Monday, February 29, 2016
Curiosidades sobre o dia 29 de fevereiro e os anos bissextos
Porque é que de quatro em quatro anos o mês de fevereiro tem mais um dia? Um ano bissexto, quando um dia extra é adicionado ao final de Fevereiro de cada quatro anos, existe para equilibrar a disparidade entre o sistema solar e o calendário gregoriano. A órbita completa da Terra à volta do Sol demora exatamente 365.2422 dias para completar, mas o calendário gregoriano considera 365 dias. Por isso, são adicionados ao nosso dia-a-dia segundos extra – e anos bissextos – para manter os nosso relógios e calendários sincronizados com a Terra e as suas estações. Porquê em fevereiro? Durante o reinado de Júlio Cesar o mês tinha 30 dias. Quando César Augusto chegou ao poder, quis que agosto (mês em sua homenagem), que tinha 29 dias, tivesse 31 dias, como julho (mês de Júlio Cesar). Para isso, roubou alguns dias de fevereiro para completar o número de dias de agosto e torná-lo tão grande quanto julho. Desde então fevereiro tem 28 dias e 29 em anos bissextos. Como se prevê que um ano será bissexto? De acordo com cálculos gregorianos, qualquer ano divisível por 100 e não por 400 não será considerado um ano bissexto. No entanto, os especialistas dizem que ainda há pequenas discrepâncias entre este método e o sistema gregoriano, que terá de ser revisto daqui a cerca de 10 mil anos. Outras curiosidades: Um bebé nascido no dia 29 de fevereiro é chamado de ‘bebé bissexto’. A probabilidade de nascer neste dia é de um em 1.461 - já que quatro anos têm 1.460 dias e o dia extra é o bissexto, completando 1.461. Há uma tradição que sugere que as mulheres podem pedir os namorados em casamento neste dia. Esta crença remonta ao século V, quando Santa Brígida se queixou a São Patrício que as mulheres tinham de esperar por muito tempo para que os homens as pedissem em casamento. São Patrício, então, propôs o último dia de fevereiro para este fim. A mulher deve usar calções ou uma saia escarlate para fazer a pergunta, segundo a tradição. Se o homem recusar deve dar 12 pares de luva à mulher, uma tradição que existe desde o império romano. Na Finlândia, os homens devem oferecer um tecido para uma saia. O sapo é o símbolo associado ao dia 29 de fevereiro. Neste dia assinala-se o Dia das Doenças Raras.
Intimidades reflexivas - 580
"Começo a suspeitar de que a tristeza que me invade ao pensar que, morrendo, perderia todo o meu tesouro de experiência, é semelhante à que me invade ao pensar que, sobrevivendo, me cansaria desta experiência opressiva, fanée e talvez retrógrada. Talvez o melhor seja continuar, nos anos que ainda me forem dados, a deixar mensagens numa garrafa para aqueles que virão, e aguardar aquela a quem São Francisco de Assis chamava Irmã Morte." - Umberto Eco (1932-2016) in «Acerca dos Inconvenientes e das Vantagens da Morte».
Sunday, February 28, 2016
Tudo bem!...
Quando cheguei ao local onde alimento o cachorro, vi que tudo estava bem. A comida húmida tinha desaparecido toda, a seca que o meu amigo Bruno Alves Ferreira lá tinha deixado esta noite, ainda lá estava e em abundância. Aparentemente tudo estava bem. Não vi o cachorro, mas um dos gatos logo apareceu para comer. (Ver foto). E pela maneira como o fez, via-se que estava com muita fome. Pelo menos ele terá o estômago mais reconfortado hoje. Só por isso, fico feliz. Por ele e por todos os que nesse espaço vão passando na expectativa de terem algo para comer.
Saturday, February 27, 2016
Nada de nada!...
De facto, hoje não havia nada de nada nos recipientes do cachorro que alimento. Tudo vazio. (Ver foto). Não sei se o meu amigo Bruno Alves Ferreira por lá passou ou não, mas se lá foi, toda a comida tinha sido retirada. Já agora, apelo ao Bruno, se puder obviamente, que passe por lá para lhe deitar alguma comida seca. Não tinha nenhuma comigo, apenas lá deixei a comida húmida. Do cachorro ou dos gatos, nem vê-los. Estava ainda um amanhecer tímido, com chova e um frio gélido. Aqueles pobres animais lá vão conseguindo sobreviver no meio da maior inclemência. Como o mundo é cruel...
Friday, February 26, 2016
Thursday, February 25, 2016
À memória duma gatinha
Passam hoje sete dias sobre o desaparecimento duma gatinha que alimentamos durante anos. Sem nome, apenas gatinha lhe chamávamos, porque nome é coisa que os desgraçados nem sequer têm direito. Mão assassina a coberto de covarde anonimato envenenou-a. Ainda foi a tempo de sentir o amor dum ser humano antes de deixar este mundo. Ainda sentiu um afago, quando se levantou a custo e desapareceu para nunca mais ser vista. (Nem a possibilidade de lhe ter dado uma sepultura tivemos. Num espaço onde reina a paz e o amor pelos animais). Já deve ter morrido dado o estado em que se encontrava. Se assim foi, - o que seria o melhor para ela -, pois que esteja em paz. A paz que não teve em vida, abandonada, escorraçada, espancada por todos, humanos e até os da sua espécie, porque quando se nasce para se ser desgraçada(o) nada há a fazer. Sete dias passaram mas a memória fica. Espero que esse afago lhe tenha trazido o conforto, o calor de seres humanos que a alimentaram durante algum tempo. (A foto representa um desses momentos). Todos os dias, ainda vou ver o telhado onde ela me esperava todas as madrugadas, o mesmo onde vinha várias vezes comer, o mesmo onde vinha à noite para a última refeição e despedir-se de nós. E como sinto ainda o seu miar abafado de ser doente, assustado e frágil! Só desejo que, esteja ela onde estiver, que esteja em paz. Que tenha, finalmente, encontrado a tão merecida e redentora paz. Descansa em paz, gatinha!
