Turma Formadores Certform 66

Tuesday, June 30, 2015

Intimidades reflexivas - 320

"A nossa grandeza está não tanto em sermos capazes de refazer o mundo, mas sobretudo em sermos capazes de nos refazermos a nós mesmos". - Ghandi (1869-1948)

O grito do desespero

Estamos todos a assistir àquilo que pode ser uma semana única e histórica. A Grécia perdeu o medo e jogou uma cartada forte. Penso até que tal deriva de ter já assegurada uma qualquer saída da situação caso as coisas corram mal na União Europeia (UE), caso contrário, será um suicídio. Mas um simples gesto dum povo humilhado e ofendido fez tremer muita gente. Por cá, o governo ultraliberal mantém-se em "blackout" a ver no que a coisa dá. Se por um lado, tudo correr mal à Grécia podem sempre acenar com um qualquer fantasma para assustar o eleitorado, mas por outro lado, também, porque sabe que nós iremos sofrer as inevitáveis ondas de choque. (Basta ver o que está a acontecer nas bolsas e a nossa foi uma das que caiu mais juntamente com a italiana, isto é, os dois países que estão na linha da frente da especulação financeira. Quanto às afirmações do Presidente da República nem perderei tempo em comentá-las). Que irão acontecer estas ondas de choque ninguém tenha dúvidas - deriva da teoria económica - e aí veremos se a "teoria dos cofres cheios" vale. (Já agora, cofres cheios de dinheiro emprestado para pagar dívidas). É que podemos ter muita comida (leia-se euros) para uns meses, até ao fim do ano ou pouco mais, e depois? É que ninguém sabe o tempo e as consequências de tal situação. Entramos num buraco negro que não conhecemos e do qual nem sequer sabemos como sair. O nervosismo mesmo da poderosa Merkel dá bem a entender o receio dos restantes 18 da zona euro face a uma possível saída da Grécia. A corda esticou demasiado e nunca ninguém pensou que os gregos fossem capazes de dar um murro na mesa. Até Obama não deixou de intervir, afinal a Grécia é importante do ponto de vista estratégico e parece que só ele vê isso. Não sou adepto do Syriza mas acho que Varoufakis e Tsipras só fizeram aquilo que deviam fazer. Face a mais austeridade, que até agora não produziu qualquer resultado visível, consultam o povo para saber que caminho devem trilhar. Afinal a democracia é isto. Apenas alguns senhores de ocasião da UE o esqueceram habituados a ter governos submissos que aceitam as humilhações sem pestanejar como o nosso. Para que não restem dúvidas, devo aqui fazer a minha declaração de intenções - repeti-la, será o termo mais correto - de que sou a favor da Europa, do euro e até me situo no campo daqueles que defendem o federalismo. Só que não me revejo nesta Europa arrogante, não solidária, apenas apostada em fazer vingar os pontos de vista dos mais forte (do norte) contra os mais fracos (do sul). Esse não é, nem nunca foi o projeto europeu idealizado por Jean Monet. Seja como for, aconteça o que acontecer, a Grécia, país que deu ao mundo a democracia, mostrou que já chega. O grito de desespero foi profundo. A fera ferida na sua dignidade foi buscar as últimas forças. Como se diz na terra de Sócrates e Platão "quando se está totalmente encharcado já não se teme a chuva". Um ditado popular que encerra muita sabedoria. Para quem a quiser aproveitar. Apesar de tudo, penso que haverá um acordo. Mais brando seguramente para os gregos. O medo instalado na Europa que vai mostrando a sua real fragilidade é um dado. "Se o euro falhar falha a Europa", dizia ontem Merkel. Parece que só agora deram por ela.

Monday, June 29, 2015

"A Conspiração" - Dan Brown

De novo trago à ribalta o escritor americano Dan Brown. Desta feita, trata-se do seu último livro "A Conspiração" que mão amiga me fez chegar. A título de sinopse do livro poderemos afirmar que se trata de algo bizarro. "Quando um satélite da NASA descobre um estranho objeto enterrado nas profundezas do Ártico, a agência espacial vangloria-se de uma descoberta de que muito necessita. Para verificar a autenticidade da mesma, a Casa Branca chama Rachel Sexton, especialista dos serviços secretos, que se vai deparar com a maior conspiração de que há memória", pode ler-se na apresentação da obra. Este livro é uma espécie de "remake" de anteriores romances como a "Fortaleza Digital" e mesmo "O Símbolo Perdido". O tema é praticamente o mesmo, mudando o lugar de ação e as personagens. Apenas tem o mérito de nos dar a conhecer alguma da tecnologia de ponta de índole militar, normalmente muito secreta, ainda não muito conhecida no mundo. Tudo o resto é aparentemente igual, numa receita que pode dar os seus frutos ao autor, mas que está longe do virtuosismo dum "O Código da Vinci" ou "Anjos e Demónios", livros que notabilizaram o autor, sobretudo o primeiro. Sei como é difícil repetir um êxito retumbante, mas também sei, que muitas vezes nos situamos um patamar abaixo, mesmo assim com sucesso, e aí permanecemos "ad aeternum" não questionando, nem um só vez, a bondade da fórmula aplicada. Assim este livro, não deixando de ser um "thriller" bem urdido, não vai para além disso. Seguramente um livro para os cultores do género, mas sobretudo, para o leitor comum, um bom livro de férias. Aquele que se leva para a praia ou para o campo para entreter os momentos de lazer. Para além disso, acho que fica muito pouco. Estou convencido que este não será um livro que ajudará a ampliar o já famoso nome do autor. E para quem escreveu esse "best-seller" magnífico que foi "O Código da Vinci" este livro não nos trás nada de novo. Enfim, como já atrás disse, um livro para férias. A edição é da Bertrand Editora.

Um dia no Céu

UMA HISTORIA LINDA ......SONHEI.....
'' UM DIA NO CÉU ''
Sonhei que fui ao Céu e um anjo mostrava as diversas áreas lá existentes.
Entramos numa sala de trabalho cheia de anjos. O anjo-guia parou no primeiro departamento e disse:
-Esta é a Recepção. Aqui, são recebidas as orações com petições a Deus.
Olhei e vi muitos anjos organizando pedidos e bilhetes escritos por pessoas de todo o mundo.
Seguimos até chegarmos à segunda seção.
- Esta é a área de Embalagem e Entrega. Aqui, as graças e bênçãos solicitadas são processadas e entregues às pessoas que as pediram, disse o Anjo.
Notei que, também ali, estavam todos muito ocupados, trabalhando intensamente, tal era a quantidade de bênçãos solicitadas e que deveriam ser enviadas.
Finalmente, paramos em frente a uma pequena área e, para minha surpresa, havia só um anjo sentado ali, desocupado, não fazendo nada.
- Esta é a Seção de Reconhecimento, disse-me calmamente meu amigo, que pareceu embaraçado.
- Como é isso? Não há nenhum trabalho acontecendo por aqui? - Perguntei.
- É tão triste. - O anjo suspirou.
- As pessoas recebem as bênçãos que pediram, porém poucos enviam confirmação de reconhecimento.
- E como se confirma que recebemos as bênçãos de Deus? -Perguntei.
- Simples, basta dizer, Grato Senhor. Respondeu o anjo.
E quais bênçãos devem ser reconhecidas?
- Perguntei.
- Se tens alimento em sua geladeira, roupas nas suas costas, um teto sobre sua cabeça e um lugar para dormir... Você é mais rico que 75% dos moradores deste mundo.
- Se tens dinheiro no banco, em sua carteira e algumas moedas sobrando em casa, você está entre os 8% mais bem sucedidos do mundo!
- Se tens teu próprio computador, você é parte do 1% do mundo que tem essa oportunidade.
- Se você acordou hoje de manhã com mais saúde que doença, és mais abençoado que os muitos que nem sequer sobreviverão a este dia.
- Se nunca experimentaste o temor da batalha, a solidão da prisão, a agonia da tortura, nem as dores de sofrimento e de fome, estás à frente de 700 milhões de pessoas no mundo.
- Se podes ir a uma Igreja, Mesquita ou Sinagoga, sem o temor de apanhar, ser preso, torturado, és abençoado e invejado por mais de três bilhões de pessoas, que não podem reunir-se com outros de sua fé.
- Se teus pais estão vivos e casados, és uma raridade.
- Se podes manter a cabeça erguida e sorrir, não és a norma, és um raro exemplo a tantos que estão em dúvida e em desespero.

Sunday, June 28, 2015

Intimidades reflexivas - 319


"Um pequeno grupo de espíritos determinados, alimentado por uma fé inabalável na sua missão, pode alterar o curso da História". - Ghandi (1869- 1948)

Roubada de novo!...

