Turma Formadores Certform 66

Wednesday, December 30, 2009

Feliz Ano Novo de 2010


Estamos chegados ao fim de 2009, ano que não deixa saudades. Com ele veio a crise económica, a crise financeira, a primeira pandemia do século XXI (Gripe A), enfim, um cortejo de acontecimentos que conduziram à depauperação de todos nós. Embora não possamos fazer afirmações definitivas e redutoras porque, como na chuva, há sempre alguém que consegue passar entre os pingos! O novo ano que se aproxima, vem carregado de núvens no horizonte, esperemos que um vento bom as encaminhe para longe, para ver se se confirma a tão falada recuperação a que todos aspiramos. É certo que 2010, desde logo, vem com os indicadores económicos a melhorarem, mas também, com a certeza de que os agentes financeiros - desde logo, a banca - parecem não terem aprendido e continuam a seguir a mesma política que levou a esta situação económico-financeira que a todos atingiu. Temos esse "monstro" incontrolável do desemprego, que parece querer continuar a aumentar, embora como sabemos, mesmo que ele comece a reduzir-se não será para já, e mesmo quando isso acontecer, será muito lentamente que se caminhará para uma situação de equilíbrio. Assim, caminhamos para o novo ano, sem aquele optimismo que é apanágio de todos, com a fé que nos alimenta de que desta vez é que vai ser... Iremos passar o ano, com o sentimento de que tudo está bem e que o amanhã será sorridente, mas passados os vapores da festa de passagem de ano, encararemos a realidade e veremos que, infelizmente, não é assim. Mas que a coragem e a determinação não nos falte, e que a fé em melhores dias não esmoreça, porque a vida também é feita disto mesmo. Nada é um mar de rosas, e mesmo estas, têm os seus espinhos. Encaremos o novo ano com a esperança que, apesar das dificuldades, apesar dos sinais pouco auspiciosos, ainda haja uma réstea de que tudo poderá ser diferente, pelo menos um pouco, minorando assim as dificuldades do dia-a-dia. Como diziam os meus avós, na sapiência dos muitos anos que viveram, "não à mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe". É com esta mensagem de esperança e de confiança no futuro, que desejo aos eventuais leitores deste espaço, bem como, a todos os meus amigos e amigas, um ano novo muito próspero, que ele vos traga a realização dos desejos mais profundos que ambicionais.

Monday, December 28, 2009

A crise financeira e a recessão - XIII


Neste fim de ano de 2009 que se aproxima a passos largos, nem tudo parece ter sido mau. Apesar da crise económico-financeira a nível mundial, apesar do aumento do desemprego para valores nunca antes vistos, a economia da zona euro vai dando sinais de recuperação, tendo sido afastado, a semana passada, o cenário de recessão. Se a deflação, problema maior das economias, já parecia cada vez mais longe, a recessão continuava, tendo terminado oficialmente, quando foram divulgados os números do terceiro trimestre, que se traduziu por uma recuperação, a somar a igual tendência do semestre anterior, o que indiciou o fim da recessão técnica. É uma boa notícia, mas ainda não dá para embandeirar em arco. Este fenómeno só será mais evidente daqui a algum tempo, para já as populações ainda não o sentem duma maneira efectiva, porque entre o fenómeno estatístico e o impacto sobre cada um de nós vai uma grande distância. Para além disso, o desemprego, factor muito negativo que se está a viver neste momento, é minha convicção que irá continuar, ainda bem dentro do novo ano de 2010. Ir-se-á verificar um crescimento do desemprego, mas agora a taxas decrescente, indo estabilizar em determinado momento, e depois começará a regredir. Mas, como já o disse neste espaço, em ocasião anterior, os movimentos de queda são normalmente rápidos, e os de recuperação são mais lentos, dizemos que são "inelásticos". Daí que ainda teremos que passar por algumas aflições, antes da tão desejada luz ao fundo do túnel. Isto é válido para o nosso país como o é para os restantes. Portugal tem, contudo, um problema adicional. Somos uma economia pequena e periférica, daí que tenhamos índices de recuperação mais lentos, até porque dependemos de economias terceiras. Isto poderá conduzir, e estou certo que conduzirá, a uma situação anómala, a saber, que embora não tivessemos atingido os números tão negativos doutras economias, elas acabem por recuperar mais rapidamente do que a nossa. É um fenómeno já muito estudado, com aplicação noutras situações. Assim, embora não sejamos uma economia que tenha atingido índices tão maus quanto outras, poderemos ser, e sê-lo-emos com certeza, ultrapassados por outras economias maiores, e logo, mais dinâmicas. Contudo, isto não deixa de ser uma boa notícia, que nos faz encarar o novo ano com algum optimismo, embora duma forma prudente. Esperemos que as coisas corram melhor do que espero, o que seria um bom sintoma para Portugal e os portugueses.

