Sunday, April 30, 2017
Deve mesmo estar de férias!...
Quando cheguei ao abrigo, com muita chuva à mistura, verifiquei que ainda havia comida, embora inutilizada pela chuva porque a cobertura deste ficou mais curta desde que o tentaram destruir. (Ver foto). O colocar a comida sobre a palete é um problema porque as taças são derrubadas pelos animais e ficam à chuva. Apesar disso abasteci as taças e coloquei-as sobre as paletas porque não tinha outra solução. Gostaria de fazer aqui um apelo com o meu pedido antecipado de desculpas. Verifiquei que no abrigo havia apenas uns restos de comida de gato e no outro abrigo não havia nenhuma. Pedia assim, se alguém pudesse passar e deixar comida de gato ficava muito grato. Sei que o tempo não está convidativo, mas mesmo assim, deixo aqui o apelo. Como a comida vai resistindo, parece que o 'cavalheiro' deve estar mesmo de férias. Senão a comida tinha sido retirada. O cão e a gata não apareceram. O tempo estava mau e só o farão quando a fome apertar.
Saturday, April 29, 2017
Talvez de férias!...
No local do abrigo havia comida de gato e as taças estavam lavadas. (Ver foto). Mais uma vez aqui deixo o meu obrigado à Paula Maia pela ajuda que me vem dando. No outro abrigo também havia comida de gato. Parece que o 'nosso cavalheiro' deve ter ido de fim de semana prolongado. A gata já lá estava à minha espera. Logo veio e comeu o que quis. Quando me vim embora, ainda lá ficou, estava atenta a algo, talvez na expectativa de apanhar algum rato. Mudei a água nos dois abrigo e espero por amanhã para ver se temos mais sorte este fim de semana com as possíveis mini férias do sujeito que vem retirando a comida aos animais.
Friday, April 28, 2017
Thursday, April 27, 2017
Intimidades reflexivas - 972
"Eu sempre me sinto feliz, sabe porquê? Porque eu não espero nada de ninguém; expectativas sempre magoam. A vida é curta... Então, ame a sua vida, seja feliz! E mantenha sempre um sorriso no rosto. Viva a vida para você e, antes de falar, escute. Antes de escrever, pense. Antes de gastar, ganhe. Antes de orar, perdoe. Antes de magoar, sinta. Antes de odiar, ame. Antes de desistir, tente. Antes de morrer, viva!" - William Shaksperare (1564-1616)
Wednesday, April 26, 2017
A lei dura sobre o mais fraco
Ontem deu-se mais um caso de ataque dum cão de raça Rottweiler teve lugar bem perto do local onde habito. É um local onde desde bem cedo é visível pessoas a passearem os seus cães nem sempre de trela e nunca de açaime. Ainda ontem lá estive, horas antes do incidente, e embora fosse ainda bem cedo já havia gente a passear os seus cães por lá. É certo que há raças que têm conotações mais complexas fruto de alguma má informação e, sobretudo, dos péssimos donos que os têm. Casos dos Rottweiler e dos Pitbull. O que ontem se passou em Matosinhos é disso exemplo. Não assisti ao caso, mas daquilo que soube, o cão teria abordado uma criança, como tantos outros o fazem, talvez duma forma mais agressiva ou talvez não. O pai da pequena terá chamado a atenção ao dono para lhe colocar uma trela, no momento que tira uma foto com o telemóvel do sujeito. Este não gostou da advertência, mas sobretudo da foto, - e será bom saber porquê -, e em vez de segurar o animal, vai sobre o pai da criança na tentativa de lhe tirar o telemóvel. É mais do que óbvio que o cão iria atacar nessa situação. Estes cães são normalmente treinados para uma férrea defesa dos seus donos, e o cachorro não interpretado bem a situação, deve ter pensado que o seu dono estava a ser atacado. Logo ataca na tentativa de proteger o dono, como certamente tantas vezes o ensinaram a fazer. Aqui coloca-se a questão da responsabilização. A lei que temos é demasiado dura com os animais porque ignorando a situação, condenam o cachorro à morte. (Neste momento, ele deve estar confuso e assustado no canil de Matosinhos, à espera da morte, sem perceber porque o tratam assim, apenas porque tentou defender o dono, como lhe ensinaram). No entretanto, o dono vai à polícia, espera para ser apresentado a um juíz, - em liberdade -, e hoje vai a tribunal. Vai ter uma multa, talvez uma reprimenda do juíz, mas de seguida sairá como se nada fosse. Enquanto o cachorro enfrenta a morte, ele fica em casa, e depois de dar algum tempo para se esquecer o caso, volta a arranjar outro e o ciclo continua. Esta lei que temos não serve porque não pune devidamente os donos enquanto reprime drasticamente o animal, o ser mais fraco e sem direitos. Será que ainda se lembram dum caso que fez correr muita tinta há uns anos atrás, quando um cão desta raça atacou uma criança, quando esta caiu sobre ele que estava numa divisão às escuras? Um cão que conhecia a criança com quem brincava muitas vezes? A culpa foi dos pais que não souberam tomar as precauções devidas com a criança, o cachorro apenas reagiu àquilo que julgou ser um ataque. Este caso mobilizou muita gente nas redes sociais, e o Zico - era então o nome do cão - que estava para ser abatido, foi salvo pela intervenção popular e pela decisão dum juíz esclarecido que leu bem a situação. Este viria a ser adotado por uma Âssociação - passou então a chamar-se Mandela - e nunca mais se ouviu falar do caso. Porque um cão, especialmente estes, têm que ter uma grande responsabilidade dos seus donos. Enquanto a lei se mantiver como está, a beneficiar o infrator (o dono) e a punir o ser mais fraco (o cão), assistiremos a casos como este que se vão repetir de tempos a tempos. É urgente clarificar a lei, é imperioso que os tribunais analisem bem os casos e não apliquem a lei às cegas, é necessário que os donos sejam fortemente penalizados e não os animais. Um cão é o espelho dos seus donos. Claro que há exceções, - até entre humanos isso é visível -, mas estas apenas confirmam a regra.