Hoje voltei ao local da matilha. E o inesperado - ou talvez não - aconteceu. Toda a comida que ontem lá deixei tinha sido roubada mais uma vez! (Ver foto). O nosso "amigo" já deve ter regressado dos festejos sanjoaninos e vai daí voltou à sua atividade costumeira, o roubo. Já ontem quando lá cheguei vi que nenhuma comida seca lá estava, (coisa pouco habitual porque o Bruno Alves Ferreira tem o cuidado de a repor), mas poderia ainda não ter podido passar por lá. Fiquei na dúvida, mas hoje ficou claro que mais uma vez a roubaram. (Coisa que começou a acontecer há uns meses e que nunca vi em mais de 14 anos que apoio animais naquele local). A disposição dos recipientes é disso claro, sobretudo o da comida seca. Esta é uma saga interminável com que tenho / temos que conviver, Não é fácil. Muitos quilómetros volvidos, gasolina gasta, dinheiro despendido em comida húmida e seca, e o retorno é este. O pobre animal que anda por lá, - agora juntou-se a outro grupo depois da possível morte da mãe -, lá vai aparecendo pela hora de almoço, segundo os trabalhadores da zona me dizem. Acaba sempre por comer algo que lhe trazem. Mas ao fim-de-semana ele é totalmente dependente de nós. E isso dói. Mas assumo que nada posso fazer. Essa também é a opinião do meu amigo Bruno que colabora comigo no apoio a este caso vai para vários anos. A menos que nos mudasse-mos para lá e ficasse-mos todo o dia a ver o que acontecia. Coisas difíceis de aceitar, estas de roubarem a comida, mas quem lida com animais desprotegidos tem que estar preparado para tudo. Isto, e por vezes, coisas bem piores. Há gente assim. Mas também há outro tipo de gente que faz do apoio a estes infelizes a sua missão. Esta tem sido uma guerra que vou perdendo. Talvez um dia tenha a minha vitória. Apenas me resta continuar a trilhar este caminho. Esta é porventura a minha missão. Tenho que cumpri-la e basta.

Intimidades reflexivas - 318

"Ninguém está livre de dizer tolices. O imperdoável é dizê-las solenemente." - Montaigne (1533-1592)

Saturday, June 27, 2015

Uma grande interrogação

Quando cheguei ao local onde o cachorro que apoio se encontra, todos os recipientes estavam vazios. (Ver foto). Será que a comida foi roubada? Não o posso afirmar. Mas como a comida seca também de lá tinha desaparecido, tal é uma possibilidade forte. Seja como for, deixei a comida habitual na expectativa que por lá resista até que o cachorro apareça. É por ele que faço este esforço. Gostava que ele usufrui-se do que lhe deixo. A ver vamos como evoluirão as coisas nos próximos dias.

Intimidades reflexivas - 317

"Quem quiser encontrar o útil deve procurar o verdadeiro." - Max Planck o pai da Física Quântica.

Friday, June 26, 2015

Esqueçam a Grécia, Portugal é uma "bomba-relógio" à espera de rebentar

Entre avanços e recuos, a crise na Grécia poderá estar em vias de se resolver – pelo menos por mais uns meses. Mas um conceituado analista financeiro acredita que a verdadeira crise na Europa poderá estar muito longe da Grécia, mais concretamente num país que é uma bomba-relógio à espera de explodir: Portugal. O analista britânico Matthew Lynn afirmou na passada quarta-feira na sua coluna de opinião no WSJ Market Watch que o nível de dívida pública portuguesa, acima dos 130%, poderá ser já “insustentável”. No artigo em causa, “Forget Greece, Portugal is the eurozone’s next crisis“, Lynn salienta que Portugal tem o maior índice de dívida publica em percentagem de PIB na zona Euro, e que a maior parte da dívida é detida por estrangeiros. Segundo o financeiro, a economia portuguesa não se encontra no estado de permanente crise da economia grega, que “está nos cuidados intensivos”, mas não parece capaz de conseguir uma recuperação sustentada. Portugal, diz Lynn, “ainda está em sarilhos“, e poderá ter que enfrentar uma situação de incumprimento. Lynn antecipa mesmo que as eleições legislativas de Outubro poderão despoletar uma segunda crise em Portugal. “À superfície, Portugal parece estar muito melhor do que há três anos, depois de ter saído com êxito do programa de assistência da troika“, continua o analista, “e a economia parece estar a crescer”. Se, depois da Irlanda, também Portugal conseguir efectivamente recuperar da crise, “será uma vitória estrondosa para a União Europeia e para o FMI”, cuja receita baseada em austeridade se revelou “uma catástrofe” na Grécia.

"A Teoria Quântica - A revolução do muito pequeno" - Max Planck

Mais um número saiu da edição especial da revista National Geographic. Desta feita, debruça-se sobre a vida e obra do grande cientista alemão Max Planck (1858-1947), com o título "A Teoria Quântica - A revolução do muito pequeno". Max Planck foi um homem que viveu num período difícil da vida do seu país e do mundo. Esteve no epicentro da II Guerra Mundial. Tentando negociar com os democratas, dentro da República de Weimar, e depois com os nazis após a ascensão de Hitler ao poder, Planck foi sempre um homem esmagado entre dois mundos. Apesar da sua proximidade com algumas figuras nazis, - não por simpatia, mas por necessidade -, não impediu este de ver um dos seus filhos executado pelos nazis acusado de atentar contra a vida do ditador alemão. No final da guerra, viu a sua casa completamente destruída pelas forças aliadas, onde se perdeu uma parte substancial da sua documentação. (Esta é uma das maiores ironias). Apesar de todas as vicissitudes, o seu saber, afabilidade e compreensão para com os outros, são marcas que sempre conservou ao longo da vida. Homem duma profunda religiosidade, a ele é atribuído o desenvolvimento daquilo que viria a ser um ramo da ciência mas futurista à época, e até nos nossos dias, a Física Quântica. Max Planck foi sem dúvida um cientista que trouxe um enorme avanço na ciência num dos momentos históricos mais improváveis. Como sempre acontece, para além dos protagonistas, depois da sua morte numa Alemanha dividida pelos efeitos da guerra, o seu nome foi apropriado, quer pelos alemães ocidentais, como pelos de leste. Isso foi mais visível quando se lhe fez uma homenagem a quando do centenário do seu nascimento. Para além de toda esta mesquinhez, a figura de Planck nunca deixará de pertencer aos anais da história da ciência mundial. Esta edição especial é um enorme repositório da sua vida e das suas descobertas, pintada aqui e ali por fotografias da época verdadeiramente únicas. A merecer a vossa atenção mais esta edição especial com a chancela de qualidade que todos reconhecemos à National Geographic. Verdadeiramente imperdível. Uma revista de colecionador.

Thursday, June 25, 2015

Solidariedade para com a Grécia

Em solidariedade com a Grécia, deixo-vos “Discurso de Péricles aos Atenienses” poema do livro de Manuel Alegre,  "Chegar Aqui", de 1984. Bruxelas tomou o papel de Esparta e hoje, como então, a nossa força é a diferença.

Discurso de Péricles aos Atenienses

Deixai-os em treino permanente
Como se a vida fosse apenas exercício
Atenas ama o vinho e a poesia
E Esparta o sacrifício

Que nos acusem de vida fácil e leviandade
Que digam que não sabemos guardar segredo
Nem combater
Em Atenas reina a liberdade
E em Esparta o medo

A nossa força é a diferença

Não são precisas provações nem disciplina
Atenas vive como quer e como gosta
Porque a nossa coragem não se aprende não se ensina
A nossa é de nascença
E não imposta

Deixai-os pois dizer que vão vencer
Eles fogem da vida por temor da morte
Nós vamos para a morte por amor da vida
E enquanto Esparta só combate por dever
Nós iremos lutar com alegria

Por isso Atenas não será vencida

Manuel Alegre

Wednesday, June 24, 2015

Intimidades reflexivas - 316


"De nada vale saber - imaginar é tudo." - Anatole France (1844-1924)