Wednesday, February 24, 2016
"Em Teu Ventre" - José Luís Peixoto
Mais um livro de José Luís Peixoto apareceu nas bancas. Desta feita, trata um dos maiores fenómenos do século XX português, o das aparições de Fátima. Tem por título "Em Teu Ventre". Nele se relatam os factos que envolveram três crianças entre maio e outubro de 1917. Com o rigor histórico apurado, José Luís Peixoto pinta-nos um fresco sobre este tempo sempre longínquo de quase um século, num Portugal sombrio e miserável. Mas para além desse retrato de gente simples que, de um momento para o outro, apareceu na ribalta, Peixoto deixa-nos também um tema forte, o da maternidade. A ligação de mãe e filha nem sempre pacífica. A filha que era testemunha de algo que nem bem compreendia, a mãe que achava que tudo aquilo era uma fantasia de criança, que mexia com a vida pacata e sombria da família. Numa linguagem simples e clara, serena até, Peixoto vai desfiando todos os momentos de assombro e milagre. Um livro muito interessante dum dos grandes jovens escritores portugueses. José Luís Peixoto nasceu em Galveias em 1974. Desde cedo mostrou a sua inclinação para as letras, percorrendo os terrenos da prosa mas também da poesia. Galardoado com vários prémios, Peixoto vê os seus livros traduzidos em mais de vinte idiomas. Da sua obra de prosa, temos livros como 'Morreste-me', 'Nenhum Olhar', 'Uma Casa na Escuridão', 'Antídoto', 'Cemitério de Pianos', 'Cal', 'Livro', Abraço', 'Dentro do Segredo', 'Galveias' e o mais recente 'Em Teu Ventre'. Da sua obra poética aparecem os livros 'A Criança em Ruínas', 'A Casa, A Escuridão' e 'Gaveta de Papéis'. Este livro tem a edição da Quetzal e considero que merece uma leitura atenta e empenhada.
Tuesday, February 23, 2016
Os bebés abandonados - A desilusão
Há um par de anos atrás, trouxe a este espaço um caso urgente, a chamada matilha de Rio Tinto. Alimento esses cachorros - agora apenas um, mas chegaram a ser cerca de trinta - há mais de vinte anos. Em determinada altura achei que este espaço me ajudaria a resolver o problema. Engano puro. Para além de alguns amigos que encontrei, ganhei também um bom par de inimigos. Prometi a mim próprio, - e escrevi-o neste espaço -, que nunca mais cairia no mesmo. Mas caí. O amor pelos animais foi maior do que tudo o resto. Mas confesso-me desiludido. De novo, não aparecem soluções, mesmo para situações extremas como esta. As que aparecem deixam-me dúvidas. E interrogo-me sobre a bondade de trazer a este espaço este tipo de casos. Há muitos "amigos dos animais" que até se degladiam a saber quem faz mais 'likes' ou 'shares', mas quando chega a altura certa desaparecem como fumo. Há também aqueles que para mostrar o seu empenho pelos animais não deixam de colocar à cabeça o NIB duma qualquer conta, mas de trabalho efetivo pouco se vê. (Estou à vontade para o dizer porque nunca aceitei dinheiro de ninguém - mesmo do estrangeiro que insistiram para que aceitasse - para fazer bem a um animal. Aceito comida, como é o caso do que está a acontecer atualmente com o que resta da matilha de Rio Tinto e nada mais. Os outros casos que apoio nem sequer passaram por este espaço e penso que foi o que fiz melhor). Cada um ajuda como pode e sabe. Normalmente sozinho - que vale mais do que mal acompanhado como diz o aforismo popular - lá vou tentando minorar o sofrimento destes pobres seres. E é com este espírito que anuncio aqui, publicamente, que abandono este caso. Toda e qualquer situação deverá ser tratada diretamente com as pessoas que os detêm sem mais. Saio de novo, e quiçá, definitivamente desiludido. Todos falam dos animais, mas poucos fazem algo por eles. Desde pessoas individuais até às ditas associações, nas quais já pouco acredito. Todos e todas me viraram as costas. Este não é o meu entendimento sobre o apoio a animais. Mas se calhar sou eu que estou errado. Dizem-me que tudo está cheio. É verdade, mas quem ajuda cinquenta também pode ajudar mais dois. Não me venham dizer o contrário. No entretanto, continuaremos a ver uma procissão de 'likes' e 'shares', NIB's bancários e quejandos, aos quais não me associarei. Termina aqui e agora esta minha saga pública. A outra, a real, a do terreno, a efetiva de apoio aos animais, essa sim, continuará silenciosa como vem acontecendo vai para mais de duas décadas. Porque ainda é a mais eficiente e aquela que mais conforto trás aos animais. Ela prosseguirá enquanto a vida me der condições para isso. Silenciosamente sem as costumeiras luzes da ribalta. Cada um faz a sua quota parte e ajuda à sua maneira. Eu faço-a desta. O importante é o apoio real aos animais que sofrem durante uma vida sem que se vislumbre porque tem que ser assim. Mas como quem porfia sempre alcança, poderei, apesar de tudo, ter encontrado uma solução. Uma pessoa vem mostrando interesse numa delas. Não a conheço e até tenho alguns problemas de consciência em entregá-la exatamente porque não me sinto bem a dar um tiro no escuro. Não sei se será uma boa solução ou não. Mas parece não haver alternativa. Quanto à outra, ainda não tenho resposta. Embora a mãe da pessoa que os tem parece estar interessada em ficar com ela. Veremos se apesar de tudo, ainda as coisas acabam bem para os animais e para a minha consciência. A todos os que me ajudaram e aos outros também, o meu obrigado.
