Turma Formadores Certform 66

Saturday, March 31, 2018

Intimidades reflexivas - 1223

"Nada existe de grandioso sem paixão." - Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)

Friday, March 30, 2018

Intimidades reflexivas - 1222

"Por mais que a vida tenha um sentido, só conhece o combate eterno que os deuses travam entre si, ou, evitando a metáfora, só conhece a incompatibilidade dos pontos de vista últimos possíveis, a impossibilidade de regular os seus conflitos e portanto a necessidade de se decidir a favor de um ou de outro." - Max Weber (1864-1920)

Thursday, March 29, 2018

Intimidades reflexivas - 1221

"Deus criou o nosso tom de pele de belos diferentes matizes, mas as nossas almas têm todas a mesma cor." - Dave Willis

Wednesday, March 28, 2018

Feliz Páscoa!

Estamos a caminhar ao longo da semana maior da liturgia cristã, a chamada Semana Santa, que culminará na Páscoa. Sempre que chego a esta altura muitas interrogações ocupam o meu intelecto. Desde logo a mais pungente que é a morte dum ser crucificado, a morte mais horrível que a imaginação humana concebeu. Mas essa morte dum inocente deveria ser a redenção do ser humano como de todos os seres viventes sobre a Terra. Mas não, esta data libertadora que clama pela vida, torna-se um símbolo de morte, sempre horrível, para muitos seres que partilham connosco a estrada da vida. E isso incomoda-me porque parece ser uma contradição, - mais uma -, tão típica do ser dito humano. Em nome da sua gula, em nome de alguns minutos de prazer gastronómico, são sacrificados inúmeros animais para que o ser humano possa celebrar uma data redentora onde a vida é amplamente celebrada. Contradições enormes em que caímos diariamente. Mas estas atitudes têm milhares de anos, o que não as torna tradição, - como alguns afirmam para aliviar as consciências -, mas demonstra que afinal o ser dito humano evoluiu muito pouco durante todo este tempo. E para aqueles que acham que tudo isto não tem sentido, recordo o Evangelho de Marcos, onde se diz que os animais foram os primeiros a ver e a celebrar a natividade de Jesus à mais de dois mil anos atrás. E, se mesmo assim, acham tudo isto natural, porque não reeditar as famosas lutas de gladiadores ou outras, como ver seres humanos serem trucidados por feras num qualquer circo, em nome do espetáculo humano. Era também uma tradição e foi-o por muitos tempo. Demasiado tempo. Então porque acabou? Porque não continuar com ela? Porque sacrificar animais inocentes que não entendem porque têm que enfrentar a morte horrível, - tal qual esse Homem enfrentou à dois mil anos -, pendurado numa cruz. Confesso que estas datas que são de festa para muita gente, me trazem sempre muita angústia quando penso em tudo isto. Será que a Humanidade só sabe celebrar festas onde haja sangue, agonia e morte, seja de seres seus semelhantes, seja de animais? Porque será que a nossa espécie é incapaz de viver o mistério da vida, é incapaz de caminhar lado a lado com outras espécies, sem as destruir ou aniquilar, sempre com a vã glória de mandar, de submeter, de esmagar? Nesta altura, (como em outras festividades do género), acabo sempre por não desfrutar delas porque um sentimento maior se me impõe. A vida deveria ser celebrada com a vida e não com a agonia e morte de outros seres. Mas é assim. Ainda é assim. Acredito que um dia será diferente. Mas por enquanto continuamos a viver do crime de tirar a vida a outros seres apenas e só em nome da gula a que muitos chamam... tradição! Maldita tradição que só nos conduz para o mal. É com este sentimento confuso e de coração apertado que vos desejo uma Feliz Páscoa. Se possível sem nenhum cadáver sobre a mesa porque só assim, a Páscoa se celebrará em plenitude. Boa Páscoa!