Tuesday, June 23, 2015

Bom São João

Esta é a noite mais longa, como é usual dizer-se em terras do norte, sobretudo, no Porto. É a noite de São João. Esta é a noite da folia e dos excessos, a noite do martelinho. do alho pôrro e da cidreira para os menos jovens, a noite dos balões e dos fogos-de-artifício. Esta é a noite de São João que é mais comum, aquela em que a maioria das pessoas se revê. Mas tal como as faces duma moeda, a noite de São João tem um outro lado mais obscuro, exotérico e até sinistro. A anteceder os festejos, muitos animais são sacrificados à gula dos humanos. Cordeiros inocentes sacrificados no altar da ignomínia humana. Mas para além destes, outros são sacrificados em condições idênticas ou até mais macabras. É a noite de São João mais estranha à maioria das pessoas, mas que existe num outro mundo para além do cognoscível da maioria das gentes. Como é do conhecimento de todos, João, o primo de Jesus, foi sacrificado nas masmorras de Herodes depois de denunciar alguns dos exageros deste rei, atingindo o seu clímax quando denunciou a relação que este tinha com a sua cunhada Herodia. Esta relação promiscua levaria à morte de João por decapitação, a pedido de Salomé, enteada de Herodes, depois desta ser incitada por sua mãe que se sentia ultrajada. Este símbolo de morte apenas por denunciar algo que todos sabiam ficou a ser culto de muita gente. Gente que se revê numa visão mais exotérica, diria mais, até estranha, que não a noite de folia que é comum à maioria das gentes. Tal como o simbolismo do "Yin-Yang" muito caro à cultura chinesa, por cá não deixa de ser diferente, afinal, como diz o povo, toda a medalha tem o seu reverso. Esta dualidade de simbolismo e de adoração, sempre me dividiu nestes festejos. Embora celebre o São João mais tradicional às populações, não deixo de pensar nos outros, sobretudo nos animais que são as grandes vítimas de tudo isto. Uns sacrificados à degustação humana, outros sacrificados em rituais bem menos ortodoxos. Enfim, que estas ideias não sirvam para estragar a tradicional festa de São João, mesmo para aqueles que não conheciam o outro lado da mesma. Afinal, os caminhos da Humanidade face ao transcendente nem sempre são retos e claros. Boa noite de São João. Bom São João a todos.

Monday, June 22, 2015

Intimidades reflexivas - 315

"Ainda há muitas coisas bonitas sobre a Terra e grandes coisas por fazer. O valor da vida é determinado, no final, pela forma como é vivida. Por isso, um indivíduo retorna sempre ao seu dever de seguir em frente e de mostrar aos seus entes mais queridos o mesmo amor que gostaria de receber para si próprio." - Max Planck (1858-1947) em carta ao seu amigo Runge após a morte da sua segunda filha.

Sunday, June 21, 2015

Solstício de Verão é hoje

Hoje dia 21 de Junho tem início do Verão de 2015. Esta data é determinada pelo ocorrência do solstício de Verão. O solstício de Verão corresponde ao momento em que o sol atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador, em Junho no hemisfério norte, e em Dezembro no hemisfério sul. Assim, o início do verão europeu começa em Junho, enquanto no hemisfério sul o Verão só se inicia em Dezembro. Em 2015 o solstício do verão acontece hoje, dia 21 de Junho, às 16h38. O Verão chega assim a Portugal em 2015 pela tardinha. Em 2014 o verão começou pela manhã, no mesmo dia 21 de junho. O solstício de verão acontece maioritariamente a 21 de Junho mas pode também ocorrer noutros dias, como a 20 de Junho. O Verão termina depois em Setembro, dando lugar ao Outono. Em 2015 o Verão acaba a 23 de Setembro, pela manhã cedo: às 08h21. Pode aproveitar o calor do Verão e gozar as suas férias de Verão até este dia.

Finalmente uma boa notícia

Não quero embandeirar em arco porque normalmente arrependê-mo-nos. Mas, finalmente trago uma boa notícia. Quando cheguei ao local onde habita o cachorro que vou apoiando, a comida parece ter resistido. Ou, em alternativa, o nosso "amigo" não gostou dela. O certo é que ainda lá havia comida. Apenas reforcei com a que tinha levado e que a ele se destinava. Provavelmente será uma situação pontual, mas mesmo assim, fiquei contente. Pelo menos uma vez, desde há muito, parece que a comida resistiu. Veremos daqui para a frente como as coisas se vão perfilar no horizonte.

Saturday, June 20, 2015

Será?...

Quando cheguei ao local onde habita o cachorro, o aspeto era desolador. (Ver foto 1). Não sei se a comida que eventualmente lá se encontrava foi roubada ou  se o meu amigo Bruno Alves Ferreira ainda lá não tinha ido. Contudo, e pela disposição do vasilhame que a foto documenta, tudo leva a crer que houve uma visita anunciada por aquelas bandas. Seja como for, deixei lá bastante comida (ver foto 2) e amanhã verei o que aconteceu. A comida seca que deixei era muito pouca porque já não tinha mais. Se o Bruno passar por lá, por favor, leve alguma. Assim continua esta saga deste cachorro. Sempre vítima desde que nasceu da incompreensão humana.
Quando a mãe por lá andava, eles estavam presentes e sempre comiam o que lhes levava. Agora que ela desapareceu - provavelmente terá morrido - ele afasta-se do local e nem sempre o vejo. Contudo, e por aquilo que me informam trabalhadores do local, ele aparece sempre pela hora de almoço porque sabe que lhe trazem sempre alguma coisa para comer. Enfim, a saga das pedras dum ser que deveria ser, como todos os outros, respeitado, mas que infelizmente, tal nunca acontece.

Friday, June 19, 2015

Intimidades reflexivas - 314

"Tenho a certeza de que a minha música tem um certo sabor a bacalhau." – Edvard Grieg (1843-1907).

Thursday, June 18, 2015

Intimidades reflexivas - 313

"Sonho a minha pintura e pinto o meu sonho." - Vincent van Gogh (1853-1890).

Wednesday, June 17, 2015

Intimidades reflexivas - 312

"As pessoas não compram os meus quadros, compram a minha assinatura." - Pablo Picasso (1881-1973).

Tuesday, June 16, 2015

"Os Criadores - Uma História dos Heróis da Imaginação" - Daniel J. Boorstin

Depois de "Os Descobridores", o historiador norte-americano Daniel J. Boorstin, vencedor do Prémio Pulitzer, entre outros prestigiados galardões, oferece-nos uma nova obra de grande fôlego: a história surpreendente das grandes realizações do génio artístico do homem, desde os megálitos e as pinturas rupestres até Picasso e o nascimento do cinema. O livro inicia-se com um prólogo em que se relatam as perspetivas das várias religiões - hinduísmo, confucianismo, budismo, islamismo e cristianismo - sobre o mistério do mundo, onde se conclui que a tradição judaico-cristã profetizou um homem-criador feito à imagem de Deus. Daí parte para a história das grandes criações humanas, num período que abarca mais de três mil anos, cobrindo as mais diversas atividades artísticas - arquitetura, pintura, escultura, teatro, música, dança, literatura, fotografia e cinema. Com uma linguagem acessível e pequenos episódios biográficos, que tornam a narrativa fluente e aliciante, "Os Criadores" constitui uma saga das grandes figuras que fizeram a nossa herança cultural. De Giotto a Picasso, de Brunelleschi a Frank Lloyd Wright, de Dante a Kafka, de Leonardo da Vinci a Miguel Ângelo, de Bach a Stravinsky, esta síntese não esquece o caráter inovador de um Shakespeare, de um Cervantes, de um Beethoven ou mesmo de uma Isadora Duncan, mas também não ignora os construtores anónimos de Stonehenge, dos templos gregos ou das pirâmides do Egito, permitindo-nos partilhar da sua emocionante busca do belo e da verdadeira essência do espírito humano. Sobre o autor, Daniel J. Boorstin, é um historiador de prestígio internacional. Nasceu em Atlanta em 1914, licenciou-se em Harvard e doutorou-se em História e Direito pela Universidade de Yale. Foi professor da Universidade de Chicago, tendo também lecionado nas Universidades de Roma, Genebra, Quioto, Porto Rico, Cambridge e Paris, onde foi o primeiro docente de História Americana na Sorbonne. Recebeu inúmeros graus honoríficos e distinções académicas ao longo da sua carreira docente, bem como condecorações dos governos de vários países, entre os quais Portugal. Autor de diversos livros, entre os quais se destaca a obra "Os Descobridores", traduzida em vinte línguas e publicada em Portugal, o historiador foi diretor da gigantesca Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, a mais importante de todo o mundo, entre 1975 e 1987. Este é um livro fascinante e arrebatador que se estende por mais de setecentas páginas e que vivamente aconselho a todos. Um daqueles livros imperdíveis. Resta acrescentar que a edição é do Círculo de Leitores.

Intimidades reflexivas - 311

"Acredito na futura transmutação desses dois estados aparentemente contraditórios, sonho e realidade, numa espécie de realidade absoluta, de surrealismo." - André Breton (1896-1966).

Monday, June 15, 2015

Intimidades reflexivas - 310

"Quem se mete na vida alheia, acaba por ficar agarrado por ela." - Almada Negreiros (1893-1970).

Intimidades reflexivas - 309

"Saber tudo sem o ter aprendido era uma característica dos grandes artistas." - Molière (1622-1673).

Intimidades reflexivas - 308

"Na minha opinião, procurar não significa nada em pintura; o que interessa é encontrar." - Pablo Picasso (1881-1973).

