Thursday, April 30, 2015
Wednesday, April 29, 2015
Intimidades reflexivas - 253
Querido Deus... Eu poderia pedir muitas coisas, mas nada do que eu pedir, nada do que eu desejar ou sonhar, será tão perfeito se o teu amor e a tua presença não for comigo. Portanto Pai querido, um único pedido faço a ti : Fica comigo Senhor, e me vista do teu amor, para que a minha alma se aquiete e o meu coração descanse em ti todos os dias. Porque só assim terei forças para prosseguir e jamais desistir.
Intimidades reflexivas - 252
Mesmo quando a situação parecer insuportável, você não enxergar um bom caminho a tomar e, ainda assim, tiver que resolver um problema, tenha paciência. A paciência fará com que desapareça a dificuldade. Os problemas são nuvens que em algum momento se desfazem. As mudanças chegam novas situações aparecem e o quadro se modifica. Com paciência os pensamentos e as emoções ganham tempo para se ajustar, gerando soluções... hoje realmente me encontro nessa situação...
Intimidades reflexivas - 251
O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade. Para mim a esperança que tudo se resolva da melhor maneira... estou cansado vontade de fugir para onde não haja ninguém na esperança que tudo não passou de um pesadelo!!! Desculpem só um desabafo... assim espero!!! Espero que seja só um temporal... vai passar!
Intimidades reflexivas - 250
"Lembra-te, Sancho, de que nenhum homem é mais do que outro, a não ser que faça mais do que o outro. Todas estas tormentas que se abatem sobre nós são sinais de que melhores tempos virão e de que as coisas em breve correrão melhor para nós, pois é impossível que o bem ou o mal dure para sempre. Assim, como o mal há muito que nos persegue, o bem deve estar a chegar (...)", - In "D. Quixote de la Mancha" de Miguel de Cervantes.
Tuesday, April 28, 2015
Monday, April 27, 2015
A poesia de Neruda
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto triste, e te sinto tão longe?
Caiu o livro em que sempre pegamos ao
[crepúsculo e como um cão ferido rodou a minha capa aos pés.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando estátuas."
PABLO NERUDA
Mais do mesmo. Roubada de novo!...
Hoje voltei a ir dar de comer à matilha. Fui mais cedo do que o habitual para ver se vi-a alguma coisa de anormal. Nada. Apenas os recipientes vazios como de costume. A comida que lá deixai ontem era bastante. O cão não teria possibilidade de a comer toda. Mesmo que lá fosse com mais algum amigo, seria impossível comerem tudo. E quando lá cheguei deparei-me com a situação que a foto documenta. Tenho muita pena deste cachorro, o último de mais de trinta a quem já dei de comer. Ajudo esta matilha vai para quatorze anos, e queria fechar o ciclo com este, Mas não sei se vou conseguir. As coisas a continuarem assim vejo-me na contingência de abandonar este cachorro. Faço muitos quilómetros. Gasto muito dinheiro em comida, para além daquela que me dão. Mas, de facto, começa a ser difícil continuar. O Bruno Alves Ferreira que me tem ajudando desde há alguns anos a esta parte, também deve sentir a mesma frustração que eu. É o remar contra a maré, mas as vagas são alterosas e em vez de se avançar, recuamos. Não sei se vou ter forças para seguir em frente. Apenas o grande carinho que tenho pelo cachorro, que vi nascer, me faz ter continuado até aqui. Daqui para a frente, veremos. Para já, para além do sofrimento do cachorro, o único que ainda existe desta matilha, fica o desalento. Durante a semana sei que aparece pela hora de almoço para que os trabalhadores da zona lhe dêem de comer. Ao fim-de-semana, se calhar fica de estômago vazio. enfim, quem nasceu para sofrer há-de sofrer até ao fim. É a sina de muitos. Humanos e animais. Este é um desafortunado da vida. O destino rejeitou-o. Apenas o tempo pode resolver a sua situação. Nós, apenas ajudamos a minorar o sofrimento, que é muito. Estou de coração destroçado. Mas, nada mais posso fazer.
Sunday, April 26, 2015
Saturday, April 25, 2015
Roubada outra vez!...
