dentro da zona euro cifrou-se, no primeiro trimestre, nos 0%, o que significa que as economias, mesmo as mais desenvolvidas, estão a estagnar. A Grécia está com uma situação económica pior do que o Iraque(!), o que não é nada bom, como país da zona euro. Começa a desenhar-se uma crise em M, conforme já tinha afirmado anteriormente. Algo de diferente de tudo aquilo que conhecíamos até agora, o que coloca esta crise num patamar bem diferente da dos anos 20 que levou aos acordos de Bretton-Woods, mas para pior. Tinha afirmado que, por volta do mês de Agosto, seria a altura ideal para ter-mos a percepção de tudo isto. Infelizmente, parece que começamos bem mais cedo a tê-la e a temê-la, após a divulgação dos indicadores trimestrais dentro da UE e não só. Quando se fala do fim da crise, penso que é apenas para manter a auto-estima das populações, para que estas não entrem em desânimo e em desespero. Mas os níveis de confiança dos empresários e das populações - nomeadamente ao nível do consumo -, são bem evidentes, eles estão baixos e tenderão a baixar ainda mais, para níveis nunca antes atingidos. O desemprego galope rapidamente, com todo o impacto social que daí advém. À que aguardar para ver o que isto vai dar, e para ter-mos a clareza de tudo isto, os indicadores do segundo trimestre, serão bem mais interessantes e definitivos. Mas que os tempos que se avizinham não são fáceis, penso que ninguém tem dúvidas. Estamos perante uma autêntica bomba-relógio, que esperamos que não rebente.

Monday, April 05, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 48

Temos assistido nos últimos dias a mais um escândalo que envolve figuras públicas do nosso país e não só. Até agora, temos visto um lodaçal que tem sido atirado ao primeiro-ministro, não sabemos se com razão ou não - o certo é que ainda não se provou nada - facto que por si só já é sórdido quanto baste. Elas são comissões de ética, elas são comissões de inquérito, o certo é que até agora houve muita parra e pouca uva. Mas nestas coisas do foro público não existem inocentes, ou pessoas totalmente imunes. O caso dos submarinos é disso exemplo mais que cabal. Desde figuras como Durão Barroso, que já têm uma dimensão europeia e mundial, até ao justiceiro Paulo Portas. O primeiro até parece que beneficiou do negócio para chegar a líder da Comissão Europeia, segundo algumas vozes, quanto a Paulo Portas, é bom não esquecer que era à época o ministro da defesa, e a última palavra cabia-lhe a ele. Neste pantanal em que a nossa democracia se tornou - embora noutros países a situação não seja melhor - fica um sabor amargo de que, ou estamos perante o vale tudo, ou então a descredibilização de figuras públicas é um cancro que minará, mais tarde ou mais cedo, a nossa democracia. Lembra-mo-nos mais uma vez, das sábias palavras do ex-ministro da economia, Manuel Pinho, que afirmou, por várias vezes, que esta situação só serviria para afastar os jovens da política, bem como, alguns dos melhores que temos, que não estariam disponíveis para verem a sua vida enxovalhada por alguns, que deveriam ter muito cuidado com os telhados de vidro que têm (vidé Paulo Portas). Penso que era preciso clarificar melhor o conceito de corrupção, caso contrário, o simples facto de oferecer uma garrafa de champanhe pode ser lido como um acto de corrupção. Enquanto essa clarificação não aparece, é a democracia que está a ser minada pelos seus próprios agentes, em nome dessa mesma democracia. Mas o que não deixa de ser estranho é que nunca se chegue a conclusão nenhuma. Será que João Cravinho tem razão quando diz que os políticos não querer combatê-la? E se for assim, porquê todo este folclore? Será que pensam que é isso que dá votos?