Wednesday, January 31, 2018
Tuesday, January 30, 2018
Monday, January 29, 2018
"Venezia Millenaria" - Jordi Savall
Um grande trabalho de Jordi Savall com os Hespèrion XXI viu a luz do dia. Trata-se de 'Venezia Millenaria' um trabalho que cobre a criação, desenvolvimento e anexação de Veneza, a cidade estado que chegou a ser um símbolo da Europa e da cultura ocidental. Mais de 1.000 anos, do Império Bizantino (cobre os anos que decorrem de 700 a 1797) para as Guerras Napoleónicas, Veneza desempenhou um papel fundamental na formação da música ocidental. Jordi Savall e os seus agrupamentos - Hespèrion XXI, La Capella Real de Catalunya e Le Concert des Nations - homenageiam um lugar que aproveitava plenamente os seus vínculos privilegiados com o Oriente enquanto hospedava génios como Monteverdi, Gabrieli e Vivaldi. A edição é da Alia Vox, e para além de dois CD's gravados em 2 multichannel hibrid SACD vem acompanhado de um livro em edição de luxo com amplo texto explicativo e profusamente ilustrado com versões em inglês, francês, alemão, italiano, castelhano e catalão. Um grande disco que recomendo vivamente com ampla documentação histórica. Totalmente imprescindível para quem quer saber a história de Veneza duma forma mais lúdica mas sem perder um sentido profundamente cultural.
Sunday, January 28, 2018
Em memória do senhor António que era carpinteiro
Passaram ontem quatro anos sobre a morte do senhor António. Este senhor, carpinteiro de profissão, era meu vizinho. Conheci-o desde os dez anos de idade e a memória que guardo dele era duma pessoa muito trabalhadora e respeitadora. Sempre me tratou como um adulto, tendo eu apenas dez anos de idade, o que me fazia sentir 'importante'. Pela vida fora esse respeito consolidou-se, até aumentou, algo a que o evoluir da idade permitia. O senhor António era uma pessoa humilde, metida no seu mundo, a que a surdez aguda de que sofria, fazia com que fosse afastado da convivência com terceiros. Muitas vezes me procurou para pedir conselhos, sobretudo quando algum problema se perfilava no horizonte. E alguns teve ao longo da sua vida. Aqui o trago de novo, quatro anos volvidos. Já fora de tempo porque ontem foi a data do seu passamento, e só uma conversa à minutos com uma das suas filhas me trouxe de novo à realidade. Mas porquê falar de novo do senhor António? Porque ele o merece, sobretudo na minha humilde ótica, mas também por uma conversa que tive com uma sua neta à dias. Coloquei um vídeo já antigo de Elton John com uma célebre canção 'Nikita' e vim a saber que esta canção era do agrado do senhor António. Apesar de décadas de convívio e vizinhança, não sabia que era admirador do popular cantor inglês. E afinal era-o. Coisas curiosas com ligações improváveis, mas que nos fazem pensar nesta caminhada da vida com mais acertividade. Afinal temos mais coisas que nos liguem do que aquelas que nos separam, e esta é uma curiosidade que pode bem ser encaixada nesta ideia. Como então disse à sua neta, e aqui publicamente reafirmo, todos os dias tenho um pensamento para o senhor António. Mas a vida parece escrever direito por linhas tortas. O senhor António era o bisavô da minha afilhada Inês. Afinal é um ciclo que parece que fechou ao fim de tantas décadas. É curioso. Ou talvez não. Ele faz parte dum período da minha infância, depois da minha juventude e adolescência, e mais tarde, já na minha fase adulta. Sempre senti nele esse respeito maior que talvez eu não merecesse, afinal ele tinha idade para ser meu pai, talvez até avô, e a maneira como me tratava recentemente até me deixava incomodado. Nunca fui dado a grandes vénias, mas o respeito que esse senhor mostrava ia muito para além disso. Ontem, passou mais um ano, o quarto, a que não quero ficar indiferente. A memória fica porque as memórias perduram no tempo enquanto houver alguém que as cultive. Lá onde estiver, que esteja em paz!