Parece que de todas as vezes que vou dar de comer a esta matilha - matilha é exagerado porque apenas um resta - me deparo com o roubo da comida. Tenho feito muitos apelos e parece que nada acontece. O Bruno Alves Ferreira que me acompanha nesta matilha, vai lá todos os dias, segundo o próprio já me informou. Assim, deve lá ter passado ontem. Hoje quando lá cheguei, deparei-me com os recipientes totalmente vazios, inclusive o de comida seca, que habitualmente o Bruno abastece. Parece incrível mas é verdade. Já por diversas vezes aqui neste espaço, - e noutros que frequento -, dei conta do sucedido. Parece que o nosso "amigo" não os lê, ou simplesmente, ignora-os. De novo aqui deixo o apelo. Caso leia esta mensagem, por favor, deixe de o fazer. Se tem dificuldades para ajudar algum(ns), contacte-nos. O Bruno vai lá diariamente o que se torna fácil o contacto. Eu só aos fins-de-semana, mas também estou disponível. O tirar a um para dar a outro(s) não é solução. Porque ajuda outro(s) mas deixa este com fome. Não me parece razoável o que faz. Repense a situação. Com um bom diálogo tudo se resolve. Mas desta maneira, seguramente que não.
41 anos depois do 25 de Abril
Quarenta e um anos passaram desde o 25 de Abril de 1974. (E quarenta sobre as primeiras eleições livres). Muito tempo e parece que foi ontem, quanta ilusão, quanta alegria, quanta ingenuidade. Era a época do romantismo revolucionário, a era dos impossíveis ali à mão, a era do sonho que se desenhava como realidade. Quarenta e um anos passaram e afinal, embora tenhamos percorrido muito, também muito regredimos, sobretudo nestes últimos dias de chumbo que são os nossos, atuais, e que parecem não ter fim. Quarenta e um anos e a desilusão aí está, os pobres cada vez mais pobres e em maior número, os ricos cada vez mais ricos. O fosso entre os mais ricos e os mais pobres vai-se alargando num perigoso desfiladeiro cujas consequências ainda não vislumbramos. A classe média, o grande pilar da democracia, praticamente já não existe. Olho para o meu país e parece que vejo aquele outro de quando era menino e moço, aquele país pobre, andrajoso, sem esperança, sem futuro, sem amanhã. A grande bandeira saída do 25 de Abril de 1974, o Serviço Nacional de Saúde, que tanto ajudou as populações mais carenciadas e mais isoladas, hoje está a desmembrar-se, desfigurado e sem capacidade de resposta. Uma caricatura face àquele outro que foi delineado pelo seu fundador. O ensino, embora mais democratizado do que então, está desajustado, sem motivação de docentes e discentes, onde se estuda cada vez mais para fazer exames. Exames cada vez mais fáceis sem exigência. Apenas se tem como objetivo passar esses exames e não adquirir conhecimentos para o futuro. A cultura reduzida aos serviços mínimos, apenas se mantendo com a ajuda de alguns mecenas. Enfim, um país descaracterizado, esfomeado mas não só de alimento, carente e não só de mimos. Quarenta e um anos depois, o sonho de alguns jovens capitães parece ter sido adiado, interrompido, para não dizer traído. Já nem a Associação 25 de Abril, onde se acantonam ainda alguns dos que restam dessa senda desses jovens militares, se associa às comemorações oficiais. Preferem fazê-lo na rua junta das populações que os inspiraram, face ao cada vez mais cinzento simbolismo oficial digno daquilo que eram as comemorações no final do Estado Novo. Muitos sonhos ficaram pelo caminho. Muita inocência se perdeu. Muita ilusão virou descrença. Mas para além de tudo, valeu a pena. Porque a Liberdade não tem preço, apenas não tendo valor para quem sempre viveu com ela. Valeu a pena para mostrar que um Povo quando unido e determinado, pode levantar-se e fazer a diferença. E quantos exemplos destes temos na nossa grande História. Valeu a pena para que neste dia, eu e tantos outros, possamos alinhar estas frases, sem temor, sem ter que olhar de soslaio sobre o ombro. Afinal como diz Pessoa, "tudo vale a pena / quando a alma não é pequena". E o 25 de Abril valeu a pena. apesar de tudo. Valeu, valeu!
Friday, April 24, 2015
Thursday, April 23, 2015
Wednesday, April 22, 2015
Intimidades reflexivas - 241
Que estejamos presentes em memórias alheias. Que alguém já distante lembre do nosso sorriso e se sinta acolhido. Que o nosso bem faça bem ao outro. Que sejamos a saudade batendo no peito de uma velha amizade. Que sejamos o amor que alguém nunca esqueceu. Que sejamos um alguém que sorriu na rua e o desconhecido se encantou. Que sejamos, hoje e sempre, uma coisa boa que mora dentro de cada um que passou por nós.
.
