Boas férias - Reflexões
Numa obra-prima da fantasia histórica que combina soberbamente os factos com a ficção, Jack Dann recria a magia do mundo da Itália Renascentista e oferece a sua própria história secreta de um ano na vida de Leonardo Da Vinci. A história passasse na Florença do século XV. Numa cidade governada pelo Médicis, num tempo em que a magia e a ciência eram uma só, irrompe o génio de Leonardo Da Vinci. Rodeado de brilhantes maiores do que a vida como Sandro Botticelli e Niccòlo Machiavelli, Leonardo vive a vida prestigiada de um artista e ama uma mulher arrebatadoramente bela. Mas um inimigo implacável conspira a sua queda. E cedo este grande artista inventor será forçado a abandonar a cidade onde nasceu, para dar início a uma viagem mística para um destino - e uma aventura - que poderiam ter sido realidade. Jack Dann é um escritor norte-americano, autor de mais de setenta obras e traduzido para treze línguas. Os seus contos e noveletas surgiram nas principais revistas e antologias de ficção científica e fantasia, e é editor da Wandering Stars, uma das mais aclamadas antologias norte-americanas dos anos 70. Venceu o prémio Nebula, o Australian Aurealis Award e o World Fantasy Award, entre outros. É consultor editorial da TOR Books e actualmente vive na Austrália. A obra em causa, em dois volumes é uma edição da Saída de Emergência e merece a vossa atenção. Aqui fica uma boa proposta para férias.
Assistimos anteontem, à intervenção do governador do Banco de Portugal efectuada na Assembleia da República. Na sua intervenção, apesar dos sinais de alguma recuperação, como as estatísticas internacionais o mostram, o Dr. Vitor Constâncio lá foi deixando cair que a situação estaria para ficar pelo menos por dois anos. Já tinha deixado ficar a ideia neste espaço, subordinado a este tema, que a situação não seria tão passageira como nos queriam fazer crer. A missão dos políticos, e entre eles incluo o governador do BdP, é tentar acalmar as pessoas, também já o disse anteriormente e mantenho, mas também não podemos criar uma cortina de fumo, uma verdadeira ilusão de óptica, para afastar a verdade dos portugueses. Estou convicto, infelizmente, que a crise será mais prolongada do que os dois anos, anteontem anunciados. Estas crises prolongam-se por muito tempo, dada a inelasticidade da economia ao crescimento. Para usar uma linguagem figurada, diria que quando tropeçamos e caímos tudo é muito rápido, mas o erguer-mo-nos é mais lento. As bolsas costumam antecipar cerca dum ano e meio a dois a recuperação económica e, como temos verificado, as bolsas em geral e a nossa em particular, ainda não dão sinais tão sustentados assim, para que possamos inferir daí um efectivo sinal de recuperação. Quanto ao fantasma da deflação, diz-se que está mais afastado, a ver vamos, os preços da energia, nomeadamente do petróleo, têm servido para evitar este fenómeno, vamos a ver por quanto tempo. No entretanto, o desemprego continua a aumentar, as previsões para 2010 dizem que pode aumentar em 4,1% o que a verificar-se colocará o nível de desemprego nos dois dígitos, o que será muito grave. É um problema que nos deve trazer a todos apreensivos, e este factor será, seguramente, aquele que mais vai ter dificuldade em voltar à normalidade, e cujo retomar do nível considerado normal, vai demorar mais tempo.
A Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do Programa Apollo e primeira a pousar na Lua, em 20 de Julho de 1969. Tripulada pelos astronautas Neil Amrstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins, a missão cumpriu o objectivo final do presidente John F. Kennedy que, em discurso ao povo norte americano em 1962, estabeleceu o prazo do fim da década para que o programa espacial dos EUA realizasse este feito. Neil Armstrong, comandante da missão, foi o primeiro ser humano a pisar a superfície lunar, são dele a frase célebre ao descer do módulo lunar, "um pequeno passo para o Homem, mas um grande passo para a Humanidade". Composta pelo módulo de comando Columbia, do módulo lunar Eagle e pelo módulo de serviço, a Apollo 11, com seus três tripulantes a bordo, foi lançada de Cabo Canaveral, na Flórida, às 13:32 UTC de 16 de Julho, cumprindo-se assim, hoje 40 anos, na ponta de um foguete Saturno V, sob as vistas de centenas de milhares de espectadores que lotavam estradas, praias e campos ao redor do Centro Espacial Kennedy e de milhões de espectadores pela televisão em todo o mundo, para a histórica missão de oito dias de duração, que culminou com as duas horas de caminhada de Armstrong e Aldrin na Lua. Lembro-me do lançamento, ia a caminho da Escola de Oliveira Martins para assistir a um exame, estávamos na época deles, e vi num café as imagens. Lembro-me também duma senhora já com alguma idade, que estava muito assustada, e dizia que se eram para morrer que era melhor que não fossem. Dias mais tarde, já depois de ter concluído o meu exame de Geografia, vi as imagens de madrugada da alunagem, extasiado, como milhões em todo o mundo, comentadas por José Mensurado na RTP acompanhado pelo comentador especializado nestes assunto de astronomia, o já desaparecido Eurico da Fonseca, naquele que era o canal oficial e único, no Portugal de então. Desde então para cá, muita coisa se passou, nem sempre boa para a Humanidade, mas com avanços sucessivos e inquestionáveis para a Ciência.
