Turma Formadores Certform 66

Monday, November 30, 2015

TEMPLÁRIOS, Vol.3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: A Missão Marítima"

"TOMAR, A MENTORA DAS VIAGENS OCEÂNICAS. Em 1416, o Infante D. Henrique dividia o seu tempo entre o castelo de Tomar, sede da Ordem, e a vila de Lagos, no Algarve. Em Tomar, administrava as finanças, a diplomacia e a carreira dos pilotos iniciados nos segredos do empreendimento marítimo. Inclusivamente, o castelo era um cofre de recursos e de informações secretas. Por sua vez, Lagos e a Vila do Infante, junto a Sagres, funcionavam como escola e base naval. Assim, o Infante D. Henrique viveu tanto em Sagres como em Tomar, preparando-se espiritualmente para a grande gesta das Descobertas. Nesta cidade teve início uma das maiores aventuras da humanidade, a fazermos fé no que disse o ilustre historiador Arnold Toynbee: “Depois de Cristo, o maior acontecimento da História são as Descobertas.” Essa aventura encontra na mística e no culto do Espírito Santo uma das suas mais fortes razões de ser. Como diz Anselmo Borges: “Ora, na génese da aventura marítima não estão razões apenas de ordem material. É que, se estas são as mais urgentes, não são as fundamentais. Sem a mística e o culto do Espírito Santo, os Descobrimentos não têm plena inteligibilidade.” Foi em Tomar que o Infante D. Henrique concebeu e amadureceu a ideia das explorações marítimas. Aí teve início a gesta náutica que levou as caravelas portuguesas “por mares nunca dantes navegados”, ostentando nas suas velas o símbolo da Ordem de Cristo. Como afirma Amorim Rosa: “Se Sagres foi a mão que lançou ao mar as caravelas das Descobertas, Tomar foi o cérebro que organizou as expedições e o alfobre de onde saíram os primeiros capitães das naus. E a Ordem de Cristo foi a fonte de onde jorrou todo o oiro necessário para alimentar tão grande empresa.” Em Tomar, o Infante D. Henrique mandou “cada semana, ao sábado, por sempre em minha vida e depois da minha morte dizer uma missa de Santa Maria, e a comemoração seja do Espírito Santo.” in "TEMPLÁRIOS, Vol.3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: A Missão Marítima", Eduardo Amarante.

Intimidades reflexivas - 490

"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem." - Arthur Schopenhauer (1788-1860)

Sunday, November 29, 2015

Definitivamente voltamos ao mesmo!...

Ontem interrogava-me se tínhamos ou não voltado ao mesmo. Quando lá cheguei não havia comida nenhuma, nem seca, o que me fez suspeitar, visto o meu amigo Bruno Alves Ferreira ter o cuidado de sempre lá colocar alguma, dependendo sempre da sua disponibilidade, como é natural mas, normalmente, as coisas correm bem. Mas hoje verifiquei que, de facto, a comida voltou a ser roubada. Os recipientes atirados a esmo. A comida tinha toda desaparecido e ontem deixei lá bastante. (Ver foto). É fácil concluir que voltamos ao mesmo. A pessoa que por lá passa e rouba a comida, não se sentirá muito confortável, daí o atirar os recipientes para rapidamente abandonar o local. Nem uma pouca deixou para o pobre cachorro. É de facto inadmissível o que está a acontecer. Volta e meia, ele aí está. Já há algum tempo que a comida não desaparecia. Agora parece que voltamos à estória de sempre. 

Saturday, November 28, 2015

Será que voltamos ao mesmo?...

Acabei de chegar do local onde alimento o cachorro. Tudo estava vazio. Nem comida seca lá existia. Talvez o "nosso amigo" tenha voltado a atacar. Ou, simplesmente, o cachorro tenha comido tudo, juntamente com os gatitos que por lá andam. (Ver foto). Será que voltamos ao mesmo? Não quero acreditar que sim. Quando de lá saí, deixei os recipientes abastecidos e água limpa. Veremos como as coisas vão evoluir.

Friday, November 27, 2015

Intimidades reflexivas - 489

"Há um espetáculo maior do que o mar, e é o céu. Há um espetáculo maior do que o céu, e é o interior da alma." - Victor Hugo (1802-1885)

Thursday, November 26, 2015

Finalmente!...