As meias verdades

Todos temos vindo a assistir ao que se está a passar na Europa: a Grécia cada vez mais empurrada - duma forma real ou fictícia - para fora da União Europeia (UE); Portugal, apesar de já não ter a "troika", continua a ser pressionado para cortes e mais cortes. Afinal porquê tudo isto? É minha firme convicção que este realinhamento tem algo que está para  além da chamada "crise". Talvez mesmo esta tenha sido fictícia versus real, - ou induzida por outras forças -, o que até dava jeito ao aproveitamento que dela se tem feito. O governo português aproveitou-se dela, a Europa fez o mesmo. Tudo isto parece colocar os países da UE num alinhamento que terá outra finalidade. Desde há muito - ainda nos idos anos 80 e 90 do século passado - que se vem falando do projeto federalista da UE. (Por cá teve vários paladinos, desde logo, Mário Soares). Este despersonalizar dos países, o criar governos que são uma pura ilusão de independência nacional, a criação do euro, o projeto de fiscalidade dentro da União,bertura das fronteiras - espaço Schengen -, o cada vez mais falado exército europeu (grande pecha da UE que urge resolver), tudo isto afinal, não passam de sinais, uns, e de passos firmes, outros, nesse sentido federalista. (Veja-se o que há dias afirmou Durão Barroso sobre a criação duma Constituição Europeia e da sua oportunidade). Daí o aperto que estão a fazer à Grécia onde qualquer ideia de esquerda mais radical assusta, porque sai fora do âmbito do que se pretende que seja a UE. Estou convicto que com este plano atual, - ou com um alternativo B de que já se fala -, a Grécia não deixará a zona euro. Primeiro, porque ainda não são claros os reais impactos que isso causaria na UE e na própria zona euro, depois pela posição geoestratégica que a Grécia desempenha na Europa. (Mas outro caminho será sempre possível se a Grécia não encaixar nos parâmetros federalista da UE). Cumpre aqui dizer para que fique claro, que eu sou um federalista convicto, ideia que transporto há muitos anos. (Isto não significa que apoie o aproveitamento ultraliberal que este governo fez. São coisas diferentes que por vezes se confundem). Porque acho que quando aderimos a este projeto - na então longínqua CEE - deveríamos ter avaliado se isso seria bom ou mau para Portugal. A mim parece-me que foi bom. Basta ver o desenvolvimento de Portugal nestes últimos 40 anos, - apesar dos contratempos -, face ao que tinha sido o desenvolvimento do nosso país nos últimos dois séculos. O projeto de uma certa flexibilização em algumas áreas, - como o trabalho, por exemplo -, acabam por se enquadrar no que se passa noutros países num estágio mais avançado da UE. (Os sucessivos casos de privatizações apressadas indiciam isso mesmo, - para além do factor ideológico que é evidente -, como o culminar da privatização da TAP é um bom exemplo). Este empobrecimento a que este governo nos sujeitou não passa afinal de mais um ajustamento naquilo que será o papel da "província" ou "região" chamada Portugal, terá dentro do clube europeu. Porque um caminho diferente resultará num choque com o projeto europeu à imagem do que está a suceder na Grécia. Daí que as eleições na minha modesta opinião, não trarão nada de substancialmente diferente, - como já o afirmei por diversas vezes -, porque cada vez mais a governação interna é pautada pelas diretrizes da governação externa da UE. (Daí os chamados partidos do arco governamental). O que não me agrada é a falta de verdade, quiçá, até um esconder deste projeto aos cidadãos que não compreendem o que lhes está a acontecer. Estas meias verdades, estas inverdades até, que tornam o processo pouco claro para todos nós. É que a ideia de renovação dentro do quadro político atual será menos, o de manter este governo ou substituí-lo por outro, mas mais, se devemos continuar ou não dentro da UE. A saída poderia piorar substancialmente as coisas, e digo poderia, porque isso não aconteceu em nenhum país e não se sabe as consequências que daí adviriam. (Veja-se a preocupação de Obama na última reunião do G7 sobre a Grécia e a sua manutenção dentro da UE). Até nos poderíamos questionar o que isso interessaria a Obama? Talvez a resposta já tenha sido dada atrás. Os senhores do mundo têm um projeto transnacional que vai muito para além dos países e até da própria UE. O que é preciso é que vão esclarecendo as coisas às populações para que elas sejam entendíveis. A menos que tal signifique uma impossibilidade por uma outra razão maior qualquer que ela seja. E isso é que nos deve desassossegar a todos.

No 45º aniversário da morte de Almada Negreiros

Passam hoje 45 anos sobre a morte do grande artista plástico e escritor Almada Negreiros. José Sobral de Almada Negreiros ocupa uma posição central na primeira geração de modernistas portugueses. Nasceu em Trindade, São Tomé e Príncipe (então província portuguesa) a 7 de Abril de 1893 e viria a falecer em Lisboa a 15 de Junho de 1970. Contribuiu para a dinâmica do grupo ligado à Revista Orpheu, sendo a sua ação determinante para que essa publicação não se restringisse à área das letras. Aguerrido, polémico, assumiu um papel central na dinâmica do futurismo em Portugal: "Se à introversão de Fernando Pessoa se deve o heroísmo da realização solitária da grande obra que hoje se reconhece, ao ativismo de Almada deve-se a vibração espetacular do «futurismo» português e doutras oportunas intervenções públicas, em que era preciso dar a cara", pode ler-se nessa revista. E Eduardo Lourenço afirmava: "Estranho arco de vida e arte o que une Almada «Futurista e tudo», Narciso do Egipto da provocante juventude, ao mago hermético certo de ter encontrado nos anos 40, «a chave» de si e do mundo no «número imanente do universo»". Ao celebrarmos hoje os 45 anos do seu falecimento, devemos tentar descobrir, ou redescobrir, a obra deste grande artista português. Será assim, seguramente, a melhor forma de o homenagear.

Sunday, June 14, 2015

Ignomínia sem fim!...

Ontem quando voltei ao local onde deixo comer para o cachorro que estou a apoiar, verifiquei que tudo me parecia normal. Os recipientes estavam prontos para receber a comida, a água fresca e uma quantidade apreciável de comida seca que o Bruno Alves Ferreira por lá vai deixando. Fiquei descansado. Tudo indiciava que o nosso "amigo" deveria ter ido festejar o Santo António e por lá não tinha passado. Deixei a comida costumeira com a fé de que nesse dia ela por lá permaneceria. Contudo, hoje quando lá voltei, nada do que era a minha suposição se via. A comida toda, sem exceção, tinha de novo sido roubada. (Até o novo recipiente que lá ontem deixei parecia que tinha sido lavado). Esta é uma saga da verdadeira ignomínia humana, daquilo que o ser dito humano, é capaz de ser e fazer, é o pior que encerram muitos de nós. Lá voltei a deixar a comida habitual com a firme convicção de que, se o cachorro por lá não aparece rapidamente, nem a vai ver, muito menos comer. (Já agora, e apesar de ser domingo, e por cima um dia de intempérie, pedia ao Bruno Alves Ferreira que, se tivesse oportunidade, lá fosse por comida seca, porque mais uma vez já não tinha nenhuma comigo). Estas são atitudes que nos fazem desanimar, esmorecer. Trabalhamos muito em prol dos animais. Tentamos ajudá-los e na volta acontece-nos isto. Esta situação é relativamente recente. Durante muitos anos - já apoio esta matilha há mais de 14 anos! - nunca tinha assistido a tal coisa. É certo que vi coisas, talvez, piores. Mas furtarem a comida nunca! Esta pessoa sem moral, sem nada que a qualifique, continua a sua jornada de pedras. Não sei se devo ter ódio de quem faz isto, se pena. Talvez pena seja mais ajustado. Afinal quem assim procede está muito abaixo da dignidade dum animal, mesmo daqueles que, como este, são vítimas duma vida de infortúnio. Pessoas assim já se desqualificaram na sociedade. A vida, estou certo, se encarregará de fazer o resto.

