Turma Formadores Certform 66

Monday, December 31, 2018

Feliz Ano Novo 2019

Mais um ano passou quase sem nos apercebermos. Com o seu costumeiro cortejo de ansiedades, alegrias e tristezas, que inevitavelmente sempre acontecem. À medida que vamos envelhecendo temos a sensação que o tempo passa mais depressa face àquela ansiedade de jovem que nunca mais via o tempo passar. Talvez porque já não vivemos para o adquirir, mas para o gerir, para as memórias de tempos idos, à medida que o fim da linha se vai aproximando mais e mais. Este ano foi igual a tantos outros, mas quero aqui realçar a luta e tenacidade do meu velho companheiro Nicolau. Resistiu mais um ano, contra as expectativas de todos, até dos veterinários que o acompanham vai para um ano e meio. Mas ele lá continua, cada vez mais desgastado pelos anos, com mais dificuldades em se mover, mais recentemente, com a incontinência que começa a dar os primeiros sinais. Mas mesmo assim, ele lá vai lutando, dia após dia, para se manter vivo e junto de nós. E só isso me dá alento olhando para este velho amigo de dezasseis anos, e como ele mantém viva a chama do seu gosto pela vida. Espero que daqui a um ano, possa estar a dizer aqui a mesma coisa, isso será sinal que ele aguentou mais este ano para alegria dele e nossa. Nesta altura, é sempre usual pedir saúde, bem estar, se possível, algum dinheiro. Mas isso é recorrente todos os anos nesse ciclo sem fim que dura trezentos e sessenta e cinco dias. Mas se, pelo menos a saúde se mantiver, o pequeno núcleo familiar continuar, e também, a companhia do meu querido Nicolau, acho que já me darei por satisfeito. Espero também que o novo ano me faça um ser melhor, bem diferente deste que não é exemplo para ninguém, o menos digno de todos. Sempre fui muito exigente comigo mesmo. Com os anos a passarem, olhamos mais para o essencial e menos para o acessório. Porque a vida já nos deu experiências suficientes para sermos capazes de distinguir o trigo do joio. E assim continuaremos a palmilhar mais um calendário enquanto a vida nos permitir tal. Mas este é também um dia festivo, o do virar a página do calendário, e por isso, aqui quero desejar a todos os meus amigos, aos que o não são, àqueles que gostam de mim, mas também aos outros de que não gosto tanto, um Feliz Ano Novo de 2019. Que ele vos traga tudo de bom na medida dos vossos anseios e desejos. A todos um Feliz Ano Novo!

Sunday, December 30, 2018

A todos os animais sem exceção

Posso não entender poesia mas sou claramente contra o sofrimento dos animais explorados pelo ser dito humano. Tenho por eles o maior carinho e amor como se meus fossem. A todos os que passaram pela minha vida e que com a sua existência a iluminaram, estou grato. Sejam eles meus ou não. Ao fim e ao cabo, todos somos viajantes nesta aventura fascinante que é a vida.

Saturday, December 29, 2018

Intimidades reflexivas - 1324

"A única coisa que vale a pena é fixar o olhar com mais atenção no presente; o futuro chegará sozinho, inesperadamente. É tolo quem pensa no futuro antes de pensar no presente." - Nikolai Gogol (1809-1852)

Friday, December 28, 2018

Intimidades reflexivas - 1323

"Quanto mais sublimes forem as verdades mais prudência exige o seu uso; senão, de um dia para o outro, transformam-se em lugares comuns e as pessoas nunca mais acreditam nelas." - Nikolai Gógol (1809- 1852)

Thursday, December 27, 2018

'Joana D'Arc' - Mark Twain

Estamos habituados a leu Mark Twain num outro registo bem diferente deste como 'As Aventuras de Tom Sawyer' ou 'As Aventuras de Huckleberry Finn'. Aqui aparece-nos com um romance histórico profusamente documentado, a merecer segundo o autor "A minha melhor obra e também a mais importante." É de facto um livro surpreendente e com uma análise bem profunda à figura de Joana d'Arc. Lê-se na sinopse: "A vida de Joana d’Arc é única. Uma mera criança, ignorante, iletrada, uma pobre aldeã desconhecida e sem influência, encontrou uma grande nação acorrentada, indefesa e sem esperança sob domínio alheio, o Tesouro falido, os soldados desalentados e dispersos, o espírito entorpecido, a coragem morta no coração do povo graças a longos anos de ultraje e de opressão estrangeira e interna, o seu rei intimidado, resignado ao destino e preparando-se para abandonar o país; e ela pousou a mão sobre esta nação, este cadáver, que se ergueu e a seguiu. Levou-a de vitória em vitória, inverteu a maré da Guerra dos Cem Anos, estropiou fatalmente o poder inglês e recebeu o merecido título de «Libertadora de França». Quando resgatou o seu rei de uma vida dissoluta e lhe colocou a coroa na cabeça, recebeu recompensas e honras, mas recusou todas elas. Tudo o que estava disposta a aceitar - se o rei lho permitisse - era que a deixassem partir e regressar a casa na sua aldeia, cuidar novamente das ovelhas, sentir os braços da mãe à volta e viver para a servir e ajudar. O contraste entre Joana e o seu século - o mais brutal, o mais perverso, o mais podre da história - corresponde à diferença entre o dia e a noite. Ela foi sincera quando mentir era o falar comum dos homens; foi honesta quando a honestidade se tornara uma virtude perdida; cumpriu as promessas quando não estas eram esperadas de ninguém; foi firme quando se desconhecia a estabilidade, e honrada num tempo que esquecera a honra; foi um rochedo de convicções numa época em que os homens não acreditavam em nada e zombavam de tudo; foi de uma coragem destemida quando a esperança e a coragem haviam perecido nos corações da sua nação. Como recompensa, o rei de França, que ela coroara, deixou-se ficar indiferente, enquanto os padres franceses levavam a nobre criança, a mais inocente, a mais adorável de todas as eras, e a queimavam viva na fogueira." Este livro é aquele que devoramos avidamente mas que ao mesmo tempo vamos adiando página a página para prolongar no tempo a leitura biográfica de uma das figuras mais marcantes da história da humanidade. Um precioso romance histórico! Sobre o autor já quase tudo foi dito. Mark Twain, pseudónimo de Samuel Langhorne Clemens, escritor norte-americano nascido em 1835, na Florida. Quando tinha 4 anos a família mudou-se para Hannibal, na margem do Rio Mississípi. Mais tarde iria instalar-se no Connecticut. Viaja pela Europa, pelo Médio Oriente e por outros lugares do mundo.Viria a falecer em 1910 e é ainda hoje unanimemente considerado um dos grande vultos da literatura mundial. A edição é da Alma dos Livros.