[Camila Costa]
Tuesday, April 21, 2015
A problemática dos emigrantes ilegais ou a transformação da Europa
A Europa tem vindo a assistir a uma "invasão" de gente oriunda essencialmente de África, que tenta buscar no Velho Continente uma nova vida, melhor e, sobretudo, bem longe dos horrores da guerra que avassalam os seus países. Lampedusa ficará no mapa como uma espécie de símbolo do desespero de muitos que demandam melhor vida com mais segurança. Felizes são os que chegam porque muitos acabam por morrer no mar. O Mediterâneo tem sido para muita desta gente um verdadeiro e imenso cemitério. As notícias não param de chegar a dar informação de mais e mais mortes, mais e mais naufrágios, mais e mais desespero. Os apelo a uma resolução global deste problema vêm das mais variadas partes do mundo. Até agora não passando apenas de palavras. O Papa Francisco tem sido uma das vozes que mais se tem feito ouvir num emaranhado de interesses, desde logo, daqueles que se servem desta pobre gente para obterem dinheiro fácil. Tudo isto é dramático, Todo este cortejo de desespero e horror nos deve fazer pensar sobre a condição humana. Penso que quanto a isto não existem dúvidas. Mas paralelamente a esta questão, um outro problema nos deve fazer refletir. Quem são estas pessoas que aos poucos vão desfigurando a Europa? E com isto não quer dizer que me ponha em sobressalto sobre todos e qualquer um deles. Mas estou certo que, dentre estes desafortunados, muitos virão infiltrados com outros intuitos às ordem de senhores da guerra. Há dias veio-se a saber que um grupo de emigrantes ilegais tinham estado envolvidos numa rixa em pleno mar e que teriam atirado várias pessoas borda fora, que por lá ficaram. Mas o mais relevante da notícia é que os criminosos - atualmente a contas com a justiça italiana - eram todos de confissão muçulmana e os que pereceram no mar eram todos cristãos. Que estranha coincidência esta que, mesmo em situação de desespero não se põem de lado os credos religiosos. O conflito civilizacional é um facto desde há muito, mas penso que ainda poucos olharam para ele como algo mais profundo. A Europa evoluída onde a natalidade vai diminuindo a olhos vistos, mais cedo ou mais tarde, abrirá as portas sem reservas a gente oriunda doutras paragens de que vai necessitar. Um caso paradigmático e que conheço bem é o francês. Nos idos anos 60 do século passado, e sobretudo depois do conflito da Argélia, verificou-se uma abertura de fronteiras sem precedentes dos povos do magrebe, os "pieds noire", como eram depreciativamente conhecidos. Muitos restaurantes abriram com ementas exóticas desses países. Com o passar dos anos, a sociedade francesa foi-se refinando. A natalidade baixou - coisa que ainda hoje se verifica - as profissões ditas menores deixaram de ser exercidas pelos naturais. Apareceram os portugueses inicialmente. Com a evolução deste grupo, - sobretudo a 2ª geração -, estas tarefas mais modestas foram ter às mãos dos magrebinos. E aos poucos, a caracterização da sociedade francesa foi mudando. A sua cultura de excelência também sofreu interpenetrações, as suas confissões mudaram. A França de hoje é bem diferente daquela de há 30 ou 40 anos atrás, desfigurada por uma emigração que entrou sem controle no país. Da última vez que por lá passei, tive a oportunidade de falar com alguns destes jovens. Era claro que o fortalecimento da sua matiz islâmica era uma evidência, embora poucos pensassem que ele se transformaria nesse "orgulho islamista" radicalizado e absurdo que só tem trazido morte e desgraça. A mesma de que muitos destes emigrantes fogem nos nossos dias. (Aliás, já antes se tinha verificado o mesmo com os negros, com esse "orgulho negro" que fez escola nos finais do século passado nos EUA e mesmo na Europa, embora estes fossem naturais destas áreas e não emigrados). Quero com isto dizer que estou convicto que no meio de muitos destes desafortunados, outros virão - talvez infiltrados - para criar as condições da islamização da Europa de que o ISIS e grupos afins vêm falando. Até na sua verborreia radical, não é esquecido o sonho da tomada do Al-andaluz, que foi um califado importante na Espanha e Portugal em séculos passados que a História registou. Daí que devemos estar atentos a estes movimentos. No meio do muito trigo que aí virá e de que a Europa necessita como mão-de-obra no futuro, muito joio também não deixará de vir, e esse é que fará a diferença. O radicalismo aí está duma forma brutal. Criou as condições desta emigração em massa. Mas também pode aproveitá-la para com ela criar as bases duma radicalização da Europa a que esta terá dificuldade em fazer frente quando a sua base social assentar nestas gentes que chegam e que vão ficando, não se europeizando, ou apenas o fazem por interesse - quais "cristãos-novos" - que mais tarde ou mais cedo imporão a sua visão do mundo a uma Europa que não terá forças para se defender. É preciso estar alerta com este movimentos. Não significa que deixemos de dar atenção a estes pobres desgraçados que nos demandam, mas sempre com o crivo que separá, (ou pelo menos deve fazê-lo), entre o trigo e o joio. Não sei se é assim. Não sei se estamos atentos ao fenómeno. Não sou xenófobo, acho até este sentimento repulsivo e sem sentido. Mas não podemos permitir que no nosso seio, ajudemos a criar a hidra que nos há-de devorar. Fala-se muito dos "mafiosos" que ficam com o dinheiro desta pobre gente, arranjado sabe-se lá com que dificuldade, mas outra questão pertinente se levanta. Serão apenas gente sem escrúpulos que enriquece à custa destes desafortunados, ou algum, quiçá. todos esse dinheiro irá parar às mãos dos senhores da guerra que hoje matam sem dó nem piedade em nome duma religião que devia ser de paz? Penso que o problema é mais profundo do que a emoção do momento faz perceber. O tempo dirá se tenho ou não razão. Mas isso nem é o importante. O que devemos é evitar entrar de olhos fechados num processo sem critério onde tudo e todos são tratados de igual modo. E talvez nem todos sejam tão iguais assim.