Finalmente!... Já não era sem tempo que esta novela política tivesse o seu termo. (E não esquecer que tudo estava estudado nos vários cenários possíveis!!!). O Senhor Silva - na feliz designação do seu correlegionário político Alberto João Jardim - lá teve que engolir o sapo, melhor dizendo o elefante, e "nomear" (o eufemismo que encontrou para "indigitar" negando também ele o formalismo constitucional) o governo de António Costa. Tudo fez para não o aceitar, mas depois do murro na mesa do presidente do Eurogrupo na passada segunda-feira, o Senhor Silva lá foi a correr resolver o problema que ele próprio criou. Desde logo, quando não antecipou as eleições. E não o fez não por puro formalismo político, mas porque as sondagens davam uma clara vitória do PS. Depois foi o que se viu. De recado em recado, com alguma azia à mistura, o Senhor Silva acabou caçado na sua própria armadilha. Depois foi o protelar até ao limite a situação, - logo ele que é tão formal e defensor das instituições -, não se importou de arrastar a indigitação, levando a que Portugal só tenha Orçamento de Estado lá para Março, se tudo correr bem. O homem que se apelidava a si próprio de "nunca ter dúvidas e raramente se enganar", afinal enganou-se e redondamente. Como se não bastasse, marcou a tomada de posse para hoje às 16 horas, entrando em conflito com a Assembleia da República, que a essa hora está em trabalhos. Logo ele tão defensor das instituições e do bom relacionamento entre elas! Até ao último momento quer dar a entender que não concorda, que despreza a Assembleia da República, com o ar de quem manda e pode, não percebendo que já ninguém espera nada dele e que, pior do que isso, ficará sempre com o seu mandato com forte anátema para a História da Democracia Portuguesa. Mas lá teve que ser. O elefante custou a engolir mas não havia volta a dar. Sendo certo que, nos próximos 3 meses - os últimos do seu mandato, felizmente - o Senhor Silva tentará criar os maiores obstáculos ao governo. Disso ninguém tem dúvidas. O novo governo trás, como todos os novos governos, aura de esperança para todos. Pode ser assim ou não, só o futuro dirá. Mas uma coisa é certa, pior do que este que foi varrido do poder, será difícil ser. Um governo que durante 4 anos destruiu emprego e empresas, reduziu o nível de vida das gentes, encostando um número significativo de pessoas à vereda da miséria. Um governo que criou uma brutal carga de impostos que esmaga toda a gente, que deu poderes à máquina fiscal para esmagar os cidadãos, reduzindo-os à miséria se preciso fosse - basta ver as penhoras de habitações aos faltosos o que até é inconstitucional - no sentido de extorquir o mais que pudesse. Um governo que vendeu meio país ao desbarato, porque o importante era dar aos privados o bolo como aconteceu com a TAP, em que o melhor do negócio fica com os privados e as dívidas com o Estado, ou seja, com todos nós. Um governo que mentiu desde que chegou ao poder. Continuou a mentir durante 4 anos, quando implementou a sua agenda ultraliberal escondido atrás dum memorando de entendimento. Um governo que agora, felizmente, se vai embora, continua a mentir como é o caso da sobretaxa, com devoluções de 35% antes das eleições e, depois delas, como já não era preciso mentir, veio-se afinal a saber que essa devolução seria de zero!!! Este governo ao menos foi coerente. Mentiu sempre até à hora da despedida. Assim, é com expectativa que o novo chega. (Não sei se era este que gostava de ter. Mas sei isso sim que o que não queria era a manutenção do cessante). Para uns será bom, para outros mau, e ainda para outros o logo se verá. Mas seja como for, uma coisa boa já este governo tem em si, que foi o afastar estes rapazolas que nos (des)governaram durante tanto tempo, que nos reduziram à miséria, que fizeram com que a geração mais jovem e qualificada que Portugal teve, não conseguisse viver no seu país que gastou muito dinheiro a formá-los, empurrando-os para os caminhos da emigração em volume tal que só se compara com o dos anos 60, quando se fugia deste país pela miséria e para não se ir para a guerra colonial. Este é seguramente um dia de esperança para a maioria dos portugueses. Se justificável ou não, o futuro se encarregará de esclarecer. Por agora o que conta é que já está. O Senhor Silva - ele que também já prepara as malas - deu-lhe posse, não porque o desejasse mas porque não tinha outra solução. Caminhos novos, arranjos novos, numa Democracia que caminhava para a cristalização. Agora só resta desejar as melhores felicidades ao novo executivo. Para bem de todos nós e do país.

Intimidades reflexivas - 488

"Ao princípio, a cidade de Roma era governada por reis. Lúcio Bruto estabeleceu a liberdade e o consulado. As ditaduras foram adotadas ocasionalmente, o poder do decenvirato resistiu apenas um par de anos, o poder consular dos tribunos militares não durou muito mais tempo. As tiranias de Cina e de Sula tiveram vida curta, o poder de Pompeu e Crasso rapidamente passou para César, e os exércitos de Lépido e Marco António renderam-se, a Augusto, que passou a controlar todo o Estado, depauperado pela guerra civil, com o título de primeiro cidadão (princeps)." - Tácito (55 d.C.-120 d.C.), Anais, 1.1

Wednesday, November 25, 2015

Intimidades reflexivas - 487

"A vida é como andarmos de bicicleta, para termos equilíbrio temos de nos manter em movimento." - Albert Einstein (1879-1955)

Intimidades reflexivas - 486

"A única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental, e portanto cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo." - José Saramago (1922-2010) em entrevista ao Diário de Notícias.

Tuesday, November 24, 2015

Intimidades reflexivas - 485

"Uma vez que agora governamos aquela raça de povos entre os quais a civilização não surgiu simplesmente, mas a partir dos quais se crê que tenha sido disseminada a todos os outros povos, temos o dever de lhes retribuir os seus benefícios, tal como outrora os recebemos das suas mãos. Não me sinto envergonhado por dizer, tanto quanto a minha vida e os meus feitos provam a minha energia e seriedade, que tudo o que consegui devo-o à aprendizagem e à cultura que nos foi oferecida pelos clássicos e pela filosofia da Grécia." - Cícero (107 a.C.-43 a.C.), 'Carta para Seu Irmão Quinto', 1.1.27

Monday, November 23, 2015

No 13º aniversário do meu companheiro Nicolau

Treze anos passaram, desde aquela madrugada de véspera de Natal que te recolhi - daí o teu nome de Nicolau - e te trouxe para casa, ensopado em água depois duma noite de temporal que te marcou psicologicamente. (Ainda hoje sofres desse síndroma). Treze anos passaram quando te abandonaram à minha porta noite dentro. (Segundo os veterinários terias pouco mais de três semanas de vida talvez um mês. Nunca saberemos ao certo). Assim, é sempre difícil determinar o dia do teu aniversário mas, mais dia menos dia, aqui estamos, treze anos volvidos junto de ti. A tua mãe adotiva - a Tuxa - já partiu, precisamente com a idade que tens hoje, o que me leva a crer que não te terei muito tempo mais na minha companhia, apesar de seres ainda um cão forte e determinado, apesar dos anos que te vão esmagando. Sempre amigo e fiel. Nunca mais foste o mesmo desde o dia em que a tua mãe adotiva partiu. Durante meses, todos os dias, a primeira coisa que fazias era ir visitar a sua sepultura. O tempo foi passando, os anos também. Estás mais velho meu amigo, meu companheiro, tal como eu, tal como todos nós. Mas hoje não vamos falar de tristezas. Hoje quero recordar aquele dia em que te trouxe, e apesar da tua fragilidade, mostravas já o teu ar rebelde e caráter forte que virias a ostentar até hoje. Foste sempre um líder, um chefe. Depois mudaste de casa e reencontraste mais uns tantos amigos que te rodeavam e que tu tentavas manter em respeito. Agora restas apenas tu, a abrilhantar estes nossos dias. Treze anos passaram e parece que foi ontem. Porque o tempo passa rápido quando se ama alguém. Nem damos por ele. E tu tens sido muito amado - como tu nos tens amado também -, como amados foram todos os que te antecederam. Porque vós sóis o melhor do mundo, aquilo que o ser dito humano gostava de ter sido e não foi. Daí o vos maltratarem tão barbaramente. Porque o ser dito humano não consegue conviver com a ideia de que não é o melhor, o imprescindível. E não o é, porque vós existis para nos lembrar isso mesmo, para nos indicar caminhos de humildade e amor que recusamos trilhar. Hoje é o dia do teu presumível aniversário, Nicolau! Treze anos passaram preenchidos de amor e carinho. Treze anos a ensinar-nos que há mais mundo para além daquele mesquinho que vivemos. Treze anos passaram e nunca me arrependi de te ter trazido para casa. Não seria expectável que o não fosse. Porque eras aquilo que de melhor o mundo tem. Um ser que precisa que lhe ensinemos algumas coisas, embora o amor seja aquela que não necessita. Porque já o transportais no vosso ser, no vosso ADN. Treze anos passaram e estamos muito felizes por fazeres parte na nossa família. Parabéns, Nicolau!

