Friday, August 31, 2018
Thursday, August 30, 2018
Wednesday, August 29, 2018
Tuesday, August 28, 2018
Monday, August 27, 2018
Sunday, August 26, 2018
Saturday, August 25, 2018
Edição comemorativa no centenário de Leonard Bernstein
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30 anos depois do incêndio do Chiado
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No centenário do nascimento de Leonard Bernstein (1918-1990)
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Friday, August 24, 2018
4 anos depois...
Thursday, August 23, 2018
Wednesday, August 22, 2018
Tuesday, August 21, 2018
Intimidades reflexivas - 1232
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Monday, August 20, 2018
Sunday, August 19, 2018
Saturday, August 18, 2018
Friday, August 17, 2018
"A Chegada das Trevas" - Catherine Nixey
Todos nós nos temos insurgido com as barbaridades do daesh, não só as atrocidades feitas sobre pessoas, mas também sobre a cultura. Todas as vozes do Ocidente se ergueram quando foram conhecidas a bárbara destruição na cidade histórica de Palmira na Síria, que é património da Humanidade. Eu fui uma dessas pessoas, até que alguém me chamou a atenção para este fantástico livro de título "A Chegada das Trevas", com o subtítulo 'Como os Cristãos destruíram o Mundo Clássico' da autoria de Catherine Nixey. Sempre me considerei um espírito aberto e assim parti para a leitura do livro sem preconceitos. Sabia que tudo o que os antigos cristãos tinham feito nem sempre teria aquela aura transcendental que nos querem 'vender'. Mas confesso, que não estava à espera de tanto. Se o daesh tinha destruído Palmira, já antes o mesmo tinha acontecido pelas mãos dos cristãos. A estátua de Atena é bem o exemplo. Depois de ter sido destruída pelos cristãos, foi reconstruída pelos arqueólogos vindo agora a voltar a ser destruída pelo daesh. O mais curioso é que se invocaram, praticamente, as mesmas razões. Há um par de anos atrás, estive no Egito e, como muitas outras pessoas, fui visitar alguns locais históricos. Entre eles visitei o que resta do Templo de Ísis em Filas. Apercebi-me que parte da estatuária e do friso tinham sido destruídos. Pensei que fosse a erosão do tempo. Notei algum incómodo no guia que me acompanhava. Afinal eu era Ocidental e como tal cristão. Só agora percebi a razão de tal mal-estar. É que o imperador Justiniano procedeu à destruição do belo friso do Templo de Ísis em Filas no Egito e mais tarde, um general cristão esmagou os rostos e mãos das imagens 'demoníacas'. Tudo em nome da religião... cristã! Este livro fala sobre tudo isto. Do modo como o Cristianismo se impôs pela violência e intransigência, bem longe daquilo que nos fazem crer nos nossos dias e, talvez, bem diferente daquilo que Jesus pregou. Curiosidades que nos incomodam. Na sinopse do livro lê-se: "A Chegada das Trevas é a história largamente desconhecida - e profundamente chocante - de como uma religião militante pôs deliberadamente fim aos ensinamentos do mundo clássico, abrindo caminho a séculos de adesão inquestionável à "única e verdadeira fé". O Império Romano foi generoso na aceitação e assimilação de novas crenças. Mas com a chegada do Cristianismo tudo mudou. Esta nova fé, apesar de pregar a paz, era violenta e intolerante. Assim que se tornou a religião do império, os zelosos cristãos deram início ao extermínio dos deuses antigos - os altares foram destruídos, os templos demolidos, as estátuas despedaçadas e os sacerdotes assassinados. Os livros, incluindo grandes obras de Filosofia e de Ciência, foram queimados na pira. Foi a aniquilação. Levando os leitores ao longo do Mediterrâneo - de Roma