Tuesday, April 25, 2017
43 anos depois
Já 43 anos passaram sobre a madrugada libertadora de Abril de 74. Muitas expectativas criadas que não passaram disso mesmo, muitas promessas por cumprir, muitos avanços e recuos. Mas a História dos povos é feita disto mesmo. De sobressaltos, de desalentos, de frustrações. Mas valeu a pena! E só não pensa assim quem, ou era apaniguado do velho regime dito 'Estado Novo' com todos os seus privilégios, ou por desconhecimento do que então se vivia entre nós face ao mundo exterior. Por circunstâncias da vida, como aqui já disse algumas vezes, desde cedo viajei muito. Conheci outros continentes, outros países, outras gentes e culturas, e isso levou-me a olhar para o meu país e não gostar do que via. Um país cinzento, perdido num canto da Europa, com a ilusão imperial que todos já tinham abandonado, pensando ser a referência do mundo, quando era apenas um pequeno país ignorando e ignorante. Que o digam os muitos emigrantes que se espalharam pela diáspora. Eles sabem bem o que passaram, as humilhações que sofreram, as desilusões que sentiram. Como eram olhados e o que diziam deles. E disso até posso dizer que dou testemunho porque vi algumas coisas que não gostei no modo como eram tratados os nossos compatriotas noutras paragens. Dir-se-á que passados todos estes anos, as coisas não mudaram assim tanto e que as dificuldades são as mesmas. Aparentemente, e para muitos, poderá ser assim. Mas muito mudou. a maneira como somos vistos no exterior, o nível de vida que temos, o desenvolvimento que Portugal teve nestas mais de quatro décadas, é por demais evidente e não pode ser negado.Claro que muito há a evoluir. Afinal um país é uma entidade em construção permanente, não se esgotando num modelo que se fecha sobre si próprio como definitivo. Um país sofre influências de outros países, povos e culturas, e isso tem impacto sobre nós, tal como nós, influenciamos outros. E num mundo em conflito latente, onde nem sempre as vozes dos povos são ouvidas, que valor tem a liberdade. Desde logo, a liberdade de se exprimir sem medos ou receios, a liberdade de pensar sem ser às escondidas com medo que alguém descobrisse os nossos anseios, a liberdade de sermos gente e não uma massa amorfa sem direito a opinião. Ao fim de todo este tempo e olhando para trás, vemos que muito foi feito. O país que temos hoje nada tem a ver com a pequena aldeia chamada Portugal, de há 43 anos atrás. País pequeno de gente pequena. Porque quem se atrevia a pensar de modo diverso, acabava nas prisões, sujeito à mais abjeta tortura, mesmo enfrentando a morte, ou então na guerra colonial, ou ainda, e para evitar mais dissabores, fazia a mala e fugia do seu país, muitas vezes a salto, com apenas o indispensável consigo. Tempos cinzentos e tristes estes que então vivíamos. Só por isso o 25 de Abril de 1974 valeu a pena. Porque deu a liberdade a um povo e devolveu a dignidade a uma nação. O 25 de Abril inscreve-se por tudo isso, nas grandes páginas da nossa História, por mais que outros achem o contrário. Uma História virada para o futuro, e não uma História feita de passado, de glórias esquecidas, ou conquistas que já nada dizem a ninguém. A História é algo de dinâmico, bem longe daquela outra bafienta, encerrada em livros cheios de pó. Essa é importante com certeza, até para lermos no passado os erros cometidos para não os voltarmos a repetir. 43 anos depois é caso para dizer, valeu de facto a pena. Viva o 25 de Abril!
Nem posso acreditar!...
Quando cheguei ao abrigo, via-se que ainda havia restos de comida que ontem deixei. (Ver foto). Nem posso acreditar! O "cavalheiro" deve estar de férias sem dúvida alguma. Já há muito que a comida não resistia tanto naquele lugar. A gata logo apareceu. Quase que nem me deixava encher as taças. Estava visivelmente com fome. Comeu até não mais querer. Em determinada altura, um gato siamês, - que ultimamente tenho visto por lá -, fez a sua aparição. Mas a gata não estava disposta a partilhar a comida. E ele afastou-se. No abrigo não há comida de gato e eu não tinha nenhuma comigo. A gata foi logo à sua taça mas ela estava vazia. Embora haja ração no outro abrigo, a gata não descobriu ainda, ou não gosta de ir lá. Seja como for, abasteci as taças, e pelo menos a gata comeu. Veremos se as férias do sujeito se vão prolongar, ou se na próxima já terá vindo para continuar a fazer das suas. Uma última curiosidade. A casota que tinha servido de abrigo aos gatos estava partida como já disso aqui dei nota. Tentei arranjá-la o melhor possível, mas reparava que no dia seguinte estava outra vez desfeita. Hoje notei que ela estava reconstruída. Alguém por lá passou e a arranjou. Não sei por quanto tempo. O local onde ela está talvez não seja o melhor porque está muito exposta ao vandalismo. Mas mesmo assim, parece que de ontem para hoje ninguém a destruiu.
Monday, April 24, 2017
O estilhaçar da 5ª República
Assistimos ontem ao estilhaçar da 5ª República francesa. Esta que tinha vivido sempre entre o centro-direita ou o centro-esquerda, viu os partidos destes arcos da governação serem rechaçados pelos franceses. Emmanuel Macron, ex-ministro da economia de Holland, um homem que se diz independente e liberal, nem de esquerda, nem de direita e Marine Le Pen, a truculenta candidata da extrema direita francesa que se diz representar o povo. Estes dois foram os protagonista de ontem e sê-lo-ão na segunda volta. Um dos dois chegará ao Eliseu. Se nunca se tinha visto a extrema direita passar a uma segunda volta das eleições em França, pois aí está ela, a mostrar que o desencanto dos franceses com os seus partidos tradicionais é por demais evidente. Macron quer agradar a todos e por isso recuperou o slogan de De Gaule que afirmava não ser nem de direita nem de esquerda. Mas De Gaulle era um homem da resistência, tinha saído como um dos vencedores da II Guerra Mundial, numa euforia nacionalista. Daí que este discurso possa ser perigoso caso Macron venha a ganhar, quando tiver que negociar na Assembleia Nacional os apoios necessários para governar. Mas estas eleições são também um sério aviso à União Europeia (UE). Uma UE fechada sobre si mesma, cada vez mais distante dos cidadãos, aqui terá o seu teste de fogo. A França é um grande país e uma grande economia. Se com Macron a Europa pode sentir-se mais aliviada, visto este ser um europeísta, já com Marine Le Pen as coisas são bem diferentes. Defensora da saída da França da UE e do euro, ela será a dor de cabeça seguinte para a UE, caso vença, e poderá significar ser a coveira desta. Porque depois do Brexit, se a França abandonasse a UE, o fim da Europa como a conhecemos acabaria também. Por isso a Europa tem que aproveitar a oportunidade para se renovar e aproximar dos cidadãos. Caso contrário, e mesmo que Marine não ganhe à 2ª volta, a extrema direita ganhará daqui a quatro anos. O estilhaçar da 5ª República a que ontem assistimos pode ser o quebrar da UE no curto prazo se não forem tiradas as devidas ilações do que se está a passar em França. É necessário que a Europa percebe o complexo puzzle que se está a viver neste continente e no mundo. Até agora não o tem percebido. Nós temos sentido na pele isso mesmo. Porque temos um governo não alinhado com os demais. E se Marine ganhar agora, ou daqui a quatro anos, como será? Se a economia portuguesa não tem peso na UE pela sua dimensão, a francesa já não é bem assim. E se a UE, ela também vier a colapsar, o que será deste continente, que ao longo da História sempre foi um campo de batalha, por interesses e poderio? Muitas perguntas sem resposta, ou com respostas inconveniente e que preferimos ignorar, mas que aí estão para nos fazer lembrar a vereda estreita em que caminhamos.
