Turma Formadores Certform 66

Tuesday, July 28, 2009

Boas férias - Reflexões



Numa altura em que estamos em pleno período de férias, achei por bem fazer algumas reflexões que servirão como uma espécie de balanço de tudo o que aqui se disse e escreveu ao longo deste tempo. Julgamos, facilmente, viver num tempo sem paralelo algum na História da Humanidade e que, por isso mesmo, o Homem de hoje nada tem a ver com o de há 2 ou 5 mil anos... No entanto, se analisarmos, as diferenças essenciais não são tão profundas assim: transportamos as mesmas interrogações sobre a vida e o seu sentido, as mesmas inquietações e necessidades, as mesmas qualidades e defeitos, a mesma capacidade de amar ou odiar, de fazer o bem e o mal, de perdoar e retaliar, de construir ou destruir, de fazer a guerra ou a paz... No que temos evoluído, sem dúvida, e de forma espectacular, é nos meios e nas técnicas de realizar todas essas capacidades. Temos hoje "instrumentos" muito mais variados, sofisticados e poderosos para o melhor e para o pior... Continuamos com a mesma interrogação, procura, abertura, acolhimento, confiança, entrega ou alheamento, indiferença, desprezo, rejeição. Podemos, de facto, escutar ou não os seus mensageiros, prestar ou não atenção aos seus sinais, podemos, de facto, escolhê-los ou desprezá-los, crer ou não crer. Quando ficamos pelos cálculos ou pelo "calculismo", facilmente concluímos que não há nada a fazer: o nosso esforço ou contributo nada resolvem. Mas quando decidimos fazer ou dar o que está, de facto, ao nosso alcance, então o "milagre" acontece. Só a solidariedade humana pode resolver problemas que, aparentemente, não têm solução. Só a partilha torna possível o milagre da abundância e de alimento para todos. Só quando os homens juntarem os seus esforços e os puserem ao serviço das necessidades uns dos outros conseguirão alcançar o bem-estar para todos. Numa altura em que atravessamos uma crise económica deveras severa, temos que estar atentos e solidários. Não podemos ignorar as fortes tensões e injustiças sociais, hoje mais visíveis com a recessão, mas que já existiam em períodos recentes de progresso económico. São situações que temos que denunciar, desde logo, o luxo, o esbanjamento e a indiferença dos ricos face à penúria e à miséria de tantos concidadãos. Todos temos a sensação que, estas atitudes, são inúteis e vazias. Não pensemos só nos nossos semelhantes humanos, o que dizer dos pobres animais, vítimas da mediocridade humana, e que neste período de férias, tanto sofrem, sobretudo com o abandono, com todo o cortejo de misérias que trás associadas, tudo em nome do merecido descanço. Como é possível alguém ir de férias, sabendo que abandonou o seu animal de estimação, a uma sorte, quase sempre terrível? Isto também tem muito a ver com a mesquinhez humana, uma certa forma de ignorância, para não dizer, a assumpção da carga mais negra que transportamos dentro de nós. Hoje é a vez de nos interrogarmos, (e gostaría que fossemos mesmo todos que lêem este espaço), sobre o mundo que nos rodeia, o que ele nos tem a dizer através do que vemos à nossa volta e a resposta que se espera, seja dada por cada um de nós. Aproveito para desejar a todos uma boas férias, isto não quer dizer, que este espaço vá também a banhos, a ele voltaremos se tal se justificar. Boas férias para todos.