Tuesday, March 27, 2018

Intimidades reflexivas - 1220

"Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas." - Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

Monday, March 26, 2018

Intimidades reflexivas - 1219

"Não se esqueçam de olhar para cima para as estrelas, em vez de olharem para baixo para os 'tennis'." - Stephen Hawking (1942-2018)

Sunday, March 25, 2018

Domingo de ramos

Mais um domingo de ramos se celebra. Este passou a ser um dia muito importante para mim. É, de certo modo, o dia dos padrinhos. Tal como a imagem bíblica da receção e festa em torno da entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, cá em casa, temos a receção sempre calorosa e a alegria contagiante da nossa afilhada Inês. Irrompe pela casa como um furação. Sempre alegre e prazenteira, com as suas lembranças para os seus padrinhos. Também receberá os seus presentes, mas o mais importante é a sua presença sempre luminosa, um facho de luz intenso a iluminar a nossa casa e a aquecer os nossos corações. Daqui a pouco ela aqui estará. Este ano vai almoçar connosco na nossa casa. Já está mas crescida e com um entendimento bem mais apurado. Uma senhorinha que ainda à pouco era uma criança que embalávamos nos braços. O tempo passa rápido e nem damos por isso. Ela a evoluir para a sua maturidade e nós a envelhecermos e a aproximarmos mais e mais do fim do caminho. Mas a vida é assim e tem que ser encarada com esta filosofia que nada podemos fazer para alterar. Felizes daqueles que, como nós, ainda têm um sorriso alegre a moldar as vossas vidas. Bom domingo de ramos para todos, especialmente, para aqueles que, tal como nós, são padrinhos. Afinal este é o nosso dia.

Saturday, March 24, 2018

Mudança da hora

Portugal continental : Em conformidade com a legislação, a hora legal em Portugal continental: será adiantada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.

Região Autónoma da Madeira: Em conformidade com a legislação, a hora legal na Região Autónoma da Madeira: será adiantada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.

Região Autónoma dos Açores: Em conformidade com a legislação, a hora legal na Região Autónoma dos Açores: será adiantada 60 minutos às 0 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.

Friday, March 23, 2018

Intimidades reflexivas - 1218

"É fácil trocar as palavras, difícil é interpretar os silêncios! É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar! É fácil beijar no rosto, difícil é chegar no coração!" - Fernando Pessoa (1888-1935)

Thursday, March 22, 2018

Intimidades reflexivas - 1217

"Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." - Antoine de Saint- Exupéry (1900-1944)

Wednesday, March 21, 2018

A maratona da leitura

Ontem tive um fim de tarde diferente. Fui assistir à maratona da leitura em que a minha afilhada Inês participou. Para além das canções e encenações em que os jovens da escola de teatro participaram, - e em que a minha afilhada não deixou de dar a sua contribuição -, fiquei muito agradado por ver tantos jovens a ler textos e poesia num dos locais mais apropriados para isso, uma biblioteca escolar. Belos textos de Pessoa e dos seus heterónimos, de Sophia, e de tantos outros, para além de contos infantis, ditos por pais, professores, educadores, assistentes e voluntários, para além de alguns jovens que também não quiseram deixar passar ao lado o evento. (Apesar de alguns continuarem afundados nas suas tecnologias redutoras, enquanto o espetáculo decorria. Esses seguramente ficarão ao lado desta estória. Serão a exceção a confirmar a regra). Essa atitude deixou-me uma esperança vincada no futuro. Ainda há gente que lê e muito, e jovens que, para além de tudo o que os distrai no mundo em redor, ainda conservam um tempo para dar à leitura e à cultura. Penso que eventos destes deveriam ter uma replicação ao longo do ano, e não ser só um acontecimento anual. Porque é de pequeno que se vai criando o gosto pela leitura e pela cultura que tanta falta faz aos jovens para outras matérias. Muitas vezes, incompreensões de outras áreas do saber, como por exemplo a matemática, resulta duma incapacidade de interpretar, que não é mais do que um défice de leitura e do domínio daquilo que é a sua língua materna. Definitivamente esta é a minha praia (perdoem-me o plebeísmo) porque acho que é por aqui que o caminho se deve fazer. Que é mesmo urgente fazer. Saí satisfeito e de coração cheio. No início não sabia bem ao que ia, mas em breve percebi, que ia mesmo valer a pena ali estar. E estive com gosto e satisfação. Já estou ansioso pela próxima maratona que, infelizmente, só terá  lugar no próximo ano. Mas este é o trilho a seguir. Espero que seja também uma motivação para os mais jovens a começar pela minha afilhada Inês. Porque só assim, estes jovens se vão libertando das grilhetas da ignorância. Os meus parabéns à organização. Tudo correu pelo melhor com a informalidade que também é importante nestes eventos.

Intimidades reflexivas - 1216

"A maldade é comerem-se os homens uns ao outros, e os que a cometem são os maiores, que comem os pequenos." - Padre António Vieira (1608-1697) in 'Sermão de Santo António aos Peixes'.