Saturday, January 27, 2018
Friday, January 26, 2018
"Sinal de Vida" - José Rodrigues dos Santos
Mais um romance de José Rodrigues dos Santos chegou às bancas, onde a figura do Professor Tomás Noronha se assume, de novo, como uma espécie de 007 português. Chama-se o livro "Sinal de Vida". Desta vez, é o mistério da vida que está na centralidade do romance. Na sinopse do mesmo pode ler-se: "Um observatório astronómico capta uma estranha emissão vinda do espaço na frequência dos 1,42 megahertz. Um sinal de vida. O governo americano e a ONU são imediatamente informados. Um objeto dirige-se à Terra. A NASA prepara com urgência uma missão espacial internacional para ir ao encontro da nave desconhecida. Tomás Noronha, o maior criptanalista do mundo, é recrutado para a equipa de astronautas. Começa assim a mais invulgar aventura do grande herói das letras portuguesas modernas, uma história de cortar a respiração que nos leva ao coração do maior mistério do universo. Será a vida um acidente ou resultará de um desígnio? Estaremos sós ou seremos um entre milhões de mundos habitados? A existência é um acaso ou tem um propósito?" Alguma informação de caráter científico aparece no livro, onde se discutem as mais recentes teorias sobre a existência da vida. A trama do romance serve apenas para dar uma sequência a tudo o resto. Se a discussão em torno do mistério da vida tem o máximo interesse, já o romance peca pela pobreza de todo o desenvolvimento do mesmo e por um final insólito para não dizer mesmo grotesco. Se Rodrigues dos Santos não é um cientista, acho que se meteu por um caminho que lhe seria um pouco tortuoso. Mas Rodrigues dos Santos é escritor, e dele era de esperar um pouco mais. Tenho para mim, que este romance é um dos piores que José Rodrigues dos Santos escreveu. Onde a ciência se mistura com um estória rocambolesca e de gosto duvidoso. Se "Sinal de Vida" nos interpela sobre a vida, o seu objetivo e o nosso lugar no universo, a maneira como tudo se desenrola já deixa muito a desejar. Um romance menor face a toda uma obra empolgante do escritor. Sobre O 'pivot' da RTP já todos sabemos a história biográfica, desde o seu doutoramento em comunicação social, à sua passagem pela CNN. A edição é da Gradiva.
Thursday, January 25, 2018
Wednesday, January 24, 2018
Tuesday, January 23, 2018
Supernanny! Não gostam? Mas deviam...
Mais um episódio da "Supernanny" foi para o ar no meio de toda a polémica. Não sou dos que gostam deste tipo de programas e só a muita agitação nos media me levou a ir ver do que se tratava. Confesso que depois de visualizar o primeiro episódio, não percebo a polémica em torno do programa, a não ser por um puritanismo serôdio, ou então, por alguma má consciência. Afinal aqueles meninos mimados, quezilentos, birrentos, não são mais do que o espelho dos seus educadores e, por extensão, da nossa sociedade. Já por diversas vezes aqui fiz eco da tremenda fragilidade educacional dos mais jovens, ao fim e ao cabo, o espelho dos seus progenitores. E não me venham dizer que o que fazem e dizem não é aprendido em casa mas na casa dum amigo, porque isso apenas denota facilitismo, para não dizer até, ignorância e má fé. A família é a escola primordial como gosto de lhe chamar, e será aí que tudo começa para o bem e para o mal. E como os seus pais, na esmagadora maioria dos casos, também não têm a educação que deviam, não saberão inculcar nos seus rebentos aquilo que nunca tiveram. É do mais básico e incontestável. Basta ver quando pais desautorizam professores, invadindo escolas e agredindo estes, dando azo a que os seus