Monday, July 27, 2009

"Fandango" de Luigi Boccherini

Trago hoje uma proposta musical de grande qualidade, como são as obras de Boccherini, nomeadamente as obras com sabor espanhol, género tão do agrado de Boccherini, país onde viveu e onde viria a falecer. Luigi Boccherini nasceu em Lucca a 19 de Fevereiro de 1743 e viria a morrer em Madrid a 28 de Maio de 1805 este compositor clássico italiano, famoso por vários dos seus minuetos, como o de Lá Maior. Virtuoso do violoncelo desde muito jovem, mudou-se em 1756 para Roma, onde estudou com Giovanni Battista Constanzi, director musical da Basílica de São Pedro, e familiarizou-se com a música polifónica de Palestrina e Corelli. A partir de 1757, quando foi convidado a tocar na orquestra do Teatro Imperial de Viena, e até 1769, data da sua chegada à corte de Madrid, Boccherini desenvolveu actividade intensa em diversos países, ao mesmo tempo em que absorvia as novas técnicas musicais. Os seis trios para dois violinos e violoncelo, que estreou em Viena em 1760, as seis sonatas para cravo e violino, apresentada em Paris em 1766, popularizaram as suas músicas em toda a Europa. Radicado em Madrid desde 1769, Boccherini ocupou o cargo de músico da corte e dedicou-se de corpo e alma à sua produção musical, alheio às intrigas que o rodeavam. Desta prolífica etapa datam os seis quartetos de cordas de 1772, o Stabat Mater de 1781, para vozes e orquestra, a zarzuela La clementina de 1786 e inúmeros trios, quartetos e quintetos como formas musicais. Depois de perder as simpatias da corte e a populariedade, Boccherini viveu os seus últimos anos atormentado pela miséria e doença. Esta proposta prende-se com um disco recentemente editado de Boccherini, onde se pode ouvir o famoso "Fandango" intrepretado pelo cravista, não menos famoso, Andreas Steiger, acompanhado por um grupo espanhol de música tradicional. Aqui fica uma proposta interessante para este período de férias, deixado ao descanso e a uma certa alegria, que esta música tão bem faz transparecer.

Thursday, July 23, 2009

Manuel Alegre 34 anos de deputado exemplar


Hoje Manuel Alegre, o deputado cada vez mais desalinhado do PS, abandonou a Assembleia da República, onde permaneceu 34 anos. Homem frontal, seguro das suas convicções, homem de causas, Manuel Alegre foi um pouco de tudo. Desde poeta de grande capacidade, autor de poemas que marcaram a geração antes de Abril de 74, como o caso da "Trova do vento que passa" que foi imortalizado na voz de António Correia de Oliveira, desde o lutador anti-fascista que foi preso variadas vezes pela polícia política, até que acabou por ter que se exilar em Argel, até ao deputado exemplar para quem a Democracia valia todos os sacrifícios, mesmo que tal o levasse a combater o partido que ajudou a fundar, Manuel Alegre sempre foi um homem com grande sentido de sensibilidade política. E só assim, foi grangeando a simpatia de todos os seus pares, mesmo que dele não tivessem a mesma visão ideológica. Manuel Alegre foi um dos grandes parlamentares que a Democracia portuguesa pode acolher no seu seio, ao lado de outros como os já desaparecidos Amaro da Costa e Carlos Brito, numa altura em que o Parlamento tinha nas suas fileiras grandes oradores, grandes ideólogos, bem longe da mediocridade a que hoje assistimos. Estou certo que não será um adeus definitivo, ele que, como diz Jaime Gama, é a "voz livre da democracia". "É uma honra ser deputado" disse hoje Manuel Alegre, na sua despedida, lembrando a brochura que o acolheu na AR, pela mão doutro grande parlamentar, também já desaparecido, Francisco Salgado Zenha. Espero que continue atento, crítico e vigilante, porque se tal acontecer, a qualidade da Democracia portuguesa, será certamente maior.