Sunday, November 22, 2015

Intimidades reflexivas - 484

"Uma fogueira é sempre uma celebração entre o ar e outra matéria. Vem. Vamos arder nos braços um do outro. Depois, as cinzas hão-de espalhar-se pela memória desta noite." - Joaquim Pessoa.

Tudo normal!...

Quando cheguei ao local onde habita o cachorro, ainda estava de noite. Chovia. Verifiquei que a comida seca tinha desaparecido quase toda. Não foi o cachorro que a comeu porque havia muita lá ontem. Mas, seja como for, ainda havia bastante comida húmida. Parece que quem lá vai, se ontem por lá passou, ainda deixou alguma comida para o cachorro comer. Fico contente só por isso. Um gato saiu de lá assustado com a minha presença, mas quando viu quem eu era, logo voltou para comer alguma da comida que lá deixei, seca e húmida. (Ver foto, apesar da má qualidade da mesma). Mesmo assim, estou feliz porque se o cachorro por lá passasse teria ainda alguma comida. Veremos se vai continuar assim.

Saturday, November 21, 2015

"Templários - de Milícia Cristã a Sociedade Secreta", Vol. 4 - "Do Portugal Atávico ao Segredo do Quinto Império"

Fartos de estar fartos... "Estamos tão desnacionalizados que devemos estar renascendo. Para os outros povos, o desnacionalizar-se é o perder-se. Para nós, que não somos nacionais, o desnacionalizar-se é o encontrar-se (...) pelo que estamos no início de tornar a começar a existir. Chegámos ao ponto em que colectivamente estamos fartos de tudo e individualmente fartos de estar fartos. Extraviámo-nos a tal ponto que devemos estar no bom caminho.” - Fernando Pessoa in "TEMPLÁRIOS - de Milícia Cristã a Sociedade Secreta", Vol. 4 - "Do Portugal Atávico ao Segredo do Quinto Império".

Intimidades reflexivas - 483

"A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota." - Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo francês.

Continuo feliz!...

Acabei de chegar do local onde alimento o cachorro e continuo feliz. Ele ainda tinha lá bastante comida seca, alguma húmida, o que significa que ela não tem sido roubada. (Ver foto). É com essa expectativa que acredito que o futuro pode vir a ser diferente para esse pobre cachorro. Pelo menos comida e água tem. O carinho só o tem de alguns com quem ele contacta e que gostam dele. Poucos somos, mas firmes na nossa determinação. Veremos se continuamos com razões para estarmos felizes e contentes.

Friday, November 20, 2015

Intimidades reflexivas - 482

"O seu monumento é no Campo de Marte e nele está gravado um epitáfio que se diz ter sido escrito pelo seu punho. A essência é que nenhum dos seus amigos o excedeu em bondade, nem nenhum dos seus inimigos lhe causou maior mal do que o que recebeu como resposta." - Plutarco (45 d.C.-120 d.C.), A Vida de Sula, 38.4

Thursday, November 19, 2015

Descansa em paz, Diesel!...

Também nesta vaga terrorista os animais são vítimas. Aqui esta a Diesel que morreu ontem de madrugada na operação que decorreu em Saint-Denis, em Paris. Morreu talvez sem nunca perceber o que estava a acontecer. Para ela talvez isto fosse mais um "jogo" dos muitos em que participou a quando do seu treino. Partiu sem saber que no meio de tudo isto, ainda há seres humanos bons. Talvez nunca os tenha conhecido, ou talvez sim. O facto da Police Nationale francesa ter colocado a notícia e lhe ter dado ampla divulgação na sua página oficial, talvez seja uma maneira de a homenagear, mas também diz da maneira respeitosa como os animais são tratados noutros países. Só um comentador duma televisão portuguesa fez referência a isso, porque talvez se sentisse desconfortável em não o fazer. Seja como for a Diesel morreu. Numa missão de alto risco para que outras pessoas possam viver em paz e segurança. Só por isso, ela merece todas as homenagens do mundo. Não que isso a traga de volta, mas faz lembrar ao ser dito humano que há seres sublimes que dão a vida por uma causa. A sua causa ali seria o seu tratador que para ela seria uma espécie de "pai". A Diesel partiu, a sua memória ficará no coração de todos nós, aqueles que acreditamos num mundo melhor, onde os seres dito humanos não se degladiem a todo o momento, em nome seja do que for, e onde os animais não sejam objeto de sacrifício ou de prazer. O teu exemplo, Diesel, ficará na nossa memória, para sempre. Descansa em paz, Diesel!...

Intimidades reflexivas - 481

"O aspeto mais importante em que a sociedade civil romana ultrapassa os outros estados parece-me ser a forma como trata os deuses. Também penso que aquilo que é visto desfavoravelmente entre outros povos é entre os romanos uma fonte de coesão: refiro-me ao seu respeito pelos deuses. Desenvolveu-se entre eles de uma forma tão extraordinária - tanto em questões pessoais, como nos assuntos corrente da comunidade - que nada é tratado como mais importante. Este facto parece surpreendente a muitas pessoas." - Políbio (200 a.C.-118 a.C.), Histórias, 6.56.6-8

Wednesday, November 18, 2015

Intimidades reflexivas - 480

"Enquanto Cipião observava a cidade a ser completamente destruída pelas chamas, diz-se que derramou lágrimas e lamentou abertamente a sorte dos seus inimigos. Depois de refletir durante algum tempo, considerou que todas as cidades, povos e impérios morrem; tal como todos os homens têm os seus próprios destinos. Tróia sofrera o mesmo, embora outrora fosse uma cidade próspera, e os impérios dos assírios e dos medos, bem como o da Pérsia, o maior império do seu tempo, e o da Macedónia, que bem recentemente ficara tão famoso. Deliberadamente ou não, citou os seguintes versos do Poeta: ' Virá o dia em que a Santa Ilium perecerá / e Príamo e o seu povo serão mortos'. E eu falei com ele - pois era o seu professor - e perguntei-lhe o que queria dizer. Sem qualquer dissimulação, respondeu-me que estava a pensar no seu próprio país, pelo qual temia quando refletia sobre o destino de todas as coisas mortais." - Políbio (200 a.C.-118 a.C.), Histórias, 39.5