a Alexandria, da Bitínia, no norte da Turquia, a Alexandria, e pelos desertos da Síria até Atenas -, 'A Chegada das Trevas' é um relato vívido e profundamente detalhado de séculos de destruição." Este é um livro muito interessante quanto incómodo. Coloca-nos face a coisas que desconhecia-mos ou que tentávamos ignorar. Mas a História aí está para nos apontar o dedo acusador. A autora escreve a terminar o livro a seguinte frase: "A encantadora estátua de Atena, a deusa da sabedoria, sofreu tanto quanto havia sofrido a estátua de Atenas em Palmira. Não só foi decapitada, como foi, numa derradeira humilhação, colocada de rosto para baixo no canto de um pátio para ser usada como degrau. Durante os anos que se seguiram, as suas costas seriam gastas, enquanto a deusa da sabedoria era calcada por gerações de pés cristãos. O 'triunfo' do Cristianismo estava completo." Se todo o livro é embaraçoso, esta frase final é como um soco no estômago. Mas é importante que venham a lume estas coisas para podermos avaliar os caminhos da História. Se ele fala de terras longínquas para nós, temos de nos lembrar do que aconteceu mais próximos de nós, mesmo intra muros, com a atitude dos mais radicais dentro da Igreja, caso da Inquisição. Essa bastante mais recente mas também embaraçosa. De tudo isto parece que a diferença entre os radicais islâmicos e cristãos não é tão diferente assim. Os radicalismos são sempre iguais e bestiais. A autora, Catherine Nixey, é filha dum monge e de uma freira. Apesar disso, sempre se interrogou sobre muita coisa. Esse incómodo de perguntas não respondidas, levou-a a aprofundar o tema que dá origem a este livro. Catherine formou-se em Estudos Clássicos em Cambridge, sendo professora da área durante vários anos, antes de ser jornalista no prestigiado 'The Times'. Um livro que recomendo vivamente para ser lido de espírito bem aberto. A edição é da Desassossego uma chancela do Grupo Saída de Emergência.
Thursday, August 16, 2018
Um dia tinha que acontecer - Mia Couto
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos. Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor. Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada. Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração. São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar! A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas. Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional. Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere. Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam. Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras. Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio. Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração? Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida. E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!! Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Wednesday, August 15, 2018
Tuesday, August 14, 2018
Monday, August 13, 2018
Sunday, August 12, 2018
Intimidades reflexivas - 1225
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Saturday, August 11, 2018
Intimidades reflexivas - 1224
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Friday, August 10, 2018
Intimidades reflexivas - 1223
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Sobe a colina, onde sentado no trono alado se encontra
Júpiter, numa caverna tão vasta,
Ao longe, o espírito da temida Sibila, a quem o bardo
Délio ofereceu a poderosa mente e alma
Respira e abre o futuro
A poderosa rocha eubeia abriu-se numa caverna
Com cem passagens, com portões, onde vão dar;
Onde com tantas vozes iguais se ouvirem
As respostas da Sibila."
Virgílio (70 a.C.-19 a.C.)
