Thursday, March 31, 2016
Preocupações sobre o sistema financeiro português
Já por mais do que uma vez tenho trazido o tema da banca e do sistema financeiro português. Agora que começou a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif, talvez seja altura de voltar ao tema. Esta questão é muito importante, embora pareça passar ao lado da maioria dos portugueses, mais absorvidos pela baixa política e pela espuma dos dias. António Costa já apontou o dedo e disse de sua justiça e, mais recentemente, o Presidente da República fez o mesmo e no mesmo sentido. Aliás, aquilo que parece ser insólito quando convidou Mario Draghi para se sentar no primeiro Conselho de Estado, indicia que Marcelo Rebelo de Sousa quer envolver o seu pensamento com uma certa cumplicidade do Banco Central Europeu (BCE). E fê-lo, na minha opinião, bem porque todos sabemos que a banca nacional está fortemente dependente do BCE, não só do dinheiro mas também da estratégia, como ficou evidente no caso da resolução do Banif que, ao que tudo leva a crer, o BCE já teria dado indicações nesse sentido e indicado, inclusive, qual o banco que o deveria deter. Seja como for, nós temos que ter a consciência de que o nosso sistema financeiro está fortemente doente, depois de anos de um desbragar sem sentido e sem responsabilidade. Daí que, depois dos problemas evidenciados por alguns bancos que são do conhecimento de todos, há outros com problemas semelhantes e têm estado mais resguardados por enquanto, como é o caso do Millenium, com a questão acionista e o banco espanhol Sabadel por trás. E aqui é que o problema se coloca. Que o nosso sistema está mal, ninguém tem dúvidas. Mas que a nossa banca seja ela toda, no curto prazo, espanhola é que não. Um país sem sistema financeiro é um país a prazo. A economia dum país só se desenvolve com o apoio dos bancos a essa economia, e ninguém está a ver os espanhóis a fazerem isso em Portugal, quando têm mercados mais importantes e tradicionais onde o fazer, como é o caso da América Latina. E assim sendo, Portugal conhecerá períodos de estagnação sucessivos, não tanto fruto do mercado os das estratégias político-económicas, mas sobretudo, por uma decisão dos bancos que lideram o sistema, neste caso, os espanhóis. Este é um alerta importante, porque para a maioria do público em geral, o banco ser A ou B é indiferente, se é espanhol ou doutra nacionalidade não interessa, não percebendo que por trás, está uma realidade bem mais sinistra a nível da economia nacional. E aqui, o BCE, que se assume como o 'grande regulador' tem uma palavra a dizer. Penso que esta será a ideia de Marcelo Rebelo de Sousa com quem não posso deixar de estar mais de acordo. Tempos difíceis estes, onde não é claro o rumo a seguir, as conveniências de ocasião que podem ditar um caminho menos interessante para Portugal. Depois do colapso do BPN e do BPP, depois da falência do BES, da resolução do Banif, da infindável novela da venda do Novo Banco, dos problemas no BPI com a disputa entre Isabel dos Santos e o Caixabank, e, menos claramente, no Millenium, são demasiados casos para uma economia tão pequena como a nossa. Falha da regulação do Banco de Portugal (BdP), sem dúvida, mas que isso não sirva para, duma forma apressada e até atabalhoada, se tentar seguir caminhos dos quais nos vamos arrepender no futuro. Depois dos ajustes necessários, depois das concentrações inevitáveis, seria bom que emergisse uma banca nacional dirigida por portugueses, ao serviço de Portugal. Daí o alerta, daí a preocupação dos poderes instituídos, o que significa que o caso é grave e a margem de manobra pequena. Aguardemos o que daí virá na esperança de que Portugal que não foi vencido em Aljubarrota, não venha agora a sê-lo pela via da economia e da finança.