Saturday, June 13, 2015

Intimidades reflexivas - 307

"O meu instrumento não é um microscópio, mas um telescópio assestado ao tempo." - Marcel Proust (1871-1922)

Friday, June 12, 2015

Ornette Coleman (1930-2015)

Este mês tem sido muito significativo em desaparecimentos de gente ligada ao mundo das artes e da cultura. Ontem mais um partiu. Trata-se Ornette Coleman, o grande saxofonista e compositor de jazz norte-americano. O JN publicou um artigo muito interessante sobre a sua vida e obra que, pelo interesse que encerra, aqui reproduzo na íntegra. "O músico Ornette Coleman, figura histórica e inovadora do jazz, morreu ontem quinta-feira em Manhattan, aos 85 anos. Um representante da família, citado pelo jornal nova-iorquino, declarou que o músico morreu após sofrer um ataque cardíaco. Nascido em Fort Worth, Texas, em 1930, o artista, considerado "um dos mais poderosos e controversos músicos de jazz", celebrizou-se por discos como "The Shape of Jazz to Come", de 1959, distinguido este ano com a entrada na "Grammy wall of fame", e "Change of the Century", o álbum seguinte, dois títulos que desafiaram os preceitos e as estruturas definidas daquele género musical. "Free Jazz", álbum editado em 1960, deu origem e nome a uma nova expressão dentro da música Jazz. Com a sua música e personalidade cultivou uma figura de "músico-filósofo", mais "eloquente e teórico" do "que John Coltrane", afirma o obituário do New York Times, A história de Coleman cruza-se com a história da resistência ao Estado Novo em Portugal: a sua atuação no Cascais Jazz de 1971 - primeiro festival de jazz em Portugal - terminou sob ameaça de intervenção policial, depois de o seu contrabaixista, Charlie Haden, que morreu em 2014 em Los Angeles, dedicar uma música aos movimentos de libertação de Angola e Moçambique. O público recebeu a declaração política efusivamente, com aplausos e punhos erguidos, mas o contrabaixista foi de imediato detido pela PIDE, que o escoltou ao aeroporto de Lisboa, obrigando-o a sair do país. A grande maioria da imprensa portuguesa da época, sob o olhar da censura, ignorou o sucedido. Ornette Coleman atuou em Portugal em novembro de 2008, em dois concertos na Aula Magna, em Lisboa, e no Coliseu do Porto, um ano depois de se ter apresentado no encerramento do Jazz de Agosto em 2007. Nesse ano, Coleman lançou o álbum "Sound Grammar", vencedor do Pulitzer da Música de 2007, que marcou o regresso do músico ao mercado discográfico, depois de um afastamento de dez anos. O álbum, gravado ao vivo em Berlim, marcou igualmente o lançamento da editora própria do saxofonista, também designada "Sound Grammar", como demonstração de uma "gramática do som" que "está para a música como as letras para a linguagem - a música é uma linguagem de sons que transforma todas os idiomas humanos", explicava então o músico no seu sítio na internet. Ornette Coleman atuou por cinco vezes em Portugal. Além das presenças no Cascais Jazz, em 1971, no Jazz em Agosto, em 2007, e em Lisboa e no Porto, em 2008, esteve também nos Coliseus de Lisboa e do Porto, em 1996, e ainda no Jazz em Agosto de 1988, para dois concertos com a Prime Time Band." Agora que o homem partiu, a obra permanecerá a eternizar um dos grandes da música do nosso tempo. RIP, Ornette Coleman!

O admirável mundo novo

Diz Carlos Galvão e eu subscrevo: "Admirável Mundo Novo! Sejam bem-vindos ao mundo novo, um mundo de transportes aéreos privados e de empreendedores, de saúde privada e de pessoas que morrem nas urgências, de educação privada e de meritocratas, de auto-estradas privadas e de baixos salários, de transportes “públicos” privados e de precariedade, de segurança social privada e de assistencialismo, de jovens desempregados e de velhos com reformas de miséria, de imensamente ricos e de excluídos, de arame farpado nas casas ricas e de despejos de pobres, de água privada e de crianças com fome, de rede eléctrica privada e de velhos com frio, de banqueiros criminosos e de manifestações reprimidas, de rendas garantidas e de emigrantes, de empresas com sede na Holanda e de caridade, de perdões fiscais milionários e de penhoras, de mitos urbanos e de pessoas empurradas para o crime e a marginalidade, um mundo em que tudo será privado, SÓ A DÍVIDA SERÁ PÚBLICA! Dêmos as boas vindas ao admirável mundo novo, aí está ele! PS. Independentemente do valor pelo qual foi alienada a TAP, a nossa TAP, e foi-o por um saco de amendoins, os meus concidadãos, aqueles que tanto se preocupavam com os custos de uma TAP pública, podem agora dormir descansados, em breve esse dinheiro será gasto para salvar um banco privado ou em subsídios a empresas privadas. Podem também sossegar quanto aos “privilégios” dos trabalhadores da TAP, a prazo serão todos despedidos e substituídos por precários a ganhar um prato de lentilhas. Quanto aos despedidos, ficarão a expensas da Segurança Social durante algum tempo, depois, serão mais dez mil potenciais empreendedores."

Intimidades reflexivas - 306

"Ele não inventou nada, mas mudou tudo." - George Painter (1914-2005) sobre Marcel Proust de quem foi o seu biógrafo.

Thursday, June 11, 2015

Morreu Christopher Lee (1922-2015)

Sir Christopher Lee trabalhou em mais 250 produções no cinema e televisão. Foi o feiticeiro Saruman, na trilogia "O Senhor dos Anéis", o vilão Conde Dookan, em "Star Wars", e Conde Drácula. O actor Christopher Lee morreu esta quinta-feira aos 93 anos no hospital Chelsea e Westminster, em Londres, onde estava internado na sequência de problemas respiratórios. A notícia foi avançada pela família do actor e divulgada pelo jornal britânico "Telegraph". Sir Christopher Lee trabalhou em mais 250 produções no cinema e televisão. Foi o feiticeiro Saruman na trilogia "O Senhor dos Anéis", o vilão Scaramanga em "007 contra o Homem com a Pistola de Ouro", o vilão Conde Dookan em "Star Wars" e Conde Drácula. Dono de uma voz grave muito característica e de quatro álbuns de heavy metal, aos 92 anos, (nos álbuns dos "Rhapsody on Fire")  Lee lançou o seu terceiro EP. Durante a II Guerra Mundial, Lee lutou contra os nazis, onde serviu como voluntário na Força Aérea Real Britânica e posteriormente fez parte de um serviço de inteligência. Em 2009, ganhou o título de Cavaleiro Real. RIP, Chrstopher Lee!

Morreu o compositor e maestro alemão James Last

Fui hoje surpreendido com esta notícia inserida no JN de ontem sobre  o compositor e maestro alemão James Last. "Um dos mais populares maestros do período do pós-guerra, James Last morreu na terça-feira na Florida, nos Estados Unidos, após uma curta doença e rodeado da família, informaram os seus promotores com sede em Berlim. "O distinto e proeminente artista viveu para a música e escreveu a história da música. James Last foi o mais bem-sucedido líder de orquestra alemão de todos os tempos", adianta a Semmel Concerts em comunicado divulgado esta quarta-feira. Um memorial público para os seus fãs está projetado para a cidade portuária de Hamburgo (norte da Alemanha), indica ainda o comunicado. Nascido na cidade de Bremen, em 1929, Last era conhecido pela sua "música feliz", fazendo arranjos de êxitos da pop ao estilo das "big band". Vendeu milhões de discos e realizou cerca de 2.500 concertos durante uma carreira de cinco décadas depois de conseguir o seu primeiro contrato de gravação em 1964, segundo o seu site na Internet. A sua tournée de despedida, "Non-Stop Music", terminou em abril em Colónia (oeste da Alemanha). O compositor alemão e regente de orquestra James Last morreu aos 86 anos." James Last fez as delícias de muita gente, a minha inclusive, com os seus discos de música ligeira, bem-disposta, mas sempre muito bem arrumada. Era um símbolo, talvez um dos últimos, das chamadas "big bands" que começaram a fazer furor nos anos 40 do século passado. Possuo uma vasta discografia de James Last que de quando em vez vou recuperando para amenizar os dias de mais tensão. James Last espalhou perfume por muitos sítios por onde passou nunca deixando ninguém indiferente. Neste momento, para além da surpresa, apenas a memória juntamente com as suas famosas gravações que aí ficarão para eternizar o seu nome. RIP, James Last!

Intimidades reflexivas - 305


"Eles podem permanecer vivos, jovens e belos na memória regeneradora do artista, aspirando da sua consciência interior aquelas formas que ele encontra num mundo sobrenatural que é a sua própria experiência." - Marcel Proust (1871-1922).

Wednesday, June 10, 2015

Afinal foi rebate falso!...

Como vem sendo hábito, nestas crónicas dum roubo anunciado que venho publicando há algum tempo na esperança de quem comete estas ações perceba o erro em que está, cá venho de novo para dizer que tudo aquilo que escrevi na passada semana não passou afinal de rebate falso. Porque hoje quando lá cheguei deparei-me com os recipientes vazios, todos sem exceção, e a pouco água que lá havia está toda suja. Parece que este "amigo" se vai divertindo com estas coisas e emenda é algo que não parece constar do seu vocabulário. Quando de lá saí, a bacia da água estava limpa e com água fresca, e todos os outros recipientes estavam abastecidos de comida. Não sei por quanto tempo. Nem sequer sei se o cachorro vai ter oportunidade de provar o que lá lhe fui levar. Enfim, esta é a sina de quem anda nestas coisas de apoio aos animais. Vemos de tudo, e nem sempre, para não dizer nunca, o que vemos não é de todo agradável. Mas temos que continuar porque esta é a nossa missão, este é o nosso sacerdócio. Optamos por este caminho, agora temos que o palmilhar. A bem dos animais que tanto sofrem vítimas exclusivas da ignomínia do ser dito humano.