Tuesday, July 21, 2009

O Caderno Secreto de Leonardo - Tomos I e II

Numa obra-prima da fantasia histórica que combina soberbamente os factos com a ficção, Jack Dann recria a magia do mundo da Itália Renascentista e oferece a sua própria história secreta de um ano na vida de Leonardo Da Vinci. A história passasse na Florença do século XV. Numa cidade governada pelo Médicis, num tempo em que a magia e a ciência eram uma só, irrompe o génio de Leonardo Da Vinci. Rodeado de brilhantes maiores do que a vida como Sandro Botticelli e Niccòlo Machiavelli, Leonardo vive a vida prestigiada de um artista e ama uma mulher arrebatadoramente bela. Mas um inimigo implacável conspira a sua queda. E cedo este grande artista inventor será forçado a abandonar a cidade onde nasceu, para dar início a uma viagem mística para um destino - e uma aventura - que poderiam ter sido realidade. Jack Dann é um escritor norte-americano, autor de mais de setenta obras e traduzido para treze línguas. Os seus contos e noveletas surgiram nas principais revistas e antologias de ficção científica e fantasia, e é editor da Wandering Stars, uma das mais aclamadas antologias norte-americanas dos anos 70. Venceu o prémio Nebula, o Australian Aurealis Award e o World Fantasy Award, entre outros. É consultor editorial da TOR Books e actualmente vive na Austrália. A obra em causa, em dois volumes é uma edição da Saída de Emergência e merece a vossa atenção. Aqui fica uma boa proposta para férias.

Friday, July 17, 2009

A crise financeira e a recessão VIII

Assistimos anteontem, à intervenção do governador do Banco de Portugal efectuada na Assembleia da República. Na sua intervenção, apesar dos sinais de alguma recuperação, como as estatísticas internacionais o mostram, o Dr. Vitor Constâncio lá foi deixando cair que a situação estaria para ficar pelo menos por dois anos. Já tinha deixado ficar a ideia neste espaço, subordinado a este tema, que a situação não seria tão passageira como nos queriam fazer crer. A missão dos políticos, e entre eles incluo o governador do BdP, é tentar acalmar as pessoas, também já o disse anteriormente e mantenho, mas também não podemos criar uma cortina de fumo, uma verdadeira ilusão de óptica, para afastar a verdade dos portugueses. Estou convicto, infelizmente, que a crise será mais prolongada do que os dois anos, anteontem anunciados. Estas crises prolongam-se por muito tempo, dada a inelasticidade da economia ao crescimento. Para usar uma linguagem figurada, diria que quando tropeçamos e caímos tudo é muito rápido, mas o erguer-mo-nos é mais lento. As bolsas costumam antecipar cerca dum ano e meio a dois a recuperação económica e, como temos verificado, as bolsas em geral e a nossa em particular, ainda não dão sinais tão sustentados assim, para que possamos inferir daí um efectivo sinal de recuperação. Quanto ao fantasma da deflação, diz-se que está mais afastado, a ver vamos, os preços da energia, nomeadamente do petróleo, têm servido para evitar este fenómeno, vamos a ver por quanto tempo. No entretanto, o desemprego continua a aumentar, as previsões para 2010 dizem que pode aumentar em 4,1% o que a verificar-se colocará o nível de desemprego nos dois dígitos, o que será muito grave. É um problema que nos deve trazer a todos apreensivos, e este factor será, seguramente, aquele que mais vai ter dificuldade em voltar à normalidade, e cujo retomar do nível considerado normal, vai demorar mais tempo.

Thursday, July 16, 2009

Os 40 anos da Apollo 11

A Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do Programa Apollo e primeira a pousar na Lua, em 20 de Julho de 1969. Tripulada pelos astronautas Neil Amrstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins, a missão cumpriu o objectivo final do presidente John F. Kennedy que, em discurso ao povo norte americano em 1962, estabeleceu o prazo do fim da década para que o programa espacial dos EUA realizasse este feito. Neil Armstrong, comandante da missão, foi o primeiro ser humano a pisar a superfície lunar, são dele a frase célebre ao descer do módulo lunar, "um pequeno passo para o Homem, mas um grande passo para a Humanidade". Composta pelo módulo de comando Columbia, do módulo lunar Eagle e pelo módulo de serviço, a Apollo 11, com seus três tripulantes a bordo, foi lançada de Cabo Canaveral, na Flórida, às 13:32 UTC de 16 de Julho, cumprindo-se assim, hoje 40 anos, na ponta de um foguete Saturno V, sob as vistas de centenas de milhares de espectadores que lotavam estradas, praias e campos ao redor do Centro Espacial Kennedy e de milhões de espectadores pela televisão em todo o mundo, para a histórica missão de oito dias de duração, que culminou com as duas horas de caminhada de Armstrong e Aldrin na Lua. Lembro-me do lançamento, ia a caminho da Escola de Oliveira Martins para assistir a um exame, estávamos na época deles, e vi num café as imagens. Lembro-me também duma senhora já com alguma idade, que estava muito assustada, e dizia que se eram para morrer que era melhor que não fossem. Dias mais tarde, já depois de ter concluído o meu exame de Geografia, vi as imagens de madrugada da alunagem, extasiado, como milhões em todo o mundo, comentadas por José Mensurado na RTP acompanhado pelo comentador especializado nestes assunto de astronomia, o já desaparecido Eurico da Fonseca, naquele que era o canal oficial e único, no Portugal de então. Desde então para cá, muita coisa se passou, nem sempre boa para a Humanidade, mas com avanços sucessivos e inquestionáveis para a Ciência.