filhos se tornem naquilo que, aliás já são, gente mal educada. Para ilustrar isto até vos posso dizer que conheço um caso duma pessoa que no início de cada ano escolar, sempre que a sua filha muda de escola ou de professor, clama aos quatro ventos que há-de bater no(a) professor(a). Penso que já ninguém a leva a sério, mas são atitudes destas que dão mais força a comportamentos impróprios que assistimos nas nossas escolas. E confesso que até fiquei um pouco surpreendido quando ontem ouvia rádio numa estação de referência alguém afirmar que era contra este tipo de programas porque aqueles miúdos ficariam traumatizados pelo espetáculo, e seriam conhecidos no futuro, como os "birrentos da SIC". Confesso que fiquei triste com esta afirmação vinda de uma pessoa, figura pública que muito estimo, pela sua elevação e ampla cultura. Acho que são atitudes destas que, pela sua complacência, apenas servem para agravar a situação em vez de a minorar. E como "de pequenino é que se torce o pepino", e estes não são torcidos na idade adequada, é que estas crianças se transformam em jovens e continuam na senda da má criação em que sempre viveram e que os acompanhará pela vida fora. Basta ver um qualquer subproduto televisivo com o rótulo de "reality show" para perceberem o que quero dizer. E o ciclo continuará. Amanhã serão adultos com filhos que serão incapazes de educar devidamente porque educação foi aquilo que nunca tiveram, e o ciclo fechar-se-á e reproduzir-se-á assim pelos tempos. É visível as enormes distorções educacionais que muitos tentam comparar com imagens importadas do estrangeiro. Alguns que nunca pisaram certos países e que deles falam com "conhecimento profundo" pelas muitas viagens que fazem pelo Google. E assim vai a educação em Portugal, ou melhor a falta dela, a que as escolas não podem, na maioria dos casos, pôr fim. Porque logo um qualquer encarregado de "educação" se levantará de dedo em riste a vociferar a bílis que só demonstra a falta de educação que tem, aquela que ao fim e ao cabo, transmitiu aos seus filhos. Por isso, acho que devem ver e com atenção, a "Supernanny", porque isso só põe a nú a realidade de muita gente neste país e talvez até possa servir do ponto de vista pedagógico para fazer com que muitas famílias corrijam o tiro no que à educação dos seus filhos diz respeito.
Monday, January 22, 2018
Descansa em paz, avó Margarida!
Mais um aniversário se cumpre, - o 28º -, após o desaparecimento da minha avó materna e madrinha, Margarida. É sempre com emoção que aqui trago estas recordações. A minha avó foi a minha grande mentora, com ela fui praticamente educado. Esteve sempre presente nos momentos da minha vida até à sua morte. Nos bons, cheia de felicidade e contentamento; nos menos bons, com o seu apoio, aquele suporte forte e determinado que sempre teve e que foi um esteio onde muitas vezes me apoiei. 28 anos passaram sobre aquele dia solarengo de janeiro. Parece que foi ontem. (Esta nossa capacidade de não deixar passar o tempo, ainda hoje me surpreende). Talvez a ânsia da proximidade, o não querer desapegar-me de tanto amor que ela sentia por mim e eu por ela, de tanta força quando a minha já vai fraquejando. Talvez!... Hoje é o dia de a recordar de novo, - como necessitasse dum dia para isso. Ela está sempre presente na minha vida. Porque há pessoas que nos marcam para a vida. Porque há pessoas que fazem sempre parte do nosso pensamento e que estão eternamente no nosso coração. Até ao dia de hoje nunca nenhum se passou sem dela ter a sua memória. E quiçá, para além dela. Descansa em paz, avó Margarida!