Tuesday, March 20, 2018

E chegou a primavera!...

O Equinócio da Primavera ocorre hoje dia 20 de Março às 16h15 min. Este instante marca o início da Primavera no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 92,79 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Junho às 11h07 min. Os instantes estão referenciados à hora legal. Já agora um esclarecimento: o Equinócio é o instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, passa no equador celeste. A palavra de origem latina 'aequinoctium', agrega o nominativo 'aequus' (igual) com o substantivo 'noctium', genitivo plural de 'nox' (noite). Assim significa “noite igual” (ao dia), pois nestas datas dia e noite têm igual duração, tal é a ideia que perpassa na sociedade. Mas, filosofias à parte, o importante é que a primavera aí está com o seu colorido a tornar os nossos dias mais alegres e felizes.

Intimidades reflexivas - 1215

"O tempo, como o mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro inferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo, que são estes instantes do presente que vamos vivendo, onde o passado se termina e o futuro começa." - Deana Barroqueiro in '1640'

Monday, March 19, 2018

Dia do Pai

Celebra-se hoje o Dia do Pai. É também o dia de São José. Curiosamente, na minha infância, o dia do Pai não tinha a projeção que hoje tem, mesmo nas escolas da época. O dia do Pai passava despercebido a quase todos nós. Mas o dia de São José já tinha um significado diferente. Era o dia onde as pessoas ligadas à agricultura, - e eram muitas na época -, iam comprar as suas alfaias agrícolas. Era um dia de romagem e de romaria, no Portugal pequeno de antanho. Para mim, como era o dia de São José, o mesmo nome do meu avô materno e padrinho, (e meu também), era como se fosse um dia dedicado a ele e também a mim. Na simplicidade duma criança esta era a leitura mais óbvia e ingénua que então fazia. Só muito mais tarde, o Dia do Pai começou a ter uma expressão bem mais significativa, como acontece hoje, com a visibilidade que a escola lhe dá. As crianças vão assim educados na festividade do dia e do seu real significado. Depois desta pequena diatribe sobre a minha meninice, aqui quero desejar um feliz Dia do Pai a todos os pais do meu país e do mundo inteiro. Àqueles que ainda o têm o celebrem bem na sua companhia, aos outros que já os perderam que lhe venerem a memória. Um feliz Dia do Pai!

Sunday, March 18, 2018

Intimidades reflexivas - 1214

"Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente: Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bebé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voilà! Acaba como um orgasmo!" - Woody Allen

Saturday, March 17, 2018

Intimidades reflexivas - 1213

"Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir." - Séneca (4 a.C.-65 d.C.)

Friday, March 16, 2018

Intimidades reflexivas - 1212

"Sonhei que estava sonhado / Que passados cem Janeiros / Os portugueses primeiros / Se levantariam em bando. // Quando tiverem por certo / Perdida toda a esperança / Portugal terá bonança / Na vinda do Encoberto." - Gonçalo Annes Bandarra (1500-1556)

Thursday, March 15, 2018

Intimidades reflexivas - 1211

"Não leves a vida tão a sério. Nunca sairás vivo dela." - Elbert Hubbard (1856-1915)