Intimidades reflexivas - 576
"Não são as palavras que distorcem o mundo, é o medo e a vontade. As palavras são corpos transparentes, à espera de uma cor. O medo é a lembrança de uma dor do passado. A vontade é a crença num sonho do futuro. Não são as palavras que distorcem o mundo, é a maneira como entendemos o tempo, somos nós." - José Luís Peixoto in 'Em teu ventre'.
Monday, February 22, 2016
Ainda a saga dos cachorros bebés abandonados - Atualização
Acabei de falar com a pessoa que detém os cachorros bebés que foram abandonados no sábado. Consegui a sua compreensão para a situação. Não quero esticar a corda demasiado. Daí o manter o apelo a que as pessoas envolvidas e que já contactei me ajudem a resolver o assunto o mais rapidamente possível. Obrigado a ambos.
Sunday, February 21, 2016
Roubada de novo!...
Mais uma vez, a comida foi roubada ao cachorro. A quantidade que lá deixei ficar ontem só seria comida por vários cães, o que não acontece nesse local. (Ver foto). Contudo, nem tudo foi mau. Talvez porque a consciência lhe pese, talvez porque não lhe interesse, a comida seca por lá ficou. Assim, o pobre cachorro teria sempre algo para comer. Do mal o menos, costuma-se dizer. Mas seria preferível que as coisas se passassem de outro modo.
Duas bebés abandonadas. Quem pode ajudar?...
Foram hoje abandonadas duas cadelinhas aqui bem perto da zona onde moro. Zona de Recarei em Leça do Balio. Têm cerca de 3 a 4 meses. Procuram-se adotantes. Querem chamar o canil, que é de abate, e apenas não o fizeram porque eu prometi uma solução nas próximas horas ou dias. Peço a quem puder ajudar para me contactar por e-mail para matferreira5@gmail.com. Temo pela vidas delas. Obrigado.
Saturday, February 20, 2016
Ainda a propósito da morte de Umberto Eco
Ainda sobre a morte de Umberto Eco ocorrida ontem, volto ao tema com um belo artigo que foi editado no jornal Público de hoje e que passo a citar:
"O escritor italiano Umberto Eco, autor de O Nome da Rosa, morreu na noite desta sexta-feira na sua casa em Milão, segundo avançaram os jornais italianos. Eco tinha 84 anos e era uma das mais relevantes figuras da cultura italiana dos últimos 50 anos. Não foi revelada a causa da sua morte mas, segundo a France Presse, o escritor sofria de um cancro há vários anos. O seu nome fica ligado a nível internacional ao grande sucesso que teve a obra O Nome da Rosa, editado em 1980, e que se transformou num best-seller internacional. Foi traduzido em todo o mundo e vendeu milhões de cópias. Mais tarde, foi adaptado ao cinema pelo realizador Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery a desempenhar o papel principal. Actualmente, Umberto Eco era presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha. Nascido em Alexandria, no Norte de Itália, Eco destacou-se ainda como filósofo, linguista e semiólogo. Entre os seus livros mais conhecidos está ainda O Pêndulo de Foucault, editado em 1988. Além de vários romances, em que se incluem ainda A Ilha do Dia Anterior (1994), Baudolino (2000), A Misteriosa Chama da Rainha Loana (2004) e O Cemitério de Praga (2011), Eco é autor de inúmeros ensaios sobre semiótica, estética medieval, linguística e filosofia. Eco considerava-se sobretudo “um filósofo”: “Só escrevo romances aos fins-de-semana.” O seu último romance, Número Zero, publicado no ano passado (editado em Portugal pela Gradiva), é uma paródia ao jornalismo. Helena Vasconcelos escreveu no Ípsilon, a propósito da obra, que “neste Número Zero (...) Eco deita mão de um estratagema, ao imaginar a criação de um periódico com características muito peculiares”. A escritora disse ainda que a obra “é uma caricatura bem realista de uma cartilha jornalística maquiavélica e Eco, implacável e corrosivo, não se inibe em desmontar a máquina trituradora dos media contemporâneos”. Helena Vasconcelos refere ainda que, num artigo de Umberto Eco publicado no diário britânico Telegraph, a propósito de Silvio Berlusconi, que o escritor escreveu que “sentia alguma hesitação em defender a liberdade de imprensa, uma vez que, se é necessário intervir neste sector, isso quer dizer que a sociedade e, portanto, a própria imprensa estão profundamente doentes”. E acrescentou: “A culpa não é de Berlusconi mas sim dos cidadãos, que, com a sua passividade, têm deixado que esta patranha se consuma.”
Autor do O Nome da Rosa tinha 84 anos. E, como normalmente acontece nestas ocasiões, as livrarias colocam todos os livros à venda. Assim, será fácil encontrar livros de Eco e desfrutar de maravilhosos momentos mágicos como só ele sabia criar.
Tudo estava bem...