Depois daquela hipocrisia política de ontem à noite na "Quadratura do Círculo", na SIC Notícias, (onde primeiro se sacrificam as pessoas e depois as abençoam, mas só após as terem sacrificado no altar da política); apesar do frente-a-frente no Jornal da Noite, também na SIC Notícias, onde o líder parlamentar comunista, que esteve no centro desta polémica, faz o papel de dama ofendida, digna dum filme da série B, (porque não tem categoria para mais), e Guilherme Silva do PSD, que até parecia camarada do outro, esquecendo que tem nas suas fileiras um dos políticos mais mal educados da democracia portuguesa, (Alberto João Jardim), lá ía ajudando à missa. Por falar em Alberto João, porque será que este senhor, apesar da sua má educação, ainda permanece no cargo? Porque é político profissional? Não, isso seria pouco. Que coisas saberá este senhor, que desrespeita tudo e todos, até o próprio Presidente da República, (a quem ele chamava de Sr. Silva, lembram-se?). Mas voltemos ao tema. Antes desta triste actuação, um a justificar-se, o outro a tentar tirar dividendos políticos, Mário Crespo tinha trazido à antena Joe Berardo, que vinha falar sobre as questões da banca, nomeadamente o BPP e o BPN, bancos em que Joe Berardo tinha/tem interesses. Mas Mário Crespo não resistiu à tentação de lhe perguntar qual a opinião sobre o insólito gesto de Manuel Pinho no dia anterior. Esperando uma resposta retumbante de Joe Berardo, como ele costuma fazer, e fez, mas de sentido contrário ao esperado. Perante a perplexidade de Mário Crespo, Joe Berardo disse que Manuel Pinho era um homem muito entendido em arte, sobretudo fotografia, era um coleccionador conhecido, e tinha dado um enorme contributo ao país, sobretudo nas energias renováveis. Como se não bastasse, afirmou que, nesse mesmo dia, (o do gesto), teria convidado Manuel Pinho para fazer parte da administração da sua Fundação. Pela primeira vez, vi Mário Crespo, um jornalista experiente e, por vezes, controverso, a ficar muito embaraçado, começando a concordar com Joe Berardo e desviando o assunto que o estava, visivelmente, a incomodar. É caso para aplicar o aforismo popular, de que "Deus escreve direito por linhas tortas". É que há mais verdade para além daquela que os políticos criam, quando sacrificam no seu altar homens competentes, apenas porque não pertencem à classe (política), justificando assim um gesto impensado e fruto duma provocação, enquanto por outro lado, deixam no poder outros, que pavoneia a sua má educação à décadas, sem que nada façam para os travar. Apenas se protegem uns aos outros, ou há mais qualquer coisa, para além daquilo que todos nós vemos? Confesso que fiquei contente por Manuel Pinho a quem desejo todos os sucessos do mundo.