A propósito de uma reportagem da TSF

Mais uma vez volto a falar da Margarida Ferreira. Esta Senhora tem o condão de ter um coração grande para apoiar animais em dificuldades, - normalmente abandonados e maltratados na rua -, bem como aqueles outros, que estão no canil municipal à espera da sua derradeira hora. Sigo a Margarida há muito tempo, e vejo bem a obra que tem feito em prol dos animais. Já resgatou duma morte certa cerca de mil e isso é o seu testemunho, que acho até que pode incomodar os seus detratores. Mas a Margarida é uma mulher forte, resiliente, uma lutadora que se não deixa abater por qualquer coisa. Tal como uma fénix, ela vai renascendo quando já todos a dão em cinzas, e cada vez mais forte e determinada. Isto vem a propósito duma bela reportagem feita pela TSF sobre a Margarida. Uma de tantas outras de que já foi alvo, e a que outras se lhe onde seguir certamente. Nos comentários feitos à reportagem vi alguns que me deixaram incomodado. Sei que a Margarida por vezes utiliza uma linguagem desbragada, - e quem a não utilizava se se sentisse na sua pele -, mas o puritanismo de alguns faz com que falem de ânimo leve sem tentarem, pelo menos, perceber a envolvência. A Margarida tem tido alguns problemas profissionais de que, ao que julgo saber, estará a ultrapassar com sucesso, - mas nisso não me vou intrometer -, mas para além disso, tem uma doença complicada que por vezes a coloca quase à beira da imobilidade. Sei que isso pode não ser justificação capaz para algumas mentes despoluídas, mas podem crer que quando assim é, o desespero fala mais alto. E quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra. (Sei que muitos atiram não a primeira, mas uma série delas, escondendo o espelho atrás das costas, para que não vejam refletida a mesma imagem de si próprias em circunstâncias idênticas). Todos sabemos que a Margarida é uma pessoa incómoda, desde logo pela sua atividade com os animais, que envergonha quem deles faz negócio ou promoção pessoal em vez de os defender, coisa que a Margarida não faz, pondo o interesse dos animais à frente de tudo o resto. A reportagem da TSF começava com este título 'A mulher de armas que ama os animais' e na sua síntese podia ler-se 'No Dia Internacional da Mulher, fique a conhecer o trabalho de uma mulher que tem no amor pelos animais a sua principal ocupação.' Sei que estas frases podem perturbar muita gente, sobretudo aqueles que nela não se revêm, sempre prontos a apontar o dedo. Sobretudo, aqueles defensores da moral pública que da defesa dos animais apenas sabem fazer 'like' e 'share' e acham que já merecem a sua estátua no quintal. Meus amigos, a Margarida é muito superior a isso tudo, está para além do entendimento duns tantos, e tem uma obra que fala por si. Sei que a Margarida não precisa que a defendam porque tem força e argumentos que, melhor do que ninguém, serão o seu testemunho. Mas confesso que a natureza humana me surpreende. Porque se há pessoas a quem a Margarida incomoda com a sua linguagem, pois podem sempre bloqueá-la e passar à frente, e se não o fizeram, é por aquele 'voyeurismo' muito característico dos portugueses. Aliás, anda tanta gente a utilizar uma linguagem bem áspera nestes espaços e sem a dimensão da obra da Margarida, e não vejo ninguém vir a terreiro mostrar o seu desagrado. Será que tem que ser assim porque a Margarida tem uma visibilidade mediática que outros não têm? É que por vezes, por trás dum certo puritanismo, escondem-se outras questões bem menos prosaicas. Seja como for, aqui afirmo de novo, que para mim é uma enorme honra ter a Margarida no meu espaço de amigos. (E olhem que, como sabem, sou muito cuidadoso com as palavras e textos que publico, mas sempre soube compreender a situação e dar a devida distância porque percebo que, por vezes, não pode ser diferente. Cada um tem a sua maneira de reagir, mas isso não pode assombrar tudo o resto. É sempre importante ser capaz de ver para além do óbvio). Estou certo que ela continuará, enquanto as forças o permitirem, a ser um bastião para os animais desafortunados que, infelizmente, são inúmeros no nosso país. E termino como a TSF terminou a sua reportagem 'Uma coisa é certa para Margarida: não vai parar o que começou há quatro anos e meio.'  E Portugal precisa tanto de pessoas como a Margarida para fazer face a tanta miséria que por aí anda. Assim, sem mais adjetivos.

Wednesday, March 14, 2018

Morreu Stephen Hawking (1942-2018)

Morreu hoje Stephen Hawking aos 76 anos de idade. Stephen Hawking para além dos estudos de Física, nomeadamente na Teoria das Cordas e na Física Quântica, foi o homem que, pela primeira vez, demonstrou a sensiência dos animais, e que faz parte da chamada Declaração de Cambridge. Professor de matemática nessa Universidade, foi um dos mentores da chamada 'Teoria do Tudo'. Que descanse em paz!

Intimidades reflexivas - 1210

"Não ter inimigos se tem por felicidade, mas é uma tal felicidade que é melhor a desgraça de os ter que a ventura de os não ter; pode haver maior desgraça que não ter um homem bem algum digno de inveja?" - Séneca (4 a.C.-65 d.C.)