Sunday, January 21, 2018
Saturday, January 20, 2018
Friday, January 19, 2018
Thursday, January 18, 2018
Wednesday, January 17, 2018
Intimidades reflexivas - 1175
"Não faço visitas, nem ando em sociedade alguma - nem de salas, nem de cafés. Fazê-lo seria sacrificar a minha unidade interior, entregar-me a conversas inúteis, furtar tempo senão aos meus raciocínios e aos meus projectos, pelo menos aos meus sonhos, que sempre são mais belos que a conversa alheia." - Fernando Pessoa (1888-1935) in 'Os Meus Sonhos São Mais Belos que a Conversa Alheia'.
Tuesday, January 16, 2018
Monday, January 15, 2018
Índice de desemprego e estatísticas
Depois da crise, a situação do desemprego tem vindo a melhorar duma forma clara nos últimos dois anos fruto duma alteração de estratégia política baseada numa certa forma de keynesianismo, bem diferente do postulado ultra-liberal vigente anteriormente. Isso é inegável por mais que torturemos os números ou torçamos as estatísticas. Contudo, é sempre bom olharmos com atenção para aquilo que lemos sobre a matéria porque a crise introduziu efeitos perversos na engrenagem que alteraram todo o perfil até então vigente. A crise levou a uma queda enorme do emprego, (essa era uma das prerrogativas do programa da 'troika'), bem como tornar a mobilidade maior. Isso é claro por mais que se tente dizer o seu contrário. Basta ler o memorando. Só que Portugal não é um país com as características dos países do norte da Europa, nem tem uma tradição de mobilidade que é regra em países como, por exemplo, os EUA. O desemprego aumentou em flecha e não subiu mais dada a onda de emigração que se verificou que foi transversal a várias faixas etárias. Mas o desemprego jovem continuou - e continua - a ser um problema. Aumentou muito de início, mas continua a aumentar embora a taxas negativas, dado que algum emprego que se cria contrabalança o índice, embora não tanto quanto se gostaria, agora mais dificultado pelo regresso de alguns emigrantes que vêm apostar, de novo, no seu país face à melhoria evidente que se verifica da economia em geral. Contudo, a passagem da 'troika' deixou alterações profundas, (potenciadas pela governação anterior que chegou ao despudor de convidar as populações a emigrar!), desde logo o caráter estrutural do desemprego. Pensou-se que seria apenas um fenómeno conjuntural, durante o período do ajustamento, mas cedo se verificou que a estruturalidade do mesmo era evidente. (Mais uma vez aconselho aos interessados a olharem com atenção para o memorando, mesmo depois de algumas das retificações introduzidas). Então chegamos a algo que não deixa de ser curioso: primeiro, o perfil do desemprego assume uma caráter estrutural; segundo, o desemprego vai caindo por efeito, sobretudo, da faixa etária entre os trinta e os quarenta anos; terceiro, o desemprego jovem continua com valores muito elevados embora com crescimento a taxas decrescentes e, quarto, o mercado de trabalho passou a contar com um novo fator, o da precariedade. Como a mobilidade passou a ser a norma, os empregadores, face à maior facilidade de despedimento, aproveitaram esta caraterística que passou a gerar um emprego mais precário e, sobretudo, com o custo do fator trabalho mais baixo. Ao se preferir os trabalhadores numa faixa etária mais elevada, vai-se aliar a experiência, embora a custo mais baixo, induzido pela tal precariedade. Quanto aos jovens, a situação ainda é mais complicada. Estes são recrutados por períodos curtos de tempo, - muitas vezes assumindo até uma certa sazonalidade -, por custos cada vez mais baixos porque estes não têm capacidade reivindicativa de espécie alguma. Com a agravante, de que esta mão de obra jovem é bastante mais qualificada do que é a geração dos seus pais. Claramente, contrata-se mais