Manuel Pinho o ex-ministro da Economia do nosso governo, foi ontem vítima de si próprio e dos políticos. Não pretendo aqui fazer a defesa do gesto que foi produzido na AR, é por demais grosseiro e irreflectido. Mas compreendo o que estava a sentir Manuel Pinho perante as piadas de mau gosto que são habituais no líder da bancada comunista, que tocam por vezes a raia da má educação, tentando depois passar por vítma, como virgem ofendida em bordel. Todos o poderão constatar, nomeadamente aqueles que, como eu, seguem de perto a política portuguesa. Mas como compreendo o ex-ministro. Em nota anterior, tinha escrito que nunca pensaria em voltar à área pública, em lugar de confiança política. Tive um lugar desses, e sei o que se passa nos "tentaderos", a sujeira que se faz, a devassa intencional, enfim, um cortejo de situações que, como ontem Manuel Pinho afirmava, "estão a afastar os jovens da política, e com isso perde a democracia e o país". Não é fácil ser-se criticado, injuriado, devassado apenas porque se tem um cargo, mas a política tem destas coisas, é preciso é conhecê-la por dentro. Manuel Pinho foi um ministro discreto, mas eficiente. É certo que cometeu algumas "gaffes", fruto da sua inesperiência política, como o próprio reconhece, mas um ministro trabalhador e empenhado em ajudar as empresas e os trabalhadores a manterem os seus postos de trabalho. É sintomático como, ainda ontem, alguns representantes das empresas falaram sobre Manuel Pinho, aqueles que de facto o conheceram, que privaram com ele, em momentos de grande dificuldade e tensão, mas que agora reconhecem o quanto ele fez e o legado que deixou, nomeadamente nas energias renováveis. As gerações futuras irão colher muito daquilo que ele deixou, por ventura, nem saberão quem foi Manuel Pinho, ou que foi ele que criou as condições para isso, mas a obra ficará. Mas o mais sintomático do que é a política e da sujeira que por trás dos bastidores existe, é aquilo que todos poderão ver esta noite , dia 3 de Julho de 2009, na SIC Notícias no seu programa "Quadratura do Círculo". Aqueles que tanto o contestaram ao longo de quatro anos e meio, figuras gradas da oposição, afirmarão hoje, nesse programa, que de facto, Manuel Pinho foi um homem esforçado e trabalhador, talvez dos melhores dentro do actual governo. Isto é a sujeira da política, vejam o que aconteceu com o ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, que tanto foi contestado, que deixou uma grande obra, e que foi substituído com menos qualidade, seguindo a mesma política e nada acontece. O que prova que não são as políticas que dividem, são as pessoas. Estes golpes baixos estão a fazer carreira na nossa democracia, esperemos que não venha a acontecer o mesmo que aconteceu na I República. As sondagens hoje divulgadas sobre o que acham os portugueses da democracia dão um sinal preocupante, a maioria das pessoas estão a ficar fartas da democracia e isso é perigoso. Embora o que está mal não é a democracia mas os políticos de baixo nível que temos. Quem viu a AR eleita em 1976 e esta, sabe do que estou a falar. Estou solidário com Manuel Pinho, porque sei o que se sofre nestas situações, ele que nem era um político profissional, que nunca foi aceite pelo próprio PS, mas que trabalhou denudadamente para que fosse possível salvar mais um posto de trabalho. Queria recordar Manuel Pinho não pela foto que ontem correu mundo, mas por aquela que reproduzo dum homem de parte inteira.
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1919, no seio de uma família aristocrática, e viria a falecer em Lisboa a 2 de Julho de 2004, completando-se assim, hoje, cinco anos após o seu desaparecimento. Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999. A sua infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia Clássica. Ao longo da sua vida e obra, muitas vezes foi confundida a poetisa com a musa inspiradora, pelo menos junto de muitos dos seus admiradores, nos quais eu me incluo. Foi autora de livros infantis, que dedicou aos seus cinco filhos, que rapidamente se transformaram em clássicos da literatura infantil em Portugal, marcando sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana" ou "A Menina do Mar". Lembro ainda, enquanto jovem adolescente do ensino secundário, ter tido num exame de Português, um texto de Sophia. Esse texto, que pela sua beleza, me marcou muito, levou a que tempos volvidos, e já depois de ter passado à disciplina, ainda o relê-se com redobrado prazer. Na sua vasta obra, Sophia é ainda tradutora para português de obras de Claudel, Dante, Shakespeare e Eurípedes, tendo sido condecorada pelo governo italiano pela sua tradução de "O Purgatório". É uma autora a descobrir, para todos aqueles que ainda não foram tocados pela sua obra e sensibilidade. Aqui fica a proposta neste dia de efeméride que hoje se completa.
Completou-se o mês passado, 3 anos sobre a abertura deste espaço, que pretendia que a turma de formadores da Certform, a turma 66, tivesse um espaço de partilha de ideias e de saberes que, de algum modo, fosse enriquecedor para todos, que provinhamos de diferentes áreas. Por razões que desconheço, tal nunca se veio a verificar, ficando este espaço praticamente confinado a uma única pessoa, que o vai alimentando, mas sem qualquer "feed-back" mesmo que sobre a forma de comentário. É sempre desagradável ter-mos a sensação que estamos a falar sozinhos frente ao espelho, qual acto narcísico, que não conforta ninguém. Já por várias vezes apelei à colaboração que nunca obtive, inclusivé, já equacionei neste espaço a possibilidade de o encerrar. Tenho adiado esta decisão, mas estou convicto que mais cedo ou mais tarde tal se verificará. Contudo, enquanto achar que posso contribuir com algo para alguém, (nem sei se alguém me lê!), aqui continuarei, enquanto o "engenho e a arte" durar, bem como, a paciência. Apesar disso, apelo de novo, a que os colegas da turma 66 dêem o seu contributo, porque todos temos a aprender com todos.