'1640' - Deana Barroqueiro

Trago-vos um livro muito interessante sobre a nossa História, precisamente dum dos períodos mais importantes que foi a libertação do domínio castelhano que se estendeu por 60 anos. O livro tem por título uma data '1640' - precisamente a data da restauração de Portugal - e a sua autora chama-se Deana Barroqueiro. É importante a abordagem que faz e a desconstrução desse período da História bem diferente nos seus contornos do que aquela que nos é ensinada nas escolas. O que é normal visto estarmos a fazer uma espécie de 'zoom' sobre esta data e vermos as coisas com contornos bem mais definidos. Na sinopse do livro pode ler-se: "1640 é um marco fundamental na História de Portugal, o da Restauração da Independência, após 60 anos de domínio espanhol, quando os portugueses se revoltaram e elegeram um rei português, D. João IV. O romance surge na sequência do D. Sebastião e o Vidente, depois do trágico fim da monarquia de Avis e anexação de Portugal pela Espanha. A acção decorre entre 1617 e 1667, período riquíssimo em factos, dramas e personagens, que lutam pela sua libertação e sobrevivência, face a uma crise social, económica e política, imposta por Filipe IV/Olivares, coadjuvados por Diogo Soares e Miguel de Vasconcelos, um triunvirato que só terá paralelo na Troika de 2011. Quatro guias singulares conduzem o leitor nesta viagem ao passado, através dos seus dramas pessoais e colectivos: o poeta proscrito Brás Garcia Mascarenhas, autor da epopeia Viriato Trágico; a professa Violante do Céu, a Décima Musa da poesia barroca, enclausurada no convento; D. Francisco Manuel de Melo, o maior prosador ibérico do século XVII, prisioneiro na Torre; e o Padre António Vieira, o mais brilhante pregador do seu tempo, a contas com a Inquisição." Todo um período que passa por Portugal e, obviamente, por Espanha, mas também pelo Brasil e África (as possessões portuguesas no mundo). Sobre Deana Barroqueiro, a autora, é uma norte americana que emigrou para Portugal aos dois anos de idade, onde permaneceu e onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Foi professora, tendo sido premiada na sua terra natal, bem como em Portugal. Este livro merece a vossa atenção porque trata um tema importante duma forma apelativa que quase nos obriga a devorá-lo até ao fim apesar das suas inúmeras páginas. Um livro que recomendo vivamente aos amantes de História mas também ao público em geral que gosta de conhecer melhor os eventos que deram forma ao Portugal que hoje conhecemos. A edição é da Casa das Letras.

Tuesday, March 13, 2018

No 5º aniversário do papado de Francisco

Passam hoje cinco anos sobre a eleição do Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio, é o 266.º Papa da Igreja Católica e com ele veio uma lufada de ar fresco que tenta soprar a poeira dos corredores do Vaticano. Um Papa popular, um homem que como ele diz 'saiu da Igreja para vir ter com o povo', fez dele um dos papas mais populares da História. Mas nem tudo têm sido rosas. Desde o tentar limpar as relações obscuras do Banco do Vaticano, até aos escândalos de pedofilia no seio da Igreja que ele tenta reprimir com veemência, têm feito dele um Papa inconveniente para a bafienta Curia. Daí esta figura controversa no Vaticano: querida fora dele; olhada de soslaio dentro. Sempre que se tenta atingir interesses instalados, conluios secretos, manobras temerárias, acaba-se sempre por enfrentar obstáculos enormes. E estou convicto que a luta intestina que diariamente enfrenta é de monta e difícil. Julgo até que a indicação da sua fragilidade física tenta trazer para a ribalta um certo receio que ele tem de que algo lhe pode acontecer, sempre rodeado dum certo mistério, como é normal nos corredores vaticanos. A morte de João Paulo I que nunca foi cabalmente esclarecida, deve pesar muito no seu pensamento, como pesa no pensamento de muitos dos fiéis. Este pode ser o Papa da rutura, aquele que revelará o que até agora foi ocultado. Segundo algumas profecias, das quais as de Nostradamus são as mais difundidas, este será o último Papa da Igreja Católica. Depois, ainda segundo Nostradamus, será o fim dos tempos. Para as teorias apocalípticas poderá significar o fim do mundo; para as teorias mais evolucionistas será o cisma da Igreja Católica e o renascer dum outro tempo. Poderá ser uma destas duas coisas ou, por outro lado, algo bem diferente que até agora ainda não foi dito. Seja qual for a evolução da situação, o Papa Francisco será sempre um Papa que trouxe uma certa leveza a uma Igreja empoeirada onde se respirava com muita dificuldade. Talvez tenha sido esse desígnio o de irem buscar 'um Papa ao fim do mundo', como ele afirmou a quando da sua eleição, para endireitar o que parecia não ter remédio. E logo um jesuíta a quem o rigor, o estudo e o raciocínio estruturado são peças básicas do pensamento. Por agora, e profecias à parte, apenas resta dar os parabéns ao Papa Francisco por estes cinco anos de papado que tão brilhantemente tem desempenhado, atraindo muitos jovens para os quais a Igreja nada dizia. E isso faz toda a diferença.