barato gente com mais qualificações. Todos conhecemos casos de jovens que arranjam emprego por uns meses, a ganharem o salário mínimo, e que são descartados ao fim de algum tempo sendo substituídos por outros, por vezes, até com valores mais baixos. Com a agravante que alguns destes jovens, para além das licenciaturas, têm mestrados e até doutoramentos. Este efeito perverso que foi introduzido no sistema dificilmente de lá sairá porque os pressupostos económicos também foram gerando uma outra realidade. O desemprego cairá, mas dificilmente atingirá os valores anteriores à crise. O chamado 'exército de reserva' que existe em todas as economias, vai continuar, mas agora bastante mais alargado o que permitirá uma maior escolha pelos empregadores mas, por outro lado, baixará o custo deste fator, fruto da maior capacidade de recrutamento e da precariedade que, sorrateiramente, vai condicionando tudo o resto. Daí que, quando olhemos para as estatísticas tenhamos sempre que ter cuidado em ler apressadamente. Quando dou formação a quadros superiores das empresas ou da banca, alerto muito para isto, e por brincadeira utilizo sempre aquela ideia de dois indivíduos sentados à mesa a comer um frango. Um come o frango o outro fica sem comer, contudo, estatisticamente, cada um comeu meio frango. Assim, é sempre de bom aviso, proceder a uma análise mais fina para chegarmos ao cerne do problema, caso contrário, podemos tirar ilações estranhas, para não dizer, mesmo aberrantes.
Sunday, January 14, 2018
Saturday, January 13, 2018
Friday, January 12, 2018
Thursday, January 11, 2018
National Geographic - "Copérnico - O Heliocentrismo"
Chegou às bancas mais um número especial da série Ciência publicado pela National Geographic. Venho alertando para esta coleção especial - uma entre outras - que muito contribuem para o entendimento científico da antiguidade aos nossos dias, usando sempre uma linguagem não demasiado técnica e hermética, este número debruça-se sobre Copérnico. Com o título 'Copérnico - O Heliocentrismo' e o sub título 'Às voltas com a Terra' narra-se o contributo de Copérnico para o conhecimento científico, assumindo a rutura entre o modelo ptolomaico (que vigorou durante quase um milénio) e o seu sistema heliocêntrico. Isto simplesmente colocou o homem mais conforme a sua realidade: já não era o centro do universo, mas um simples viajante num planeta vagabundo. Copérnico nasce em Torun em 1473. Em 1491 ingressa na Universidade de Cracóvia. Em 1503 termina o curso de Direito na Universidade de Ferrara e regressa à Polónia. O seu primeiro sinal evidente prende-se com a publicação do 'Commentariolus' onde antecipa o seu modelo, decorria o ano de 1507. Em 1515 inicia a sua obra transcendental 'De revolutionibus orbium coelestium'. Em 1539 sofre um ataque à sua teoria vindo de Lutero. Curiosamente, mais tarde, a igreja católica iria seguir os mesmos passos e a Inquisição viria a incluir o seu livro no 'Index' onde esteve mais de um século. Só mais tarde com Kepler começa a ser reconhecida a sua obra e o seu enorme contributo para a física atual. Copérnico viria a morrer a 24 de Maio de 1543. Tudo isto e muito mais, com algum detalhe, pode ser consultado nesta edição especial da National Geographic. Com a qualidade gráfica irrepreensível que nos habituou, a National Geographic trás mais um grande nome da ciência que muito influenciou a visão do mundo e a colocou na rota do conhecimento que hoje é comummente aceite por todos. Uma revista a merecer a vossa melhor atenção e a enriquecer a já vasta coleção de ciência publicada. Recomendável a todos os títulos. Mais uma vez, publico um 'fac-simile' da capa da edição espanhola, visto as edições portuguesas, quase nunca aparecerem nos laboratórios de imagens, nem sei bem porquê).