No local onde vou alimentar o cachorro tudo estava bem. Havia muita comida seca que o meu amigo Bruno Alves Ferreira lá deixou ficar. (Ver foto). Apenas um dos recipientes que para lá levei tinha desaparecido. Fruto com certeza do temporal, porque velho e partido como estava, já não tinha serventia. Como vou sempre prevenido com recipientes, lá deixei outro com a comida. Não vi nem o cão nem os gatos. Talvez pelo frio que se fazia sentir à hora matutina a que lá passei. Mas estou contente por ver uma aparente normalidade.
Umberto Eco (1932-2016)
Sobre a morte de Umberto Eco nesta sexta-feira, reproduzo aqui um pequeno artigo síntese do escritos assinado por Luciana Leiderfarb e Nuno Botelho e publicado no jornal Expresso:“Acontecerá algo terrível antes de se encontrar um equilíbrio.” Migração e refugiados, por Umberto Eco (1932-2016). "Tinha 84 anos e deixou-nos esta sexta-feira. Falámos com ele não há muito, em abril de 2015. A entrevista era sobre livros, sobretudo o dele que estava para sair, e aconteceu num tempo em que esta crise de refugiados que nos entrou pelas notícias já existia mas sem o impacto destes dias - transformados pela imagem do naufrágio da humanidade simbolizado num menino morto numa praia. A entrevista era pois sobre livros, mas Umberto Eco falou sobre mais - incluindo este tema que o preocupava há muito, o da migração e dos refugiados. É uma reflexão dura: “A Europa irá mudar de cor. E isto é um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue”. Mas também com fé no outros homens - nos que estão e nos que vêm: “A migração produz a cor da Europa”. Quanto aos seus livros nada melhor que os (re)ler. Eles são a imortalização dum ser, do ser que lhes deu vida. Aqui trata-se de Umberto Eco. RIP, Umberto Eco!
Friday, February 19, 2016
Tristes estórias do dia a dia (ou o caminho espinhoso dos animais)
É sabido o meu grande empenho e amor pelos animais, sobretudo, por cães que comigo convivem desde que me lembro. Mas o meu amor pelos animais vai muito para além de cães. Por isso, hoje vos trago uma triste estória duma gata que alimento vai para vários anos. Ela pertenceu, tanto quanto me disseram, a uma senhora já idosa, e que, fruto da sua idade e posteriormente do seu desaparecimento, foi deitado à rua como tantos outros. Por cá começou a andar. Via-mo-la vaguear por aqui e ali, na busca de comida. Apiedamo-nos dela. Começamos a dar-lhe de comer em cima dum telhado anexo da nossa casa. Ela começou a perceber e a vir. Dia após dia. Já sem dentes, ou com muito poucos, comia com dificuldade. Começamos a dar-lhe paté mais macio e fácil para ela mastigar. Várias vezes ao dia nos procurava na busca de alimento. Parecia que nunca estava satisfeita. E nós lá lhe retribuíamos. Começou a ficar mais gordita e anafada. Depois do repasto, ou deitava-se ao sol nas vizinhanças, ou ia para um muro duns vizinhos. Talvez porque por lá obtivesse mais alguma coisa. Estes deixaram de lá viver, talvez por isso, ou talvez não, ela deixou de frequentar esse muro. Apenas os telhados mais próximos da nossa casa ela passou a frequentar para que, logo que nos via, vir pedir comida, pedida com um miar abafado, quase surdo, que a voz já não lhe saía nítida. De há uma semana para cá, desapareceu. Deixamos de a ver e o pressentimento de que algo lhe tinha acontecido era cada vez maior a cada dia que passava. Por fim, lá aparecia, deitada ao sol num telhado próximo, mas não buscando a comida. Apenas levantava a cabeça mas não vinha comer. Anteontem, porque ela procurou um telhado mais próximo, colocamos uma escada para ver o que se passava. Estava magra, mal nutrida, com sintomas de possível envenenamento. Afagá-mo-la, tentamos pegar-lhe para a socorrer mas não deixou. Olhou para a comida que recusou e afastou-se lentamente, com visível dificuldade em caminhar. Desde esse dia nunca mais a vimos. Talvez já estivesse tão fraca que não pudesse subir para os telhados. Talvez esteja moribunda numa morte lente e atroz. Talvez já tenha morrido, o que seria o melhor para lhe evitar mais sofrimento. Seja como for, esta gata sem nome conhecido, vítima de abandono após o desaparecimento da dona como tantos outros, acabou por ser mais uma vítima da ignomínia humana. Deverá ter comido pouco do eventual veneno o que fez com que não tivesse sido logo fatal. Veneno que mão assassina a coberto do habitual cobarde anonimato, espalha por aí. Algo que é muito comum nesta zona ao que ouço dizer. Tinha a leve sensação de a poder recolher, mas só quando não tivesse mais nenhum cão, porque o que tenho não a aceitava, nem à distância. Mais uma estrela no céu, espero que brilhe com mais intensidade na proporção do seu sofrimento mostrando a verdadeira dimensão da baixeza humana. Só espero que já tenhas partido e que estejas finalmente em paz. Fizemos o que pudemos face às circunstâncias. Mas era preciso mais, muito mais. Descansa em paz!
Thursday, February 18, 2016
Intimidades reflexivas - 571
"Para evitares sofrer, não deves amar. Mas, dessa forma vais sofrer por não amar. Então, amar é sofrer, não amar é sofrer, sofrer é sofrer. Ser feliz é amar, ser feliz, então, é sofrer, mas sofrer torna-nos infelizes, então, para ser infeliz temos que amar, ou amar para sofrer, ou sofrer de demasiada felicidade - espero que estejas a perceber." - Woody Allen, 'Amar é sofrer'.