Intimidades reflexivas - 1209

"Que é este mundo, senão um mapa universal de misérias, trabalhos, perigos, desgraças e mortes? E à vista de um teatro imenso, tão trágico, tão funesto, tão lamentável, aonde cada reino, cada cidade e cada casa continuamente mudam a cena, aonde cada sol que nasce é um cometa, cada dia que passa um estrago, cada hora e cada instante mil infortúnios, que homem haverá (se acaso é homem) que não chore?" - Padre António Vieira (1608-1697)

Monday, March 12, 2018

Intimidades reflexivas - 1208

"O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa." - Eduardo Galeano (1940-2015)

Sunday, March 11, 2018

Intimidades reflexivas - 1207

"A música é a aritmética dos sons, como a ótica é a geometria da luz." - Claude Debussy (1862-1918)

Saturday, March 10, 2018

Intimidades reflexivas - 1206

"God provides nuts but he won't crack them." - Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

Friday, March 09, 2018

Intimidades reflexivas - 1205

"A música é o prazer experimentado pela mente humana ao contar sem dar-se conta de que está a contar." - Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716)

Thursday, March 08, 2018

Dia Internacional da Mulher

Celebra-se hoje o Dia Internacional da Mulher. Coisa estranha esta de haver dias para tudo. Mas se há dias sem sentido, este é um deles. Porque dá sempre lugar a falsos atos de contrição. Basta olhar para a maneira como a mulher é tratada todos os dias. Desde o namoro até praticamente ao dia em que deixa este mundo. A violência que se exerce sobre ela em nome, muitas das vezes, de coisas tão prosaicas que até nem dá para acreditar. O modo como se exerce a violência sobre as mulheres é refinado e começa bem cedo. Na escola, no namoro, muitas vezes no seio do casal onde a mulher para além de escrava é um mero objeto de prazer sexual. Já para não falar nas afirmações sexistas, que também são uma forma de violência, na segregação de género que ainda hoje existe em muitos postos de trabalho, mesmo em organizações prestigiadas e de grande visibilidade. E não pensem que isto é uma má avaliação minha porque conheço, infelizmente, muitas destas realidades. E depois vamos todos contentes celebrar o dia disto e daquilo em nome dum qualquer peso de consciência quando transformamos a mulher num objeto. Certo é também, que muitas mulheres criam as condições para isso, aceitando inclusive, estes maus tratos como uma prova de amor! Ainda há quem pense assim. Como já por vezes aqui afirmei, tenho alguma dificuldade em celebrar o dia disto e daquilo, e menos ainda, o Dia da Mulher. Porque dias da Mulher, da Mãe e outros que tais, deveriam ser todos os do calendário. Não pensem que estou aqui em busca dum qualquer populismo. Acho mesmo um disparate celebrar um dia destes, quando todos os restantes do ano se pratica o seu contrário. É apenas uma opinião. A minha. Nada mais do que isso.

Em nome de quê?