Intimidades reflexivas - 304

"Sabei, pois, que não há nada mais forte, nem mais são, nem mais útil na vida, do que uma boa recordação, sobretudo se vem da infância, da casa paterna (...) uma recordação assim, bela, que guardamos desde a infância, é talvez a melhor educação." in "Os Irmãos Karamazov" - Fiódor Dostoiévski (1821-1881).

Tuesday, June 09, 2015

No sétimo dia do seu falecimento

Cumprem-se hoje sete dias sobre o falecimento da minha sogra Berta Lopes. Só por si, poderia ser o motivo duma lembrança de alguém que nos deixou à tão pouco tempo, e isso já bastava. Mas, neste dia de saudade, - o sétimo dia -, também aqui quero trazer uma expressão de sentimento que pode aparecer por variadas formas, e que muito nos sensibilizou. Trata-se duma homenagem feita sobre a forma de poema, que tem a autoria de Fernanda Santos (a avó da minha afilhada Inês) e que diz assim:


"Da pequenina Inês, para a avó Berta! 

Gosto muito de ti, ó avó Berta! 
A mãe disse, que para o Céu, foste morar 
No Céu fica sempre, uma janelinha aberta 
Para quando tu me quiseres ver, possas espreitar! 

Diz aos anjinhos do Céu, que na terra também tem! 
Anjinhos lindos, que também sabem amar 
E eu não digo a mais ninguém 
Que para o Céu tu foste, eternamente nanar! 

aut: F. Beatriz. 
Homenagem à avó Berta, dedicada pela pequenina Inês! 
(Descansa em paz, avó Berta)."


Existem momentos de inspiração, duma forte sensibilidade, momentos únicos, imperdíveis e que muito nos tocou. Sete dias passaram, já muita água correu sob as pontes. Mas a saudade fica, porque o tempo é ainda próximo, porque a memória ainda está demasiado fresca. Um obrigado à Fernanda Santos será o mínimo que podemos fazer. Quanto a ti Berta, descansa em paz!