Wednesday, December 26, 2018

A centralidade do outro na nossa vida

Neste período natalício pensemos no outro. O nosso partido deve ser desde logo o outro. Aquele a quem muitas vezes enfrentamos com ares de superioridade com penas de pavão. Mas não devemos esquecer que hoje temos penas de pavão e amanhã somos espanadores e as penas são as mesmas...

Tuesday, December 25, 2018

Feliz Dia de Natal!

Para aqueles que ofuscados pelas luzes, mesa farta e presentes, ainda não tenham percebido o que hoje se celebra no mundo cristão, pois vos digo que é o nascimento de Cristo que nesta noite aparece sempre em último lugar quando deveria aparecer logo à frente de tudo o resto. Este é o presépio primordial que nem sempre temos nas nossas casas e, se o temos, nem sempre lhe damos a devida atenção. Esta é a essência do que celebramos hoje, um nascimento, o nascimento de Jesus. Feliz Dia de Natal!

Monday, December 24, 2018

Feliz Natal!

E cá chegamos de novo ao Natal neste ciclo interminável da vida e do calendário. Depois da alegria dos enfeites, do presépio e da árvore, começa a minha contagem decrescente para a festividade com um crescendo de angústia. Já disso aqui vos falei variegadas vezes num reflexo quase pavloviano que ano após ano se repete. Coisas dum outro tempo já relativamente longínquo que a memória se recusa a eliminar. Mas angustiado ou não, o Natal aí está com o seu cortejo de luzes, prendas, comida, etc., que é o tradicional para a maioria das pessoas. Sou daqueles que não olha assim para o Natal. Neste dia sempre me lembro daqueles que já partiram, que deixaram o seu lugar vazio à mesa, mas que a recordação vai preenchendo. Lembro-me de todos os que não têm o conforto duma casa, o aconchego duma mesa abastecida, dum presente por mais modesto que seja só para lembrar que alguém os considera. Lembro-me dos animais acorrentados, ao frio e à chuva, lembro-me de outros que nada têm para se abrigar ou comer, lembro-me dos explorados para gáudio da populaça. Mas revejo também uma natureza desrespeitada, onde muitas árvores são mutiladas para servirem um percurso de poucos dias, findo os quais são atiradas para o lixo. Lembro-me de tudo o que não é alinhado com a tradição que se foi sedimentando ao longo dos anos, ao fim e ao cabo, lembro-me do puro Natal, aquele que representa um ser frágil humildemente deitado numa manjedoura, daquilo a que chamo o Natal primordial, aquele que o tempo e o consumismo fizeram esquecer, onde os símbolos maiores são substituídos por outros mais atuais que a moda impõe, ano após ano diferentes, porque é necessário ao negócio. O Natal dos simples substituído pelo Natal dos vendilhões do templo. Vendilhões modernos tergiversados de modestos e simples, porque a época a isso leva. O Natal espiritual substituído pelo Natal de fachada, sem sentido, onde tudo é alterado para encaixar na norma vigente. Por tudo isto, o Natal para mim tem um significado outro, um simbolismo outro, mas que quero que chegado o dia este passe depressa. Coisas incompreensíveis que talvez só para mim façam sentido. Mas é assim que olho para o Natal tentando celebrá-lo na frugalidade de antanho. Mas isso não me impede de desejar a todos os meus amigos, a todos os que não o são, a todos aqueles que gostam de mim, mas também a todos os outros de quem não gosto tanto, um Feliz Natal! Boas Festas para todos!

Sunday, December 23, 2018

Intimidades reflexivas - 1322

"Existe uma certa grandeza em repetir todos os dias a mesma coisa. O homem só vive de detalhes e as manias têm uma força enorme: são elas que nos sustentam." - Raul Brandão (1867-1930)

Saturday, December 22, 2018

Intimidades reflexivas - 1321

"Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. Continue, disse eu acordando. - Já acabei, murmurou ele. - São muito bonitos." - Machado de Assis (1839-1908) pequeno excerto de 'Dom Casmurro'.