Thursday, August 09, 2018
A balbúrdia de Monchique
Depois de ontem me ter debruçado sobre o que se está a passar em Monchique, retomo hoje o tema. Porque parece que estamos a assistir a um qualquer filme que se não fosse trágico seria no mínimo cómico. Embora de manhã as coisas parecessem controladas, já se sabia que à tarde tudo seria diferente. A ANPC já o tinha afirmado. Mas tudo ficou à espera. O fogo evolui e esteve às portas de Silves, mais concretamente a aldeia de Enxerim. E é aqui que me quero focar. Quem assistiu às imagens televisivas tudo aquilo era a prova cabal da desorganização. Contrariando o óbvio, primeiro chegam as forças de segurança que tentam tirar as pessoas, e quem resiste é quase arrastado das suas casas. Vimos militares a forçar portas, a saltar janelas como se de um filme de ação se tratasse, desrespeitando tudo e todos, e inclusive até chegaram ao ponto de algemarem quem mais resistia, segundo a informação dum vereador da Câmara de Monchique que tal testemunhou. Noutros tempos, a comunhão de esforços entre os bombeiros (voluntários) e as populações era até elogiada. Agora passou a ser crime. Seguramente que os agentes estão ali a cumprir ordens e algum bem gostariam de estar noutro lado, mas há sempre quem exagere, e ontem as imagem televisivas deram uma amostra cabal. Só depois desta 'limpeza' é que chegam os bombeiros - talvez tardiamente - para fazer o trabalho. Tudo isto que se pretende muito coordenado e científico está a transformar-se numa balbúrdia que está a colocar Portugal a ridículo. Basta ver o que se diz por esse mundo fora já para não falar de algum espanhóis que ontem falaram às televisões e a visão que deram do que estavam a constatar. Isto só reforça aquilo que ontem aqui afirmei. Pouca competência, falta de coordenação, uma espécie de salve-se quem poder. Ontem as populações de Enxerim estavam revoltadas com isto tudo, sobretudo com a atuação das forças de segurança, e disso deram testemunho. Depois verificou-se que se as coisas não foram piores tal deveu-se à ação dos populares com os bombeiros, e até antes deles, caso contrário, tudo tinha ardido. (Como alías já tinha acontecido noutras localidades). A revolta das pessoas vai crescendo por tanto amadorismo. Começa a ser quase angustiante quando a temperatura sobe uns graus porque sabemos que vamos assistir a coisas semelhantes. Tudo muito triste e que não enobrece ninguém, quando deveria ser o contrário. A mudança de comando parece que também não ajudou muito. E ao fim de pouco mais de vinte e quatro horas, já a nova coordenadora, Patrícia Gaspar, estava a ser alvo de fortes críticas depois da denuncia de algumas associações de animais que foram impedidas de atuar para salvar os inúmeros animais em sofrimento. Depois de ter visto que as redes sociais se tinham erguida num forte protesto, logo veio alterar a decisão, e aquilo que era impossível, passou a ser possível, até com o apoio de um agente da Proteção Civil a acompanhar veterinários e membros das associações de animais. Esta senhora terá afirmado que os animais não seriam prioritários! Lamentável a afirmação e que deve merecer uma resposta adequada dos protetores de animais. Parece que ela ainda vive no século passado onde os direitos dos animais não existiam e aqueles que os defendiam eram pouco mais que gente exótica para não dizer outra coisa. Mas os tempos mudaram embora Patrícia Gaspar parece que não. Isto mostra bem toda a fragilidade em lidar com as situações extremas que ontem aqui denunciei e que hoje reforço. Depois de tantos meios, homens, coordenadores e quejandos, o fogo vai continuando imparável. Como ontem dizia alguém, só uma chuva acabará com isto. O que mostra bem a ideia que as pessoas têm de quem as tenta proteger. Esta tragicomédia está a ir longe demais, e parece que ninguém quer assumir seja o que for. Escudam-se atrás do vento, da orografia do terreno e outros coisas do género - como ontem bem lembrava uma jornalista dum canal de televisão - e não assumindo a sua fragilidade, quiçá incompetência, para resolver o caso. Tudo muito triste e lamentável.