Monday, April 20, 2015
Intimidades reflexivas - 239
"A filosofia está escrita nesse livro grandioso que se encontra permanentemente aberto perante os nossos olhos, a que chamo universo. Mas não pode ser decifrado se antes não se compreender a linguagem e não se conhecerem os carateres em que está escrito. Está escrito em linguagem matemática, e os seus carateres são triângulos, círculos e figuras geométricas. Sem estes meios, é humanamente impossível compreender uma palavra: sem eles, deambulamos em vão por um labirinto escuro." - Galileu Galilei (1564-1642).
Sunday, April 19, 2015
"Autopsicografia" - Fernando Pessoa
"Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
Fernando Pessoa
Intimidades reflexivas - 238
"Tinham já passado 54 dias... E aquela dor que não passava... Sabia que não sabia... Não sabia o que fazer com os dias agora mais compridos... não sabia como calar a memória de uma vida... não sabia como encontrar tarefas que lhe cessassem o pensamento...não sabia como conseguir que parasse de doer... Não sabia como impedir as lágrimas diante de tudo e nada... Não sabia como vencer a dor de um silêncio que ecoava na memória... Doía para lá da dor mais forte... Doía para lá da própria morte... Saudade é não saber o que fazer com a própria vida."
Saturday, April 18, 2015
"Soneto da Separação" - Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes
Friday, April 17, 2015
"Ausência" - Carlos Drummond de Andrade
"Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
Drummond de Andrade
Thursday, April 16, 2015
Dia Mundial da Voz
Mais um dia de alguma coisa. Mas este não deixa de ter o seu encanto. Não por ser mais um dia disto ou daquilo mas porque a reboque da comemoração fui hoje embalado por uma música magnífica. Era ainda madrugada alta, o escuro do céu apenas quebrado pelos candeeiros públicos. A rádio, que habitualmente me faz companhia, fazia subir do éter um magnífico coro. Era o Coro da Catedral de Lisboa, mas bem que poderia ser um coro dum outro lugar qualquer. A música preenchia o vazio, magnífica, soberba, imponente. A pureza do maior instrumento da Humanidade, a sua voz. Fez-me recuar no tempo, quando ainda menino, nos meus pequenos dez anos, fiz parte dum coro. (Um dia vos hei-de contar essa passava tão significativa da minha vida). Nunca esquecerei essa experiência. Porque é preciso passar por ela para se sentir a magnificência desta música. Por lá andei dois anos. Se o gosto pela música já era muito, esta passagem por um coral, fez com que ela fosse ampliada e aprofundada. Depois segui outros caminhos, mas o "bichinho" ficou lá para sempre, porque eterno, porque etéreo. Hoje a minha madrugada foi diferente. Abriu com grande música e gratas recordações. Há momentos assim, onde o sublime, o transcendente, quiçá, o espiritual, nos esmagam e mostram a nossa verdadeira pequenez face a um Universo, tão estudado e tão pouco compreendido. Deixo-vos aqui um pedaço dessa música, - que podem escutar aqui https://www.youtube.com/watch?v=KvPA-0y5JJI&spfreload=10 - que pode ser sacra ou profana. Porque a música não deve ter rótulos ou barreiras. Apenas e só música. E isso basta!