Vai resistindo!...
Parece que a comida vai resistindo. No abrigo o aspeto era o de haver ainda restos de comida. (Ver foto). A ração de cão e gato já não havia. Não tinha ração de gato, mas no outro abrigo ainda havia bastante. A comida vai resistindo. Parece que o 'cavalheiro' fez ponte e foi de férias. Até quando?...
Sunday, April 23, 2017
Tudo normal!...
Desta feita, e contrariando o habitual, tudo estava normal. Ainda havia restos de comida, ração e paté. a comida de gato também lá estava. (Ver foto). No segundo abrigo havia bastante comida e não era da mesma que ontem deixei, o que indicia que alguém lá passou e deixou comida. O cão e a gata não apareceram. Espero que tudo continue assim para ver se a minha moral melhora face a esta adversidade.
Saturday, April 22, 2017
Talvez não!...
Quando cheguei ao abrigo dei com uma certa desarrumação das taças, mas como ainda havia ração de gato e de cão, parece que a mesma não foi retirada. E a desarrumação seria fruto de animais que por lá passaram e foram comer. (Ver foto). Apenas havia alguma desordem no outro abrigo, e alguma da roupa que lá tinha sido colocada para abrigar a comida tinha sido retirada. A casota que serviu de abrigo aos gatos já foi destruída. Nada que surpreenda naquele local onde as coisas nem sempre correm de feição. A pessoa com quem habitualmente me cruzo no local, informou-me que o cão tem aparecido por lá todos os dias por volta da hora de almoço. Ainda ontem o terá feito na expectativa de alguma comida que alguns dos trabalhadores lhe dão. Quanto ao resto, confirma que sabe dos roubos mas que nunca viu lá ninguém, provavelmente, irão lá quando sabem que os trabalhadores estão dentro dos pavilhões. O certo é que quem vai lá parece conseguir não deixar rasto.
Friday, April 21, 2017
A comovedora homenagem ao Bit
Há momentos grandes em que um homem se ergue em toda a sua humanidade. Foi o caso deste agente da PSP, Luís Feiteira de seun nome, no momento em que deixa uma homenagem sentida ao seu cão Bit na altura do seu falecimento...
"Quero desta forma fazer uma simples homenagem a um companheiro, um amigo, um parceiro, alguém que marca as nossas vidas para sempre. Tinha muita coisa para falar deste fiel amigo por aquilo que me fez crescer como homem, como polícia e acima de tudo como ser humano pois agora passados 13 anos 8 meses e 4 dias foste descansar da tua missão à qual dedicaste a tua vida. Foste embora e a minha vida ficou muito mais pobre por não te ter, mas deixaste a tua marca no meu coração para sempre...jamais te irei esquecer...Cumpriste a tua missão a servir o País e a dignificar a Polícia de Segurança Pública, pois desde que escolheste cumprir esta missão foi um ORGULHO E HONRA trabalhar ao teu lado...levas contigo histórias de trabalho e missões da maior sensibilidade às quais respondeste sempre de uma forma surpreendente..com 8 meses de vida já fazias serviço de manutenção de ordem pública, passando por mais de 100 demonstrações por ano para crianças e diversas entidades militares/policiais e civis, passando pela intervenção táctica onde foste sempre um campeão..passando por várias provas onde comprovaste ser um herói e um verdadeiro campeão. Para mim hoje é um dia triste...mas onde estiveres estará sempre uma parte de mim...Fica em paz BIT....e até SEMPRE.." - Luís Feiteira
Thursday, April 20, 2017
"Os Géneros Musicais" - Gérard Denizeau
Proponho-vos um livro que achei muito interessante sobre música. Tem por título "Os Géneros Musicais - Para uma Nova História da Música" da autoria de Gérard Denizeau. Qualquer melómano reconhece facilmente de ouvido um concerto ou uma sinfonia concertante, sem, no entanto, conseguir determinar com clareza aquilo que os distingue. Também raramente estará habilitado a precisar, por exemplo, tudo o que o concerto romântico deve à forma sonata. E ser-lhe-ia, enfim, bem difícil identificar um madrigal ou um vilancico. Saber reconhecer os géneros musicais forma o ouvido, exercita-o de modo a discernir as diferenças, os parentescos, as características específicas. E é a isto que este livro se propõe. Desde os primórdios até aos nossos dias, este livro faz uma apresentação sistemática e arrumada dos diferentes géneros, dando disso alguns exemplos baseados em obras de referência. Um livro que não é para especialistas, mas um livro para todos os que se interessam pela grande música. A música como referência da nossa caminhada no mundo. Um livro que pode servir a muitos públicos, tem na sua linguagem simples e apelativa, o segredo para chegar junto do potencial leitor. Quanto ao seu autor cumpre dizer que, Gérard Denizeau é professor assistente de História de Arte Contemporânea e encarregado do Curso de Musicologia nas universiades de Nancy II, Paris IV e no CNED. É membro da Sociedade Francesa de Análise Musical. Este é um livro que recomendo pelo muito que ensina usando sempre uma linguagem simples. A edição é do Círculo de Leitores na sua coleção 'Compreender identificar'.
Wednesday, April 19, 2017
19 de Abril de 1506: Início do massacre dos cristãos-novos de Lisboa, relatado pelo humanista Damião de Góis, na Crónica de D. Manuel I.