O Explendor do Barroco - Jordi Savall

A semana passada chegou-me às mãos um disco fabuloso, com a qualidade que Jordi Savall nos vem habituando ao longo dos anos. Tem por título "Baroque Splendor" - Biber 'Missa Salisburgensis'. Depois de fazer uma excelente viagem pelo período barroco - um dos mais ricos da história da música para mim - Jordi Savall vai fixar-se na 'Missa Salisburgensis' de Henrich Biber. Esta é uma obra de difícil acesso entre nós, - daí este disco ser importante porque se encontra disponível no nosso mercado - apenas no circuíto de importação se pode obter. Daí a riqueza deste disco quando pega na obra e a recria no espírito da época, (bem diferente de outras versões mais modernas que lhe retiram esse encanto), e nos dá uma fabulosa interpretação da mesma. Antes desta enorme execução, já tinha passado por outras peças de Biber como a 'Fanfara', o motete 'Plaudite Tympana', a 'Battalia' e ainda a 'Sonata Sancti Polycarpl'. Se tudo isto são verdadeiros hinos ao barroco que Biber tão bem representou, a sua 'Missa Salisburgensis' foi o culminar dum CD notável. Era a obra que se impunha para encerrar este trabalho. E ela aí ficou registada para a posteridade. Neste disco, Jordi Savall conta com o habitual Hespèrion XXI, mas também com Le Concert des Nations e La Capella Reial de Catalunya. A editora AliaVox é a responsável pela edição deste CD que foi gravado em DSD (Direct Stream Digital) com som Hybrid Multi-Channel Stereo. Novas tecnologias que lhe dão uma amplitude sonora, uma pureza de som e uma limpidez nas interpretações muito acima da média. Nesta altura que as compras de Natal começam a ocupar o pensamento de todos, este CD será uma excelente prenda, de altíssima qualidade, para pessoas de gosto muito requintado. Um disco altamente recomendável.

Tuesday, November 17, 2015

Carta aos terroristas depois de ter perdido a sua mulher nos atentados de sexta-feira em Paris

Esta foi a carta que Antoine Leiris, jornalista francês da "France Bleu" que perdeu a sua mulher nos atentados de sexta-feira em Paris, escreveu aos terroristas. Um momento supremo e sublime. Só possível a quem tem uma alma grande e um coração enorme. Um ser superior digno desse nome. Aqui reproduzo na íntegra a carta que ele acabou de publicar. Para que todos reflitamos naquilo em que se vai tornando o nosso mundo, sem que dêmos por isso.

"Vocês não terão o meu ódio."

'Sexta à noite vocês roubaram a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas vocês não vão ter o meu ódio. Eu não sei quem vocês são e eu não quero saber, vocês são almas mortas. Se Deus, por quem vocês mataram cegamente nos fez à sua imagem, cada bala no corpo de minha esposa tem sido uma ferida no seu coração. Então, não, eu não vou-vos dar este presente para odiá-los. Vocês já procuram, mas combater ódio com raiva seria ceder à mesma ignorância que fez com vocês o que vocês são. Vocês querem que eu tenha medo, eu olho para os meus concidadãos com um olhar desconfiado, Eu sacrifico a minha liberdade pela segurança. Perdido. Mesmo jogando o mesmo jogo. Eu vi-a esta manhã. Finalmente, depois de dias e noites de espera. Ela estava tão bonita como quando ela me deixou esta sexta à noite, tão bela como quando eu me apaixonei por ela há mais de 12 anos. Claro que estou arrasado pela dor, concedo-vos esta pequena vitória, mas vai ser de curta duração. Eu sei que ela vai-nos acompanhar todos os dias e nós vamos estar nesse paraíso de almas livres que vocês nunca vão aceder. Nós somos dois, o meu filho e eu, mas nós somos mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Eu também não tenho mais tempo para vocês, devo acompanhar Melvil que acorda do seu sono. Ele tem 17 meses, ele come o seu almoço como todos os dias, então vamos brincar como todos os dias e toda a sua vida aquele garotinho vai fazer para vocês a afronta de ser feliz e livre. Porque não, vocês não vão ter tanto ódio.'

Publico a seguir a versão integral da carta na sua versão original, em francês, para os interessados.


'Antoine Leiris
Yesterday at 4:18am · 

“Vous n’aurez pas ma haine”

Vendredi soir vous avez volé la vie d’un être d’exception, l’amour de ma vie, la mère de mon fils mais vous n’aurez pas ma haine. Je ne sais pas qui vous êtes et je ne veux pas le savoir, vous êtes des âmes mortes. Si ce Dieu pour lequel vous tuez aveuglément nous a fait à son image, chaque balle dans le corps de ma femme aura été une blessure dans son coeur.

Alors non je ne vous ferai pas ce cadeau de vous haïr. Vous l’avez bien cherché pourtant mais répondre à la haine par la colère ce serait céder à la même ignorance qui a fait de vous ce que vous êtes. Vous voulez que j’ai peur, que je regarde mes concitoyens avec un oeil méfiant, que je sacrifie ma liberté pour la sécurité. Perdu. Même joueur joue encore.

Je l’ai vue ce matin. Enfin, après des nuits et des jours d’attente. Elle était aussi belle que lorsqu’elle est partie ce vendredi soir, aussi belle que lorsque j’en suis tombé éperdument amoureux il y a plus de 12 ans. Bien sûr je suis dévasté par le chagrin, je vous concède cette petite victoire, mais elle sera de courte durée. Je sais qu’elle nous accompagnera chaque jour et que nous nous retrouverons dans ce paradis des âmes libres auquel vous n’aurez jamais accès.

Nous sommes deux, mon fils et moi, mais nous sommes plus fort que toutes les armées du monde. Je n’ai d’ailleurs pas plus de temps à vous consacrer, je dois rejoindre Melvil qui se réveille de sa sieste. Il a 17 mois à peine, il va manger son goûter comme tous les jours, puis nous allons jouer comme tous les jours et toute sa vie ce petit garçon vous fera l’affront d’être heureux et libre. Car non, vous n’aurez pas sa haine non plus.'