Sunday, July 12, 2009

A crise financeira e a recessão VII


A crise financeira lá vai fazendo os seus estragos e, estou convencido, por mais tempo do que os políticos afirmam, embora, como já afirmei noutra oportunidade, a missão dum político seja o não criar pânico, apaziguando os efeitos menos bons da situação, mesmo quando vêm dum ministro, que também é um economista brilhante, como o Prof. Teixeira dos Santos. Nestas alturas assistimos a um pouco de tudo, à supervisão que não foi de todo eficaz, nem em Portugal, nem no mundo, bem como, à tentativa de alterar a regulação financeira criando um novo sistema a funcionar de uma nova maneira, não se sabendo ainda como vai ser, mas onde todos estamos de acordo é que, o sistema de Bretton-Woods, como o conhecíamos acabou. Neste novo cenário, à que pensar numa nova reformulação do sistema financeiro que, em Portugal, terá necessariamente de passar por uma concentração de bancos. É sabido que existem demasiados bancos "per capita" em Portugal, o que conduzirá inevitavelmente a um agrupamento que a todos beneficiará. O governador do BdP já o tinha afirmado, mas outros economistas, nos quais me incluo, têm a mesma opinião. Começamos já a assitir à aquisição pelo Banif do Banco Mais, e estou certo que, a curto prazo, outras se seguirão. Será um novo modelo que vai emergir, muito semelhante áquele que eu conheci quando ainda muito jovem, quando meu avô trabalhava no antigo Bank of London & South America, Ltd., já lá vão muitos anos. Paralelamente a isto, o acesso ao crédito será cada vez mais difícil e mais caro, o que até não será mau de todo, evitando aquela ilusão de facilidade que a banca deu nos últimos anos, onde tudo era simples, e que veio a colocar muitos portugueses, e não só, na vereda das maiores dificuldades. Essa ilusão levou a que muitos portugueses se fossem endividando, sem darem por isso, nesta economia de casino em que o mundo ocidental se transformou, muito por culpa da banca em geral, que agora também se vê a braços com o maior crédito mal parado de que à memória. Veja-se o caso dos EUA em que exitem casas à venda por pouco mais de um euro e não há quem as compre! O novo realinhamento tem que dar origem a uma nova mentalidade, desde logo, fazer sentir às populações que o dinheiro (crédito) não é tão fácil assim, alertando para as dificuldades para a sua liquidação para que as famílias façam os seus planos de vida sem por em causa a sua solvabilidade. Ao fim e ao cabo, era a mentalidade dá muitos anos atrás, ainda eu era menino. Só assim, vamos criando alguma sustentabilidade financeira, quer para as famílias, que não entram em ruptura, quer para os bancos, que não vêm o crédito mal parado a aumentar, quer para a economia como um todo, que vai retomando, paulatinamente, o seu equilíbrio, que todos desejamos. A concentração bancária será, seguramente, um primeiro passo, a que outros se seguirão, mas é um passo que tem que ser dado quanto antes.