Temos vindo a assistir a imagens horríveis que nos chegam da Síria. Desse 'inferno na terra' para usar a feliz expressão  e António Guterres, o atual secretário geral das ONU. Fala-se da Síria, como se poderia falar do Iemen do Sul, do Sudão, do Iraque, ou doutros 'infernos' que por esse mundo são cada vez mais. O desígnio do ser dito humano parece que sempre foi esse, o de se auto destruir, pelas armas, alterando as suas condições ambientais, ou outra qualquer, mas todas com um traço comum, a sua auto destruição. Mas voltemos à Síria. Que se passa naquele país que já foi um verdadeiro campo verdejante e que hoje está em ruínas? Como sobrevive aquela gente acossada de dia e de noite vítima da tirania dum líder, que em nome duma qualquer balelice empurra para a morte os seus concidadãos? Que futuro haverá quando os jovens nem acesso à escola têm? Como olhamos para isto face às mentiras que o regime e os russos espalham pelo mundo? Porque no indignamos, nós os ocidentais, que também não temos as mãos totalmente limpas? Afinal porque é que este 'inferno' está a acontecer? Tudo se resume a uma simples palavra 'ganância'. Sim, a mesma ganância que levou o ocidente a interferir no Iraque em nome do fim duma tirania, cujo tirano tinha sido adestrado e financiado pelo ocidente e que tinha, afinal, o petróleo como fim último! A mesma ganância que faz com que se destrua a Síria e o seu povo indefeso, também ela vítima dum líder educado e treinado no ocidente!  O mesmo ocidente que criou Bin Laden, os talibãs, o daesh! Afinal onde anda essa moral? Que moral tem o ocidente a quem apenas interessa a riqueza do subsolo desses países, seja o petróleo ou outra? Que lágrimas de crocodilo se vertem quando se maquinam estes conflitos por trás da cortina? Demasiadas interrogações para um drama ainda maior que é o das populações acossadas que fogem à miséria, à guerra, à morte e invadem em bandos o ocidente, especialmente a Europa. Essas migrações, que irão dentro de algum tempo, mudar a configuração do ocidente e da sua cultura. A mistura cultural trás sempre isso, a absorção por ambos os lados, de gestos, culturas, termos linguísticos, mentalidades, que irão descaracterizando o cidadão ocidental. Em breve pagaremos o preço, elevado certamente, daquilo que espalhamos pelo mundo. A quem interessa isto? O fim das migrações só será conseguido com o fim das guerras nos seus países de origem. Mas elas não acabam. Porquê? Pelo chorudo negócio das armas, dos interesses, da diplomacia de sangue que, talvez em nome duma qualquer ordem nova mundial, vai redesenhando o mundo. No entretanto, as populações civis indefesas são os peões neste imenso tabuleiro da geopolítica. Estas são as verdadeiramente sacrificadas nos altares da ganância seja na Síria ou noutro 'inferno' qualquer. 

Wednesday, March 07, 2018

Da Itália para a Europa

Durante muito tempo a União Europeia (UE) ignorou - para não dizer hostilizou - a Itália durante a crise dos refugiados. Parece que era assunto interno italiano e não europeu. (Até o ex-presidente francês Sarkozy, - ele que é filho de emigrantes -, dizia que ia fechar as fronteiras!!!) Mas em breve esta leva de emigração começou a alastrar por toda a Europa e, só aí, é que a UE parece ter acordado verdadeiramente para o problema. Nesses anos de confusão e apreensão, foram surgindo partidos cada vez mais radicalizados, hostis aos emigrantes, mas também com ideias anti-europeias, que foram tendo cada vez mais apoio junto das populações com a bitola populista vem vincada. (É preciso dizer qque estas forças políticas não praticam nem aceitam os valores democráticos, que até rejeitam). Hoje a Europa está cada vez mais acossada por partidos - alguns no governo de alguns países - de caráter fascisante, xenófobo e racista. A Itália, até pelas razões que expus atrás, não foi exceção. Curiosamente, ou talvez não, desde o fim da II Guerra Mundial e da queda do fascismo e do nazismo, nunca se libertou totalmente destas forças, que foram sobrevivendo duma forma subreptícia aparecendo cada vez com mais visibilidade à medida que o tempo avançava. Na Itália há uma grande tradição fascizante com bastante apoio, e basta olhar para o partido da Liga do Norte, de índole fascista, para percebermos o imbróglio em que a Itália está metida. Mas não é só a pátria de Garibaldi que se vê nesta encruzilhada, mas a Europa, que também não foge a tal desiderato. Ontem, um jornal italiano, - se bem me recordo o Corriere della Sera -, dizia que a Itália estava transformada num bordel depois do ato eleitoral. E tem razão. Porque ou o Partido Democrático usa de mais pragmatismo e faz uma aliança com o Movimento 5 Stelle ou deixa aberta a porta a uma coligação da Liga com o partido de Berlusconi, caindo num aglomerado de partidos xenófobos e anti-europeístas. Isto que parece ser longínquo e nada nos dizer, tem mais a ver com o nosso futuro do que parece. A Itália é um dos grandes países do sul e uma força importante no equilíbrio europeu com os países do norte, daí a relevância das últimas eleições. A Europa já desequilibrada pode vir a sofrer ainda mais desequilíbrios fruto do caminho que a Itália tomar. Os populismos estão em crescendo um pouco por todo o lado - os EUA são disso o maior exemplo - mas estes movimentos na Europa têm um impacto bem diferente. A UE, para o bem e para o mal, criou um espaço de convívio e de paz, numa Europa que ao longo dos tempos sempre foi um enorme campo de batalha. Daí a importância de a manter unida e estável o mais possível. O caminho que a Itália seguir será um prenúncio do que por aí virá para todos nós.