Wednesday, March 30, 2016
"A Conspiração de Papel" - David Liss
Chegou-me às mãos um livro que reputo de muito interessante. Curiosamente, não tanto pela trama do mesmo, mas sobretudo, por uma outra questão que lhe está subjacente, o mundo da finança. A morte de um judeu português na Londres do século XVIII revela uma conspiração que ameaça o futuro da própria Inglaterra. Na sinopse do livro podemos ler: "Benjamim Weaver, judeu português, detetive, espadachim e um famoso ex-boxeur, move-se com mestria e confiança na Londres do século XVIII. Trabalhando para clientes aristocratas na cobrança de dívidas difíceis, vive afastado da família devido à má relação com o seu pai, um abastado investidor da bolsa. Mas quando este é brutalmente assassinado, não pode ficar de braços cruzados. Descendo ao submundo do crime londrino, Weaver ziguezagueia entre bordéis, cervejarias, prisões e casas de jogo, para descobrir uma conspiração que ameaça não só a si, mas também à própria Inglaterra. Um romance histórico fascinante, 'A Conspiração de Papel' arrebata os leitores, página atrás de página, com um enredo envolvente e personagens apaixonantes de um período único da História". Mas este livro mostra-nos uma outra realidade para além do 'thriller' subjacente. É a maneira como se move o mundo da finança. Talvez menos contundente do que nesses tempos, mas com a mesma envolvência sinistra, a finança vai tramando o seu caminho onde são sempre os mesmos a ganhar. Afinal os tempos não mudaram tanto assim. O 'modus faciendi' é que pode ter mudado. Numa altura em que os sistemas financeiros estão a colapsar um pouco por todo o lado, onde a banca tem os índices de popularidade mais baixos de sempre, onde a insegurança e, sobretudo, a confiança dessas instituições é posta em causa, este livro pode ser um bom compêndio para pessoas não iniciadas nestas matérias, através da linguagem simples e entendível, envolta na trama do próprio livro. Um romance histórico com muitas leituras possíveis e que aconselho vivamente. Quanto a David Liss é norte-americano de New Jersey. É licenciado em Filosofia e Literatura Inglesa. 'A Conspiração de Papel' foi o seu primeiro romance e considerado o melhor romance de estreia em 2001 pelo New York Times. A edição é da Saída de Emergência.
Tuesday, March 29, 2016
"A radioactividade e os Elementos" - Marie Curie - O segredo mais bem guardado da matéria - National Geographic
Mais um número especial que a National Geographic disponibiliza entre nós. Desta feita, trata-se da vida e obra de Marie Curie. Desde a sua vinda da sua Polónia natal, aos seus estudos na prestigiada universidade francesa da Sorbonne, ao seu casamento com Pierre Curie, enfim, toda uma vida dum casal dedicada à ciência. Depois da morte do seu marido, o "affaire" com Paul Langevin foi explorado pela imprensa sensacionalista que então dava os primeiros passos. Apesar de humilhada e ofendida, ela tudo venceu e conquista um segundo Nobel. (Depois de já ter recebido um outro anteriormente com o seu marido). Descriminada como mulher, num mundo de homens, criticada por ser estrangeira em França, a quem ela deu grande prestígio, só muito mais tarde viria a ser reconhecida pela França, o seu país de adoção que nem sempre a tratou como devia. Só em Abril de 1995, sessenta anos após a sua morte, é que a França a homenageou verdadeiramente, quando os seus restos mortais, juntamente com os do seu marido, foram trasladados para o Panteão de Paris. Este também seria um dos últimos atos públicos do presidente francês de então, François Mitterrand, ao lado do presidente polaca à época, Lech Walesa. Cumpre salientar que, nesta família de cientistas, duas filhas surgiram desta relação, - Irene e Eva -, a primeira das quais viria também a receber o Nobel em conjunto com o marido Frédéric Joliot-Curie. Filhas que durante os anos da I Guerra Mundial ajudaram a mãe na frente de batalha com o apoio da radiologia na deteção de lesões nos soldados franceses. Esta é a biografia sumariada duma grande cientista a quem o mundo tanto deve, e que a National Geographic quis trazer até nós. Este número especial já disponível nas bancas é mais um sinal da prestigiada publicação que aconselho seja lida por todas as pessoas para quem o conhecimento e a ciência ocupem um papel importante na vida. Uma leitura interessante e recomendável.
Monday, March 28, 2016
Sunday, March 27, 2016
Boa Páscoa!