Saturday, July 11, 2009

A supervisão e a comissão da AR

Todos temos assistido à polémica em torno da supervisão bancária. Provavelmente assistiram aos depoimentos efectuados na polémica comissão de inquérito ao BPN no seio da Assembleia da República e do relatório saído dessa comissão. Por curiosidade, interesse e, sobretudo, por uma questão profissional, acompanhei de perto os trabalhos e assisti com curiosidade aos depoimentos, alguns dos quais verdadeiramente interessantes. Ontem, assistimos à reacção do governador do Banco de Portugal, Dr. Vitor Constâncio, que já tinha prometido um comentário sobre a questão, mas só quando a comissão acabasse os trabalhos. De tudo isto, ficou um sabor a pouco, aquilo que começou como um verdadeiro inquérito inquisitorial, acabou em nada. Contudo, a questão merece-me alguns comentários, pondo de lado, toda e qualquer paixão partidária, caso ela existisse. Mas desde o início, fiquei com a ideia de que a comissão tinha um único intuito final, condenar "in limine" o governador do Banco de Portugal, fosse ou não culpado. Que a regulação não foi um modelo de virtudes todos o sabemos, mas convenhamos que nem sempre é fácil um acompanhamento quando do outro lado estão pessoas conhecedoras e não menos inteligentes. Vejamos que esta questão se colocou um pouco por todo o mundo e nunca vi ninguém a "pedir a cabeça dos governadores" duma forma descarada como aqui. O Dr. Vitor Constâncio alertou ontem, para uma questão muito pertinente. É que foi escamoteado o lado técnico da questão, até porque havia pessoas na comissão que nem sabem como isso funciona, sobrevalorizando-se o lado político da mesma, no fundo a questão que menos interessa ao comum dos portugueses. Mas o que mais me chocou foi a agressividade do interrogatório ao Dr. Vitor Constâncio, sobretudo do lado do representante do CDS-PP, que mais se assemelhou aqueles da PIDE-DGS noutros tempos, só faltando os habituais "tabefes", para usar uma expressão do Dr. Salazar. Em contraponto, vi o Dr. Oliveira Costa, o grande causador do problema no BPN, a dizer o que muito bem lhe apetecia, e a terminar o seu depoimento com algumas graçolas que divertiam os presentes, mais parecendo uma conversa de café, para não dizer de taberna. Ao fim e ao cabo, se ainda restassem dúvidas sobre o objectivo último da comissão as dúvidas desfaziam-se aí. Houve uma tentativa de condenar o governador, que como é sabido, pertence ao PS, do qual até já foi secretário-geral, e com isso, criar mais uma dificuldade ao governo de Sócrates, e absorver os mentores da fraude, quase todos a gravitar na órbita do PSD. É conhecido de todos que o BPN foi um banco criado à imagem, e por personalidades próximas do PSD, e não é de todo novidade que muitos dos implicados se encontrem nessa área política, quer directa, quer indirectamente. A política é como o xadrez, faz-se uma jogada, antecipando a seguinte, e aqui tentou-se com uma situação atingir outras finalidades. Para os que não conhecem, mesmo dentro dessa comissão, porque nem idade têm para isso, o Dr. Vitor Constâncio, é um dos mais brilhantes economistas portugueses, a quem o País muito deve. À pouco menos de trinta anos, era ele Ministro das Finanças, e salvou Portugal da bancarota, e ainda andam por aí os ecos dos elogios que o FMI lhe fez, pela defesa brilhante dos interesses de Portugal, sendo então um economista muito jovem. Aliás, não vi, duma maneira franca e directa, ninguém por em causa a qualidade técnica do Dr. Vitor Constâncio, mas também não vi ninguém, corajosamente a assumir que o intuito era político, com fins últimos mais profundos do que aqueles que se podem pensar. O cargo de governador do BdP é um lugar que não permite uma substituição, a menos que o próprio a isso ceda. Ora, o governador disse na comissão que não o faria porque não vi-a motivos para isso, logo ficou assim claro o interesse político último de tudo isto. Porque não se criou uma comissão de inquérito ao Millenium BCP, ou mesmo, ao BPP? De que tinham medo os Senhores Deputados? Ou será, que o BPN tinha outras motivações? Assim, vai a política em Portugal. Ainda ontem, o Dr. Vitor Ramalho num frente-a-frente na SIC Notícias, dizia que em determinada altura "pensou que os polícias iam para a cadeia e os ladrões eram postos em liberdade". Mas o mais interessante é que à mais pessoas a pensarem o mesmo. No fundo esta comissão de pouco valeu, porque nada de substancial saiu para melhorar a supervisão, que no fundo, é o que mais interessava.