"Portugal - a Missão que falta cumprir" - Eduardo Amarante

"Portugal e a diáspora. O palpitar da Lusitanidade sente-se naqueles que, estando distantes da Pátria-Mãe, não deixam de ter orgulho em falar e, diria mesmo, em ostentar o nome de Portugal. E isso porque se identificam com os valores, a história e as tradições do nosso País. Têm uma percepção grandiosa do mesmo. À distância tem-se uma visão mais global e unificadora. As pequenas coisas, os actos mesquinhos reduzem-se a pouco mais que nada; pelo contrário, as grandes coisas, os grandes feitos, as qualidades intrínsecas ao povo sobressaem como fachos luminosos que incendeiam o nosso ser e elevam até ao infinito os nossos corações (outro símbolo de Portugal) e a nossa auto-estima, enchendo-nos de entusiasmo e de motivação indomável para fazer obra e, quando a consciência desperta, participar na realização da Grande Obra. O gene luso, espalhado pelo mundo, ao contrário do que sucede no Portugal europeu, está mais vivo e compreende melhor o que é a Pátria e a missão a ela inerente, talvez devido à dor da ausência que desperta sentimentos olvidados e à própria “fibra” que caracteriza os pioneiros e os aventureiros do mais além... A capacidade de união da diáspora lusa é natural e bem maior do que na Metrópole e o seu entusiasmo e convicção só aguardam o grande Apelo que terá de partir da Pátria-Mãe. Com as Forças Vivas que representam a sua diáspora no mundo, Portugal reúne todas as condições para iniciar o árduo e glorioso trabalho da construção do Quinto Império, já que a sua hora soou no relógio da História, como iremos comprovar em breve. Só falta soar o clarim!" - Eduardo Amarante in "Portugal - a Missão que falta cumprir". Imagem: Pintura de mestre Carlos Alberto Santos.

Monday, November 16, 2015

Radicalismo e Xenofobia (Sobre os atentados de Paris)

Nous sommes tous français!... Estas são palavras que se ouvem um pouco por todo o lado. Que cruzam o ciberespaço em segundos, unindo um mundo cada vez mais diferente e desigual. Passados alguns dias sobre aquela fatídica sexta-feira, 13, em Paris, ainda me interrogo, - como já o tenho feito noutras situações como esta que infelizmente são cada vez mais -, o que leva jovens na flor da idade a tomarem estas atitudes. Não é a crise, não é a falta de valores (que também não são tão firmes assim), muito menos a religião. No Corão, como na Bíblia ou na Tora - as três religião ditas "do Livro" - não existe em lugar algum onde se leia que se deve matar o seu semelhante. ("Não mates a pessoa humana, porque Deus a declarou sagrada." - (Corão VI, 151.) ) Então que religião é esta, que fanatismo é este, que conduz a tais desmandos? Curiosamente, não é o tal pretenso estado islâmico que exporta terroristas fanáticos, mas sim, ele importa radicais ocidentais que depois vai colocando no mundo! E não venham pelos caminhos sempre fáceis da xenofobia, dizer que tudo tem a ver com a crise migratória. Alguns poderão vir, - não excluo essa possibilidade -, como já o escrevi por diversas vezes. Mas a maioria não vem em barcos prestes a afundar-se numa aventura que pode não ter fim. Estes vêm de avião para o coração da Europa. E este é o maior drama da dita Europa. É que o seus verdadeiros inimigos não estão na Síria ou no Iraque, mas sim, no seu seio, no interior, educados em escolas ocidentais, com modos de vida ocidentais e, por vezes, sem falarem uma palavra de árabe. A quando do ataque ao 'Charlie Hebdo' em Janeiro passado, tal era evidente. Agora com mais conhecimento sobre os fluxos destes jovens sem futuro e sem amanhã, a história repetir-se-á. Embora seja importante neutralizar essas zonas de conflito, e destruir o tão tristemente célebre ISIS, - grupo radical que foi criado e alimentado pelo Ocidente, especialmente pelos EUA, tal como Saddam e Kadhaffi o foram também, é bom não esquecer -, mas será no seu interior que a Europa deve olhar e ver o que se está a passar. O veneno mais profundo está entre nós e não naquilo que de fora nos chega. Daí ser redutor apontar, estigmatizar, gentes que vêm dessas zonas do mundo, apenas para fugir à guerra, à fome, às violações, à tortura. Poderia ser qualquer um de nós. Esses não são os terroristas que a geopolítica mundial ocidental ajudou a criar para fazer face a outros problemas que a maquiavélica diplomacia vai engendrando pelo mundo fora. Esses são seres comuns que apenas querem viver em paz, bem tão precioso para eles, a que nós nem damos valor por a sentirmos como adquirida. Quanto aos outros, o fanatismo que esta gente transporta dentro de si, é algo de irracional, é ódio puro, que leva a que destruam as memórias de povos a que eles mesmo pertencem - como aconteceu recentemente na cidade de Palmira, na Síria - porque esse irracional não dá para mais do que o ódio fanático a todos os seres, - porque nem os animais escapam à barbárie - sejam eles quais forem. A máquina de Frankstein que o ocidente criou, fugiu-lhe ao controle. Agora há que remendar aquilo que foi a estupidez irracional que se criou, e que hoje se abate sobre a Europa, diria mais, sobre o Ocidente. O conflito dos povos não pode servir a tudo, mas enquanto não formos capazes de nivelar os índices de bem-estar entre as nações, mais cedo do que tarde, ver-nos-emos confrontados com estas situações a que urge por cobro urgentemente. Enquanto formos comprando o petróleo que lhes dá os dólares para comprarem armas, (mesmo que seja, e é-o, sobretudo no mercado negro), não será assim que exterminaremos a hidra que já tem mais cabeças do que a sua homóloga bíblica que lhe serve de inspiração. Até que isso aconteça, temos que nos manter firmes, sem medo. Afinal a França é já aqui. E isto poderia ser em Portugal. Pode ser amanhã entre nós. Da união virá a força, desta tão pouco coesa Europa que urge unir. Para bem dela e de todos nós. Até lá, devemos ser neste momento de luto, todos franceses. Vive la France!...