Monday, June 08, 2015

A Ordem do Hospital

A história dos Hospitalários em Portugal é pouco conhecida, já que em 1662 o exército espanhol, comandado por D. João de Áustria, destruiu a vila do Crato e os arquivos da Ordem. Cerca de 1120 a rainha D. Teresa doou uma propriedade entre Oliveira e Bobadela à Ordem dos Hospitalários, uma etimologia de Oliveira do Hospital. Existe correspondência de 1122 entre o bispo Hugo do Porto e o Mosteiro de Leça. Entre 1122 e 1128 D. Teresa cede à Ordem a sua primeira casa capitular, o Mosteiro de Leça do Bailio. A outorga, em 1140, de uma carta de couto e privilégios por D. Afonso Henriques, 12o Grão-Mestre da Ordem atesta essa doação anterior e a importância dada à Ordem. O seu primeiro Prior terá sido um irmão do Rei. O Mosteiro de Leça do Bailio é considerado um dos melhores exemplares arquitectónicos existentes, no país, de transição do estilo românico para o gótico, com origem anterior ao séc. X. Foi neste Mosteiro que o rei D. Fernando casou com D. Leonor de Teles. Em 1160 é conquistada a região do Ocrato ou Ucrate aos mouros por D. Afonso Henriques. D Sancho I toma Silves em 1189, com a hoste do alferes-mor D. Mendo de Sousa, o Sousão, e os monges do Templo, do Hospital e de Calatrava. Em 1194,a 13 de Junho, ocorre, por parte de D. Sancho I e D. Dulce, a doação "para sempre" das "terras de Guidintesta", no actual concelho de Mação, à Ordem na pessoa do Prior do Hospital D. Afonso Pelágio, ou Afonso Paes, e que incluiam Amieira, Belver, Cardigos (antes propriedade dos Templários), Carvoeiro, Sertã (que tem uma história bastante rica e complexa), Envendos (que fundaram, e lhes foi tomada em 1522 por D. João III a pedido do Papa), Oleiros, Gáfete, Tolosa, talvez também Pedrogão Pequeno e Proença-a-Nova, que também foram propriedade da Ordem. A injunção real era que nelas fosse construido um castelo, que viria a ser, entre outros, Belver, cujo nome foi dado pelo próprio Rei. Em 1210 o Castelo de Belver já estariam terminado ou, pelo menos, bastante adiantado, pois já se encontrava activo, e assim continuou pelo menos até 1580, em que alinhou, necessariamente, ao lado do Prior do Crato contra Filipe II. Note-se que a Ordem, em Portugal, foi sempre dependente do Grão-Comendador de Castela. O Bispo D. Sueiro toma Alcácer do Sal em 1217 com uma frota cruzada e 500 freires Templários, Espatários e Hospitalários, além das lanças dos ricos homens de Portugal e Leão. D. Sancho II, à frente da sua hoste e dos Hospitalários, atravessa o Guadiana em 1232, em marcha sobre Moura e Serpa, que se rendem. Na seguinte expedição, a quarta no Alentejo, o castelo de Mértola é tomado aos Mouros e doado aos Hospitalários. Em agradecimento pela sua acção na Reconquista, o Rei D. Sancho II, em 1232, doou à Ordem a vasta região das Terras de Ucrate, o Crato, sendo Prior Mem, ou Mendo, Gonçalves, que iniciou a construção do castelo. Durante a reconquista do Algarve, a 9 de Março de 1249 os Mouros abandonam Faro, ataque em que participaram as Ordens de Santiago e Calatrava. A 29 de Março, o Comendador Gonçalo Magro fazia capitular Albufeira. Porches e outros lugares fortes a oeste de Faro renderam-se no dia seguinte. Entretanto, os Hospitalários, dos seus castelos de Moura, Serpa e Mértola, saem, aumentando as conquistas entre o Guadiana e o Odiel, metendo adentro do condado de Niebla, até Aracena e Aroche. Frente à situação, a forte praça de Silves rende-se por fim sem combate. Com a ocupação desses últimos castelos consumava-se a conquista militar do Algarve. Queijada, nas margens de um afluente do Lima e de orago S. João Baptista, foi uma das freguesias do julgado medieval de Penela, com a de Boalhosa, que em vários aspectos lhe andou ligada. Já em 1258 era couto da Ordem do Hospital, por padrões, e uma abadia particular, de que o rei não era padroeiro, talvez por ter origem em igreja própria ou, então, porque pertença da Sé de Braga. Há notícia de que os capítulos Gerais da Ordem do Hospital dos anos 1260 e 1261 se terão realizado no Convento do Mosteiro (povoação a 7 Km de Oleiros). Das Inquirições de 1290, sabe-se que esta freguesia (Queijada) era um dos lugares da Ordem do Hospital "de que el-rei há de haver colheita uma vez no ano, quando aí for, ou o infante" - o que recebia "em Marrancos, e em Queisada, e em Poiares de Canelas", nos quais e em Sertã "hão de dar quanto cumprir a el-rei" de colheita. Com a vizinha freguesia de Boalhosa, constituía de facto a de Queijada um único couto, da ordem dos Hospitalários, que nenhum outro foro davam à Coroa, a não ser um ovo por mês ao casteleiro (de Penela). O couto de monte dos Francos entrou posteriormente na comenda de Chavão, da já citada Ordem do Hospital. No Crato, no Séc. XIII, foi também construída uma Igreja Matriz. Vera Cruz de Marmelar, 15 km a sul de Portel, foi fundada nos finais do Séc. XIII por D. Afonso Pires Farinha, que participou na 7a. Cruzada a Jerusalém, de onde trouxe a relíquia guardada na capela esquerda. Foi construida sobre um mosteiro visigótico, de que restam as capelas colaterais da cabeceira. No tempo de D. Afonso IV, por volta de 1336 a 1341, sendo Prior da Ordem D. Álvaro Gonçalves Pereira, o prolífico pai do Condestável e mais 31 filhos de diversas mulheres, foi a sede transferida de Leça, ou de Belver, para o Crato, passando D. Álvaro e os seus sucessores a usar o titulo de Prior do Crato em vez de Prior do Hospital. Datado de 1341 existe um documento que prova a intenção de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem, fundar uma capela no termo do Crato. Para instalação da ordem, mandou edificar no sitio da Flor da Rosa - arrabaldes do Crato - o mosteiro, que passou a ser, desde então, a casa-mãe daquela ordem em Portugal. Segundo a lenda, o Mosteiro da Flor da Rosa, nome de inspiração alquímico-templária, terá sido construído ali por virtude de manifesta vontade do Espírito Santo. Efectivamente, no seu regresso de Jerusalém, alguns peregrinos, acompanhados por cavaleiros da Ordem de Malta, transportavam no dorso de uma mula, uma relíquia sagrada trazida da Cidade Santa, destinada a uma igreja do norte de Portugal. Quando a caravana se deteve naquele lugar, junto a uma antiquíssima fonte-cisterna que ali existe, a mula que transportava a relíquia recusou-se a prosseguir caminho, nada a demovendo, pois no auge do incitamento que lhe faziam para prosseguir viagem, a mula caiu morta, o que foi compreendido como sinal da vontade divina. O complexo monumental do Mosteiro de Flor da Rosa foi começado a erguer no século XIV, e era, originalmente, uma igreja fortaleza conventual. Trata-se de uma arquitectura religiosa, civil e militar, gótica, manuelina, mudbjar, renascentista, contemporânea (a Pousada). O complexo é composto por três edificações distintas, que se interpenetraram ao longo do tempo: paço acastelado gótico, ampliado na centúria de quinhentos, que lhe conferiu o prospecto actual renascentista e mudejar; igreja-fortaleza gótica e manuelina, de nave única de grande altura e largo transepto e cabeceira pouco profunda; e dependências conventuais renascentistas e mudejares. Assim se estabeleceu aqui a capital do priorado, que possuía 23 comendas, com terras e termos e coutos. O rendimento anual do priorado, no século XIV, era de 45 contos de rubis, uma fortuna. Nas Terras de Guidintesta, Amieira do Tejo fica situada junto do Tejo, na meia ladeira de uma colina. A povoação está aglomerada em redor de um belo Castelo, bem conservado, de quatro torres ligadas por muralhas, excelente espécime da arquitectura militar trecentista, integrado na linha defensiva da margem sul do Tejo, mandado edificar em 1350 por D. Álvaro Gonçalves Pereira, que lá foi morrer. Junto ao rio, fica o local onde existiu a tão falada "Barca da Amieira" que fazia a ligação entre as duas margens, e que, desde que transportou a Raínha Santa (no seu enterro?) nunca mais sofreu nenhum acidente. A conclusão da Flor da Rosa e a fundação do Paço do Crato são, tradicionalmente, colocados em 1356. Datadas de 1358 e 1359, existem cartas de D. Pedro I, provando que se estavam a fazer "cauas & barbacas, em cada uma das Villas do Crato e da Amieira". O Condestável D. Nuno Ávares Pereira manda reedificar o castelo de Belver em 1390. Em 1512 D. Manuel concede novo Foral ao Crato. D. Manuel e D. Leonor, em 1518, e D. João III e D. Catarina, casam no castelo do Crato. A Ordem tinha fratrisas que envergavam o hábito mas viviam em casa, mas não freiras. Em 1519, Isabel Fernandes funda em Évora o primeiro convento. Em 1527 o Infante D. Luís, Prior, assume a administração dos bens da Ordem de Malta e decide fundar um colégio de teologia para trinta religiosos no Mosteiro do Crato, o que é atestado pelas ampliações manuelinas, mas que nunca chegou a funcionar. Também transfere o convento de Évora para Estremoz. D. António, Prior do Crato, foi 180 Rei de Portugal em circunstâncias difíceis e por cerca de mês e meio, em 1580, desde 19 de Junho de 1580, data da sua aclamação em Santarém, até à derrota de Alcântara, a 25 de Agosto seguinte. Filho do infante D. Luís e de Violante Gomes, plebeia, e sobrinho do Cardeal D. Henrique. É obrigado a suceder a seu pai no Priorado do Crato, mas na mesma altura decide romper com a carreira imposta. Já diácono e Prior, recusa a ordenação e passa ao século. Por esse motivo, o seu tio Cardeal D. Henrique manifestava-lhe declaradamente ódio, que o leva a exilar-se em Castela durante a menoridade de D. Sebastião. Com a subida ao trono deste, é Governador de Tânger. Em 1578, já desligado das funções religiosas, participa na Batalha de Alcácer Quibir, onde é feito prisioneiro e depois resgatado. Considera-se herdeiro na crise dinástica de 1578-80 e, modernamente, com legitimidade. Baseava a sua candidatura na situação de filho legitimado do infante D. Luís, segundo filho de D. Manuel, e por não haver descendentes directos de D. João III. Mas havia que provar o matrimónio secreto de seus pais. Em processo D. António obtém uma sentença favorável, mas a intervenção pessoal do cardeal-rei D. Henrique, culmina numa nova sentença, desfavorável. Com a morte do cardeal, as tropas filipinas entram em Portugal. Os partidários do Prior do Crato aclamam-no rei em Santarém; Lisboa e Setúbal recebem-no vibrantemente e quase todos os burgos do reino alinham a seu lado. Mas, não dispondo de exército organizado, nem de recursos, é derrotado na batalha de Alcântara pelo exército castelhano. Consegue fugir com dificuldade para o estrangeiro onde, nas cortes de França a de Inglaterra, procura obter auxílio para lutar contra Filipe II. Manteve luta armada contra Filipe II, nos Açores (1582-1583) e em Lisboa (1589). Vivendo miseravelmente em França, a expensas de Catarina de Médicis, resolve passar à corte de Isabel I pedindo novo auxilio. Os ingleses, como represália contra o ataque da Invencível Armada, resolvem enviar a Portugal uma esquadra, comandada por Drake. D. António desembarca em Peniche mas sofre novo desaire. Regressa a França e, depois de ter conseguido um novo auxílio de Henrique IV, morre em Paris de uma crise de uremia, sem realizar o projecto por que tanto lutou. Em 1615, o arquitecto Pedro Nunes Tinoco faz o levantamento arquitectónico dos "Paços da Frol da Rosa" e refere que estavam ruinosos e desabitados; As fortificações do Crato são reabilitadas em 1642, face às novas tecnologias de guerra (construção de plataformas para a instalação de artilharia), transformando-se o castelo em fortim abaluartado. A 29 de Outubro de 1662 dá-se a tomada do Crato pelo exército espanhol comandado por D. João d'Áustria e destruição das fortificações e do cartório do Priorado, com perda total da documentação. Em 1778 são confirmadas à Ordem, por alvará, todas as posses de bens de raiz, dadas as dificuldades que a Ordem atravessa. Estes eram muitos, sobretudo com muitos bens dispersos no Centro e Norte, mas nunca foram tantos como os dos Templários. Em 1789 os bens da Ordem de Malta transitam para a Casa do Infantado, que é extinta em 1834, bem como os conventos religiosos, sendo então o Infante D. Miguel o Grão Prior. Em 1798 Bonaparte toma Malta. A 17 de Janeiro de 1897 desaba a cabeceira da Igreja do Mosteiro da Flor da Rosa. Em 1899 forma-se a Associação de Cavaleiros Portugueses da Ordem Militar e Soberana de Malta.

Sunday, June 07, 2015

Intimidades reflexivas - 303

"Considera ambos, o mar e a terra; não encontras uma estranha analogia com alguma coisa em ti? Pois, assim como este oceano assustador cerca a terra verdejante, assim também na alma do homem existe um Tahiti insular, cheio de paz e alegria, mas rodeado por todos os horrores da vida, de que apenas se conhece a metade. Deus te proteja! Não saias dessa ilha, pois podes nunca regressar!" - Herman Melville, Moby Dick (1815).

A dúvida existencial continua

Ontem, já tarde da noite, o Bruno Alves Ferreira publicou uma foto após ter ido dar de comer ao cachorro. Nela não é visível se a minha ainda lá estava ou não. Contudo, quando lá cheguei verifiquei que a que o Bruno deixou ainda lá estava. Conclusão, de noite o "amigo" não vem. Mas não posso concluir que a que deixei lá ontem tenha sido roubada ou o cachorro, e talvez mais algum amigo que ande com ele, a tenham comido. Assim, a minha dúvida existencial continua. Veremos como no futuro as coisas evoluem.

Saturday, June 06, 2015

A minha dúvida existencial

Voltei de novo ao local onde vou dar de comer ao cachorro. Fiquei na dúvida face ao que encontrei. Aparentemente, e como encontrei os recipientes, talvez a comida tivesse de novo sido roubado. Seja como for não tenho a certeza. Deixei lá bastante comida, embora a seca ser muito pouca porque já não tinha mais. Amanhã, terei uma leitura mais correta sobre o caso. Por agora, apenas esta dúvida existencial: terá a comida sido roubada de novo ou não?