Wednesday, January 10, 2018
Tuesday, January 09, 2018
A 'proporção divina'
Depois da reflexão em torno de π (Pi) buscando a ligação de como a minha afilhada Inês me tratava quando era mais pequena, agora olhemos para algo ainda mais surpreendente, como é a chamada 'proporção áurea' também conhecida por 'proporção divina'. Já pensaram quantas pétalas tem a coroa-de-cristo? Pois, tem duas. E a flor-de-lis? Tem três. E a trombeta dourada? Pois, tem cinco. Se repararem este é o padrão da chamada sequência de Fibonacci. E o que é esta sequência? A sequência de Fibonacci é uma sequência numérica em que cada algarismo resulta da soma dos dois algarismo anteriores. (i.e. 2 3 5 8 13 ...). A distribuição de pétalas numa flor não aparece por acaso, antes resulta duma sequência matemática. Mas o mais curioso é que a sequência de Fibonacci converge sempre para o chamado 'número de ouro', isto é, Φ(Fi)=1,618… . Das pétalas de uma flor à ordem de folhas num galho, dos triângulos isósceles à formação em estrela das sementes das maçãs, passando pela relação entre as pressões sanguíneas médias sistólica e diastólica na aorta, do formato de um molusco, aos ângulos das ligações internas das moléculas fundamentais para a vida como a água, a amónia e o metano, às proporções de partes do corpo humano, tudo converge para a 'proporção áurea'. Muitos artistas já a tinham utilizado antes conscientemente ou não. Ela é assumida em muitas das obras de Leonardo Da Vinci, em seres como o náutilus ou em plantas como o girassol. Apenas para dar alguns exemplos. Mas também nos movimentos da Terra e na disposição dos planetas no espaço sideral. Desde tempos muito remotos que mergulham na Antiguidade Clássica, desde Pitágoras até aos nossos dias, o estudo da "proporção áurea" tem desafiado as mentes mais brilhantes que se questionam sobre o mundo que nos rodeia. Um dos mais recentes e famosos a pensar sobre o tema foi Einstein na sua teoria da relatividade. Isto é algo que nos desafia, desde logo o intelecto, e nos questiona sobre a nossa caminhada no mundo e na envolvência que nos rodeia. A matemática tem coisas tão interessantes quanto surpreendentes. E quando se fala de Φ (Fi) estamos a falar da "linguagem matemática da beleza". Se o falar sobre π (Pi), daria um curso, falar sobre Φ (Fi) daria um outro ainda mais extenso. Porque no mundo, na nossa vida, no mais insignificante objeto, encontraremos sempre uma relação matemática. Afinal "o mundo é matemática".
Monday, January 08, 2018
Sunday, January 07, 2018
Saturday, January 06, 2018
De novo volto a π (Pi)
De novo volto ao tema de π (Pi). Em tempos já o tinha feito em torno da designação pela qual a minha afilhada Inês me tratava. Chamava-me Pi na sua linguagem ainda em busca de vocabulário. Mais tarde, evoluiu para uma forma mais sonora a de Pim. Mas agora, tal como nessa altura, buscando esta feliz coincidência, pretendo centrar-me em torno do valor matemático π (Pi). (A beleza da matemática é esta ser uma ciência que, durante muito tempo, foi considerada hermética. Pela sua evolução muita gente matou e morreu em busca do equilíbrio perfeito. O caso de π (Pi) não foi exceção). Quem gosta e/ou utiliza a matemática na sua vida profissional ou académica conhece este símbolo π (Pi). Ao longo do tempo, este símbolo sempre esteve ligado duma forma ou de outra, ao conhecimento puro sejam quais fossem as civilizações a que aparecia associado. π (Pi) é conhecido na matemática por constante circular, pois estabelece a relação entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência. Trata-se aparentemente de uma coisa simples, mas o valor de π (Pi) é muito estranho - 3,141592653589... (dízima infinita) - porque não nos remete para um número inteiro, como 1, 2, 3, nem para frações de números inteiros, como 1/2, 1/3, 2/3 e assim por diante, os chamados números racionais. É preciso dizer que a escola de Pitágoras atribuía enorme valor aos números racionais, pois acreditava que desempenhavam um papel fundamental no cosmos. Só que π (Pi) não é nada disso. É um número irracional cujas casas decimais se prolongam infinitamente sem repetições ou padrão. E ao se descobrir da importância dum número assim na estruturação da realidade acabou por deixar os gregos antigos chocados. Todas as civilizações terrestres, quando começaram a aprofundar os estudos matemáticos, aperceberam-se desde logo da importância de π (Pi), daí o terem tentado desde cedo calcular o seu valor. Isto aconteceu há quatro mil anos no Egito e na Babilónia, depois na Grécia, na China, na Índia e por aí fora. A ideia de ser uma constante circular conduz-nos à ideia de círculo e este não tem princípio nem fim pelo que se tornou um símbolo de integridade, eternidade, homogeneidade e perfeição. O círculo é a ausência de divisões ou de distinções, é o símbolo da unidade, a ideia de que todos ligados, somos todos um. A diferença é uma mera ilusão. Para os hindus e budistas, o círculo representa renascimento, uma eterna roda da vida e da morte, o tempo que acaba sem nunca acabar, atrás de uma coisa vem outra, em tudo há um ciclo, tudo muda e tudo é igual. O próprio símbolo de yin e yang estão dentro de um círculo. Mas ainda podemos acentuar a ideia dizendo que o círculo é historicamente um símbolo que a generalidade das culturas associa ao mais importante conceito de todos... Deus. (Até a Bíblia faz referência a isso em I Reis 7:23 refere-se a uma bacia de bronze construída no templo de Jerusalém com a relação de π (Pi)). E quando se fala de Deus, estamos a falar de Universo. Para os mais interessados nestas questões, diria que hoje π (Pi) está associado ao Big Bang, ou seja, ao início do cosmos enquanto tal. Está associado à matéria e ao tempo. E se utilizarmos a constante de Planck - que aqui não vou mostrar pela sua extensão e complexidade - veríamos que π (Pi) aparece na temperatura da massa do Universo, isto é, - e ainda segundo Planck -, aparece na mais pequena quantidade de energia possível. Um mundo de que ainda muito desconhecemos - apesar dos inúmeros e gigantescos avanços - que, duma certa forma, poderão conduzir ao próprio mistério da vida. Estes são os mistérios, mas também os desafios da matemática. Uma ciência muito bela que, cada vez mais, se vai formatando à essência de tudo o que nos rodeia sem que, por vezes, dela tenhamos a perceção.
Friday, January 05, 2018
Noite de Reis
E eis-nos chegados ao fim do tríptico natalício. Hoje é a noite de Reis Magos. A Epifania da liturgia cristã. Sem grande tradição entre nós, este dia assume particular importância noutras latitudes, a começar pela vizinha Espanha, onde neste dia existem grandes cortejos sobretudo direcionados aos mais pequenos, que nesta noite recebem os presentes que não são dados no Natal como por cá. Afinal com alguma lógica do simbolismo das oferendas pelos Reis Magos ao Menino Jesus. Com mais ou menos importância, aqui estamos para celebrar o momento em que os reis do Oriente vieram ofertar o ouro, o incenso e a mirra, àquele que era esperado como sendo o Salvador. E deste modo chega ao fim este ciclo que começou com o Advento. Aqui vos deixo os meus votos duma feliz noite de Reis para todos vós!
Thursday, January 04, 2018
Wednesday, January 03, 2018
O que pensará o ET?...