Sunday, November 15, 2015

Intimidades reflexivas - 479

"A não-violência e a cobardia não têm nada a ver uma com a outra. Acredito que um homem armado dos pés à cabeça seja um cobarde no seu coração. A posse de armas pressupõe um factor de medo, para não dizer de cobardia. Mas a verdadeira não-violência é impossível sem a posse de uma autêntica ausência de medo. (...) A não-violência nunca deveria ser utilizada como escudo da cobardia. É uma arma destinada aos valentes." - Gandhi (1869-1948)

Continuo feliz!...

Continuo, de facto, feliz! A comida do cachorro não tem desaparecido. (Ver foto). Ou se alguma levam, deixam outra para ele comer. Assim, fico satisfeito. As coisas têm estado dentro da normalidade doutros tempos. Apenas mais um infortunado da vida, fica feliz ao ver-me. Um pequeno gato preto que por lá anda, e que se vai banqueteando com a comida que deixo. Sem o saber, vinha ajudando mais uma vida, mais um irmão que partilha este nosso mundo. Um gatito que está sempre à minha espera para comer qualquer coisa. De facto, neste momento só tenho motivos para estar feliz e contente.

Saturday, November 14, 2015

Nada de novo!...

Quando há minutos cheguei ao local onde vou alimentar o cachorro, nada de anormal se verificava. Ainda havia comida e fresca. Os recipientes estavam mais ou menos limpos. Daí que fiquei feliz. Parece que o desaparecimento da comida não tem continuado nos últimos tempos. Veremos o que o futuro nos reserva. Como habitualmente, abasteci os recipientes, e um dos gatos que por lá andam veio logo banquetear-se. (Ver foto). Nem se importou da minha presenta, nem que lhe tirasse a respetiva foto, o que indicia que estava com muita fome. Quando de lá saí ainda ele lá continuava a comer com sofreguidão e muito apetite. Pelo menos esse, não ficará com fome no dia de hoje.

Intimidades reflexivas - 478

"Ao procurar motivar uma população dispersa e primitiva - tão lesta a pegar em armas - para uma existência pacífica e ociosa, com a concessão de comodidades de luxo, deu-lhe o incentivo pessoal e o apoio público para a construção de templos, mercados e mansões urbanas, louvando os que foram rápidos a fazê-lo e criticando os que correspondiam lentamente. Deste modo, a coerção deu lugar a uma competição pelas honrarias. Proporcionou aos filhos dos chefes uma educação adequada e elogiou uma aptidão natural dos bretões para trabalho árduo comparativamente aos galos, portanto aqueles que se tinham recusado a aprender latim começaram a adquirir dotes oratórios. Até o nosso estilo de traje nacional se tornou popular; a toga passou a ver-se com frequência. E, pouco a pouco, foram conduzidos para aquilo que encoraja o vício, arcadas, banhos e banquetes elegantes. Na sua experiência, assumiram tudo isto como civilização; de facto era parte da sua escravidão." - Tácito (56 d.C.-117 d.C.), Agrícola, 21.

Friday, November 13, 2015

No 93º aniversário de meu Pai

Dia 13 é para muitos um dia de azar. Dia 13 e sexta-feira então nem falar. Mas para além da ignorância popular o 13 pode também ser um dia bom. E este é. Há 93 anos, neste mesmo dia, nascia o meu Pai Álvaro. De condição humilde foi crescendo na ambição de uma vida diferente. Teve que emigrar e para isso teve que cruzar o Atlântico. Voltou com uma vida bem melhor. Uma vida que talvez nunca imaginou ter. 93 anos passaram sobre o seu nascimento. A sua memória é tudo o que resta. O seu legado. Já partiu vai para 27 anos, numa fria mas solarenga manhã de Fevereiro. Mas a memória ficou. Enquanto a memória ficar, enquanto alguém guardar essa memória, seja familiar direto ou não, essa pessoa não morrerá porque sempre haverá algum gesto, alguma situação, algum momento, que a trará de regresso. Felizes aqueles que partiram e deixaram alguém a guardar a sua memória. Porque tristes são os outros, aqueles de quem nem memória existe. Dia 13 seria o dia do seu 93º aniversário. Este dia. A memória é tudo o que resta, felizmente! Lá onde estiveres, Feliz aniversário, Pai!...

Intimidades reflexivas - 477

"Haverá homem tão frívolo e indolente que não se interrogue sobre como terá sido possível, e sob que tipo de regime político, que em menos de 50 anos quase todo o mundo civilizado tenha ficado sob o domínio único de Roma? Estes acontecimentos não têm precedentes." - Políbio (200 a.C.-118 a.C.), Histórias, 1.1.5

Thursday, November 12, 2015

Intimidades reflexivas - 476

"Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.” - Voltaire (1694-1778)

"Imortalidade e Reencarnação da Alma" - Gabriel Delanne

Os primeiros cristão e a crença na reencarnação. “Os gnósticos ensinavam que a peregrinação da alma humana pela matéria processava-se ao longo de repetidas vidas na Terra (doutrina da reencarnação), através das quais o homem se vai aproximando lentamente da sua meta que é a redenção final. Daqui se depreende que é correcto falar-se de que houve uma escola secreta, na qual os mistérios de Jesus e as verdades mais profundas eram ensinados, e onde os mestres gnósticos terão sido iniciados. Aliás, verificamos que no Evangelho de S. João, 9, 1-2, lê-se o seguinte: ‘E, passando Jesus, viu um homem, cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: ‘Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?’” É evidente o sentido desta frase, porque se os seus discípulos pensavam que esse homem poderia ter pecado antes de nascer, é porque acreditavam na reencarnação e na lei de causa e efeito, isto é, do karma. Aliás, os padres gregos da Igreja acreditavam nas existências sucessivas e S. Jerónimo afirmou mesmo que esta doutrina foi durante muito tempo ensinada na Igreja.” – Eduardo Amarante.