Friday, December 21, 2018

Solstício de inverno

Solstício de inverno é um fenómeno astronómico que acontece todos os anos ao dia 21 ou 22 de dezembro. Em 2018 este solstício ocorre a 21 de dezembro. Esta data marca o início do inverno no hemisfério norte e do verão no hemisfério sul. Este dia é o dia mais curto do ano e consequentemente a noite mais longa do ano. A partir deste dia a duração do dia começa a crescer. Na antiguidade, este dia simbolizava a vitória da luz sobre a escuridão. O solstício de inverno irá começar hoje às 22h23 e termina a 20 de março de 2019. 

Thursday, December 20, 2018

Intimidades reflexivas - 1320

"Sempre que ouço alguém defender a escravatura, sinto um forte impulso de a ver aplicada a ele." - Abraham Lincoln (1809-1865) in 'Sobre a escravatura'.

Wednesday, December 19, 2018

Intimidades reflexivas - 1319

"É fácil amar os que estão longe, mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado."- Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)

Tuesday, December 18, 2018

Intimidades reflexivas - 1318

"O que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, quase lutuosa, é a desconfiança. O povo, simples e bom, não confia nos homens que hoje tão espectaculosamente estão meneando a púrpura de ministros; os ministros não confiam no parlamento, apesar de o trazerem amaciado, acalentado com todas as doces cantigas de empregos, rendosas conezias, pingues sinecuras; os eleitores não confiam nos seus mandatários, porque lhes bradam em vão: «Sede honrados», e vêem-nos apesar disso adormecidos no seio ministerial; os homens da oposição não confiam uns nos outros e vão para o ataque, deitando uns aos outros, combatentes amigos, um turvo olhar de ameaça. Esta desconfiança perpétua leva à confusão e à indiferença." - Eça de Queirós (1845-1900) in 'O Que Verdadeiramente Mata Portugal'.

Parabéns, Papa Francisco!

Hoje, 17 de dezembro, o Papa Francisco completa 82 anos de vida. Milhões de fiéis se alegram em todo mundo pelo aniversário do Pontífice nascido na Argentina e que sempre pede que se lembrem dele nas orações. Jorge Mario Bergoglio nasceu no seio de uma família católica no dia 17 de dezembro de 1936, no bairro de Flores, Buenos Aires, sendo o mais velho de cinco filhos do casal formado por Mario José Bergoglio e Regina Maria Sívori, ambos imigrantes italianos. Foi batizado no dia de Natal de 1936 na Basílica Maria Auxiliadora e São Carlos, do bairro de Almagro, em Buenos Aires. Em sua infância, foi aluno do Colégio Salesiano dos Santos Anjos e estudou na Escola Nacional de Educação Técnica Nº 27 Hipólito Yrigoyen, onde se graduou como técnico em química. Em seguida, trabalhou no laboratório Hickethier-Bachmann. Durante sua juventude, teve uma doença pulmonar e foi submetido a uma cirurgia na qual foi extirpada uma parte de um pulmão, o que não o impediu de desenvolver suas atividades com normalidade. Em 11 de março de 1958, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus no Seminário de Villa Devoto. Como noviço da Companhia de Jesus, terminou seus estudos no Seminário Jesuíta de Santiago, no Chile. Entre 1967 e 1970, cursou estudos de teologia na Faculdade de Teologia do Colégio Máximo de San José. Foi ordenado sacerdote no dia 13 de dezembro de 1969, poucos dias antes de completar 33 anos. Continuou seus estudos de 1970 a 1971 na Universidade de Alcalá de Henares (Espanha) e, em 22 de abril de 1973, fez sua profissão como jesuíta. De volta à Argentina, foi mestre de noviços na Vila Barilari; professor na Faculdade de Teologia de San Miguel; consultor provincial da Companhia de Jesus, cargo que ocupou até 1979; e reitor do Colégio Máximo da Faculdade. Foi nomeado Bispo Auxiliar de Buenos Aires pelo Papa João Paulo II em 20 de maio de 1992. Quando a saúde do então Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Antonio Quarracino, começou a se debilitar, Dom Bergoglio foi designado Arcebispo Coadjutor em 3 de junho de 1997. Ao falecer o Cardeal Quarracino, ele o sucedeu no cargo de Arcebispo de Buenos Aires em 28 de fevereiro de 1998. Durante o consistório de 21 de fevereiro de 2001, o Papa João Paulo II o criou Cardeal. Como Cardeal, fez parte da Comissão para a América Latina; da Congregação para o Clero; do Pontifício Conselho para a Família; da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; do Conselho Ordinário da Secretaria Geral para o Sínodo dos Bispos; e da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Foi presidente da Conferência Episcopal Argentina em dois períodos consecutivos, de novembro de 2005 até novembro de 2011. Integrou também o Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM). O Cardeal Bergoglio sempre teve um estilo de vida singelo e austero. Vivia em um apartamento pequeno em vez da residência episcopal, renunciou à sua limusine e a seu motorista, deslocava-se em transporte público e preparava sua própria comida. Gosta de ópera, tango e é amante do futebol. Ele segue sendo sócio ativo do Clube Atlético San Lorenzo de Almagro, seu time do coração. Em 13 de março de 2013, foi eleito Pontífice, sucedendo o agora Papa Emérito Bento XVI.