Intimidades reflexivas - 1222
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Wednesday, August 08, 2018
Em torno da questão dos incêndios
Voltamos de novo a ter na primeira linha da informação a triste realidade dos incêndios. Sei que é um tema difícil e controverso que sempre serve de arma de arremesso político. Lá virão pedir mais e mais demissões num cortejo de disparates que virou fobia nacional vai para muitos anos. Mas deixemos esses disparates políticos por agora. (Ao fim e ao cabo, estamos na chamada 'silly season' embora para muitos esta se prolongue pelo ano todo). Mas quero aqui concentrar-me naquilo que de mais dramático e pungente tem a questão dos fogos. Vimos assistindo há muitos anos a uma alteração estratégica de combate aos fogos que não parece ser a mais correta. Ainda ontem a Associação de Bombeiros Profissionais colocava o tema - como aliás vem fazendo ano após ano - e alguns especialistas convidados a pronunciarem-se sobre a questão vão alinhando pelo mesmo diapasão. Neste momento Portugal não tem bombeiros preparados para enfrentar esta alteração do clima que vai provocando cada vez fogos mais violentos com efeitos brutais e fenómenos que não era costume verem-se por cá. Muita coisa mudou, - desde logo o clima -, enquanto que as pessoas não foram sendo recicladas para a nova realidade. Noutro tempo, os bombeiros atacavam os incêndios na sua origem, agora ficam a olhar para ele esperando que ele se aproxime das habitações para atacar. (E entretanto, vão somando o número de hectares ardidos. Já para não falar na praga do eucalipto que, como cantava aquele grupo de jovens que estavam no Algarve, 'o eucalipto vai fazer arder Portugal de cima a baixo'. Mas sobre este assunto quase que não se ouve nada porque os interesses em jogo são demasiado poderosos). Só que quando isso acontece, normalmente é tarde demais. Temos visto isto duma forma clara nos últimos anos. O desnorte, a aparente confusão das ordens de comando é por demais evidente e as televisões transmitem isso duma forma clara. Este ano, e depois das tragédias que se verificaram no ano transato, ainda se refinaram mais as coisas. Pegam nas pessoas a esmo, sem critério claro, e retiram-nas das suas casas. Por vezes, duma forma questionável, e que depois justificam com a palavra 'preventiva' para amenizar a revolta das populações. Que se salvaguardem as pessoas e os bens, estou de acordo, mas duma forma prudente e não à primeira fumaça. Parece que o importante é a estatística mais do que tudo o resto. As forças de segurança também anda ali mais ou menos sem rumo, cumprindo as ordens que lhe dão mas, muitas vezes, duma forma bem controversa. É preciso que estes agentes sejam preparados para lidar com situações destas em momento de grande desespero para as populações. Mais uma vez recorro às imagens televisivas para ver como retiravam as pessoas, duma forma autoritária, para não dizer brutal. É necessário que se compreenda que pessoas que estão na iminência de perder todo o que conseguiram durante uma vida, não estejam dispostas a deixar para trás tudo duma forma leviana. (E até alguns que conseguiram ficar, acabaram por salvar os seus bens enquanto outros que foram retirados perderam tudo, porque não ficaram a defender o que era seu, e os bombeiros não podem estar em todo o lado). Tem que haver compreensão e isso não se vê, fruto da impreparação das pessoas para lidar com estas situações extremas. (Já para não falar nos modos que rondam a agressividade com que lidam com as populações; já para não falar nas nódoas negras que algumas pessoas mostravam, quando foram arrancadas das suas casas pelas forças de segurança e disso davam nota. 'Ou sai a bem ou a mal' era aquilo que, segundo as populações, eles diziam). Sei que nestas situação uns segundos a mais ou a menos faz toda a diferença, mas mesmo assim, terá que haver mais compreensão para com as populações colocadas em situação extrema, Tudo isto para dizer que ainda muito há para fazer, e quando me falam em meios, penso que nem é aqui que está o problema, mas sim, nas hierarquias e na necessidade duma reciclagem urgente. Já o ano passado, depois dos terríveis fogos que tivemos, coloquei esta questão. Aliás venho falando nisto há vários anos e parece que tudo continua igual. Muitas vezes procuramos o 'tesouro' no sítio errado quando ele está debaixo dos nossos olhos. Cada vez mais é urgente a formação das pessoas envolvidas nestes dramas e não tanto na nomeação por critérios políticos para lugares de chefia sejam lá eles quais forem. Se não existem pessoas habilitadas dentro das fronteiras pois que se convidem outras com mais experiência para vir dar formação e treino. A todos e não só aos bombeiros para ver se acabamos de vez com este triste espetáculo que damos ao mundo.