Neste dia 19 de Abril de 1506 começou o massacre dos cristãos-novos em Portugal em pleno reinado de D. Manuel I. Dele há relato profuso na Crónica de Damião de Góis. Isto mostra como nesse tempo já longínquo a intolerância ia para além da sensatez. Portugal foi apenas um dos países europeus que escolheu este procedimento. Muitos outros se seguiram. Aqui eram os judeus as vítimas, mas poderia ser outro povo qualquer. Por isso, não deixa de ser curioso que olhemos para outros povos e neles vejamos o inimigo. Aqueles que querem por em causa o nosso modelo europeu ocidental. Seja sobre a forma de refugiados ou outra, a que apelidamos de terroristas, muitas das vezes apressadamente. A Europa está a viver uma espécie de lei do retorno causada por atitudes que foram assumidas em tempos idos. Já aqui trouxe muitas vezes este tema. (Não que esteja de acordo com a aniquilação do modelo ocidental que é o nosso, mas pela pressa com que apontamos o dedo a outros que fazem aquilo que nós já fizemos e que até, em vez de nos envergonharmos, temos orgulho em inscrever esses atos nas páginas da nossa História). Como é que aquilo que era bom para nós, agora passou a ser mau, só porque somos nós a vítimas? Esta é uma longa e controversa polémica, que repentinamente, passou a entrar no nosso discurso diário. Mas é preciso que não nos esqueçamos daquilo que fizemos, juntamente com outros povos, e aquilo que hoje colhemos. Nessa altura, judeus e muçulmanos viviam em sã convivência com os portugueses. E apenas a cobiça de nos apoderarmos dos bens e riquezas de outros, - nomeadamente os judeus -, levaram a este massacre. Massacres do género foram acontecendo ao longo da História do ocidente, mesmo em tempos mais próximos. Fruto da cobiça, mas também fruto da ignorância. Quando um povo se fecha sobre si mesmo e não tenta perceber o outro, está a criar o caldo onde a breve trecho um conflito aparecerá. Muitos destes conflitos têm na sua génese o desconhecimento do outro. E onde há desconhecimento há receio e medo. Receio e medo que é esbatido quando nos pomos a conversar sadiamente uns com os outros, sem preconceitos, e buscamos mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Dou como exemplo a Orquestra do Divã Ocidente-Oriente, projeto de Baremboim e Said. Em pleno conflito israelo-palestiniano, estes dois músicos apostaram numa orquestra que reunia jovens músicos israelitas e palestinianos. Ainda me recordo duma violinista israelita dizer que vinha a medo e sem saber o que poderia esperar. Depois foi o convívio franco e leal que a música proporcionou, e essa mesma artista dizia que tinha regressado ao seu país com uma outra perspetiva do outro, - leia-se dos palestinianos -, afirmando ainda que tinha feito amigos para a vida. (Isto é um projeto de amor e tolerância que todos podem ver porque está disponível em DVD nacional). Isto é do que o mundo está a precisar. De diálogo franco e leal. Sem reservas e sem medos. Apenas a criação de pontes pode levar ao entendimento, em vez dos muros que separam que tantos constroem por aí. Com muros nada atingiremos porque não conseguimos ver o outro. Não o conseguimos definir, dialogar. Ficaremos sempre com a visão de terceiros, que a política tão bem manobra, muito ao jeito do mito da caverna de Platão, onde apenas analisamos as sombras que confundimos com o mundo real. Enquanto assim acontecer, não haverá paz, seja qual for a época. A intolerância falará mais alto e alimentará o egocentrismo de alguns políticos. Assim, caminharemos para um mundo desordenado onde a capacidade destrutiva existente dá para o aniquilar várias vezes. E no fim, nada sobrará. A estratégia do 'olho por olho' conduzirá, como dizia Gandhi, a que fiquemos todos cegos. E é dum mundo cego que vos falo. Talvez já sem futuro nem amanhã. Apenas porque adoramos o deus da intolerância, coloca-mo-lo no centro e achamos que assim é que deve ser. E não era assim que deveria ter sido. Deixo-vos aqui um interessante texto sobre o tema.
"Desde os alvores da nacionalidade, sempre existiram minorias étnicas e religiosas em Portugal. Judeus e mourose, mais tarde, ciganos, constituem os contingentes mais expressivos. Os primeiros antecedem provavelmente as invasões dos segundos, tendo gozado muitas vezes de proteção e favorecimento régios, mercê das suas fortunas e atividades mercantis, e até da sua preponderância cultural. Inseridos num Portugal agropecuário e piscatório,dedicar-se-ão aos ofícios ou a actividades liberais (ciência, medicina, farmácia...) e gradualmente ao comércio e à finança, onde não conheciam grande concorrência.Ao longo da Idade Média, habitaram preferencialmente - de acordo com as suas ocupações profissionais - nas maiores aglomerações urbanas do País, em bairros próprios(judiarias; mourarias no caso dos árabes ou mouros, menos numerosos), praticando o seu culto, falando o seu idioma e mantendo as suas tradições ancestrais. Diplomaticamente, mantinham fidelidade à Coroa, a ela se subordinando. À parte alguns incidentes, principalmente motivados por questões religiosas, a sua vida no Reino não correu nunca grandes riscos de ser posta em causa.Tal acontecerá somente em finais do século XV, quando a sua posição social, económica e política está consolidada, mantendo uma relação quase simbiótica com o Portugal das Descobertas.