Monday, December 17, 2018

Gallete des Roi

Diz-se que Natal é quando um homem quiser e assim foi hoje em minha casa. Não propriamente Natal mas sim Reis. É que tivemos como sobremesa a famosa 'gallete des roi'. Para quem não conhece, esse é um bolo que é central na mesa de Reis em França. (Vejam a foto anexa). Contudo, quero aqui penalizar-me porque a foto que publico é uma que encontrei na internet - é que a 'gallete' era tão boa que nem tive tempo de tirar foto - como bem compreenderão. Já agora, e de novo para quem não conhece estas tradições, este bolo é vendido com uma coroa, e tem como 'brinde' - tal como acontece ou acontecia no nosso bolo rei - só que aqui é um pequeno Menino Jesus branco. A quem saí-se essa imagem, ficava com a coroa de rei. Tradições bem diferentes das nossas, onde nem sequer se celebra a preceito os Reis, mas que acabam por ser isso mesmo, a marca dum povo, duma outra latitude, com uma diferente cultura. Apesar da globalização, ainda existem fronteiras como esta a marcar a diferença. Tudo isto porque hoje resolvemos que acontecesse Natal cá em casa, - ou melhor Dia de Reis -, sempre que um homem quer.

Feliz aniversário, meu Avô!

Faria hoje 108 anos caso ainda por cá andasse. Falo do meu avô materno e padrinho José, que já à muito partiu. Ele foi sempre uma referência, e ainda o é nos dias de hoje. Perante uma dificuldade, muitas vezes me interrogo de como ele a ultrapassaria. É recorrente ir buscar à sua memória os ensinamentos de antanho. Foi com ele que praticamente fui educado. aprendi com ele as primeiras letras, juntamente com a minha mãe, sempre com regra apertada como era apanágio de então, porque a disciplina e a crença de lutar pelos sonhos começa bem cedo e não já numa fase posterior onde o ego já está a ser deformado pelo mundo que nos circunda. Estou-lhe grato por isso tudo porque sei que tenho uma enorme dívida para com ele que nunca lhe paguei. Porque aqueles que nos formam, nos formatam para que sejamos seres melhores numa outra idade, serão sempre credores da minha gratidão e estima. Das brincadeiras de infância até aos ensinamentos da adolescência, e mais tarde, ao inicio duma atividade profissional, o meu avô e padrinho nunca se escusou, assumindo sempre o aconselhamento que achava útil. Hoje seria o dia do seu aniversário, e não pude deixar de recordar outros tempos, outros momentos, mas sempre com aquela admiração que se deve ter pelos nossos maiores, coisa rara nos tempos que correm onde os mais velhos são descartados ao virar da esquina. Eu não fiz isso, não faço isso, não farei isso. Porque se o fizesse, sentir-me-ia a trair a memória dum grande homem a quem muito devo. Espero meu avô José que lá onde estiveres que estejas em paz. Feliz aniversário!

Sunday, December 16, 2018

Parabéns, Margarida!

Mais um aniversário se cumpre desta amiga que vive na longínqua cidade de Bragança. A razão de vir a terreiro não passa só pela celebração do seu aniversário. Esse é o pretexto para vos falar de novo desta grande mulher. Um membro das forças de segurança de Bragança que em determinada altura, - qual revelação -, passou a dedicar a sua vida à causa dos animais sem voz. Só isto já merecia uma celebração, mas a Margarida Ferreira foi mais longe. A Margarida sofre duma doença que a vai apoquentado nos últimos anos, - o lúpus. Mas apesar das muitas limitações que a doença lhe impõe, esta mulher de rija tempera não deixou de fazer da causa animal a sua causa. Nem sempre compreendida entre os seus pares, mas sempre resiliente, isso faz da Margarida um verdadeiro símbolo, uma força de inspiração para todos aqueles que fazem da defesa dos animais a sua causa. Já conhecia a Margarida a algum tempo, sempre lhe fui dedicando um ou outro texto em tempos de escuridão, (porque é nessas alturas que se vê quem está sinceramente connosco), o que levou até a Margarida a questionar um texto que eu tinha publicado e que apareceu no Google e de quem ela não conhecia a autoria. Lá me apresentei e disse o que de justiça achei que devia a uma pessoa grande e nobre que estava a passar a sua provação. Sei que a Margarida é irreverente, com aquela frontalidade transmontana que é típica de quem nasceu nessas terras, e isso não lhe tem trazido muitas amizades. Mas isso pouco lhe importa. O que de facto são a sua razão de ser, são os pobres animais que encontram na Margarida a voz que a natureza lhes retirou. A Margarida sempre representou para mim, e já lá vão uns anos, uma daquelas forças da natureza que vieram para cumprir um desígnio e que o faz com toda a coragem e denodo. À um ano atrás, a Margarida foi uma peça fundamental no resgate do Repinhas, o último cachorro da chamada matilha de Rio Tinto, e que posteriormente, lhe arranjou uma adotante onde ele terminará o pouco tempo que lhe resta em paz. ( A minha gratidão por se ter apiedado dele tê-la-á sempre enquanto o discernimento me acompanhar). A Margarida é assim, um coração largo e abrangente, uma voz firme em defesa dos que não a têm, uma mulher de antes quebrar que torcer. A Margarida é isto tudo e muito mais. Como digo recorrentemente, a Margarida é o símbolo, a referência para todos aqueles que vêm na causa animal a sua causa, a verdadeira, e não outros equívocos que por aí andam. A Margarida será sempre o meu símbolo de coragem, - mesmo com limitações que a condição física lhe impõe -, mas sempre forte e destemida onde houver um animal sofredor. Muito do que aqui digo, talvez até tudo, já vós o sabeis, mas nunca é demais frisá-lo porque pessoas com esta grandeza não existem assim tantas por aí. Aqui fica o testemunho de quem muito a admira por tudo o que faz e, sobretudo, por aquilo que é. Um feliz aniversário, Margarida! Que esta data se repita por muitos e bons anos. Tenha um ótimo dia e que a luz que ilumina a sua estrada nunca lhe falte, porque o merece, porque é fundamental para a enorme obra que faz pelos animais. Bem haja.