Tuesday, August 07, 2018
Monday, August 06, 2018
Encontros gratificantes - II
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Sunday, August 05, 2018
Encontros gratificantes
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Intimidades reflexivas - 1219
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Saturday, August 04, 2018
"A Biblioteca dos Livros Proibidos" - Tom Pugh
Este é um livro muito interessante que vai muito para além do 'thriller'. É um livro que conduz a conhecimentos duma outra índole que nem todos têm. Numa trama bem urdida, Pugh leva-nos por labirintos que encerram coisas que porão, por ventura. algumas das nossas crenças em causa. Um livro bem suportado e que dá a ideia de que o autor se documentou muito bem para a sua elaboração. Lê-se na sinopse do mesmo: 'Janeiro de 1562. A Europa é o epicentro de uma verdadeira luta entre a luz e as trevas. Em Moscovo, Matthew Longstaff tenta cumprir a missão que lhe foi confiada: roubar um livro da biblioteca privada de Ivan, o Terrível. Longstaff trabalha para os Otiosi, um grupo clandestino de livres-pensadores determinado a manter acesa a chama do livre-pensamento que começa a expandir-se por toda a Europa. Também a trabalhar para os Otiosi encontra-se o médico e aventureiro Gaetan Durant, encarregado de obter um palimpsesto raro. Numa Itália mergulhada na Contrarreforma os inquisidores do papa mostram-se determinados a destruir qualquer foco de conhecimento livre. O seu líder, Gregorio Spina, chefe censor e espião do papa, captura o líder dos Otiosi em Florença e tortura-o em busca de informações. Os segredos da Biblioteca do Diabo podem estar ao alcance de Spina, e os primeiros passos dados pela humanidade em direção ao Iluminismo correm o risco de serem apagados da História'. Este livro caiu quem nem uma bomba nos meios literários que agitou com toda a força. Parece que o autor está a escrever um outro que, por ventura, será a continuação deste. Aguardemos para ver o que vem por aí. Sobre o autor, Tom Pugh é o autor de um 'thriller' histórico explosivo enquadrado na Europa do século XVI. Depois de estudar história da arte em Glasgow, Tom Pugh começou uma carreira como copywriter nómada e professor. Trabalhou e viveu em Londres, em Sydney e em Tóquio, antes de se instalar em Berlim. A edição é da 'Alma Dos Livros'. Este livro é um daqueles que recomendo vivamente aos admiradores do género 'thriller' mas também a um grande número de outros que gostam mergulhar nos conhecimentos mais exotéricos.
Friday, August 03, 2018
Thursday, August 02, 2018
Carta aos 'conselheiros'
Exmos. Senhores,
Os meus melhores cumprimentos.
Resolvi escrever-vos porque recentemente tenho sido objeto de muitos 'conselhos' sobre como cuidar do meu fiel e velho companheiro Nicolau. E assim, com os agradecimentos da praxe não quero deixar passar a oportunidade e quero acrescentar o seguinte:
1. Lido com cães praticamente desde que nasci. Isso da-me um capital de experiência à volta de 60 anos o que, convenhamos, é algum tempo;
2. O Nicolau está muito bem cuidado porque tem uns donos que sabem tratar dele e que não tiveram pejo algum - numa altura difícil para ele - de alterar as suas vidas diárias e pessoais para que ele tivesse o melhor acompanhamento possível, tal como fizemos aos muitos que iluminaram as nossas vidas antes dele;
3. A juntar a isto, o Nicolau é um cão que tem acompanhamento clínico (praticamente diário, dado o seu problema de saúde) por uma excelente equipa de profissionais liderados pela Doutora Susana Melo a quem aqui, e de novo, quero fazer o meu publico agradecimento. Sem esse acompanhamento talvez o Nicolau já não estivesse na nossa companhia;
4. Quer eu, quer a minha mulher, temos prática de cuidar de animais ao longo da vida e por isso, embora agradecendo os 'conselhos' recebidos, achamos que estamos um pouco à frente;
5. Toda a nossa vida tem sido dedicada a apoiar animais - os nossos e os errantes - embora disso não façamos bandeira porque não vimos pedir louros para o nosso empenho, não pedimos dinheiro a ninguém e ajudamos silenciosa mas eficazmente, aqueles que se cruzam nas nossas vidas. Apenas trouxe aqui um caso, à muito já resolvido, mas que me serviu de lição e me fez ver duma forma clara o que se passa nas redes sociais no que aos animais diz respeito.