E aí está a Páscoa! A redenção, a ressurreição, a esperança na Vida. Não a comum e mesquinha do dia a dia, mas de uma outra, mais sublime e fraterna. Sei que é difícil acreditar nisto nos dias conturbados que vivemos. Mas dias conturbados sempre os houve, veja-se a terrível agonia de Jesus em tempo de intolerância e tirania. Tempos que continuarão a existir no futuro. E este é o nosso grande desafio. Ser diferente, ser melhor, ser a Luz no meio de trevas. Sei que não é fácil, sei que até pode ser perigoso. Mas também sei que é fundamental porque se assim não pensarmos afinal para que serve a Páscoa? Será para trazer a agonia e morte a tantos animais vítimas inocentes da tão propalada tradição? Será apenas por um opíparo almoço onde muitos se lambuzam com o que resta dos cadáveres destes pobres animais? Se é para isso, não vale a pena sequer celebrar a Páscoa. A menos que a celebremos sempre com a tal tradição em fundo que justifica tudo, até o injustificável. Boa Páscoa!
Talvez!...
Talvez a comida não tenha sido roubada, ou talvez sim! A dúvida permanece. Pela maneira como estava a disposição dos recipientes, sobretudo o da comida húmida, dava a ideia de que alguém lá foi. (Ver foto). Contudo, quando de lá saí ontem, um dos gatos ficou lá a comer. Talvez tenha sido ele. Seja como for, ainda havida comida húmida e bastante seca. Oxalá que o cão e os gatos por lá passem hoje, antes que ela seja retirada. Pelo menos a sua Páscoa não será de fome. Vamos ter esperança de que assim será.
Saturday, March 26, 2016
Mudança da hora - Hora de Verão
será adiantada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 27 de Março e atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Outubro.
Região Autónoma da Madeira - Em conformidade com a legislação, a hora legal na Região Autónoma da Madeira: será adiantada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 27 de Março e atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Outubro.
Região Autónoma dos Açores - Em conformidade com a legislação, a hora legal na Região Autónoma dos Açores:será adiantada 60 minutos às 0 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 27 de Março e atrasada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Outubro.
De novo!...
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Tempo de introspeção
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Friday, March 25, 2016
Inacreditável!...
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Semana Santa
Estamos em plena Semana Santa, a semana maior do calendário cristão. Agora estamos a caminho da Páscoa. Este mundo em convulsão que preenche os nossos dias, afinal não era bem diferente daquele de há dois mil anos. A violência também existia, em que a crucificação era forma a mais terrível de morte. Também os que vinham por bem, apenas não estando alinhados com os poderes de então, eram vítimas de perseguição, tortura e morte. O exemplo subliminar de Jesus é esse paradigma, e é-o de tal forma que, passados mais dois mil anos, o continuamos a celebrar. Mas se este dia indicia a tortura e morte na cruz dum inocente, ele também indicia um novo dia, um tempo novo, um homem mais igual aos seus pares. Mas, como não há bela sem senão, ainda falta eliminar alguns resquícios de violência que nestes dias se abatem sobre os animais. Eles são um fator de importância na cultura judaico-cristã, mas é tempo de serem revogados. Tal como foram os sacrifícios humanos em seu tempo. Porque o valor duma vida é sempre importante, pertença ela a quem pertencer. Porque esse homem novo deve sentir que tem de deixar os outros seres viverem. Seres que também sentem e sofrem como nós. Não são objetos descartáveis. É altura que o sacrifício de animais que têm apenas, como objetivo, tornar mais opípara a mesa de alguns, tem a sua expressão maior. Significa para os animais o seu fim de linha. A vida que lhes foi dada e brutalmente retirada, sem dignidade. Enquanto não formos capazes de perceber isto, o significado da Páscoa será sempre redutor. Não o conseguiremos perceber na sua amplitude. Porque é construída sofre o sofrimento e morte doutros seres. Mais de dois mil anos passaram. Já é tempo de percebermos isto e mudar os nossos hábitos. Será a tradição, dirão alguns para aliviar a sua consciência. Mas, como sabemos, muitas vezes a tradição é o caminho mais curto para a hipocrisia, e este é um sentimento que não tem lugar nesta época. Estamos na Páscoa. O tal tempo novo e salvífico. A construção do homem novo que começou à muito nas terras áridas da Galileia e que muitos teimam e não aceitar. A tradição nesta quadra continua a ser matar um ser vivo. Esta é a hipocrisia de quem acha que esta é a época redentora e salvífica que afinal não o é tanto assim. Pelo menos, enquanto não formos capazes de mudar os nossos hábitos. A nossa... tradição!...