Saturday, December 15, 2018

Intimidades reflexivas - 1317

"Entre nós, a mentira é um hábito público. Mente o homem, a política, a ciência, o orçamento, a imprensa, os versos, os sermões, a arte, e o país é todo ele uma grande consciência falsa. Vem tudo da educação." - Eça de Queirós (1845-1900)

Friday, December 14, 2018

Intimidades reflexivas - 1316

"Descobri que se leva anos para se construir a confiança e apenas segundos a destruí-la, e que há coisas que podemos fazer num instante, das quais nos arrependeremos o resto da vida." - Autor desconhecido.

Thursday, December 13, 2018

intimidades reflexivas - 1315

"Não precisa ter pressa. Não há necessidade de brilhar. Não precisa ser ninguém além de si mesmo." - Virginia Woolf (1882-1941)

Wednesday, December 12, 2018

Novas do Nicolau

Depois da crise de ontem, que pensei ser a derradeira dada a sua violência, o Nicolau passou bem a noite. Foi um dia de jejum. Não quis comer nada, apenas bebeu muita água. Depois foi um sono profundo até cerca da 1,30 horas da madrugada, quando pediu para ir lá fora fazer as suas necessidades. Depois voltou e logo adormeceu. Só por volta das 8 horas da manhã acordou. Já andou melhor. Comeu a sua habitual refeição, hoje mais reforçada, sem antes andar atrás da Rosita. Agora veio para junto de mim e deitou-se. Irá dormir mais um bom pedaço. Aparentemente o pior já passou. O Nicolau está a voltar ao seu normal até que a nova crise surja. Um dia de cada vez é o seu desiderato nestes tempos. Desta vez o Nicolau venceu de novo. Veremos para a próxima. Quero aqui agradecer a todos os que me enviaram mensagens pelas mais diversas formas de apoio ao Nicolau. Um muito obrigado do fundo do coração. Caso se justifique voltarei a dar novas do meu velho companheiro. Por agora tudo voltou ao normal. Um obrigado a todos.

Intimidades reflexivas - 1314

"Os tristes, os deserdados, os pobres, os oprimidos, quando tudo lhes falta, o pão, o lume, o vestido, têm sempre, no fundo da alma, uma cantiga pequena que os consola, que os aquece, que os alegra. É a última coisa que fica no pobre. E então a cantiga vale mais do que todos os poemas." - Eça de Queirós (1845-1900)

Um grande susto

O meu velho e querido companheiro Nicolau teve uma das suas habituais crises. Esta foi mais forte. Pensei que a hora dele tinha chegado. Mas o velho guerreiro resistiu de novo. Vamos a ver como passa a noite e como acorda pela manhã. Estou de coração apertado com aquela sensação de que algo pode acontecer. Talvez seja só o querer afastar a situação da minha mente. Sinto-me muito tenso. Ele só quer estar junto de nós. Hoje mais do que nunca. E nós só queremos estar junto dele. Dar-lhe as melhores condições até à sua hora derradeira. Esperemos que não seja para já. Força, Nicolau!...

Tuesday, December 11, 2018

Pela boca morre o peixe (ou a má educação da minha afilhada Inês)

Há um par de anos atrás, o local onde habito era preenchido por pessoas de baixa condição, gente simples e modesta, com baixa escolaridade ou até mesmo analfabetos. Quando aqui cheguei com cerca de 10 anos tive aquele que seria o meu primeiro choque cultural porque ignorava que houvesse pessoas assim. Tudo era novo para uma criança que vinha dum outro meio e dum outro ambiente. O primeiro de muitos outros com que a vida me tem presenteado. O ser simples e modesto não é uma estigma, bem pelo contrário, e não é sinónimo de má educação. Contudo, aqui as duas - a pobreza e a má educação - conjugavam-se na perfeição o que levava a que um qualquer incauto achasse que uma não era separada da outra. Nada mais errado. As crianças eram 'educadas' (as aspas têm razão de ser e já verão porquê) a desde tenra idade pronunciarem o vernáculo mais torpe e reles que se pode imaginar, e os pais ou afins, até achavam 'as crianças muito espertas porque diziam os palavrões todos e duma forma clara'. (Pronunciavam melhor os palavrões  do que dizerem pai e mãe coisa que por vezes só mais tarde aprenderiam). Sempre me meteu muita confusão porque tudo isso estava nos antípodas do mundo donde vim e da educação que me foi dada. Mas era assim e com isso tinha que conviver. Deixo aqui um caso que conheci de perto, duma senhora que educou assim os seus filhos e netos, e mais tarde, espancava-os dizendo que 'ela falava mal mas os netos não o poderiam fazer'. Como se uma criança percebesse o que isto significava. Mas enfim, eram assim estes tempos dos quais não guardo qualquer saudade. Mais tarde, ou porque muita gente se mudou, sobretudo os mais novos; os mais velho foram morrendo, levou a que as coisas se fossem alterando para melhor duma forma talvez lenta mas firme. Pensei que nunca mais voltaria a ver situações idênticas mas enganei-me. Os mais jovens são mais liberais na sua educação - ou melhor, na falta dela - e os seus progenitores nem sequer lhe podem fazer reparo porque a educação primordial que começa na família é essa, e portanto, eles apenas são o espelho, o reflexo se preferirem, daquilo que é a sua vivência intra muros. Os progenitores, já com uma educação diferente para melhor do que aquela que os seus pais tiveram, - ou pelos menos assim deveria ser -, não fazem jus disso mesmo e caem com facilidade na boçalidade mais torpe. Daí o ciclo não se quebrar antes potenciando-se duma forma mais refinada com a mesma funesta consequência. Quando isso toca pessoas que me são mais próximas, confesso que me sinto tão incomodado como no tempo de antanho, diria até que mais incomodado, porque esta geração tem acesso a instrução que os seus antepassados não tiveram o que agrava sobre maneira a situação do meu modesto ponto de vista. E, como se já não fosse suficiente, quando tentamos corrigir a situação, e eles ainda fazem pior porque estão formatados para a irreverência, mas que também colhe o apoio dos seus maiores que, de certo modo, se sentem atingidos também. O que até compreendo, mas acho que as gerações mais velhas querem sempre que a geração mais nova seja melhor do que eles o que parece aqui não ser o caso. Entre a 'práxis' e a intenção há um oceano a separá-las. Como diz o jargão popular 'pela boca morre o peixe' parece aqui ter toda a sua aplicação. Porque pensei que não veria na geração mais jovem coisas que vi em tempos idos, numa altura em que a ignorância campeava em toda a linha, mas enganei-me. Afinal esta nova geração, dispondo de ferramentas que os seus antepassados nem sonhavam, seguem os mesmos passos, o que os colocam ainda mais baixo do que os mais velhos, exatamente porque dispõem duma panóplia de informação e de conhecimentos que os deveriam colocar num patamar bem diferente. Sinal dos tempos, talvez, - todos os tempos têm os seus sinais -, mas seguramente sinal de que continuamos tão atrasados como dantes. É pena que assim seja e contra isso estarei sempre do outro lado da barreira. seja contra quem for, ou seja pelo que for. A educação é um dos baluartes maiores para uma caminhada firme na vida, coisa que continua rara como em tempos pretéritos.