Dei comigo, neste início de ano, a pensar em ET's (extraterrestres)! Talvez influenciado pela leitura que neste momento vai preenchendo o meu intelecto. E não pensem que é uma tolice sem par porque em todo o mundo existem organismos que buscam inteligência extraterrestre, embora sem grande mediatização visto a matéria ser considerada sensível. É o caso dos EUA com o famoso projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) - Procura de Inteligência Extraterrestre - no âmbito da NASA e a ESA (European Space Agency) - Agência Espacial Europeia - que se coordena nesta matéria com os EUA e que tem origem na Europa como a sua própria sigla indica. Mas os meus amigos que me estão a ler neste momento, perguntar-se-ão com toda a razão, afinal o porquê de tudo isto? Tal prende-se com esta época de fim de ano e início de outro, onde quase toda a gente, - a começar pelos media - fazem balanços do ano que findou. E aqui é que a questão se coloca. Se olharmos para os media de todo o mundo, são raros aqueles - se é que existe algum - que nos aponta algo de positivo. Fala-se, normalmente, de guerras, conflitos políticos ou outros, mortes, assassinatos, violações e mais um conjunto de temas que nos deviam envergonhar enquanto espécie (e, tanto mais, uma espécie que se considera inteligente!) E então tento colocar-me no lugar de um qualquer ET, a milhões de anos luz, a receber esta informação que o deixa perplexo, até talvez um pouco confuso, mesmo que seja uma espécie de inteligência bem superior à nossa. Terá logo dificuldade em aceitar isso. E que fará? Como inteligência superior que é, a distância não será problema, e lá virá dentro do seu Ovni, conduzido pelos portais do tempo, e cá chegará num piscar de olhos. Vem ver o que se passa. E então? Pois verá uma espécie que se diz humana e inteligente, a autodestruir-se por tudo e por nada; verá uma espécie dita humana e inteligente, a destruir maciçamente as outras que considera inferiores com requintes de sadismo e malvadez; verá uma espécie que de diz humana e inteligente, a destruir todo o ecosistema em que vive e que o conduzirá à impossibilidade de vida no planeta que habita conduzindo assim ao seu verdadeiro Armagedon. (Afinal por mais civilizados que sejamos estamos sempre a um passo da barbárie). E o nosso ET logo regressará à estrela que habita e dará conta do que viu para incredulidade dos seus semelhantes. Ainda pensarão que uma intervenção da parte deles - mais discreta ou mais musculada - pudesse endireitar as coisas, mas logo abandonariam essa possibilidade porque chegariam à conclusão de que seria melhor que esta espécie se autodestruí-se e dela nenhuma semente sobrasse, porque só assim, o Universo ficaria mais equilibrado. Uma espécie de bíblico Apocalipse que apagaria, como esponja molhada sobre lousa, aquilo que seria o caminho dos terráqueos durante tantos milhões de anos e, afinal, com tão pouco caminho percorrido. O ET, embora desiludido, talvez virasse as antenas para outro lugar e deixasse de tentar em vão comunicar com tal planeta que abriga seres tão estranhos. E mesmo que não encontrasse mais sinais em volta, talvez se ficasse por uma música cósmica e etérea para o fazer esquecer de tão amarga experiência.
Tuesday, January 02, 2018
Monday, January 01, 2018
Feliz Ano Novo 2018
E já passou! Aí está o novo ano de 2018. Cheio de expectativas, anseios e esperanças que cada um de nós lhe cola a seu belo prazer. Mais um ano a somar aos da nossa vida. menos um à esperança futura que temos dela. Depois das luzes, da música, da dança, a realidade aí está a perspetivar-se na sua verdadeira dimensão a quem nenhum de nós pode fugir. As horas de ilusão não chegaram para disfarçar a realidade que a partir de agora seguirá o seu curso, indiferente aos critérios dum qualquer calendário. Que seja um feliz ano para todos é costume dizer-se. Sabemos que não é assim. Terá momentos bons e outros nem por isso, como o anterior e os vindouros. Mas a ilusão, a que muitos chamam esperança, diz-se que é a última a morrer. Por isso, aqui vos quero desejar um Feliz Ano Novo 2018 cheio de saúde, sucesso, amizade, amor e tudo o resto que a vida comporta e que a medida de cada um contempla. Feliz Ano Novo!