Thursday, March 24, 2016
Talvez!...
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Ainda sobre os atentados de Bruxelas
Temos estado incomodados com esta gente que mata sem razão, apenas por ódio ao que não compreendem, apenas por desdém aos valores fundamentais que noutros tempos, eles mesmo, abraçaram. Mas espero que tenhamos um pouco de distância em relação ao que está a acontecer. Esta gente menor que se faz explodir, não passa de gente cobarde, que não tem coragem de enfrentar a vida, quanto mais mudá-la. Eles não são o Islão nem representam o Islamismo. Eles são os excrementos duma sociedade porque nunca se esforçaram para serem diferentes. Não se confunda a religião, seja ela qual for, com gente rasteira como esta. E se os acicatam a atuar em nome de Alá, apenas lhes estão vendendo uma mentira, uma ilusão, um engodo. Não devemos confundir coisas que não são comparáveis. Mas também não devemos deixar-nos arrastar por um sentimento xenófobo que muitas vezes se vê por aí, relativamente a quem vem das mesmas paragens, porventura, com a mesma língua e cor de pele, mas que fogem da guerra, das violações, da tortura, enfim, de todo o tipo de atrocidades que gente, como a que se fez explodir em Bruxelas, representa. Temos que admitir que muitos virão infiltrados, mas não são a maioria, nem sequer representam nada entre milhares e milhares de homens, mulheres e crianças, que sofrem como nós, que anseiam uma vida mais digna como nós, que querem preservar a vida que têm para viver como nós. Esta gente rasteira que por aí anda a tentar destruir a vida de muitos inocentes, não pode ser confundida com a outra, honesta e que apenas pede segurança e dignidade de vida, afinal, tanto e tão pouco. Esta confusão que se vê generalizada aqui e além, apenas serve os intuitos desta gentalha, que faz do terror e da morte a sua bandeira. A bandeira negra da morte. A bandeira negra das trevas. Resistamos com denodo a estes, mas tenhamos o gesto solidário para com os outros, iguais a nós. Gente que quer apenas dar uma oportunidade aos seus filhos e viver com dignidade. Não tomemos a nuvem por Juno. Saibamos destrinçar o trigo do joio, separar a erva daninha da semente boa. No fundo, esses que fogem poderíamos ser nós.
Wednesday, March 23, 2016
Cartas aos terroristas de Bruxelas
Decidi escrever-vos esta carta que já não ides a tempo de ler, mas mesmo que a lesses não teria a certeza de que a compreenderíeis. Porque a vossa inteligência é pouca como ficou demonstrado pelos vossos atos, apesar de terdes estudado em escolas europeias pagas com os nossos impostos. Vós sois uma geração de inúteis que um bando de assassinos, a coberto duma qualquer religião, vos aprisionou com os seus cânticos de sereia. Muitos de vós nem entendeis aquilo que vos incitam a ler, porque nem dominais a língua, porque a vossa inteligência não chega lá. E esses vossos donos, que vos escravizam, - sempre vestidos de negro, representando as trevas que encarnam -, ficam felizes nos seus aposentos confortáveis, com as suas muitas mulheres que são as suas escravas de sexo, enquanto vos mandam para diferentes regiões, semear a morte, que também é vossa, despedaçados em bocados que até os cães que passam rejeitam. E vós, estúpidos inúteis não percebeis isso. Porque vós, não passais duns frustrados que se sentem importantes com uma kalashnikov nas mãos, ou um cinto de explosivos amarrado aos vosso corpo inútil. E o vosso momento de importância é efémero, tão efémero como a vossa vida desprezível. Vós não percebeis que essa vossa vitória não passa duma vitória de Pirro. (Será que sabeis quem foi Pirro?) Vós não compreendeis que a vossa indumentária e símbolos negros apenas representam as trevas. Sim, esta é a vossa hora, a hora das trevas. Mas a luz há-de vir e ofuscar-vos. Porque a luz sempre destrói as trevas e aí, já será tarde para vós, um bando de estúpidos