Monday, December 10, 2018

Intimidades reflexivas - 1313

"E, subitamente, percebi que não existe a pessoa certa. Nem na terra, nem no céu. Nem seja lá onde for, podes ter a certeza. Existem somente pessoas, e, em todas elas, um pedacinho da pessoa certa, mas em nenhuma se concentra o que se aguarda e dela esperamos." - Sándor Marái (1900-1989) in 'A Mulher Certa' (fragmento)

Sunday, December 09, 2018

A caminhada dura e difícil do Nicolau

A caminhada na estrada da vida para o meu velho companheiro Nicolau está cada vez mais penosa e difícil. Embora ainda não incontinente, o Nicolau para lá caminha. Ele sempre tão limpo ao longo da vida, de vez em quando, lá vai fazendo as suas necessidades durante o sono, com uma perda de sensibilidade evidente. Depois fica triste, talvez até humilhado, quando disso dá conta. Por vezes, fica muito sujo e lá temos que lhe dar banho. Banhos que ele sempre detestou e que disso dá notícia com as suas interjeições. Cada vez dorme mais, anda sempre junto dos donos onde quer que nos encontremos. Tem essa ânsia de privar connosco no tempo que lhe resta de vida, mas também, porque sabe das suas limitações e precisa de ajuda. Cai frequentemente e depois só se levanta com a nossa ajuda. Já não é capaz de o fazer por si, ou então tem que fazer um enorme esforço, quase sempre inconsequente. Está a perder a visão aos poucos e isso dificulta-lhe a marcha. Tem cataratas, para além de artroses, tumores e sei lá mais o quê, ao fim e ao cabo, é o preço que ele está a pagar pelos muitos anos que já leva de vida. (As cirurgias estão postas de lado pela sua idade e pelos vários problemas de saúde que tem). E ele sabe disso, da sua fragilidade evidente e, talvez por isso, nunca quer estar sozinho. Não quer, nem pode, e disso já estávamos informados pelos vet's, quando à um ano e meio atrás lhe sobreveio o grave problema de saúde por que passou. Tem sido uma caminhada dura e difícil para ele, mas também para nós, embora a façamos com carinho e amor como sempre faremos enquanto ele por cá andar. (Oxalá que a saúde e as forças não nos faltem até à sua hora derradeira). Confesso que é triste ver a degradação dum ser tão magnifico e imponente mas, - tal como nos seres dito humanos -, não é mais do que o cumprimento do ciclo da vida que vai reclamando o seu quinhão. Apesar de tudo isto, o Nicolau tem uma forte vontade de viver e de estar connosco, isso é sentido por nós a toda a hora. E pela nossa parte, tudo faremos para que ele continue a brilhar na nossa vida não olhando a sacrifícios para que ele vá tendo a dignidade de vida possível. O meu velho companheiro aqui está, a dormir como faz frequentemente, aqui bem junto a mim, como também é seu hábito. Mais um dia que ele venceu, e luta por vencer este novo dia que se apresenta. Vive um de cada vez numa luta titânica e sem tréguas. Um dia será vencido, como acontecerá com todos nós. Mas que esse dia ainda venha longe é o que esperamos e desejamos.

A saga da Rosita

A Rosita por cá vai andando alegre e prazenteira, como a sua juventude implica. Vai ensaiando umas fugas do Nicolau, embora este já não consiga acompanhá-la. Sempre anda de volta de nós, a pedir colo e carícias. Come bem, está bastante anafadinha, embora com aquele ar de caçadora que tanto me entristece. Tenho que compreender que é o seu instinto, mas confesso que não é fácil, porque cá em casa não se matam animais sejam eles quais forem. É uma situação estranha esta da Rosita enjeitar os seus donos, embora estes de donos só lhe terem o nome. Logo de manhã cedo aparece para comer, e às horas habituais das refeições aí anda ela para obter a sua. Muitas vezes dorme por cá numa das duas camas que tem. Aparente feliz, só assustada com as gatas da vizinhança que volta e meia a atacam. Tentamos evitar isso, mas não tem sido fácil. Assim se vão consumindo os seus dias, nesta alegre disponibilidade que a Rosita sempre tem. 