Friday, July 10, 2009

Operação Valquíria (Valkyrie)


"Tom Cruise tem um dos melhores desempenhos da sua carreira” (Jeffrey Lyons, NBC/Reel Talk) neste filme de acção do mesmo realizador de “Os Suspeitos do Costume” e “X-Men”. Baseado na incrível história verídica do Coronel Claus von Stauffenberg (Cruise) e no seu genial plano para assassinar Adolf Hitler, este "thriller" fascinante recria a ousada operação concebida para eliminar um dos maiores tiranos de sempre. Com Kenneth Branagh, Bill Nighy, Tom Wilkinson, Terence Stamp e Eddie Izzard, "Valquíria" proporciona do início ao fim uma experiência repleta de suspense e emoção! O filme tem a realização de Bryan Singer, e conhece agora a sua edição em DVD. Para além do filme, é um relato verídico que poderia, (caso tivesse corrido bem), ter alterado o curso da História, quer da II Guerra Mundial, quer da Humanidade.

Wednesday, July 08, 2009

Os Segredos da Capela Sistina


Os segredos chocantes das pinturas da Capela Sistina são finalmente revelados. Tal como as recentes limpezas dos frescos removeram camadas e camadas de sujidade acumulada ao longo dos séculos, este livro esforçar-se-á por remover séculos de preconceitos, de censura e de ignorância em relação a um dos tesouros artísticos mais famoso e admirados do mundo. Nunca mais olharemos da mesma maneira para a Capela Sistina e para as obras-primas de Miguel Ângelo. Enrico Bruschini que é historiador de arte da embaixada dos EUA em Roma afirmou que "assim como o trabalho de Miguel Ângelo na Capela Sistina mudou para sempre o mundo da arte, este livro mudará para sempre a forma como observamos e, nomeadamente, compreendemos a obra de Miguel Ângelo". Esta é uma proposta literária muito interessante num livro assinado por Benjamin Blech e Roy Doliner com o título de "Os Segredos da Capela Sistina - As Mensagens Proíbidas de Miguel Ângelo", a edição é da Casa das Letras. Depois de o ler por que não ir visitar a Capela Sistina, serão umas boas férias dedicadas à arte e à cultura. Como afirmou Goethe "quem não viu a Capela Sistina não pode ter uma ideia concreta daquilo que um homem é capaz de fazer".