Na verdade, após a sua expulsão de Espanha por parte dos Reis Católicos (Isabel de Castela e Fernando deAragão) em 1492, muitos dos judeus que aí não se quiseram converter à força atravessaram a fronteira einstalaram-se no nosso País. Terão sido cerca de 60 000. D. João II, influenciado por judeus influentes na Corte(Mestre Vizinho, por exemplo, e talvez pelo rabi-mor peninsular, Isaac Aboab), acolhe-os, tanto mais que aquelespreferiram refugiar-se em Portugal a serem escravizados em Marrocos, para onde teriam de ir de barco, o que nãoconseguiam obter. D. João II impõe-lhes o pagamento de 8 cruzados para cá permanecerem, a pagar sob pena daservilidade ou da expulsão. Pretendia-se a fixação de operários especializados que faltavam em Portugal.Falecido D. João II, sucede-lhe D. Manuel, monarca que se revelou tolerante para os judeus que não podiampagar.Este monarca está, todavia, conotado com as páginas mais tristes do Judaísmo em Portugal. Em Março de1497, em troca da mão da princesa D. Isabel, filha dos Reis Católicos, como cláusula contratual de casamento, éimposta a expulsão de Portugal da comunidade judaica através de uma lei que entra em vigor nesse mesmo ano.Mas, habilmente, D. Manuel, para impedir uma saída tão numerosa de gentes do nosso País, envolvido na gestaultramarina, decreta o batismo forçado de mouros e judeus no prazo de dez meses. Caso não o aceitassem,teriam que abandonar o País. Os menores de 14 anos seriam entregues a cristãos.Esta medida visava o reforçodo poder real. Os judeus eram um bloco fechado detentor de certos privilégios e leis favoráveis no seio dasociedade civil. Torná-los legalmente iguais era uma medida que agradava à maioria da população. Há também ademonstração de uma útil tolerância por parte do monarca. Este, porém, mandará fechar os portos do País paraimpedir a sangria judaica: muitos, não querendo ser cristãos, suicidam-se, por vezes com as suas famílias. Pertode 20 000 ficaram retidos em Lisboa.A partir desta conversão forçada, passarão a chamar-se cristãos-novos,tendo um prazo de 20 anos para abandonar os costumes judaicos e se cristianizarem exemplarmente. Mas,clandestinamente ou não, grande parte dos cristãos-novos mantiveram os seus hábitos ancestrais. Em 1499 umalvará régio proíbe a saída do País aos cristãos-novos. Todavia, não lhes era limitada a ascensão a cargospolíticos ou administrativos. Ao mesmo tempo, poder-se-iam casar com cristãos-velhos.
Apesar de uma certa liberdade de consciência (não poderiam ser interrogados acerca da sua crença) e de algumaprotecção régia, a situação assumiu contornos dramáticos na fatídica Páscoa de 1506. Levantaram-se motinspopulares contra os cristãos-novos, tendo a população sido instigada pelos frades dominicanos. São perseguidose exterminados cerca de 2000, acabando nas fogueiras do Rossio. A desconfiança e a insegurança dos cristãos-novos, se nunca desaparecera, antes aumentava agora, obrigando-os a procurar outras paragens. O que desencadeou os motins populares?
A historiografia situa o início da matança no Convento de São Domingos de Lisboa, no dia 19 de Abril de 1506, um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado — fenómeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias - um milagre.
Um cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que esse milagre era apenas o reflexo de uma luz, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade que anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os "hereges".
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir. Manuel I penalizou os envolvidos, confiscando-lhes os bens, e os dominicanos instigadores foram condenados à morte por enforcamento. Há também indícios de que o referido Convento de São Domingos (da Baixa) teria sido fechado durante oito anos e sabe-se que os representantes da cidade de Lisboa foram expulsos do Conselho da Coroa (equivalente ao actual Conselho de Estado), onde tinham assento desde 1385, quando o rei D. João I lhes concedeu esse privilégio pelo seu apoio à sua campanha pela conquista do Trono português.
Em 1536, D. João III manda instalar o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) em Portugal, dentro de uma atmosferade fanatismo religioso que reconhecia nos cristãos-novos a causa de todos os males de que padecia o País. D.João III, de certa forma, orquestrou todo este ambiente de fundamentalismo cristão, temendo os ventos daReforma que varriam a Europa. Também houve instigações de grandes famílias terratenentes, interessadas emderrubar a burguesia mercantil através da Inquisição e da perseguição aos cristãos-novos (conotados com osgrupos de mercadores e financeiros), no intuito de refazerem as suas grandes fortunas gastas em aventurasmilitares em Marrocos e de reconquistar as hierarquias da nação.Sob o espetro da Inquisição, nunca mais oscristãos-novos, maioritariamente judeus, tiveram no reino tranquilidade. Continuaram, clandestinamente, a fugirpara os Países Baixos, Constantinopla, Norte de África, Salónica (Grécia), Itália e Brasil, mantendo laçossecretos e apoiando os cristãos-novos portugueses. A maioria das 1500 vítimas da Inquisição portuguesa eramtambém cristãos-novos, tal como uma boa parte dos seus 25 000 processos até à sua extinção. No nosso País, oSanto Ofício, por exemplo, influirá no desaparecimento dos ofícios nas regiões de Trás-os-Montes e Beiras, ondeos judeus eram os dinamizadores da produção de têxteis, sedas e lanifícios. Para além do confisco de bens, oscristãos-novos serão também vítimas dos atestados de "limpeza de sangue" nas candidaturas a cargos públicos,militares ou da Igreja, o que os afastava por possuírem confirmação inquisitorial.O século XVII pouco traz demelhor aos cristãos-novos apesar da "primavera" de D. João IV e do apoio do Pe. António Vieira. O apoiofinanceiro e político dos cristãos-novos à Restauração (através das conexões judaicas de origem portuguesa naEuropa) ter-lhes-á permitido uma certa ascensão social e algumas liberdades e garantias, iniciando-se oressurgimento dos grupos mercantis onde aqueles prosperavam. Com a morte de D. João IV, porém, recomeça opesadelo inquisitorial e as perseguições contra os cristãos-novos. O Marquês de Pombal, em 1773, porá fim aeste clima de instabilidade entre os cristãos-novos, acabando com as perseguições e cerceando duramente asatividades do Santo Ofício, desde logo ao eliminar os atestados de "limpeza de sangue". Os cristãos-novosperdem o estigma da culpabilização pela ruindade do mundo, a par do domínio da burguesia, eliminando-se asestruturas do Antigo Regime. Assim, transforma-se a Inquisição em tribunal de Estado, acabando com aencenação daquela instituição clerical contra os cristãos-novos que lentamente assumirão o seu Judaísmo.PedroNunes (matemático), Abraão Usque (editor e tradutor), Garcia de Orta (médico e naturalista), António José daSilva (dramaturgo que morreu na fogueira inquisitorial um pouco antes das medidas de Pombal), Ribeiro Sanches(médico), Baruch Espinosa (filósofo) e Rodrigues Lobo (poeta) são alguns dos cristãos-novos portugueses comdimensão histórica e cultural, herdeiros de um potencial intelectual e científico avançado em relação àquilo que onosso país produzia em termos de pensamento, técnicas, artes e letras. Muitas obras e indivíduos se perderamnas teias da Inquisição, apenas por terem nascido cristãos-novos. Calcula-se hoje, por outro lado, que boa partedas vítimas do Holocausto nazi descendiam de cristãos-novos portugueses fugidos nos séculos XVI e XVII." in cristão-novo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Tuesday, April 18, 2017