Saturday, December 08, 2018

Intimidades reflexivas - 1312

"Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos, façamos tudo para não viver inteiramente como animais." - José Saramago (1922-2010)

Friday, December 07, 2018

Intimidades reflexivas - 1311

"Nós somos casas muito grandes, muito compridas. É como se morássemos apenas num quarto ou dois. Às vezes, por medo ou cegueira, não abrimos as nossas portas." - António Lobo Antunes

Thursday, December 06, 2018

Um mistério chamado Rosita

Desde que tenho a Rosita como nova centralidade da minha casa só tenho tido surpresas. Ela aparece e desaparece sem que saiba a razão, o que acho pouco normal para uma gata castrada. Mas o certo é que acontece. Também fico com a sensação que quando dou notícia do seu desaparecimento, ela logo aparece. Foi mais uma vez o caso. Ela tinha desaparecido no passado domingo e apareceu hoje ao fim da manhã. Cada vez fica fora mais tempo e não sei a razão. Apareceu um pouco suja e com uma fome terrível. Logo lhe dei de comer e parece que a Rosita voltou à sua rotina habitual até que desapareça de novo. Mas este animal tem-me feito interrogar sobre a condição da relação do ser humano com os animais e vice-versa. Que um animal estimado na minha casa desaparecesse sem razão já seria um mistério insondável para mim, mas que os donos aceitem a sua ausência com uma enorme indiferença é demais. Parece que o ela andar por cá ou não, não implicava nenhuma mudança, e a vida lá continuaria à mesma. Eu sentir-me-ia incomodado se tivesse um animal que trocasse a minha casa pela dum vizinho, porque de certeza haveria uma razão, e eu teria que tentar descortinar qual era. 'Mas o importante é que está bem', conforme me disseram por várias vezes, e pronto, a consciência está apaziguada. O ela desaparecer sem deixar rasto seria uma angústia para mim porque logo viria à minha memória algo que lhe poderia acontecer, e logo num local onde os gatos não são bem vindos para algumas pessoas. Mas essa aparente paz interior de que se calhar alguém a recolheu é algo que me tira do sério. Não quero falar mais sobre isso porque o tema mexe comigo de tal forma que receio poder vir a ser inconveniente e não quero. Afinal o mais importante é a Rosita regressou, parece que por mais algum tempo estarei descansado porque voltou à sua habitual rotina. Nestes dias e sempre que chamava por ela, aparecia a Maria, a sua potativa irmã, que me olhava triste e miava e ia embora, como a dizer-me que também não sabia nada dela. Até por isso, acho que os animais são bem mais solidários do que nós e sentem as ausência com mais dor do que a nossa. Como disse hoje de manhã e citando um célebre escritor francês, 'quanto mais conheço os homens mais gosto dos animais'. Assim termino da mesma maneira e com o mesmo sentimento. Obrigado a todos os que me contactaram para saberem da Rosita. Muito obrigado.

A Rosita desapareceu de novo

Desde à vários dias que a Rosita desapareceu de nossa casa. A última vez que estive com ela foi no passado domingo. Embora não sendo nossa - será que não é? - a Rosita, aliás Mariana (embora cada vez mais Rosita do que Mariana) por cá ficava e já fazia parte da casa. É certo que andava um pouco triste com ela porque volta e meia lá aparecia com um outro ser na boca, por vezes ainda vivo, como um troféu. (Chegamos a tirar-lhe alguns desses seres que ela apanhava para tentar dar-lhes uma segunda oportunidade). Mas sabemos que isso é parte do instinto do animal, predador por natureza tal como a nossa espécie. Contudo esta ausência vai doendo, porque existe uma espécie de vazio a que até o Nicolau - que não gosta nada dela - parece notar a falta, quanto mais não seja por andar a tentar persegui-la. Já não é a primeira vez que a Rosita desaparece, mas nunca aconteceu ser por tanto tempo. Preocupado com a situação, dirigi-me a casa da pretensa dona para lhe colocar a situação e ver se ela estaria por lá. Não estava, já tinha trocado aquela casa pela minha à muito, e foi com uma certa indiferença que me foi dito que enfim, talvez alguém tivesse ficado com ela pela sua meiguice. Vim a saber que afinal ela tinha vindo para essa casa ainda bebé fruto da morte da dona que tinha, que, ao que me disseram, morava perto das nossas casas, como vim a saber que a Maria - que sempre me foi dito ser a irmã da Mariana / Rosita - afinal não o é porque foi uma das suas filhas que a trouxe de Lousada e que nem a queriam aqui. De facto a indiferença, a maneira simples e ligeira com que se descarta um animal, será algo a que nunca me habituarei. Vim inclusive a saber que a Maria tem um tumor na barriga, mas como a operação é cara, fica assim e logo se verá! Esta indiferença perante os animais dói, pelo menos a mim. Já tinham sido varridos da casa, pretensamente porque faziam as necessidades lá dentro - embora as filhas me tivessem dito o contrário - retiradas para o exterior, num barraco onde existem muitos ratos que até lhes comem a comida, segundo a própria. Daí ela aparecer na minha casa com alguns que caçava vinda da sua. Confesso que tudo isto é um turbilhão de sentimentos que me avassala. Sobretudo fruto do desconhecimento da situação da Rosita. Se alguém ficou com ela, espero que seja feliz; se morreu, pois que esteja em paz; mas, o que mais me preocupa, é se está por aí em sofrimento sem que lhe possa valer. E isso aperta-nos o coração embora não nos considera-se-mos seus donos. A comida seca continua lá no sítio habitual e a respetiva água sempre mudada todos os dias, O paté aguarda por ela sempre na expectativa  de que apareça. Veremos se voltará ou não. É nestes momentos que me vem à memória a frase de Victor Hugo: "Quanto mais conheço os homens mais gosto dos animais". E ele bem sabia porquê... tal como eu.