Tuesday, March 06, 2018

Intimidades reflexivas - 1204

"Depois do silêncio, aquilo que mais se aproxima da expressão do inexpressável é a música." - Aldous Huxley (1894-1963)

Monday, March 05, 2018

Intimidades reflexivas - 1203

"Considero que o ritmo é uma parte primordial e até essencial da música: acredito que é possivelmente anterior à melodia e à harmonia, e, na verdade, tenho uma preferência secreta por este elemento." - Olivier Messiaen (1908-1992)

Sunday, March 04, 2018

Intimidades reflexivas - 1202

"As pessoas acusam-me de ser matemático, mas eu não sou um matemático, sou um geómetra." - Arnold Schönberg (1874-1951)

Saturday, March 03, 2018

Talvez ainda se lembrem!...

Talvez ainda se lembrem desta primeira foto. Tratava-se de duas cadelas bebés que foram abandonadas num quintal bem perto da minha casa. Já lá vão dois anos, foi em fevereiro de 2016. Deram-me conhecimento do caso e pediram-me ajuda. Nem sempre as coisas correm bem e céleres quanto se deseja. Mas este caso até foi rápido e de desfecho feliz. Elas acabaram por ser adotadas em conjunto pelo senhor Pedro Cunha. Passados alguns meses este senhor enviou-me fotos delas, que podem ver na segunda foto. E anteontem, o senhor Pedro Cunha voltou-me a enviar fotos das mesmas, hoje já com mais de dois anos de idade, que é a terceira foto da série. Confesso que me emocionei e fiquei de coração cheio. Porque é sempre bom vermos que quando tentamos que animais abandonados sejam adotados, nem sempre sabemos o que os espera. Desta feita, tudo correu bem. Nem sempre as coisas correm assim, mas quando correm, ficamos de facto, muito felizes. Quero aqui agradecer de novo ao senhor Pedro Cunha pela amabilidade do envio das fotos, mas também, e sobretudo, pela maneira como tem essas duas cadelinhas tão bem tratadas para quem busquei refúgio. Um bem haja pela adoção. São pessoas assim que nos fazem acreditar num mundo bem diferente e para melhor. Obrigado, senhor Pedro Cunha do fundo do coração!

Friday, March 02, 2018

112 anos ainda e sempre as memórias

Faria hoje 112 anos se ainda por cá andasse a minha Avó e madrinha Margarida! Há muito que partiu. Desde que nasci até vê-la partir, a minha Avó foi a minha mentora. Mulher de índole forte e determinação tenaz. Com ela cresci e praticamente com ela fui educado. Era a minha segunda mãe. A recordação que tenho dela, era duma companheira que estava sempre por perto nos bom, mas sobretudo, nos maus momentos. A foto que publico retrata isso mesmo, a minha Avó sempre presente. Aqui teria eu cerca de 8 anos. Estava na escola primária, como então se chamava, e, anualmente, a escola fazia um passeio com os seus alunos. Eu sempre participei e os meus avós e padrinhos, sempre me acompanharam. Esta foto foi tirada em Santa Maria da Feira, pelo meu avô, numa visita que por lá fizemos. Mais de 50 anos passaram sobre esta foto, e as recordações são as mesmas. Até parece que estou lá neste momento com eles. Recordações duma parte da minha vida que aqui quero partilhar e assim, de certo modo, homenagear aqueles que foram os meus maiores desde os primórdios da minha vida até à idade adulta. Esta é mais uma efeméride, desta feita um nascimento, mas sempre com o travo amargo da ausência, que apesar dos anos, nunca foi esquecida. Lá onde estiveres minha Avó, Margarida, tem um feliz aniversário. Que estejas em paz!

Thursday, March 01, 2018

Intimidades reflexivas - 1201

"O vaso dá forma ao vazio, e a música ao silêncio." - George Braque (1882-1963)