Intimidades reflexivas - 475

"Depois vem a terra, a parte da natureza que, pelas pródigas dádivas que nos concede, honramos com o nome de Mãe. Ela é o nosso reino, tal como o céu é o reino dos deuses. Acolhe-nos quando nascemos, alimenta-nos enquanto crescemos e sustenta-nos sempre quando somos adultos." - Plínio o Velho (23 d.C.-79 d.C.), História Natural, 2.154

Intimidades reflexivas - 474

"Ainda que seja do dono da criação, o homem não deve destruí-la. Ele precisa admirá-la, explorá-la e conhecê-la." - Génesis (2,20)

Wednesday, November 11, 2015

Intimidades reflexivas - 473

"O que vedes ante vós estrangeiro, agora a poderosa Roma, mais não era do que montes cobertos de erva antes dos tempos de Eneias, o troiano. O gado de Evandro vagueava onde agora se ergue o Templo de Apolo Palatino. Estes templos dourados erigiram-se para deuses de terracota, satisfeitos por viverem em casas simples construídas sem arte." - Propércio, Elegias, 4.1.1-6

Intimidades reflexivas - 472

"Depois, Rómulo, orgulhoso sob o manto dourado da loba que o amamentou, assegurará o futuro do povo e erguerá as muralhas de Marte e pelo seu próprio nome os chamará de romanos. Não imponho fronteiras aos seus domínios, nem termo à governação, dei-lhes um império sem fim. E até a acerba Juno, que agora inunda de medo a terra, o mar e o céu, deles pensará melhor e a meu lado velará pelos romanos, senhores do mundo, o povo da toga. Assim o decreto." - Virgílio (79 a.C.-19 a.C.), Eneida, 1.275-83

Intimidades reflexivas - 471

"Um dos problemas do nosso tempo é que perdemos a capacidade de fazermos as perguntas que são importantes. A escola nos ensinou a dar respostas: a vida nos aconselha a que fiquemos quietos e calados." - Mia Couto, escritor moçambicano.

Tuesday, November 10, 2015

Tempos de mudança

E conforme se previa, o governo finou-se! Nada que já não fosse previsível, apesar dos medos que a coligação de direita agitou, visivelmente em desespero. Até uma manifestação de apoio patrocinada ao que se sabe pelo núcleo do CDS do Alto Alentejo (!), a fazer lembrar a maioria silenciosa de Spínola nos idos de 74, quando queria a todo o custo controlar o país a seu bel-prazer. Nada faltou. Apenas faltou a boa vontade para que fosse diferente. Depois da coligação de direita ter maltratado, ignorado, humilhado o PS nos últimos 4 anos, não seria expectável que agora este se viesse a deixar instrumentalizar. Parece até, mantendo ainda uns resquícios de sobranceria doutros tempo, nem sequer se dignou responder a nenhuma das 58 perguntas que o PS teria feito a quando das negociações! Enfim, o centrão foi-se. Não sei se isso é bom ou mau, só o futuro nos dirá para que lado as coisas irão pender. Mas, queiramos ou não, defendamos ou não este governo, hoje é um momento histórico na política portuguesa. E o que é mais curioso, é que esta situação devolveu a política ao café. Toda a gente discute política, sejam quais forem as suas opções, em qualquer lugar e isso é bom. Faz-me mergulhar nos inícios da nossa democracia, onde todos tínhamos opinião, mesmo daquilo que não conhecíamos, e muito menos, dominávamos. Esta situação criada, pode não ser a ideal, pode até não ser aquela que me deixa mais confortável, mas seguramente, ela é uma lufada de ar fresco na nossa política cinzentona. Este governo, definitivamente, já estava a mais. E para a esquerda mais radicalizada, é também, o fim da política de protesto, que outros tanto apontavam, mas agora, duma maior responsabilização, quer da governação, quer do fim dela, se tal se vier a verificar antes do fim da legislatura. E o drama da direita é o de saber se esta fórmula, digamos arriscada, inesperada talvez seja o termo mais correto, vier a ter sucesso. Se isso acontecer, a direita estará em maus lençóis, tal como a esquerda, se se vier a verificar situação inversa. Agora é o tempo do Presidente. Cavaco irá com certeza prolongar esta situação por algum tempo, consultar este e aquele, enfim, irá dar tempo ao agora governo de gestão para acabar o trabalho começado, isto é, o vender o pouco que resta de Portugal ao estrangeiro. Desde logo a TAP que tanto se têm empenhado sem sucesso. mas também o Novo Banco. O tempo do Presidente é este agora. Veremos que solução virá por aí, mas estou certo que terá que nomear António Costa. Cavaco caiu na armadilha que ele próprio armou. Desde logo, ao fixar a data das eleições para um período em que não havia espaço para novas eleições, depois nas várias afirmações que tem feito. A garantia da legislatura e do respeito pelos acordos internacionais que Portugal subscreveu eram algumas delas. Ora parece que tudo isso está relevado nos acordos feitos. Cavaco terá que ter muita imaginação para fazer algo diferente. A realidade aí está pungente. O país fica à espera. A Europa também. A mesma Europa que já foi dando sinais de não se arrepiar em demasia com esta nova situação. Afinal, como ontem dizia ontem Wolfgang Schäuble, "isto é a democracia".

Intimidades reflexivas - 470

"Na vida, nada se resolve, tudo continua. Permanecemos na incerteza; e chegaremos ao fim sem sabermos com o que podemos contar." - André Gide (1869-1951), escritor francês, nobel da literatura.

Monday, November 09, 2015

Intimidades reflexivas - 469

"O dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios e a humildade faz grandes homens." - Mahatma Gandhi (1869-1948)

Sunday, November 08, 2015

Intimidades reflexivas - 468

“As grandes massas têm necessidade de uma religião dos sentidos (eine sinnliche Religion). E não só as grandes massas, mas também os filósofos. Um monoteísmo da razão e do coração, um politeísmo da imaginação e da arte, eis o que nos falta (...) Falta-nos uma nova mitologia, que esteja ao serviço das ideias. Deverá pois ser uma mitologia da razão.” – Hegel, Hölderlin ou Schelling, 'Das älteste Systemprogramm des deutschen Idealismus'.

Continuo feliz...

Tal como ontem, hoje havia ainda comida para o cachorro. Seca até bastante, penso que foi o meu amigo Bruno Alves Ferreira que por lá passou. (Ver foto). Fiquei contente. Talvez o roubo a esmo tenha terminado, mas nunca fiando. O futuro o dirá. Mudei um dos recipientes para a comida, porque o que levei em tempos já estava partido, e trouxe esse e outros que por lá andavam, verdadeiramente imundos, e deitei-os ao lixo. Lá por ser um cão, e ainda por cima desprotegido, também tem direito à sua dignidade. Que estejas feliz. Ao saber que estás bem, também eu fico feliz. Que Deus te abençoe e proteja. Já basta a vida desgraçada que tens desde que nasceste.

Saturday, November 07, 2015

Intimidades reflexivas - 467

"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos." - Pablo Picasso (1881-1973)

Fiquei feliz...