Assim, expressando os meus agradecimentos a quem se tem dado ao incómodo de me 'aconselhar' sobre a forma como tratar os animais, não poderei deixar de acrescentar ainda:
1. Não deixa de ser curioso que alguns dos que mostram os seus incómodos pela forma como cuidamos do Nicolau, nem sequer tenham animais, nem - ao que julgo saber - acolheram algum, lhe saciaram a fome ou até um pouco de água se dignaram dar-lhes;
2. Sei que é bonito (e fica bem) vir para as redes sociais falar de animais com os seus 'doutos conhecimentos', mas melhor fariam que, para além das palavras vazias de conteúdo, ajudassem efetivamente tanto animal que precisa de amor, carinho, um lar em que seja amada, já para não falar de comida e água;
3. Sei que é bonito fazes 'likes' e 'shares' nas redes sociais, mas isso não resolve, nem sequer melhora, a condição de tanto animal que anda por aí a sofrer;
4. E não pensem que falo à toa porque conheço algumas pessoas que assim se comportam e não pensem que são tão poucas assim;
5. Sei que publicitar atos com animais fica bem, - com a foto a preceito -, sei que os pedidos de apoio rendem muito dinheiro - embora não tenha a certeza se todos são efetivamente para ajudar os animais -, mas reconheço que isso colhe e há sempre uns incautos que caem nesse esquema;
6. Alguém dizia que, 'quando deres uma esmola com a mão direita faz com que a esquerda não veja'. Aqui o que se dá com a mão direita tem que ser visto com a esquerda, com os pés e com o resto, para que sirva ao melhoramento da imagem de muitos que, doutra forma, talvez permanecesse oculta.
Por isso, meus amigos e amigas, quero aqui de novo reafirmar que, estando sempre 'grato' pelos 'conselhos' que me dão talvez fosse mais útil que quem o faz os aplicasse a salvar vidas que de outra maneira arrastar-se-ão pelo mundo a sofrer violentamente até que a morte os liberte. Sim, porque alguns sofrem de tal modo, que a morte será sempre uma libertação.
E não se preocupem com o Nicolau, ele está bem tratado, é muito amado e, para além das suas limitações da doença e da idade, não sabe o que é sofrer. Tal qual como aconteceu com os outros que o precederam. E reafirmo que, para além do que por ele fazemos, temos sempre um aconselhamento e apoio próximo pela equipa que o salvou e que tudo tem feito para que ele ainda continue a iluminar as nossas vidas.
Certamente que um dia será o seu derradeiro, como acontecerá a todos nós, mas isso será o fim natural que a todos espera. Até lá, ao Nicolau nada faltará e estaremos sempre ao seu lado, mesmo com o sacrifício das nossas vidas pessoais, para que os dias que lhe restam sejam de muito carinho e e amor. Queremos que quando ele partir, o faça com o sentimento de que há humanos que tentam comportar-se como tal, não estando preocupados com o que os outros pensam ou deixam de pensar porque, simplesmente, as suas consciências não lhe pesarão por não terem feito tudo o que seria humanamente possível por ele. Resgatei-o à rua com semanas de vida já lá vão quinze anos e meio e nunca me arrependi de o ter feito, como nunca me arrependi de nenhum dos outros a quem tentei dar uma vida melhor e mais digna.
Renovo os meus agradecimentos a todos os 'conselheiros' que me têm contactado pelas mais diversas formas, mas estejam descansados quanto ao Nicolau, canalizem as vossas energias a salvar aqueles que precisam, e são muitos, e verão que terão uma demanda hercúleo pela frente, mas as consciências bem mais leves. A estultícia nunca foi boa conselheira de ninguém, e na causa animal ainda menos.
Com os meus melhores cumprimentos subscrevo-me.
Atentamente,
José Ferreira