Intimidades reflexivas - 1310

"A matemática é a ciência da ordem e da medida, de belas correntes de raciocínio, todos simples e fáceis." - René Descartes (1596-1650)

Wednesday, December 05, 2018

Intimidades reflexivas - 1309

"O que é um rebelde? Um homem que diz não." - Albert Camus (1913-1960)

Tuesday, December 04, 2018

Intimidades reflexivas - 1308

"Muitos terão que passar para que o conhecimento cresça." - Francis Bacon (1561-1626)

Monday, December 03, 2018

Intimidades reflexivas - 1307

"Majestade, o que me pedis é impossível; é indispensável que sofrais e passeis por todos os passos necessários para entender a ciência. Não existe um caminho real em matemática." - Euclides (século III a.C.) para Ptolomeu I que queria que aquele lhe ensinasse matemática.

Sunday, December 02, 2018

"AVISO URGENTE: ACORDAR!"



Um texto magnífico de Teresa Botelho, no Blogue Retalhos de Outono, que diz do triste e pobre e medíocre, muito medíocre, estado da Nação…
É pouco provável que o povo acorde. Está dopado com futebol e novelas. E a televisão é a seringa.
SOFRIMENTO DE TOURO.png
Os das touradas pagam IVA a 6% (IVA igual ao das Artes Maiores e do pão dos pobres) para estraçalhar seres vivos dotados de sensibilidade, interesses próprios e dignidade,conforme o reconheceu o Parlamento Europeu, há coisa de uma semana,  existindo já legislação que efectiva este reconhecimento, mas apenas fora das fronteiras da Península Ibérica, ou seja na EUROPA. Razão tinha o meu professor de Geografia, na universidade brasileira que frequentei, o qual dizia  que a Península Ibérica pertencia à África. Na altura, levantei-me e barafustei. Hoje, ter-lhe-ia dado razão.
***
Texto de Teresa Botelho

«O Campo Pequeno tocou hoje na Assembleia!

Quem é que teve o desplante de chamar "Casa da Democracia" a esse edifício neoclássico onde se burla o povo que, de venda nos olhos, a sustenta? 
    
 O governo decidiu que o IVA das touradas, não deveria ser de 6% como outros espectáculos, por ser considerado violento e inadaptado à actual evolução civilizacional, mas foi desautorizado não só pela maioria dos partidos, como por metade do grupo parlamentar que o suporta.

 Enfim, não será por ninharias que o amianto de certas escolas deixará de ser retirado, as estradas reparadas, os equipamentos médicos renovados, ou se compre pelo menos um comboio novo, para fingir que se investe qualquer coisinha nos transportes públicos.

 Voltemos então à "Casa da Democracia" e à votação do IVA das touradas, com música de fundo, olés e uma homenagem especial ao "grupo de forcados do largo do Rato" cujo número afinal é de 43, embora a maioria não consiga já com um gato pelo rabo (salvo seja), quanto mais com um touro... 

 Nestas coisas de pegas de caras e bandarilhas, a união das bancadas é como aqueles casamentos de conveniência, onde as desavenças e as traições se resolvem com um cartão de crédito. 

 Um deputado do PSD que por acaso não devia ter grandes razões para graçolas, visto que é um dos arguidos por recebimento indevido de vantagens das viagens ao Euro 2016, pagas pela Olivedesportos e que era para ter sido resolvido no passado mês de Agosto (2018), mas que pelos vistos não o foi por causa do calor, mas se não se falou mais nisso, foi porque agora já faz frio. 

 O humorista de turno, foi Luís Campos Ferreira que brindou a Assembleia da República com a música da tourada, gravada talvez no seu telefone, pela sua estimada mana Fátima Prós e Contras, durante algum orgasmo familiar experimentado durante as touradas transmitidas pela RTP. 

 Assim são os políticos portugueses, tranquilos e confiantes, dependendo da quadrilha, porque alguns, como é o caso deste honesto deputado, nem precisam rebaixar-se a justificar as faltas, coisa que, para qualquer funcionário público, dá processo disciplinar, mas para os "trabalhadores da Democracia", não é preocupante, visto que na "Subcomissão de Ética", quem lá está são os amigos. »  

Intimidades reflexivas - 1306

"Wir müssen wissen. Wir werden wissen." (Temos de saber, Saberemos!) - David Hilbert (1862-1943)

Saturday, December 01, 2018

Intimidades reflexivas - 1305

"(...) cuius rei demonstrationem mirabilem sane detexi, hanc marginis exiguitas non caperet." ((...) tenho uma demonstração admirável deste resultado, mas esta margem é demasiado estreita para escrevê-la). - Pierre de Fermat (1607-1665) escreve na margem do Livro VI da 'Aritmética' de Diofanto.