Cruzei-me hoje, de novo, com um funcionário que trabalha numa das empresas do local onde habita o cachorro, coisa que já não acontecia há muito tempo. Fiquei contente em saber que ele continua a andar por lá e que se encontra bem, dentro das limitações da vida que leva. Também fiquei agradado por ver que ainda havia comida que alguém lá deixou. (Ver foto). Abasteci os recipientes e deitei-lhe água fresca e limpa. Parece que as coisas têm corrido melhor nos últimos tempos. Veremos no futuro.

Friday, November 06, 2015

Bom fim-de-semana

Que o final de semana chegue carregadinho de flores, perfumes, amor e muita paz! Que a gente aprenda a valorizar o abraço antes da ausência. O sorriso antes da lágrima. O momento que antecede a despedida. A luz de dias calmos. O amor sem nada em troca. Que a vida nos ensine a tempo o que é precioso cultivar. A alegria anterior aos tempos difíceis. A presença antes da falta. Que tenhamos sabedoria a tempo para termos tempo de realizar. É verdade que a vida voa, mas também recomeça a cada dia, nos dando a infinita chance de recomeçar.

Tempos de crispação

Está a chegar a "dead line" para as negociações à esquerda. O Bloco anunciou ontem que tem o acordo fechado. O PCP, mais prudente, ainda continua à mesa. Vivemos tempo de crispação, tempos difíceis, tempos de indefinição. Mas não pensem que a crispação é só dum lado. Na direita ela está, mais do que nunca, no auge. Basta ver alguns escritos de gente alinhada com a coligação de direita para facilmente concluir esta situação. Há quem diga que nunca, desde o 25 de Abril de 1974, se viu tal. Perdoem-me mas é falso. Toda a gente, pelo menos os menos jovens, devem lembrar-se da famosa tese de bipolarização encabeçada por Sá Carneiro, que partiu o país a meio e quase o conduziu a uma guerra civil. Mas as gentes da direita não devem ficar tão surpreendidas com as negociações do PS com os partidos à sua esquerda. Dizem que nunca se viu tal! Pois também se enganam. Há quatro anos atrás, viu-se o PSD e o CDS numa estranha coligação com o PCP e o Bloco de Esquerda, na votação do PEC IV (ele de novo), que derrubaria o governo de Sócrates. Será que só quando a direita decide com quem se coligar é que está a prestar um serviço ao país? Se calhar neste caso, - e ainda muita água há-de correr sob as pontes -, talvez se venha a concluir que esta anacrónica coligação serviu, isso sim, para que a direita ultraliberal chegasse ao poder. Mas deixe-mo-nos destas minudências, porque nenhum partido está isento de crítica, por mais que se esforce para mostrar o contrário. Sei que António Costa esta a fazer uma jogada de alto risco, ele que deveria ter ganho as eleições e que só as falhou pela sua incompetência. Está a tentar emendar a mão, não sei se este é o caminho certo. Se o acordo falhar todos os partidos vão sofrer imenso, e a direita permanecerá no poder por muitos e muitos anos. Daí que António Costa deve estar - e está seguramente - atento a esta realidade. Os últimos estudos publicados vêm mostrando que o país está partido rigorosamente a meio. Nunca tal se viu. O centro perdeu-se e não devia ser assim. A bipolarização é evidente. O CDS arrastou o PSD para a direita, - hoje dizer-se social-democrata é um eufemismo -, o que pode levar a que o CDS seja engolido pelo seu parceiro de coligação. As forças mais ao centro do PS vão-se mostrando (caso de Francisco Assis), mas do lado do PSD parece que essas pessoas (que também as há) estão paralisadas, amorfas, sem opinião. Ou acham que não vale a pena - e isso é grave -, ou então estão à espera da sua hora - que pode ainda demorar bastante. Seja como for o chamado "centrão" desapareceu. Se a partir de agora não existem mais partidos de primeira e de segunda, ou votos de primeira e de segunda, também é certo que se formaram dois blocos distintos. Depois desta embrulhada, apenas uma coisa parece certa, a maioria dos portugueses ao votar disse que não queria a coligação a governar para além da vitória eleitoral. O caminho para se ir de encontro a essa pretensão é que me parece problemático. Neste momento, ninguém poderá antecipar as consequências que advirão para o país de tudo isto. E o impacto que terá em outros países do sul da Europa, a começar pela vizinha Espanha. Em breve o saberemos. 

Intimidades reflexivas - 466

"Os grandes reinados não são mais que os projetos dilatados de pequenos ladrões." - Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C.)

Intimidades reflexivas - 465

“Não temos falta de comunicação, mas comunicação em excesso, pelo contrário: é criação o que nos falta. O que nos falta é resistência ao presente.” – Gilles Deleuze e Félix Guattari.

Thursday, November 05, 2015

Intimidades reflexivas - 464

"O modo de ser das coisas é Deus. Deus é o modo de ser das coisas. Só da consciência da unicidade da minha vida nascem a religião - a ciência - e a arte." - Ludwig Wittgenstein (1889-1951)

"Império" - Michael Hardt & Antonio Negri

Por vezes, cruzámo-nos com livros de Filosofia que vão muito para além dela. É o caso do livro que vos proponho hoje. Tem por título "Império" e é da autoria de Michael Hardt e Antonio Negri. Nele se analisa o conceito de Império desde os tempos mais remotos até à atualidade. E aqui a novidade, é que quando se fala de Império, não é exatamente de Imperialismo que queremos falar. A globalização trouxe novas abordagens à nossa realidade, e esta visão do Império não ficou de fora. O Imperialismo se transformou, a idéia de império continua viva. Michael Hardt e Antonio Negri analisam a nova ordem política da globalização. Este livro mostra como esse Império emergente não é tão diferente da dominação imperialista européia e da expansão capitalista ocorridas no início dos séculos XIX e XX. Mas também, que a correlação não é imediata e repentistas. Existem novas abordagens, mais subreptícias, mais disfarçadas que nos dão a ilusão de algo bem diferente. Este é um livro atual. Este é um livro de Filosofia. Este é um livro onde se cruzam estas duas perspetivas: a realidade quotidiana com a ciência do pensamento na sua essência mais elaborada. Quanto aos autores: Antonio Negri é filósofo e foi professor de Ciência Política nas Universidades de Pádua e de Paris, quanto a Michael Hardt é professor assistente de Literatura na Duke University. Dois intelectuais de peso, num livro surpreendente. A edição é da Editora Livros do Brasil. Um livro altamente recomendado para todos aqueles que gostam de refletir sobre estas matérias.