Saturday, July 04, 2009

Joe Berardo convida Manuel Pinho

Depois daquela hipocrisia política de ontem à noite na "Quadratura do Círculo", na SIC Notícias, (onde primeiro se sacrificam as pessoas e depois as abençoam, mas só após as terem sacrificado no altar da política); apesar do frente-a-frente no Jornal da Noite, também na SIC Notícias, onde o líder parlamentar comunista, que esteve no centro desta polémica, faz o papel de dama ofendida, digna dum filme da série B, (porque não tem categoria para mais), e Guilherme Silva do PSD, que até parecia camarada do outro, esquecendo que tem nas suas fileiras um dos políticos mais mal educados da democracia portuguesa, (Alberto João Jardim), lá ía ajudando à missa. Por falar em Alberto João, porque será que este senhor, apesar da sua má educação, ainda permanece no cargo? Porque é político profissional? Não, isso seria pouco. Que coisas saberá este senhor, que desrespeita tudo e todos, até o próprio Presidente da República, (a quem ele chamava de Sr. Silva, lembram-se?). Mas voltemos ao tema. Antes desta triste actuação, um a justificar-se, o outro a tentar tirar dividendos políticos, Mário Crespo tinha trazido à antena Joe Berardo, que vinha falar sobre as questões da banca, nomeadamente o BPP e o BPN, bancos em que Joe Berardo tinha/tem interesses. Mas Mário Crespo não resistiu à tentação de lhe perguntar qual a opinião sobre o insólito gesto de Manuel Pinho no dia anterior. Esperando uma resposta retumbante de Joe Berardo, como ele costuma fazer, e fez, mas de sentido contrário ao esperado. Perante a perplexidade de Mário Crespo, Joe Berardo disse que Manuel Pinho era um homem muito entendido em arte, sobretudo fotografia, era um coleccionador conhecido, e tinha dado um enorme contributo ao país, sobretudo nas energias renováveis. Como se não bastasse, afirmou que, nesse mesmo dia, (o do gesto), teria convidado Manuel Pinho para fazer parte da administração da sua Fundação. Pela primeira vez, vi Mário Crespo, um jornalista experiente e, por vezes, controverso, a ficar muito embaraçado, começando a concordar com Joe Berardo e desviando o assunto que o estava, visivelmente, a incomodar. É caso para aplicar o aforismo popular, de que "Deus escreve direito por linhas tortas". É que há mais verdade para além daquela que os políticos criam, quando sacrificam no seu altar homens competentes, apenas porque não pertencem à classe (política), justificando assim um gesto impensado e fruto duma provocação, enquanto por outro lado, deixam no poder outros, que pavoneia a sua má educação à décadas, sem que nada façam para os travar. Apenas se protegem uns aos outros, ou há mais qualquer coisa, para além daquilo que todos nós vemos? Confesso que fiquei contente por Manuel Pinho a quem desejo todos os sucessos do mundo.

Friday, July 03, 2009

Manuel Pinho vítima de político comunista

Manuel Pinho o ex-ministro da Economia do nosso governo, foi ontem vítima de si próprio e dos políticos. Não pretendo aqui fazer a defesa do gesto que foi produzido na AR, é por demais grosseiro e irreflectido. Mas compreendo o que estava a sentir Manuel Pinho perante as piadas de mau gosto que são habituais no líder da bancada comunista, que tocam por vezes a raia da má educação, tentando depois passar por vítma, como virgem ofendida em bordel. Todos o poderão constatar, nomeadamente aqueles que, como eu, seguem de perto a política portuguesa. Mas como compreendo o ex-ministro. Em nota anterior, tinha escrito que nunca pensaria em voltar à área pública, em lugar de confiança política. Tive um lugar desses, e sei o que se passa nos "tentaderos", a sujeira que se faz, a devassa intencional, enfim, um cortejo de situações que, como ontem Manuel Pinho afirmava, "estão a afastar os jovens da política, e com isso perde a democracia e o país". Não é fácil ser-se criticado, injuriado, devassado apenas porque se tem um cargo, mas a política tem destas coisas, é preciso é conhecê-la por dentro. Manuel Pinho foi um ministro discreto, mas eficiente. É certo que cometeu algumas "gaffes", fruto da sua inesperiência política, como o próprio reconhece, mas um ministro trabalhador e empenhado em ajudar as empresas e os trabalhadores a manterem os seus postos de trabalho. É sintomático como, ainda ontem, alguns representantes das empresas falaram sobre Manuel Pinho, aqueles que de facto o conheceram, que privaram com ele, em momentos de grande dificuldade e tensão, mas que agora reconhecem o quanto ele fez e o legado que deixou, nomeadamente nas energias renováveis. As gerações futuras irão colher muito daquilo que ele deixou, por ventura, nem saberão quem foi Manuel Pinho, ou que foi ele que criou as condições para isso, mas a obra ficará. Mas o mais sintomático do que é a política e da sujeira que por trás dos bastidores existe, é aquilo que todos poderão ver esta noite , dia 3 de Julho de 2009, na SIC Notícias no seu programa "Quadratura do Círculo". Aqueles que tanto o contestaram ao longo de quatro anos e meio, figuras gradas da oposição, afirmarão hoje, nesse programa, que de facto, Manuel Pinho foi um homem esforçado e trabalhador, talvez dos melhores dentro do actual governo. Isto é a sujeira da política, vejam o que aconteceu com o ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, que tanto foi contestado, que deixou uma grande obra, e que foi substituído com menos qualidade, seguindo a mesma política e nada acontece. O que prova que não são as políticas que dividem, são as pessoas. Estes golpes baixos estão a fazer carreira na nossa democracia, esperemos que não venha a acontecer o mesmo que aconteceu na I República. As sondagens hoje divulgadas sobre o que acham os portugueses da democracia dão um sinal preocupante, a maioria das pessoas estão a ficar fartas da democracia e isso é perigoso. Embora o que está mal não é a democracia mas os políticos de baixo nível que temos. Quem viu a AR eleita em 1976 e esta, sabe do que estou a falar. Estou solidário com Manuel Pinho, porque sei o que se sofre nestas situações, ele que nem era um político profissional, que nunca foi aceite pelo próprio PS, mas que trabalhou denudadamente para que fosse possível salvar mais um posto de trabalho. Queria recordar Manuel Pinho não pela foto que ontem correu mundo, mas por aquela que reproduzo dum homem de parte inteira.