Um mundo à beira do abismo
Sempre houve coisas estranhas e insólitas em todos os tempos. Fosse na Idade Média ou em tempos mais remotos, nunca deixaram de acontecer coisas degradantes produzidas pelo ser dito humano. Em tempos de antanho, tal era fruto duma certa iliteracia, como era costume dizer-se, mas hoje, onde até a escolaridade obrigatória vem ganhando espaço, parece que pouco mudou. E não pensem que me refiro só ao que se passa no nosso país. Noutras latitudes os exemplos que nos chegam são tão ou mais perturbadores do que aqueles que vimos por terras lusas. Vemos do outro lado do Atlântico um louco que não hesita em lançar bombas à toa, apenas para esbater a falta de apoio interno. Nos antípodas, vemos outro não menos louco que acha que o sua maior glória era uma guerra nuclear, não pensando que no fim, nem ele nem os seu apaniguados, sobreviveriam. Depois temos aqueles outros que não têm qualquer rebuço em lançar bombas químicas sobre o seu próprio povo, com o intuito apenas de salvar o seu regime moribundo. E outros, não menos insanos, que acham que a morte cega e bárbara será a redenção face a uma qualquer religião. Servidores de deuses que nem sequer entendem. Celebrantes da morte para quem a vida parece ser insuportável. Também vemos líderes de países altamente poluentes que dizem que vão inverter a situação e apenas vemos o nível de poluição aumentar mais e mais, com todo o cortejo nefasto sobre o degelo dos pólos que pode ser o 'armagedon' num futuro mais ou menos próximo. E nem vale a pena recuar mais no tempo porque este nosso mundo sempre viu alguns loucos a dirigirem nações, a fomentarem guerras, a incentivarem a criação de armas cada vez mais mortíferas e devastadoras, num cortejo de horrores donde ninguém sairá vencedor. Esse sempre foi o destino duma Humanidade que se auto destrói desde o dia que apareceu sobre este planeta. Por cá, como país mais pequeno, temos problemas menores, mas mesmo assim problemas. Desde claques irresponsáveis que desejam que os adversários entrem num voo fadado ao desastre, até outros, - claques organizadas ou não, vai dar ao mesmo -, de festejarem mortes de adversários noutros tempos. Se o mundo do futebol sempre foi um mundo de gente, na maioria dos casos, limitada e fanática, tal não pode servir de desculpa para esta gente que mais se assemelha a uma estrumeira. Pior, porque o estrume ainda aduba a terra e esta gente nem para isso serve. Mas não pensem que é só ao nível tão básico desse desporto chamado de 'rei' que vem todo o mal. Para além do desporto (que devia ser uma forma salutar de vida, bem longe da indústria corrupta que é hoje) há muitos indicadores desta maneira sempre básica de se parecer o que se não é. E, na maioria dos casos, para se ser alguma coisa daquilo que se queria ser, não se olha a meios. Daí a corrupção sem fim, o lançar-se mão de todos os meios - legais ou não - com o intuito de se atingir aquilo que a vida não nos deu. Porque o ser-se defensor de causas para muitos não chega. O importante é o sucesso rápido e público para satisfazer o ego de alguns. E que pequeno ego tem essa gente sem disso dar conta! E assim vamos caminhando para o abismo. Um abismo que ainda teimamos em não ver, embora os sinais estejam aí cada vez mais visíveis. Neste mundo de loucos onde o apocalipse está ao dobrar da esquina, é altura de nos perguntarmos que espaço existe para o comum dos mortais. Gente que apenas quer viver a sua vida tranquila, sem sobressaltos, nem contrariedades. Gente de causas, sejam em prol do seu semelhante, dos animais ou da natureza. Mas mesmo estes, não podem deixar de estar atentos ao que se passa em seu redor. Atentos aos sinais que cada vez são mais perturbadores. Para que depois não sejam vítimas sem que disso se tivessem apercebido. Um mundo louco e de loucos. Uma galopada para o abismo, desenfreada, que poderá já não ter retorno.
Monday, April 17, 2017
Mais do mesmo!...
Quando cheguei ao abrigo nada havia. (Ver foto). Mais do mesmo. Tudo atirado de qualquer maneira como vem sendo hábito num total desprezo pelos animais que lá vão comer e por aqueles que lá vão abastecer de comida as taças. No outro abrigo também tudo tinha desaparecido. Apenas um pouco de comida de gato lá restava. Andei eu a dizer que no segundo abrigo a comida permanecia mas parece que, mais uma vez, falei de mais. Abasteci o primeiro abrigo, mas confesso que, não abasteci o outro. Para ser roubada toda a comida, basta um dos abrigos. Confesso-me cansado e desiludido. Conforme fiz eco neste espaço, vou lá desde sexta feira passada e nunca verifiquei que a comida não tivesse sido retirada. A água estava outra vez com aquela mancha gordurosa que volta e meia surge. Não sei o que é. Não tem nenhum cheiro. Ontem tinha lavado a taça e deixado água fresca. Lavei a taça e deixei água fresca de novo. Do cão e da gata nem sinais. Se demorarem, não terão refeição. Como vem sendo habitual na maioria das vezes. Já nada mais posso fazer. Nem eu, nem os amigos que ajudam neste caso. Só nos resta continuar ou desistir.
Sunday, April 16, 2017
Quando terminará isto!...
O aspeto no abrigo quando cheguei era o habitual. (Ver foto). Nada de nada, nem o pó da ração sobrou. E não me venham dizer que são só os ratos. São ratos sim, porque eles ali sempre existiram, mas há outro(s) rato(s) que faz(em) isto. Aliás, já lá existiram papéis a incentivar esse 'rato' a mudar de atitude. Tudo isto é triste e sem fim à vista. Só resta continuar ou desistir. Não há mais nenhuma opção. Nem o cão nem a gata apareceram. Se não foram lá logo, hoje será um dia de jejum.
Saturday, April 15, 2017
A saga continua!...
Pois no abrigo nada de novo. Apenas o habitual! Nada de nada e tudo atirado com desprezo. (Ver foto). Quando lá cheguei, a gata estava a comer no outro abrigo, mas logo veio ter comigo para comer do que levava. Estive lá ainda bastante tempo para que ela comesse o que desejasse enquanto eu tratava de arranjar o outro abrigo. Não deixei ração no outro porque ainda existia comida de gato. Apenas mudei a água. Amanhã quando voltar, vou ver se tenho a mesma desilusão que tive hoje e que tenho vai para um par de anos.