Wednesday, February 17, 2016
Rompendo o frio
Dez para as seis da manhã, um friozinho cortante - 2º C embora com a sensação de 0º C segundo os especialistas - aquele frio que goste e me anima a alma. Carro coberto com aquela pequena camada vidrada do frio da noite. Telhados salpicado, aqui e além, dum branco inusitado. Cortar a madrugada ainda noite, ninguém pelas ruas. Palmilhar quilómetros com essa sensação de estar vivo. O frio rapidamente vai desaparecendo à medida que o corpo aquece. Vão surgindo as primeiras pessoas encolhidas em passo apressado, a caminho dos seus trabalhos. Aos poucos a madrugada vai dando lugar a mais um dia, frio mas solarengo. No horizonte as primeiras projeções de luz. Um certo ar meio avermelhado. é o dia que desponta, mais um no calendário terráqueo. Apenas mais um entre tantos outros. O romper do frio, o sol que se insinua. A vida que desponta. Apenas mais um dia do resto das nossas vidas. Um poema que se escreve por imagens, sensações, experiências. Mais um duma longa antologia. Um bom dia para todos.
Tuesday, February 16, 2016
Monday, February 15, 2016
Quando televisão e degradação se conjungam
Sábado passado, já ao fim da tarde, pus-me a fazer 'zapping' na televisão. Coisa tão pouco habitual que até me surpreendeu. Não costumo ver televisão durante a tarde. Aliás nem sequer sou fã de televisão. Seja como for, pois lá estava eu, com ar sorumbático, com a intempérie a fazer-se sentir lá fora duma forma demolidora. Quando ia somando canais atrás de canais, apanhei um, - que até nem sabia da sua existência -, onde dá em direto um daqueles 'reality shows' de mau gosto. Acabei por lá ficar algum tempo, porque quando lá cheguei surpreendi uma terrível discussão entre duas pessoas, aliás uma, porque a pessoa visada remetia-se a um silêncio de ouro. Uma jovem aloirada, com ar esgaseado, vomitava os piores impropérios que já me foi dado ver. Parece que tinha a ver com uma relação que terá chegado ao fim, ao que me pareceu. Seja como for, a linguagem era do mais reles e ordinário que já vi em televisão. (As televisões sempre tão púdicas onde qualquer gesto mais ousado é 'ajustado' com a bolinha vermelha ou qualquer palavra mais imprópria é substituída por um irritante 'pi', deixou-me perplexo sobre aquilo a que estava a assistir sem que nada das práticas habituais acontecesse). Se estes programas apenas promovem um grupo de inúteis que acham que, só por passarem pela televisão já têm o futuro assegurado, viram 'figuras públicas', pois desenganem-se. Estão a promover o mais rasteiro que por aí anda, onde a irresponsabilidade chega ao ponto de se por fim a relações em direto, muitas vezes com filhos de permeio que são as maiores vítimas, num carnaval de mediocridade e bussalidade inacreditáveis. Aquela jovem loura com linguagem digna dum qualquer esgoto dos mais fétidos, poderá ter razões sobre a sua irritação, mas atuando da maneira que o fez, perdeu-a. Se a utilidade de programas deste género me causam alguma interrogação, a maneira como são alimentados, - porque se calhar a linguagem utilizada até trás audiências -, faz-me desacreditar na juventude. Não quero acreditar que este seja o paradigma da juventude do meu país. Porque a sê-lo, há que perguntar, afinal onde esteve a família e a educação que induziu a esses jovens? Afinal onde andou a escola a patrocinar educações deste jaez? A televisão não pode andar de braço dado com a degradação porque quando ambas se conjugam, a perda afeta as duas. Esta é uma realidade que me preocupa. Que jovens são estes? Que será deste país quando alguns destes jovens - espero que nenhum dos que vi ontem -, adquira a responsabilidade de conduzir o nosso país? Afinal que país é este? Dir-me-ão que lá fora é igual. É verdade. Mas por que raio é que só vamos buscar o que de pior têm os outros? Já agora, porque não copiamos programas que educam e instruem jovens? Que os há e muitos e bons. Será que isso não garante o tirânico 'share' por que as televisões tanto lutam? Que futuro será o desta gente menor, e do país que é o seu, num futuro próximo?
Sunday, February 14, 2016
Feliz dia de São Valentim
Celebramos hoje mais um daqueles dias de qualquer coisa como é costumeira minha de os designar. Desta feita é o dia de São Valentim que passou a designar-se o dia dos namorados em alguns países. Mas convenhamos que este dia tem no seu seio alguns equívocos, como normalmente acontece com os dias de qualquer coisa, como se a alegria da celebração do amor estivesse associado ao Santo, como se, afinal, o amor não devesse ser celebrado todos os dias do calendário. Mas vamos à história. São Valentim é um santo reconhecido pela Igreja Católica e pelas Igrejas Orientais que dá nome ao Dia dos Namorados em muitos países, onde o celebram como Dia de São Valentim. O nome refere-se a pelo menos três santos martirizados na Roma antiga. (Aqui a primeira confusão). O imperador Cláudio II, durante o seu governo, proibiu a realização de casamentos no seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava que os jovens, se não tivessem família, iam alistar-se com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. O seu nome era Valentim e as cerimónias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens atiravam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que atiravam mensagens ao bispo estava uma jovem cega, Artérias, filha do carcereiro, a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram apaixonando-se e, milagrosamente, a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270. Entretanto, desde 1799 a sua data deixou de ser celebrada oficialmente pela Igreja Católica em função da precariedade de comprovações históricas que levantam a questão até mesmo da sua existência. (A segunda confusão). Mas seja como for, o mercantilismo que sempre nos acompanha nestas datas, impõe a celebração nesta dia - 14 de Fevereiro - como o dia de São Valentim, mais conhecido pelo Dia dos Namorados. Mas não se esqueçam, aqueles que agora estão a despertar para o amor, bem como os outros, menos jovens, que o têm na sua companhia uma vida inteira, que a celebração do Amor - aqui com maiúscula - deve ser todos os dias e não só num determinado dia do calendário. Porque ou há amor ou não há. E se não houver motivo para o celebrar todos os dias, então o Amor de que falais não passa duma terrível farsa. Apesar de toda a confusão instalada, isto não me impede de desejar a todos um feliz Dia de São Valentim!