Friday, June 05, 2015

Um profundo e sentido obrigado

Depois da sempre dolorosa partida, quando sentimos que, definitivamente, perdemos os nossos entes queridos, vem a ressaca, o desabafo profundo, o choro compulsivo, num transbordar de emoções e sentimentos que não conseguimos controlar. Mas se esta é a principal razão de emoção, outra existe que é a de olharmos em volta e vermos os nossos amigos, mais mediáticos ou menos mediáticos, mais importantes ou menos importantes, - nestes momentos isso não assume qualquer relevância - que se reúnem para nos apoiar na hora suprema e difícil. Se a sua presença dá a sensação do pilar forte onde nos podemos apoiar, a sensação da árvore frondosa à sombra da qual podemos descansar, tal ainda é mais significativo quando vemos junto de nós, gente que conhecemos vai para mais de vinte anos, que em determinado momento da vida de cada um, seguimos rumos diferentes. Gente que, sem que desapareça na nossa memória, vai estando mais afastada porque o tempo também é isso. E qual não é a surpresa quando olhamos em volta e os vemos junto de nós, como já estiveram noutras vezes, reaparecendo do nada apenas para dizer estou aqui. Abraços fraternos e amigos, que nos envolvem e sensibilizam. Nestes dois últimos dias, passei por isso, passamos por isso. Porque a solidariedade não se regateia, a amizade não se enjeita, num espaço e num tempo que convergem para o mesmo fim. Hoje foi mais um destes dias, destas sensações que nos dizem que a amizade é algo de superior, quando entendida, quando franca, quando solidária. Hoje foi um dia difícil, como difíceis têm sido os últimos dias, mas esta comunhão de afetos acaba por nos servir de bálsamo. Não que afaste a dor, mas amacia-a, torna-a mais suportável. Porque estes são gestos grandes, de gente maior. São gestos que jamais esqueceremos. Em meu nome e em nome da minha mulher, queríamos agradecer a todos, - sem exceção -, que hoje estiveram connosco, num momento pungente, num momento de profunda tristeza e dor. Nesta altura, curvamo-nos perante todos vós, que soubestes dizer presente. Soubestes amaciar uma situação profundamente dolorosa, soubestes o significado da expressão "ser amigo". Jamais esqueceremos esse gesto, que poderá parecer simples, mas que nos marcará a memória para sempre. Um profundo e sincero muito obrigado a todos.

Descansa em paz, Berta!

90 anos passaram sobre uma vida. 90 anos passaram de alegrias e tristezas. 90 anos passaram de caminhos luminosos alternando com outros mais sombrios. A história de uma vida é feita de tudo isto. Desta ou doutra qualquer. Porque a vida é um somatório de experiências que nos vão fazendo crescer na aventura final do aperfeiçoamento. Tudo isto encerra o ciclo que vai do nascimento até à morte dum ser vivente. Este também foi o caminho da minha sogra Berta Maria Lopes. 90 anos passados que agora terminam foi, como sempre é, um coletar de experiências, de amadurecimento espiritual, de maioridade intelectual. Nestes 90 anos muita coisa se encerra, muita coisa serviu para aperfeiçoar, para determinar a caminhada duma vida. Agora, ao fim de tão longa jornada, é hora de parar, de descansar. De voltar ao princípio primordial. Que estejas em paz, Berta Lopes! A tua caminhada acabou deste lado do espelho, mas estou certo que outra se inicia do outro lado. Porque tudo é um ciclo com vista à perfeição, objeto único do Universo. Por entre as tuas crenças, a tua Fé, acreditaste. Agora chegou o momento de seguir em frente. És mais uma na minha cada vez maior galeria de ausentes. Mas se ela se vai alongado, também se vai enriquecendo com cada um que chega, com as novas experiências que trás daquilo que foi a sua vida. E isso dá-nos a Paz. Talvez a resignação face ao inevitável. À memória perene. Descansa em paz, Berta!

Wednesday, June 03, 2015

Intimidades reflexivas - 302

"Não sou o único infeliz. Todos os homens são dececionados nas suas esperanças e defraudados nas suas expectativas." - 'Werther' - Goethe
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Tuesday, June 02, 2015

Intimidades reflexivas - 301

"Durante 97 dias passara no mesmo passeio. Pelo menos 80% das vezes, a pé, olhos no chão como sempre fora um hábito desde criança. Naquele dia, uma pedra saltou à vista, como se nunca tivesse ali estado. Voltou dois passos atrás... impossivel, a calçada não tinha qualquer vestígio de ter sido reparada. De repente, recordou todos os ensinamentos da querida P, da MJ, da TM... todas as palavras de quem acreditava que o universo nos dá tantos sinais, nos ensina tanta coisa, que muitas vezes deixamos escapar, mergulhados que estamos nos mais diversos estados... "eu sei, Universo..." disse ela baixinho, "que desde ontem metade de mim voltou a estar completa." Sorriu... "Tens razão, Universo: importante é o que nos acontece de bom: tudo o resto não passam de momentos que nos trazem lições que uma vez aprendidas, não voltam." "Viver no passado não é bom" dissera-lhe ele, ontem... com a sabedoria que demonstrava desde tão pequenino. Sábias palavras... Fantástica a pedra em que nunca reparara e que sempre lá estivera..."

"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" - 1 de Junho de 1967

O álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" do grupo inglês The Beatles foi lançado a 1 de Junho de 1967. Que recordações. Já tantos anos passaram. Tanta água correu sob as pontes. Mas a memória fica, como permanece também a grande música. Porque é grande, porque é eterna.

Monday, June 01, 2015

Dia Mundial da Criança

Hoje celebra-se mais um dia de qualquer coisa. Trata-se do Dia da Criança. E se há um absurdo nestas celebrações do dia de qualquer coisa, é neste que ele assume mais evidência. Porque dia da criança deveriam ser todos os dias do calendário. Como celebrar o dia da criança, onde existem crianças a passar fome, e são cada vez mais. Como celebrar o dia da criança, onde existem crianças a serem violentadas, e o seu número é aterrador. Como celebrar o dia da criança, quando estas não têm acesso ao ensino, e são muitas. Como celebrar o dia da criança, onde existem crianças que não têm acesso aos mais básicos cuidados médicos. Como celebrar o dia da criança, onde estas são coisas descartáveis, e vemos isso diariamente quando os casais se separam para buscar novas fontes quiçá de prazer e os filhos são tratados com indiferença. Como o celebrar, quando existem cada vez mais crianças enjeitadas por esse mundo fora, vivendo à sua sorte, dependendo da caridade alheia, fazendo o caminho de pedras da vida que deveria ser macio e verdejante. Como o celebrar, quando existem tantas guerras onde elas são as maiores vítimas. Enquanto existirem situações destas, será um eufemismo celebrar o dia da criança. Porque enquanto houver uma criança a sofrer, com fome, frio, sem acesso à educação, sem acesso à saúde, enquanto houver crianças descartadas pelas suas próprias famílias, enquanto houver crianças vítimas de guerras, não se pode celebrar o dia da criança. Mas se há um dia da criança, este deverá ser celebrado todos os dias, porque as crianças são o melhor de nós, porque as crianças são o futuro das sociedades e dos povos, porque as crianças serão os homens e mulheres de amanhã. E farão aquilo que viram fazer com elas. Daí a importância de quebrar as grilhetas, o ciclo vicioso, que a sociedade por vezes cria. E isso começa por dar a todas elas condições para um crescimento saudável, feliz, despreocupado como é paradigma das crianças. Onde ainda não existem preconceitos, nem ódios, nem incompreensões, porque esses são inculcados pela educação que os adultos lhes dão, inserido no meio ambiente em que vivem. Como dizia o Padre António Vieira, lá nos idos do século XVI, " um ser pode nascer tosco como uma pedra e permanecer assim toda a vida, mas também pode vir a ser, se bem esculpido, um santo que se pode colocar no altar". Palavras sábias, que ecoam ao longo dos séculos mas que teimamos em não ouvir. Porque incómodas, porque nos apontam o dedo à nossa própria consciência, à nossa responsabilidade por vezes tão mal desbaratada, palavras que nos incomodam porque nos acusam de não cuidar destas crianças que percorrem a estrada da vida, neste mundo acossado, onde o ódio e a destruição são palavras de ordem. Um mundo que formatamos à nossa pobre imagem e que não somos capazes de alterar. Um mundo que, repetindo as palavras de Vieira, apenas vai criando pedras toscas a esmo, sendo incapaz de formatar santos que se podem colocar no altar. Por isso, o celebrar o dia da criança é um eufemismo. Mais uma festa no calendário inconsequente da vida, pelo menos, enquanto não formos capazes de voltarmos a ser crianças para que assim possamos perceber o seu significado e profundidade. Hoje celebra-se mais um dia de qualquer coisa. Hoje celebra-se o Dia Mundial da Criança. Da criança que o é, da criança que terá daqui a uns anos, o sentido do que foi bom ser criança, para que possa passar o testemunho à geração que o seguirá. Esse sim, será o verdadeiro dia da criança. Mas até lá, é apenas mais um dia de qualquer coisa! Porque dia da criança deverão ser todos os do calendário.