Wednesday, April 15, 2015
563º aniversário de Leonardo Da Vinci
Leonardo di Ser Piero da Vinci, ou simplesmente Leonardo da Vinci que nasceu em Anchiano neste dia 15 de Abril de 1452 - cumprem-se hoje 563 anos - e que viria a falecer a 2 de Maio de 1519 em Amboise. É uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Um verdadeiro génio, uma espécie de homem dos sete instrumentos. Um ser ávido de conhecimento que para ele era a motivação duma vida. Um exemplo de curiosidade e descoberta que deveria ser uma referência para o ensino dos mais jovens, cada vez mais afastados do conhecimento e da cultura. "Quem pouco pensa, muito erra", uma sua frase que bem poderia ser todo um programa de ensino para um qualquer ano académico. Que esta data, não seja apenas isso, - uma data -, mas que extravase na curiosidade das pessoas, que lhes transmita a curiosidade, que acicate que devem conhecer o mundo que as rodeia o melhor possível, e não passarem o tempo a criticar apenas aquilo que não entendem.
Morreu Percy Slege aos 73 anos de idade
Faleceu Percy Sledge aos 73 anos de idade. Percy Sledge nasceu a 25 de Novembro de 1941 em Leighton, no Alabama e hoje faleceu em Baton Rouge no Luisiana. Percy Sledge foi um grande cantor de soul e R&B norte-americano. A ele ficará sempre ligado o grande êxito que foi "When a Man Loves a Woman" - que podem ver aqui https://www.youtube.com/watch?v=FOaDgS1RKK0 - que foi um hino para muitas gerações. como costumo dizer, quem nunca dançou ou trauteou esta canção, pois que atire a primeira pedra. Mais uma figura de referência da soul e R&B que nos deixa. Fica a sua obra a eternizar momentos de grande "glamour". RIP, Percy Sledge!
Tuesday, April 14, 2015
Monday, April 13, 2015
Günter Grass (1927-2015)
O escritor alemão Günter Grass, Prémio Nobel da Literatura em 1999, morreu hoje aos 87 anos numa clínica de Lübeck, anunciou a editora do autor. O escritor, poeta, dramaturgo e artista plástico, nascido em Danzig, a 18 de Outubro de 1927 na Cidade Livre de Danzig (hoje Gdańsk) na Polónia, faleceu hoje de manhã, 13 de Abril de 2015 em Lübeck na Alemanha, segundo escreveu a editora Steidl na sua conta do Twitter. "O Prémio Nobel da Literatura Günter Grass morreu esta manhã aos 87 anos numa clínica de Lübeck", na Alemanha, indicou a Steidl. Günter Wilhelm Grass foi autor, romancista, dramaturgo, poeta, intelectual, e artista plástico alemão. A sua obra alternou a atividade literária com a escultura, enquanto participava de forma ativa da vida pública de seu país. Da sua obra realça-se "O Tambor" que também deu origem a um filme e "Passo de Caranguejo". Para além do Prémio Nobel viria a receber em 1965 o Prémio Georg Büchner. Ficou sempre a polémica em torno do seu passado como membro das SS de Hitler e da sua ligação ao nazismo, embora durante um curto período, segundo o próprio. Mas, apesar disso, nunca deixou de ser a consciência da Alemanha. Descansa em paz, Günter Grass!
Tudo depende de mim!
"Hoje levantei-me cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está a chover... ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou sentir-me encorajado para administrar as minhas finanças, evitando o desperdício. Posso queixar-me dos meus pais por não me terem dado tudo o que eu queria... ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar... ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por ter um teto para morar. Posso lamentar deceções com amigos... ou entusiasmar-me com a possibilidade de fazer novas amizades. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser... E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim!!!"
(Texto atribuído a Charles Chaplin).
Sunday, April 12, 2015
Saturday, April 11, 2015
Intimidades reflexivas - 229
"Há pessoas que passam pela nossa vida e ficam para sempre, como uma marca de areia e água, na praia que é a nossa vida... Aparecem e desaparecem como ecos de caracóis, transformando o som da sua voz, na mais bela das canções. Assim, a memória dessas pessoas fica presa aos sentimentos e emoções que nos fizeram sentir um dia. Há pessoas que embora partam... nunca partem totalmente, já que para as amar, nunca foi imprescindível tê-las ao nosso lado..."