despedaçados em nome de algo que nem sequer entendeis. Quando falais de cruzadas e de cruzados, sabereis aquilo que isso significou? É certo que na Idade Média, - ela também em trevas como essa em que viveis -, o Ocidente cometeu muitos erros. Mas fomos capazes de os superar. Mas vós ficastes para trás. Não conseguistes acompanhar os tempos. Um longo espaço de tempo nos separa. Somos uma parte do mundo mais evoluído e civilizado do que vós algum dia sereis - a menos que mudeis de rumo, o que duvido - com um bem-estar e uma tecnologia que não tendes. Com uma rede de saúde e de educação que nem sabeis o que é - vós que perseguis as mulheres para que não vão à escola - com um valor maior que jamais sabereis o que significa como é o da Liberdade. A mesma que vós usastes quando viveste neste Ocidente que vos deu tudo, - mesmo aquilo que não soubestes ou não quisestes aproveitar -, porque repito não passais de gente inútil, desqualificada, marginal, sem futuro e sem amanhã. A vossa glória é efémera. Enquanto as vossas vítimas serão lembradas e homenageadas, as vossas vidas apenas terão rancor e ódio, desaparecerão na poeira dos tempos porque ninguém está disponível para celebrar a vossa memória, inútil e estúpida tal como as vossas vidas. Poderemos ser as vossas vítimas no futuro, mas se isso vier a acontecer, morreremos sempre como seres livres, duma liberdade que não quereis, que não suportais, porque os vossos argumentos são uma falsidade. Se a vossa glória passar pelo meu ódio, então as vossas vidas foram em vão. Porque não vos odeio, apenas tenho pena de vós, da vossa estupidez, da vossa inutilidade, da maneira como sóis usados e não percebeis. Decidi escrever-vos estas linhas que já não tereis oportunidade de ler. Talvez também não as compreendêsseis. Enquanto os vossos corpos inúteis, despedaçados, são varridos para o lixo, os vossos amos sorriem de satisfação, nos seus luxuosos espaços, com as suas mulheres que também escravizam. Sorriem da vossa estupidez, da vossa inutilidade, da maneira fácil como vos venderam um punhado de ilusões, como confundiram uma religião com um programa político tirânico. E vós caístes no engodo. (Talvez a pensar nas muitas virgens que vos esperam). Mais uma mentira. Mas que importa. A vossa inteligência já não foi capaz de nenhum discernimento. O vosso sonho esfumou-se. Não conseguistes destruir a nossa liberdade. Tentastes atingir o coração da Europa, mas não a destruístes. Incomodais, é certo. Irritais-nos, com certeza. Mas não nos meteis medo se quereis saber. A nossa maneira ocidental de vida perdurará, triunfará, porque somos mais capazes do que vós. A vossa pretensa vitória afinal foi um engano. Uma inutilidade tal como vós. Afinal não destruireis a Liberdade com as vossas vidas pequenas, pobres de sentimentos, mesquinhas, porque ela é a força de muitos, a que nos move, a que nos diferencia. Já não ides a tempo de o entender. Não sei, se tudo fosse diferente, mesmo assim, seríeis capazes de compreender. Viva a Liberdade!
Tuesday, March 22, 2016
Monday, March 21, 2016
Intimidades reflexivas - 598
"A vida é para nós o que concebemos nela. (...) Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais às da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser. Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer. Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que [se] me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro — tantos, sem se entenderem, e todos certos. Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal-disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica. Mas quantos Césares fui!" - Bernardo Soares in 'Livro do Desassossego'.
Sunday, March 20, 2016
Que mais fazer?...
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Domingo de Ramos
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Saturday, March 19, 2016
Como é possível!...