Hoje foi assim!...
Quando cheguei ao local do abrigo o aspeto era este. (Ver foto). Nada existia, nem ração, nem comida húmida. Abasteci as taças de novo. Quando cheguei ao outro abrigo o aspeto era o usual. Tudo virado, mas ainda havia alguma comida, daí que não deixei mais. Acho curioso por que no segundo abrigo a comida parece permanecer mais tempo. Ainda não percebi. Ou ainda não deram por ele, ou por uma outra razão qualquer que ainda não descortinei. Este abrigo estará mais exposto aos elementos do que o primeiro. Ao sol ou à chuva, mas desde que por lá continue e a comida vá resistindo já me sinto feliz.
Friday, April 14, 2017
Feliz Páscoa
Eis-nos chegados à Páscoa (Passagem), a festa maior do ritual cristão. Na crença cristã será a passagem duma forma de vida para outra superior. Crença arreigada à milénios que vai ocupando a nossa mente. Contudo, ela encerra um outro tipo de ritual, o lado sacrificial de animais. Dir-me-ão que não é só no Cristianismo que tal acontece. É verdade. Mas isso não significa que o não deixemos de condenar. Confesso que nestas festas fico sempre um pouco dividido entre a celebração e o sacrifício. Em tempos mais remotos, o sacrifício ritual era também de seres humanos, mas com o tempo, fomos amenizando essa prática substituindo-a só pela dos animais, seres sempre dependentes e sem direitos. E se esse lado sacrificial é para mim algo de terrífico. Na Páscoa ele assume uma forma bem mais aguda, porque se sacrifica talvez, o mais meigo dos seres, como é o caso do cordeiro. Parece que quanto mais fraco, ou brando na vida, nos expomos a ser trucidados pelos ritos. Isto é válido mesmo para os humanos que, quando pacíficos e brandos, são olhados como entidades menores. Este lado sacrifical sempre se assemelhou a algo de terrível, à bestialidade do ser humano no seu sádico intento, face à vítima inocente de tal desmando. As celebrações do nosso calendário deixam-me sempre com esta divisão entre o festejo e o sangue derramado de vítimas inocentes. Nunca consegui conciliar as duas. Nunca percebi como se podem sentar a uma mesa com um cadáver à frente para satisfazer a gula em alguns minutos. Como nunca entendi que o ser humano neste diálogo com o divino tenha que ter no meio o ceifar duma vida dum outro ser, tão digno de viver como eu ou vocês, ser que encerra em si, as alegrias e tristezas, tal como nós. Dúvidas que me apoquentam e para as quais não tenho resposta. Por isso, estas celebrações têm para mim apenas o lado espiritual, mas que se encerram aí mesmo, num modo onde a vida de outro ser sacrificado não tem lugar. Coisas que me entristecem há muito tempo. Coisas que me fazem pensar e refletir. Se Páscoa é a passagem duma forma de vida para outra mais digna de ser vivida, porque não começamos por poupar a vida destes animais? Interrogações e mais interrogações, num manancial de incomodidades que vão preenchendo a minha existência. É com estas dúvidas sempre existenciais que vou caminhando para mais esta Páscoa. Boa Páscoa a todos.
Thursday, April 13, 2017
Wednesday, April 12, 2017
Intimidades reflexivas - 958
"Ninguém é grande nem pequeno neste mundo pela vida que leva, pomposa ou obscura. A categoria em que temos de classificar a importância dos homens deduz-se do valor dos actos que eles praticam, das ideias que difundem e dos sentimentos que comunicam aos seus semelhantes." - Ramalho Ortigão (1836-1915)
Tuesday, April 11, 2017
Monday, April 10, 2017
Sunday, April 09, 2017
Domingo de Ramos
O tradicional domingo de ramos aí está. O pré-anúncio da Páscoa. Um ato simbólico que pretende relembrar um outro, bem mais definitivo, o da entrada de Jesus em Jerusalém, já lá vão mais de dois mil anos. Simbologia dum Cristianismo nem sempre assumido por muitos, mas sempre celebrado por todos. Uma contradição entre muitas outras em que muitos mergulham. O Cristianismo é pródigo em situações destas. É a única religião que conheço que se esconde atrás dum eufemismo do ser ou não praticante. Uma hipocrisia, mas enfim!... Nunca percebi isso, mas parece ser assim. Mas este dia, mesmo para aqueles que acham que a sua 'inteligência' rejeita tão absurdo momento, acabam por participar dele ativamente. Mas porque este também é o dia consagrado à visita aos padrinhos, este também é um dia especial para nós. Porque cumprindo a tradição - sempre a tão amaldiçoada tradição - aqui recebemos a nossa afilhada Inês. Alegre e prazenteira como de costume, irrompendo pela casa como faz todos os dias. Portadora da alegria que só uma criança é capaz de ser portadora em toda a sua pureza, esta minha afilhada irradia como sempre, essa luz muito especial que é apanágio desses seres luminosos que por vezes tocam as nossas vidas. (E não pensem que digo isto por amor de padrinho babado. É mesmo assim, mas perdoem-me não ir mais além). Para uma criança como ela, esta data não tem nenhum sentido especial. Porque para ela este dia é repetido diariamente ao longo da semana. É apenas mais um momento de estar com os seus padrinhos de que tanto gosta e que estes tanto a adoram. Mas é mais um dia de celebração. Um daqueles dias que nós, padrinhos, assumimos como nosso. (Afinal, e por ironia do destino, não existe nenhum dedicado a esta categoria de pessoas, os padrinhos!...). É domingo, solarengo e quente. Mas é também um dia de memórias - lá estou eu com as minhas memórias a cruzarem-se no pensamento - aquelas de que ontem aqui fiz eco. (Nunca consigo desligar a memória da morte da minha Mãe deste dia). E era então, também domingo de ramos, solarengo e quente. Mas a vida tem que continuar. E sobretudo ser celebrada. E nada melhor do que ela ser transportada nas mãos ainda frágeis duma criança. Bom domingo de ramos para todos.
(P.S.: A nossa afilhada Inês resolveu trazer aos seus padrinhos algo em que ela deixou o seu cunho pessoal. As pinturas são da sua autoria. Como isso nos aconchega a alma!... Obrigado, Inês, que continues a percorrer a tua estrada de luz é aquilo que mais te desejamos.)
Como é possível!...