Rosa Vidal Ross
"Siempre nos quedará París, con Rosa Vidal"
Friday, April 10, 2015
Thursday, April 09, 2015
Wednesday, April 08, 2015
Uma terna e justa homenagem
Hoje é um dia especial para mim, por muitas razões, que já antes leram. (É o dia da morte de minha Mãe, não esqueçam). Mas mesmo assim, e até por isso, quero aqui partilhar algo que tem a ver com a minha querida afilhada. Ela vem fazendo um grande sucesso em terras brasileiras onde tenho muitos e bons amigos. Entre eles quero salientar uma pessoa profundamente bondosa e humana como nunca tinha visto. Trata-se do Dr. Renato Arantes, médico patologista no Hospital do Rio de Janeiro. Conheci-o em Genéve na Suíça vai para um bom par de anos. Fizemos amizade e viajamos muito pelos quatro cantos do mundo. (Um dia destes contarei algumas estórias curiosas dessas viagens). Mas este senhor sempre manteve comigo uma forte amizade. Chegou a estar em minha casa por várias vezes. Na passada sexta-feira completou 91 anos. E para além dos nossos contactos epistolares, volta e meia, falamos ao telefone. Nesse dia não foi exceção, até pela
data. Ele já conhecia a Inês desde há muito. (Porque dela lhe vinha falando com o entusiasmo habitual). Sempre me pedia que lhe enviasse fotos dela que fazia correr entre os amigos - que são muitos - no prédio onde vive na zona sul do Rio de Janeiro, mais concretamente, na sua zona mais nobre, no Leblon. E vai daí a Inês vai-se tornando também em Copacabana uma estrela. Muitas palavras elogiosas tenho recebido dele e da sua família para esta adorável criança. Publico aqui a última foto que lhe enviei e que fez furor em terras de Santa Maria. Juntamente uma outra do Dr. Renato, na última visita que fez a minha casa, em Agosto do ano de 2008. Parabéns, Dr. Renato. Para além de alguns problemas de saúde que está a viver, desejo-lhe daqui, a muitos milhares de quilómetros de distância, o melhor dos mundos para si e sua família. Que esta data se repita por muitos anos. E um muito obrigado pelas palavras sempre simpáticas que sempre tem para comigo, minha mulher e a nossa querida Inês. Bem haja.
data. Ele já conhecia a Inês desde há muito. (Porque dela lhe vinha falando com o entusiasmo habitual). Sempre me pedia que lhe enviasse fotos dela que fazia correr entre os amigos - que são muitos - no prédio onde vive na zona sul do Rio de Janeiro, mais concretamente, na sua zona mais nobre, no Leblon. E vai daí a Inês vai-se tornando também em Copacabana uma estrela. Muitas palavras elogiosas tenho recebido dele e da sua família para esta adorável criança. Publico aqui a última foto que lhe enviei e que fez furor em terras de Santa Maria. Juntamente uma outra do Dr. Renato, na última visita que fez a minha casa, em Agosto do ano de 2008. Parabéns, Dr. Renato. Para além de alguns problemas de saúde que está a viver, desejo-lhe daqui, a muitos milhares de quilómetros de distância, o melhor dos mundos para si e sua família. Que esta data se repita por muitos anos. E um muito obrigado pelas palavras sempre simpáticas que sempre tem para comigo, minha mulher e a nossa querida Inês. Bem haja.
14 anos depois do desaparecimento de minha Mãe
Hoje passa mais um, - o 14º ano - após o desaparecimento físico de minha Mãe. Como já por diversas vezes aqui disse, era então Domingo de Ramos. (Julgo que nunca voltaram as datas a coincidir, o Domingo de Ramos com o dia 8 de Abril). Era uma manhã de sol, quando estacionei no parque do Hospital Pedro Hispano onde ela se encontrava há precisamente 15 dias. Eram 11 horas, a hora das visitas começava. Nesse momento, a minha Mãe partia definitivamente e eu ainda não o sabia. Quando a minha mulher subiu - ia sempre em primeiro lugar - notei que ela se demorava mais do que o habitual. Achei estranho. Estava ansioso porque tinha que contar algo a minha Mãe que tinha acontecido no dia anterior e que sabia que ela iria gostar. (Tratava-se da visita que um amigo me tinha feito no sábado, pessoa que muito estimo e por quem ela tinha uma quase veneração, como se de um filho se tratasse. Durante o período em que esteve hospitalizada, muitas vezes fez referência a essa pessoa e de como gostaria de a ver de novo. Coisa que, infelizmente, nunca mais viria a acontecer). Eis quando a vejo descer com um saco de plástico na mão cheio de roupa e a chorar. Não acreditei - ou não quis acreditar - no que vi-a. Depois foi o choque inevitável. A dor avassaladora. O sofrimento transformado em ódio, em raiva, que depois - nem sei bem como - se viria a transformar em perdão. Porque acho que esse é o sentimento maior, aquele que um dia, quando chegar a nossa partida, será o testemunho que temos de dar, assim o creio. "O que fizeste afinal do perdão, do amor?" - poderá, porventura, ser-nos perguntado. E que responderemos se não formos capazes de perdoar!... Nessa confusão de sentimentos que me esmagaram nesse dia, fixo hoje precisamente este, o do perdão, o do amor, a paz interior, que na altura senti, sem saber bem porquê. Depois da tempestade ciclópica, a bonança iluminada, precisamente naquele momento trágico, em que tudo era confusão para mim, numa altura em que os sentimentos se misturavam. Hoje julgo que encontrei a resposta, julgo saber o porquê, mas é um sentimento íntimo que guardarei para mim. (Ela que no leito que viria a ser o de morte, tanto me pediu que perdoasse). Volvidos 14 anos, a dor permanece, como se fosse ontem, como se tivesse acontecido há minutos. Apesar de tudo o equilíbrio das esferas retomou-se. O mundo continuou a girar indiferente a tudo. A vida continuou no seu ciclo inexorável. 14 anos passados apenas a saudade permanece, neste dia como em todos os do calendário. A memória ficará para sempre. 14 anos depois espero, que lá onde estiver, esteja em paz. Essa mesma paz que já me penetrou há muito. Descansa em paz, minha Mãe! (Quero aqui recordá-la em tempos muito anteriores e mais felizes. E vai daí mergulhei de novo no baú das recordações. E lá estava. Esta foto foi tirada na casa onde nasci e data do início dos anos 60. Como se pode ver pela qualidade da mesma, era o início da fotografia a cores. Essa, juntamente com uma outra em que sou protagonista e tiradas ambas na mesma altura, foram as primeiras fotos a cores que tivemos. Outros tempos, ainda bem longe do digital).