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Dia do Pai
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Friday, March 18, 2016
Intimidades reflexivas - 596
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Thursday, March 17, 2016
Intimidades reflexivas - 595
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Lições de vida
'Foi há poucos minutos... Fui passear os meus cães. No meio do passeio, no parque de estacionamento da bomba de gasolina, mesmo aqui perto de casa, um corpo deitado no chão. Sem coberta, sem cartão, sem nada...deitado no chão, apenas. Percebi que estava vivo: mexeu-se, qdo o pateta do meu Garcia foi lá cumprimentar... Chocou-me ouvir o Sr dizer: "então amigo tb estás sozinho?" Mesmo ao lado os carros passam indiferentes: é a rua principal do lugar onde moro. Uns idiotas de uns meninos num carro no semáforo, gozavam com a cena...sentados no carrinho. Era um ser humano que estava ali... Que estranho se tornou este país... Vim a casa: arranjei um colchão de ginástica que tinha aqui, um agasalho, uma coberta e uma almofada...Um saco com comida e uma sopa que aqueci à pressa e voltei lá. Os carros continuavam indiferentes. Perguntei ao Sr se estava bem: não estava alterado. Que sim que estava bem: só um bocadinho de frio. Pousei o que levava e voltei a ouvi-lo falar para o Garcia: "afinal não estás sozinho, amigo. Tens sorte. Não te afastes..." O Sr olhou para mim espantado e ainda disse: "e a almofada, minha senhora, não lhe faz falta?" Estava feita parva, ali, sem saber o que dizer... e vim embora...depois de ouvir o Sr agradecer-me e dizer "a Sra deve ser boa pessoa. Muito obrigado". Assim, no meio de tudo...alguém que sem nada ainda me pergunta se a almofada não me faz falta... Que na maior solidão, se preocupou se o meu cão estava "sozinho"... Que lição de vida! Que estranho se tornou este país...'
Pungente. Parabéns, Isabel Monteiro pelo seu gesto. Contudo, e não me interprete mal, sinto-me desajeitado em a felicitar. Porque cada ser humano deveria ser assim, não apenas uns poucos. Bem haja. Como diz, 'que estranho se tornou este país'...
Hoje é Dia de São Patrício
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Wednesday, March 16, 2016
Tuesday, March 15, 2016
A importância do olhar
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Monday, March 14, 2016
Sunday, March 13, 2016
O ladrão atacou de novo!...
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Morreu Keith Emerson, fundador dos Emerson Lake & Palmer
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Saturday, March 12, 2016
Tanta sujidade!...
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Friday, March 11, 2016
António José Seguro reaparece
Ainda longe das lides políticas que abandonou a quando da maquinação de Costa, António José Seguro reapareceu ontem publicamente. para apresentar o seu livro sobre a reestruturação do Parlamento, derivada da sua tese de mestrado. A reestruturação da Assembleia da República (AR) foi um dos temas que envolveu Seguro aquando da sua atividade como parlamentar. Foi ele que chefiou a comissão que fez essa reestruturação, que foi implementada e que hoje está em curso. Daí se verem algumas figuras importantes de todos os quadrantes políticos que foram assistir à apresentação do mesmo. Até muitos dos que sempre o achincalharam e até criaram as condição da sua saída da política ativa. (A hipocrisia da política também por aí anda). Mas esta sua aparição poderá ou não ser um retomar da vida pública. Sobre isso Seguro nada disse. Mas seria bom que assim fosse. Seguro é um homem sério. Podemos gostar dele ou não. Poderia ser ou não um bom primeiro ministro. Mas a sua presença seria um bálsamo de credibilidade, seriedade e elegância, que tanta falta faz à política portuguesa. Sempre me identifiquei com ele. Não sei se seria o político ideal nas condições em que foi líder do PS - ser líder da oposição não é fácil - mas seria - e é - um referencial de clarividência e postura impoluta que tanta falta faz nos nossos dias. Veremos se no futuro teremos ou não Seguro mais interventivo. Mas confesso que gostei de ver gente que esteve ao seu lado e que agora é governo, a estarem ali estoicamente, como foi o caso de João Soares, atual ministro da Cultura. Isso diz bem da retidão que ainda se vai encontrando na política, - embora cada vez mais escassa - mas é assim que se vêm os amigos, ou a falta deles. Duas salas cheias para o ouvir. Muita gente nos corredores que não puderam entrar. Afinal Seguro ainda é lembrado e, talvez, querido para muita gente.