Thursday, July 02, 2009

Sophia deixou-nos à cinco anos

Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1919, no seio de uma família aristocrática, e viria a falecer em Lisboa a 2 de Julho de 2004, completando-se assim, hoje, cinco anos após o seu desaparecimento. Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999. A sua infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia Clássica. Ao longo da sua vida e obra, muitas vezes foi confundida a poetisa com a musa inspiradora, pelo menos junto de muitos dos seus admiradores, nos quais eu me incluo. Foi autora de livros infantis, que dedicou aos seus cinco filhos, que rapidamente se transformaram em clássicos da literatura infantil em Portugal, marcando sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana" ou "A Menina do Mar". Lembro ainda, enquanto jovem adolescente do ensino secundário, ter tido num exame de Português, um texto de Sophia. Esse texto, que pela sua beleza, me marcou muito, levou a que tempos volvidos, e já depois de ter passado à disciplina, ainda o relê-se com redobrado prazer. Na sua vasta obra, Sophia é ainda tradutora para português de obras de Claudel, Dante, Shakespeare e Eurípedes, tendo sido condecorada pelo governo italiano pela sua tradução de "O Purgatório". É uma autora a descobrir, para todos aqueles que ainda não foram tocados pela sua obra e sensibilidade. Aqui fica a proposta neste dia de efeméride que hoje se completa.

Wednesday, July 01, 2009

Três anos volvidos

Completou-se o mês passado, 3 anos sobre a abertura deste espaço, que pretendia que a turma de formadores da Certform, a turma 66, tivesse um espaço de partilha de ideias e de saberes que, de algum modo, fosse enriquecedor para todos, que provinhamos de diferentes áreas. Por razões que desconheço, tal nunca se veio a verificar, ficando este espaço praticamente confinado a uma única pessoa, que o vai alimentando, mas sem qualquer "feed-back" mesmo que sobre a forma de comentário. É sempre desagradável ter-mos a sensação que estamos a falar sozinhos frente ao espelho, qual acto narcísico, que não conforta ninguém. Já por várias vezes apelei à colaboração que nunca obtive, inclusivé, já equacionei neste espaço a possibilidade de o encerrar. Tenho adiado esta decisão, mas estou convicto que mais cedo ou mais tarde tal se verificará. Contudo, enquanto achar que posso contribuir com algo para alguém, (nem sei se alguém me lê!), aqui continuarei, enquanto o "engenho e a arte" durar, bem como, a paciência. Apesar disso, apelo de novo, a que os colegas da turma 66 dêem o seu contributo, porque todos temos a aprender com todos.