Tuesday, April 07, 2015
De saída do euro?
Apesar de ser Domingo de Páscoa, o mundo da política e dos negócios não pára. Foi o que aconteceu no passado domingo. Em Washington, Lagarde e Varoufakis estiveram reunidos para, segundo a versão oficial, discutirem as novas medidas para a Grécia. Contudo, nos corredores políticos, fala-se cada vez mais na possível saída da Grécia da zona euro. Não sei se é assim ou não, mas sempre fiquei com a sensação de que o "mais tempo" que Tsipras pedia, era para arrumar a casa e preparar a saída do euro. Apesar dos seis meses que as "instituições internacionais" concederem - a nova designação para a "troika" - parece-me tempo demasiado curto para a implementação duma nova moeda nacional. Implica negociações complexas, ajustamentos paritários com os outros bancos centrais, enfim, uma panóplia de situações que não se podem agilizar em tão curto espaço de tempo. E mesmo que isso seja verdade, coloca-se desde logo, uma questão importante. Qual a paridade da nova moeda? Dada a situação grega, é de prever que a nova moeda - será de novo o "dracma"? - surge fortemente desvalorizada. (Quando essa questão assumiu alguma discussão entre nós, falava-se duma desvalorização próxima dos 50%, se bem se recordam!) Isto quer dizer que, dada a situação atual na Grécia - que é muito pior do que a portuguesa à época - essa desvalorização será muito superior a 50%. Mas, mesmo sendo de 50%, as implicações para os gregos serão fortíssimas. Desde logo, para quem tiver empréstimos da banca para, por exemplo, comprar habitação própria, verá a sua dívida aumentar em 50%! E isto apenas para um caso concreto. Mas que será da vida dos gregos? Como se posicionará a economia grega que, apesar de poder desvalorizar a moeda - coisa que agora não pode - terá sérias dificuldades em reequilibrar a sua balança comercial, para não falar nas próprias Balanças de Pagamentos e de Transações Correntes que aparecerão fortemente instabilizadas. Desejo o melhor para a Grécia, como desejo o melhor para todos os países europeus. Mas tenho dúvidas - caso se confirme esta situação - que tal venha a acontecer. Desde há muito que o discurso político europeu é o de estar ao lado de Portugal caso isso se verifique, o que indicia que tal está já há muito em cima da mesa. Mas não creio que seja assim. Porque o mundo da política, e sobretudo, o mundo dos negócios é muito volátil em situações afins. O que me leva a concluir que, caso a Grécia abandone a zona euro, países como Portugal, Espanha e Itália, dificilmente lá continuarão, e mesmo que permaneçam, será preciso saber a que preço. Sou, como já por variegadas vezes afirmei, um grande defensor do projeto europeu e do euro apesar dos muitos erros que se cometeram. E estou certo que, quando a zona euro se começar a desintegrar, será o projeto europeu a desfazer-se. A instabilidade voltará à Europa, continente que sempre foi consumido por conflitos intestinos, até à criação da União Europeia. (Veja-se uma pequena amostra do que foi o conflito nos Balcãs que a UE foi incapaz de gerir). Por isso, acho que nos devemos preparar para o pior. A questão grega não é só da Grécia, pode ter implicações muito graves noutros países, sobretudo, os periféricos. Podemos estar no limiar duma nova era, mas seguramente, que será uma era mais instável e amarga do que tem sido até aqui. E porquê isto agora? Apenas e só, porque alguns países do norte da Europa, liderados pela Alemanha, quiseram impôr as suas regras, as mesmas que esses países não foram capazes de cumprir quando se viram em situação de aperto. O próprio euro foi, desde o início, aprisionado pela Alemanha, que o transformou numa espécie de moeda nacional - o Deutsche Mark (DEM) disfarçado - que deu no que deu. Esses países com as suas estratégias nacionalistas - bem longe do ideário europeu - são os verdadeiros responsáveis por tudo isto. Estamos a caminhar numa vereda que pode ser muito perigosa. que inclusivé poderá vir a redesenhar os contornos da Europa, como no passado, foram redesenhados por diversas vezes, à força de bala e sangue derramado. Veremos se esta reunião em pleno Domingo de Páscoa, foi uma reunião apaziguadora ou se, pelo contrário, foi o abrir da "caixa de Pandora".