O nó górdio
A situação financeira europeia é muito preocupante. O silêncio mais ou menos ensurdecedor em torno desta questão não deixa de ser perturbante. Ontem o Banco Central Europeu (BCE) lançou uma medida histórica ao baixar a taxa de juro para os 0%. O efeito que se pretende com isso é o de estimular a economia e fazer aumentar o crescimento económico. Assim, em teoria, os bancos vão buscar dinheiro ao BCE sem juros para o emprestar às empresas e às famílias com o mínimo de encargos possível. Só que, como sabemos, a banca irá utilizar esta facilidade para repor alguns dos seus equilíbrios e às empresas e famílias o custo do dinheiro não baixará tanto assim. Seja como for, o estratagema será o de dinamizar as economias mais débeis da União Europeia (UE), como a nossa, incentivando ao investimento e ao aumento da procura para fazer crescer a economia. Mas aqui é evidente alguma contradição com a própria UE. Porque se por um lado se pretende fazer crescer as economias pelo lado do investimento e da procura - como o atual governo português está a tentar fazer - por outro vem a Comissão Europeia (CE) dizer que são precisas mais medidas de austeridade e que não se deve induzir as famílias ao consumo. Estamos perante um verdadeiro nó górdio das instituições europeias, que mostram à evidência as confusões, desorientações e até algum chauvinismo mal disfarçado de alguns países. Esta receita que afinal é já conhecida dos economistas - ao fim e ao cabo é uma variante do modelo keynesiano que tanto tenho defendido aqui - parece ainda incomodar alguns países (liderados pela Alemanha) que estão com receio de caso as economias mais frágeis - como a portuguesa, espanhola, italiana, francesa e até irlandesa -, regridam e os bancos alemães tenham que ser chamados a jogo. Esta visão interesseira e paroquial da Alemanha acomodada pela de outros países pode vir a ser fatal a curto prazo. O crescimento da zona euro é, e continuará a ser, muito débil. Se a isso somarmos os problemas de cariz social amplamente potenciados pela crise dos refugiados, poderemos vir a estar no centro duma tempestade perfeita. O aumento da compra de dívida externa aos países mais endividados por parte do BCE pode ser uma boa saída, mas também indicia que as economias da UE estão com enormes dificuldades. (A atenção felina dos mercados sempre apostados na especulação é clara). Mas também dá um sinal ainda mais preocupante, mostrando que poderemos estar a caminho duma recessão que conduzirá inevitavelmente a uma deflação, e aí chegados tudo é possível. Até o desmembrar do projeto europeu pode estar - e estará certamente - sobre a mesa. Estamos todos europeus no olho do furação e quando este se abater - se for esse o caso - ninguém estará a salvo. Depois haverá muitas justificações e recuos, mas será definitivamente demasiado tarde.
Thursday, March 10, 2016
Wednesday, March 09, 2016
Tuesday, March 08, 2016
8 de Março - Dia Internacional da Mulher
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Monday, March 07, 2016
59 anos de RTP
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À memória de Nikolaus Harnoncourt (1929-2016)
Nikolaus Harnoncourt, nascido Johann Nicolaus Graf de la Fontaine und d’Harnoncourt- Unverzagt (Berlim, 6 de Dezembro de 1929 – Viena, 5 de Março de 2016), morreu anteontem com 86 anos de idade. Um dos grandes maestros do nosso tempo, o austríaco Nikolaus Harnoncourt, é muito conhecido pelo seu trabalho no âmbito da música do antiga. Um homem que preencheu muitos dos grandes momentos da minha vida. Ao lado de Leonard Bernestein e Pierre Boulez, também recentemente falecidos, Harnoncourt fecha um trítico de grandes nomes a que a história da música não ficará indiferente. Ao longo da sua carreira recebeu variados prémios de que destaco o Sonning Award (1993; Dinamarca), o Prémio Kyoto (2005; Japão) e a Medalha Leipzig Bach (2007; Leipzig, Alemanha). Nikolaus fundou com sua esposa, Alice Hoffelner, o Concentus Musicus Wien, no ano de 1953, agrupamento que espalhou magia pelo mundo na divulgação da música antiga, essencialmente, do período barroco. Agora resta a memória e a imensa obra para recordar um ícone do nosso tempo. RIP, Nikolaus Harnoncourt!
Sunday, March 06, 2016
Tudo bem!...
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Cadelas que estavam em Recarei - Leça do Balio - Adotadas!...
Saturday, March 05, 2016
Tudo bem!...
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