Tudo bem!...
Parece que tudo estava bem! Quando lá cheguei vi que ainda havia muita comida, apenas a húmida tinha ido toda. (Ver foto). O temporal que se faz sentir levou a que alguns recipientes se tivessem deslocado com o vento. Pedia, caso seja possível e com o meu antecipado pedido de desculpas, que o meu amigo Bruno Alves Ferreira passasse por lá. É que com o vento que se faz sentir, temos que tudo tenha sido arrastado. Se puder, bem entendido, que o tempo não está agradável para andar na rua. Obrigado. Não vi, nem o cachorro, nem os gatos. O que é natural dado o tempo que está.
Saturday, February 13, 2016
Tudo estava bem...
De facto, tudo estava bem quando cheguei ao local onde alimento o cachorro. Ainda havia muita comida seca e alguma húmida, sinal de que ninguém a roubou. Apenas lá estava um dos gatitos que, logo que me viu, começou a miar na expectativa de comida fresca. E assim aconteceu. Logo que coloquei a comida, ele de imediato a foi comer. (Ver foto). A fome parecia ser muita. Pelo menos ele, terá hoje uma refeição melhorada. Não vi o cachorro, estaria abrigado da intempérie que se verificava. O gato estava lá abrigado, talvez na expectativa de comer. Assim aconteceu! E eu estou feliz...
Friday, February 12, 2016
Intimidades reflexivas - 564
"Nunca cometam o erro de macular o próprio carácter, em troca do aparente sucesso! Nunca se esqueçam de que tudo quanto se constrói sobre uma base falsa está fadado a desmoronar-se. Não devemos deixar-nos iludir pelas seduções do mundo exterior; não devemos macular a nossa dignidade. Saibamos que o verdadeiro valor do homem é o seu próprio "carácter", e que as demais coisas são apenas acessórios." - Masaharu Taniguchi (1893-1985)
Memórias com 28 anos volvidos
Há dias atrás falei-vos do cortejo de memórias, que cada ano me apoquentam, num ciclo inexorável do tempo, que se apagará quando a minha caminhada na vida tiver terminado. Hoje trago-vos mais uma. Uma memória com 28 anos. A do desaparecimento de meu Pai, Álvaro de seu nome. Também, tal como minha avó, despediu-se num dia solarengo desta vez do mês de Fevereiro. Depois de no dia anterior, durante a noite, ter sido hospitalizado a conselho médico, de madrugada foi transferido para outro hospital sem o conhecimento prévio da família, onde viria a falecer neste mesmo dia de 1988 pelas 8,00 horas da manhã. Mas esta sua morte ainda teria o seu lado rocambolesco e trágico. É que a família não foi informada do sucedido. Eu a pensar que ele estaria melhor. A minha mãe a pensar o mesmo. E só ao início tarde, a seguir ao almoço, quando a minha mãe e meu avô iam sair para o ir visitar, é que deram conta de algo na caixa do correio. Era um telegrama que tinha sido deixado sem mais, a anunciar a morte muitas horas antes. Para além da morte, o choque da notícia caiu que nem uma bomba, depois do hospital que o recebeu ter dito que a situação estaria controlada e que ele teria visitas no dia seguinte. Coisas trágicas, como trágica sempre é a morte, embora aqui vá para além dela. Seja como for, o meu Pai iniciou um ciclo de dois anos em que perdi quase toda a minha família. Apenas a minha mãe ficou por mais uns tantos. Todos tinham partido. O vazio instalado e alargado à medida que mais um partia. Coincidência ou não, tive a perceção disso. Mas ainda era jovem e com capacidade de reação. Muita coisa se alteraria. Mas hoje, quero aqui recordar a memória deste homem que foi meu Pai. Que conheceu mundo, que viajou muito. Deixou-me esse gosto de viajar, de conhecer outras gentes e outras culturas. Tudo o mais são memórias que passados 28 anos não se apagaram. Porque os nossos maiores não morrem nunca, enquanto permanecerem na nossa memória. Enquanto formos capazes de os homenagear. Já muito tempo passou, mas a recordação ficou, como se dum ontem se tratasse, como se agora tivesse acontecido. Aqui fica pois mais esta memória, mais uma, dum ausente dos muitos que já povoam a minha galeria, que enquanto viveu foi meu Pai. Um homem simples e determinado. A memória não morre enquanto o coração bater. Lá onde estiveres, descansa em paz, meu Pai, Álvaro!