Monday, April 06, 2015
O culto da estupidez
Meus amigos, confesso que estou cada vez mais desiludido com aquilo que vou vendo no meu país. A impreparação, a falta de cultura, é algo que dói. Um país sem cultura é um país amorfo. Sem memória e sem sentido crítico. Talvez por isso se venha cultivando esta situação duma forma tão desabrida. Esta semana que está a findar, foi uma semana triste para Portugal. Perdemos três figuras - cada qual no seu "métier" - de grande gabarito. Começamos pela perda do grande poeta Herberto Helder, - um dos maiores ao nível de Pessoa ou Camões -, depois, o cineasta Manoel de Oliveira - figura que caminhou muito à frente do seu tempo e que ainda passará algum outro até que a sua obra seja apreciada -, e o economista Silva Lopes - eminente professor e técnico de elevada qualidade a quem muitos de nós devemos muito do que sabemos -, três marcos muito importantes num país tão pequeno como o nosso. E chegado aqui, até parece que deveria estar feliz. Mas não estou. Desde logo pelas perdas. Depois pela ignorância que campeia neste país junto da juventude - a geração mais instruída e culta desde sempre - como é suez dizer-se. Mas, como venho afirmando há muito tempo, instrução e cultura são coisa não coincidentes. Podemos ter pessoas com elevada instrução e pouquíssima cultura e vice-versa. Tudo isto a propósito duma entrevista de rua feita por um dos canais de televisão, a quando da morte de Manoel de Oliveira. Depois de ouvir opinião de vários transeuntos portuenses - as entrevistas tiveram lugar no Porto - eis que o insólito (ou talvez não) aconteceu. Um jovem é entrevistado, aparentemente pela maneira como fala parece ter alguma instrução, mas quando confrontado com a pergunta: "Que representa para si a morte de Manoel de Oliveira?" O nosso jovem fica perplexo, tenta ainda congeminar do que se trata, do que fala o entrevistador, mas como não saía nada, pergunta ao jornalista para embaraço deste: "Não estou a ver. Manoel de Oliveira? Não conheço. Não terá por acaso um outro nome?" Santa ignorância. Até o jornalista ficou sem palavras no direto - as coisas dos diretos são terríveis - e afastou-se sem dizer nada. Talvez nem soubesse bem o que dizer sem se tornar grosseiro. Mas não fiquemos por aqui. No dia seguinte, o do funeral do cineasta, um outro jornalista dum outro canal televisivo, tentou entrevistar o diretor do Instituto do Cinema Francês, e aí foi o descalabro. É que o nosso jornalista não sabia falar francês, apenas algumas palavras dignas dum qualquer emigrante que estivesse à poucos dias no país gaulês. (É importante sublinhar que estes jornalistas têm uma formação académica superior o que torna esta situação ainda mais confrangedora). De facto, estamos perante um terrível paradoxo. Temos a geração mais qualificada, - em termos académicos -, mas continuamos a ter uma geração aculturada. Isto é bem a imagem do ensino neste país, na falta de exigência nas avaliações, onde qualquer ignorante passa mesmo que nada saiba. Primeiro porque só existem exames de longe a longe, depois porque se se fizesse uma avaliação correta, teríamos uma espiral de chumbos. Como me lembrei duma velhinha que há algum tempo atrás me abordou numa livraria sobre a encerramento duma outra famosa em Lisboa, e me dizia: "Isto é um país de ignorantes. Não costumo ver os concursos televisivos - a que chamava "concursos da treta" -, mas há dias pus-me a ver um. As perguntas eram do nível da minha 4ª classe, e aqueles jovens com formação superior não sabiam. É uma vergonha. Que andam estes jovens a fazer nas escolas?" Aqui podem-se culpar também os professores, mas a estes, talvez no seu tempo de alunos, tivesse acontecido o mesmo, o que significa que estamos num verdadeiro carrossel de ignorância. Felizmente que existem exceções. Mas são mesmo exceções. Portugal parece estar a seguir uma via de culto da estupidez que a ninguém interessa, muito menos ao país.