De novo! Quando cheguei ao abrigo o aspeto era este. (Ver foto). Tudo roubado de novo. Confesso que já não sei o que mais fazer. O desalento é enorme. Abasteci as taças de novo. Apenas não deixei comida de gato porque não tinha. Se alguém lá passar e puder levar comida para a gata, seria bom. A saga continua. Não sei se ou quando terá fim.
Aos meus Padrinhos
Hoje é domingo de ramos tradicionalmente dedicado aos padrinhos. Hoje receberei a minha afilhada com todo o calor do mundo como habitualmente. Mas não posso esquecer também aqueles que me apadrinharam no início da minha vida. Eram os meus padrinhos, mas também, eram os meus avós maternos. Pessoas que, como aqui já fiz referência por diversas vezes, me educaram e com que vivi durante anos. É a eles que aqui quero também, neste dia, prestar a minha homenagem. Já ambos há muito deixaram esta vida, mas as memórias aí estão para relembrar tudo aquilo que se passou de bom nesse entretanto. É a eles que aqui quero publicamente homenagear. A minha avó e madrinha Margarida e o meu avô e padrinho José. Eles foram um farol muito importante na minha vida, na minha educação, na formação do meu caráter. Só por isso, já a homenagem era merecida. Mas também a memória se estende pelo tempo. A memória singela e perene de quem me fez bem e que não posso, nem quero, esquecer. A vós, meus Padrinhos, aqui quero desejar um feliz domingo de ramos. Lá onde estiverdes. Creio que estareis em paz!
Saturday, April 08, 2017
16 anos depois
16 anos passaram e parece que foi ontem. 16 anos de dor e sofrimento. 16 anos de pensamentos nem sempre muito construtivos. 16 anos de perdão dado mas não esquecido. (Há quem diga que isso não é perdão. Talvez seja assim!...). Fui perdendo toda a minha família, uma pessoa após outra, num espaço muito curto de tempo. Apesar disso sempre fui ultrapassando as situações. Afinal é o ciclo da vida. A única certeza que temos desde que nascemos. Mas o caso de minha Mãe perturbou-me muito. Pelo contorno virulento que teve. Pelo acicate de que foi alvo. Pela desfaçatez que encerrou. Há muitas formas de eliminar pessoas - nem sempre o tiro ou a facada são a ação definitiva - há formas mais subtis de o fazer. Aquela mais refinada de tortura psicológica que despoleta outras situações quiçá adormecidas ao longo duma vida. Confesso que passado todo este tempo ainda me sinto incomodado. Perdoar é um ato nobre mas nem sempre fácil. Eu sou um homem de fortes crenças e o perdão ocupa um espaço importante. Por isso também me sinto confuso. Porque muitas vezes o perdão embora dito e assumido é traído pelo coração. O coração que evita tal atitude, assim, sem mais. Talvez isso não seja um perdão. Talvez... A minha Mãe antes de partir, sempre me disse para perdoar que ela também já o tinha feito e não queria ir embora com esse peso no coração. Prometi-lhe isso. Demorou anos até conseguir. Contudo, ao fim de todo este tempo, por vezes me interrogo se o fiz de facto. Será que no meu coração esse perdão reside? Quero crer que sim, embora não tenha a certeza. E isso atormenta-me porque com a minha crença profunda não deveria haver espaço para a dúvida. Mas ela existe e nada posso fazer para alterar tudo isto. Mas esforço-me. Diariamente... Porque cada dia será um revisitar de memórias, - nossas ou alheias -, mas todas elas importantes para a nossa aprendizagem da vida. Este é o meu purgatório. 16 anos passaram e as memórias permanecem. Perdões dados. Não sei se assumidos embora queira que fossem. 16 anos de profunda dor. Apenas essa derradeira imagem duma Mãe em leito de morte a dizer-me para perdoar. Porque só assim a ajudava na sua caminhada noutra dimensão. E eu a prometer-lhe que sim. Mas o coração a interrogar-se. 16 anos depois essa batalha ainda continua. Por vezes amaciada pelo tempo. Por vezes viva de revolta. Mas quero crer que sim. Que a estrada da luz não lhe seja negada pela minha fraqueza. Pelo menos que o meu sofrimento ao longo de todo este tempo sirva como penhor da minha fragilidade. 16 anos passaram e parece que foi ontem. Era então domingo de Ramos. (Desde então, creio que este dia 8 de Abril nunca mais coincidiu com o domingo de Ramos. Apenas uma curiosidade. E acho que quando tal acontecer será a minha vez de partir. Apenas uma intuição). Mas teve que ser assim. Estava escrito que seria assim. Como alguém me disse à guisa de conforto 'que lindo dia ela escolheu para morrer'. Confesso que não pensei assim. Mas o tempo foi-me mostrando que era melhor seguir em frente. Com um fardo pesado às costas, sim. Mas seguir adiante, sem esmorecer. 16 anos passados a memória existe marcada a fogo no pensamento. 16 anos depois só me resta pensar que esteja em paz. Até sempre minha Mãe!
Outra vez!...
Depois de ontem a Paula Maia me ter informado da situação que deixou no abrigo onde colocamos o comida para o cão e a gata, foi a vez de eu encontrar a situação de novo, remexida. (Ver foto). A água estava de novo com aquele aspeto oleoso a que já fiz referência por diversas vezes. Lavei tudo e coloquei a comida que levava. Não deixei de ir ver o outro abrigo. Embora com a comida de gato toda espalhada, não mexi em nada. Tal deveu-se ao que encontrei lá. Peças de roupa a tapar o abrigo, coisa que nunca por lá tinha visto. Não sei se foi a Paula ou o Bruno Alves Ferreira que lá colocaram a roupa, por isso, pedia que me informassem sobre a situação. Vi também uma outra taça onde habitualmente se deixava a comida da gata, no espaço reservado aos depósitos de gás. Não sei se é para lá ficar ou se foi para ali atirada por alguém. Seja como for não mexi em nada. Já agora, pedia à Paula para ver uma informação que colocaram na sua mensagem sobre o reencontro que teve com a casota toda partida. Alguém lá dizia que se fosse possível repará-la que o faria. Não sei se leu ou não. É que, apesar da sua boa vontade, ela abrigará algum animal neste tempo mais quente e seco. Porque se chover, a água entra por todos os lados. Aqui fica a nota para o caso de não ter lido. Do cão e da gata nem sinais. Espero que vão lá depressa, caso contrário, lá ficarão em jejum mais um dia.