Thursday, February 11, 2016
Quarta feira de cinzas
Iniciou-se hoje a Quaresma que nos vai levar à Páscoa. Representa os 40 dias que Jesus peregrinou no deserto e foi tentado pelo demónio. Período também para a nossa reflexão. Sairmos da nossa zona de conforto. ir-mos para o nosso deserto, longe dos ruídos e bulício que nos rodeia a cada momento, e aí entrar na nossa reflexão. Sobre cada um de nós, sobre a vida, sobre o seu sentido, sobre a missão que nos é pedida nesta caminhada. Depois dos exageros da carne representados pelo Carnaval, vem agora este, um período de arrependimento e recolhimento. Um período para estarmos com nós próprios.
Wednesday, February 10, 2016
Cunhal - Uma biografia política - vol. 4 - José Pacheco Pereira
José Pacheco Pereira, ilustre professor do ISCTE e antigo deputado à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, militante destacado do PSD, e também seu ilustre proscrito, encetou há vários anos, uma ciclópica biografia do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal. Chegou no final do ano transato o 4º volume dessa obra, que abarca o período de que vai de 1960 até 1969, dedicado a Cunhal na sua pele de secretário-geral do PCP. Depois de quase dez longos anos entre o último volume publicado, este continua a saga desta biografia não oficial de Álvaro Cunhal. Trazendo a lume muitos factos, baseados em muita documentação que Pacheco Pereira possui, é dado a conhecer muitas das divergências entre o líder comunista e os seus pares, quer a nível nacional, como internacional, sobre temas fraturantes dessa época, sobretudo no final dos anos 60 a quando da invasão da então Checoslováquia, que tão bem foi eternizada por Milan Kundera no seu livro 'A irresistível leveza do ser', que também foi passada aos ecrãs. Das contradições dum líder que se assumiu sempre como pró-soviético, quando este seu alinhamento ia contra a corrente de outros partidos, bem maiores e mais fortes como era o caso do PCF e do PCI e até do PCE que, tal como o PCP, estava na clandestinidade.. Este 4º volume deixa-nos na altura em que Salazar é rendido por Marcelo Caetano no final da década de 60. Obra fulgurante, talvez a maior que jamais se fará sobre Cunhal, ainda terá, segundo o autor, mais um volume, o 5º, que versará toda a caminhada do líder comunista até ao 25 de Abril. Ainda segundo Pacheco Pereira, haverá depois um outro onde aparecerá toda a documentação em que o autor se baseou. Parece que, por não querer interferir na História recente, ou por documentação que ainda não está suficientemente tratada, esta biografia não irá até à morte de Cunhal. Seja como for, esta é uma obra de grande fôlego, que merece uma análise bem atenta e profunda. A edição é do Círculo de Leitores na sua série de 'Temas & Debates'. Um livro recomendável como todos os outros desta monumental obra.
Tuesday, February 09, 2016
Talvez por ser Carnaval...
É isso! Talvez por ser Carnaval a comida tem resistido no local onde vou alimentar o cachorro. Quando lá cheguei há minutos, ainda havia muita comida seca e bastante húmida. Abasteci os recipientes como é habitual e, logo de seguida, tive a companhia dum dos gatos que por lá habita que estaria com muita fome. (Ver foto). Mesmo com a minha presença não parava de comer. Ainda bem. Fico contente por ele. Este pelo menos fica com o estômago mais aconchegado. Quanto ao cachorro, hoje não quis aparecer.
Monday, February 08, 2016
Ano do Macaco de Fogo - O Ano Novo Chinês
Inicia-se hoje o Ano do Macaco de Fogo, que não é mais do que o Ano Novo Chinês. O ano novo lunar que é uma festa móvel no calendário chinês. A toda a comunidade chinesa em Portugal os votos dum Feliz Ano Novo, com muita prosperidade. Esta também é a riqueza do ecumenismo do nosso país. O de acolher diferentes culturas, religiões ou etnias. E nada melhor do que os fazermos sentir integrados, gente que demanda o nosso país oriunda de diferentes latitudes em busca de algo, porventura, melhor. Agora é altura da comunidade chinesa. Pois Feliz Ano do Macaco de Fogo para todos os chineses.
Aí está o Carnaval
E aí está o Carnaval. Diz-se que são três dias e este já é o segundo. A celebração da carne em todo o seu esplendor. Por cá, cada vez vamos sendo assolados pela importação de outras paragens, nomeadamente do Brasil. Desajustado no tempo, porque lá é Verão e aqui Inverno. Mas tirando esta subtileza que faz toda a diferença, lá vamos dando o ar da nossa graça, com as caricaturas de figuras e situações que por cá acontecem. É tempo de folia que pré-anuncia a chegada da Quaresma. Até lá, ainda há muito tempo de folguedo, alegria e exageros. E porque estamos no Carnaval, ninguém leva a mal. Divirta-mo-nos pois.
Sunday, February 07, 2016
Estou feliz...
Estou de facto feliz. Não só porque quando cheguei ao local onde alimento o cachorro ainda havia bastante comida seca e húmida, o que significa que ela não foi roubada, talvez fruto da intempérie que ontem se sentiu. Mas estou feliz por uma razão maior. É que tive um encontro com o meu Repinhas, o cachorro que ainda resta da matilha. Veio comer junto de mim, e até o presenteei com uma guloseima adicional que trago sempre comigo para casos como este. Apesar de muito sujo, o que ainda é potenciado pelo pêlo comprido que tem, mas pareceu-me bem alimentado. (Apesar da má qualidade da foto, - ainda era lusco-fusco -, não resisto em partilhá-la convosco). Quando me vinha embora, - e já junto da casa do pretenso sujeito que rouba a comida -, vi que apareceram mais dois, um semelhante ao Repinhas e outro de pêlo curto, ambos adultos. Queria alertar o meu amigo Bruno Alves Ferreira para o facto. Não sei se têm a ver com os que me foram sinalizados vai para quinze dias, ou se são companheiros dele da matilha a que se juntou. Seja como for aqui fica a nota. Hoje estou de facto muito feliz e por variadas razões.
Saturday, February 06, 2016
Ingtimidades reflexivas - 560
"Um dos preconceitos mais conhecidos e mais espalhados consiste em crer que cada homem possui como sua propriedade certas qualidades definidas, que há homens bons ou maus, inteligentes ou estúpidos, enérgicos ou apáticos, e assim por diante. Os homens não são feitos assim. Podemos dizer que determinado homem se mostra mais frequentemente bom do que mau, mais frequentemente inteligente do que estúpido, mais frequentemente enérgico do que apático, ou inversamente; mas seria falso afirmar de um homem que é bom ou inteligente, e de outro que é mau ou estúpido. No entanto, é assim que os julgamos. Pois isso é falso. Os homens parecem-se com os rios: todos são feitos dos mesmos elementos, mas ora são estreitos, ora rápidos, ora largos, ora plácidos, claros ou frios, turvos ou tépidos". - Liev Tolstói (1828-1910) do livro «Ressurreição».
Pareceu-me tudo normal...
De facto, pareceu-me tudo normal. Havia muita comida seca de cão e de gato, e ainda restava alguma húmida, o que significa que ela não deve ter sido roubada. Seja como for, nem o cão, nem os gatos, por lá apareceram. Espero que a comida resista até eles virem. E que tenham um dia de estômago cheio. Vamos acreditar que será assim.
Friday, February 05, 2016
Intimidades reflexivas - 559
"Quanto mais cresço, menos sou eu. Quanto mais me encontro, mais me perco. Quanto mais me sinto mais vejo que sou flor e ave e estrela e Universo. Quanto mais me defino, menos limites tenho. Transbordo Tudo. No fundo sou o mesmo que Deus.
...
Porque Afonso Henriques existiu, eu sou. Porque Nun'Álvares combateu, existo. Seria outro - não serei, portanto - se Vasco da Gama não tivesse achado o Caminho da Índia nem Pombal tivesse governado (...) anos.
Shakespeare é parte de mim. Para mim trabalhou Cromwell quando arquitectou a Inglaterra. Ao ganhar com Roma, Henrique Oitavo fez-me ser hoje o que eu sou. Para mim pensou Aristóteles e cantou Homero. Neste sentido místico e profundo deveras (...), Cristo morreu por mim. Um místico índio que eu não sei se existiu, há 2000 anos colaborou no meu ser actual. Pregou moral Confúncio à minha presença de hoje. O primeiro homem que achou o fogo, o que inventou a roda, o primeiro que ideou a seta - se hoje eu sou eu é porque eles existiram." - In 'Anarquismo', Fernando Pessoa (1888-1935)
Thursday, February 04, 2016
Os mimos de Bruxelas
Pierre Moscovici o comissário europeu dos assuntos económicos, disse ontem que tudo estava ultrapassado, embora horas depois, através do twitter, tenha afirmado que ainda havia algumas questões a discutir. (Hoje já corrigiu de novo). Se o tratar os assuntos dum país no twitter me parece de um certo maus gosto, também não deixa de ser curioso este avanço e recuo sem sentido. Tendo em linha de conta o que se está a passar, a Comissão Europeia elegeu uma questão bizantina como é a do défice estrutural. Para quem não domina estas matérias, o défice estrutural é o défice nominal retirando as medidas temporárias e extraordinárias dividido, - não pelo PIB real que é a riqueza do pais, mas sim, pelo PIB potencial -, que é, nada mais, nada menos, do que a situação ideal dum país com pleno emprego e crescimento constante, com plena utilização dos seus recursos. Uma ideia académica que nunca se verifica em nenhum país, e em Portugal nunca se verificou, nem se vai verificar. Se se colocar duas ou três pessoas a trabalhar neste assunto, será quase impossível que elas cheguem todas ao mesmo resultado. Daí se vê aquilo que se está a discutir. O trazer esta discussão bizantina para a análise do orçamento dum país, é no mínimo ridícula, e mostra bem o que se pretende do ponto de vista político. Se o governo de direita fosse quem estivesse no poder, seguramente que este assunto dificilmente seria equacionado. Mas o governo é de centro esquerda, com a possibilidade de existir um outro do mesmo sinal em Espanha, e a Comissão quer dar a ideia de intransigência para ver se trava a situação que se está a verificar no sul da Europa. Mas não percebem que assim se vai desacreditando a Comissão Europeia e por extensão a própria União Europeia, invadida por um bando de burocratas que nada conhecem da realidade dos países e que com a sua atitude só fazem crescer a onda dos eurocéticos. Seja como for, o governo português parece estar determinado em seguir em frente, e assim, ainda hoje será discutido o Orçamento de Estado em reunião do Conselho de Ministros e amanhã, será entregue na Assembleia da República, - seguida duma conferência de imprensa no Ministério das Finanças -, seja qual for a indicação de Bruxelas. É necessário que Portugal vá dando sinais de que está disponível para acatar os Tratados da União, mas isso não significará, que sacrifique o futuro do país e das suas gentes, já tão esmagadas pelas políticas ultraliberais dos últimos quatro anos. E a Comissão também deve retirar as suas ilações dos resultados das medidas impostas pela última governação e abençoadas pela Comissão, bem longe, da terra do leite e mel que nos prometiam.