Wednesday, December 23, 2009

Feliz Natal para todos


Esta época do ano, sempre propensa ao bom entendimento, à paz entre os Homens, é cada vez mais ensombrada pelo ódio, ganância, incompreensão e sei lá mais o quê, que desvirtua a quadra. É certo que "Natal é quando um homem quiser", como dizia o poeta, mas nesta altura, ele sôa com mais aquidade. Numa sociedade mergulhada no individualismo, na competição, no lucro desenfreado e a qualquer preço; numa sociedade onde o consumismo é o verdadeiro símbolo do Natal, vamos cada vez mais perdendo a capacidade de ouvir o silêncio, ouvir os ruídos do mundo e, quiçá, interpretá-los à nossa maneira. Deixámos que o bulício que nos rodeia tome conta de nós, e não somos capazes de pensar, melhor dizendo, de meditar sobre o mundo que nos cerca, bem como, o nosso semelhante que está ali, ao nosso lado, a pedir ajuda, e não o vemos, ofuscados que estamos com as luzes que brilham, com o coloridos das montras, com as prendas que, cada vez mais, são o símbolo do Natal. Mas o Natal é mais do que isso, é a solidariedade, é a mão amiga que se estende a todos o que precisam, muitas vezes áqueles que achamos que não precisam de nada, são os que mais carenciados estão, sobretudo nesta altura, onde a pobreza envergonhada é cada vez maior. Mas isto, vai-nos passando ao lado, porque tudo o resto - luzes, barulho, apelos ao consumo - são muitas vezes o que retemos do Natal, talvez até seja aquilo que julgamos ser o Natal. Mas será que teremos a serenidade de parar um pouco e meditar sobre o mundo que nos cerca? Sobre o nosso semelhante que tantas vezes ignorámos, sobre o planeta que quase sempre destruímos, sobre fundamentalmente o nosso papel no Universo? Nesta época fortemente consumista, guardemos um pouco de tempo e de espaço para meditar em tudo isto, e pensar que talvez a mensagem do Natal seja muito diferente do entendimento que temos dela nos nossos dias. Isto não significa que percamos a alegria da celebração, significa que devemos ter o regozijo de sermos capazes de nos reencontrarmos a nós próprios e aos outros. Com a Paz que o silêncio propicia. Desejo-vos a todos - eventuais leitores deste espaço -, amigos e amigas de sempre um Feliz Natal.

Monday, December 21, 2009

A Cimeira de Copenhaga - O canto do cisne


Depois das justificadas expectativas criadas, a Cimeira de Copenhaga saldou-se por um rotundo fracasso. Nunca tantos líderes mundiais estiveram reunidos no mesmo local para falar sobre as alterações climáticas. Mas, para além de tudo, os ricos não quiseram abdicar da posição de ricos, face aos restantes países mais pobres. É incrível que, embora se trate da salvação do nosso planeta, a nossa casa comum, os interesses mesquinhos duns tantos se sobreponham à necessidade de muitos. Perante uma certa desilusão da posição norte-americana, - todos esperávamos mais de Barack Obama -, ainda foi devido a ele que se chegou a um certo compromisso, embora não registado, com os países mais ricos e emergentes, casos da China, Rússia, África do Sul, Brasil e Índia, para além, dos próprios EUA. Mas o que se conseguiu foi tão pouco, foi tal a desilusão, que pensamos se a Humanidade pensa realmente na sua subsistência e, sobretudo, na sua sobrevivência, ou se pensa que o planeta aguentará tudo indefinidamente, se auto-renovará, e tudo isto não passa de retórica, e de encontros mais ou menos sociais. Penso que todos nós ainda não parámos para pensar sobre tudo isto e, vamo-nos adaptando às alterações do clima como se tratasse da coisa mais natural. Não sei se ainda vamos a tempo de ter uma segunda oportunidade, agora adiada para o México em 2010, embora se torne cada vez mais urgente buscar um tratado que substitua Quioto que termina em 2012. Mas para isso, é preciso compreensão e boa vontade, é preciso que os mais ricos que são simultâneamente os mais poluentes, percebam que quando tudo estiver na vereda do caos, não há mais planeta para salvar, e o cataclismo se abaterá sobre todos e não só sobre os mais pobres. O governo português, juntamente com os restantes governos europeus, e a própria UE, não esconderam o seu desapontamento. Como diz um aforismo popular, "foi muita párra para pouca uva". Será que temos que começar a pensar seriamente numa nova "Arca de Noé"? Infelizmente a maioria da Humanidade continua a não compreender a situação para que todos caminhámos, indiferente aos alertas dos cientistas, que devem tomar por pessoas bizarras a quem não devemos dar crédito. Se não somos capazes de preservar o nosso "habitat", - já que o vamos destruíndo a cada vez mais espécies -, talvez seja bom pensar que a Humanidade já enlouqueceu, já nem tem espaço para a sua redenção. Ainda não foi desta que selamos o acordo, como dizia o "slogan" de Copenhaga. Quando se sabe que a fortuna das duas pessoas mais ricas do mundo é maior que a soma do produto interno bruto (PIB) dos 45 países mais pobres, quando sabemos que apenas 0,5% dos mares estão protegidos, quando temos conhecimento que apenas 12 % dos solos são objecto de medidas de conservação, temos, de facto, que estar muito preocupados. No dia em que a Humanidade descer ao nível da bestialidade (será que já não estamos lá?), em que os valores passarão a ser letra morta, que restará? Será que ainda teremos planeta onde viver? E será que teremos condições para nele viver? Temos que ter a consciência de que os povos reduzidos a uma pressão que os coloca quase como escravos, acabarão por tomar as decisões nas suas mãos. E quando isso acontecer, ter-se-ão rompido as matrizes civilizacionais em que as nossas sociedades assentam. Não mais existirão limites para o que quer que seja, será o campear da “lei da selva”, onde ninguém, mas mesmo ninguém, terá um lugar seguro onde descansar. Será isso o tão falado "Armagedon", o fim dos tempos de que tanto se fala? Se é, parece que a Humanidade não o quer evitar. Agora vai-se para o México, depois para outro lugar qualquer, até ao dia em que já não existir retorno, e então, a Humanidade se extinguirá com o seu planeta.

Saturday, December 19, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 31


A nossa democracia vai desfilando um rosário de equívocos que nos deixam de cara à banda. Cavaco Silva deixa pairar no ar que o diploma do casamento entre pessoas do mesmo sexo, ontem aprovado em Conselho de Ministros, poderá vir a conhecer o famoso "veto de gaveta". Com isto ele não quer fracturar a sociedade, segundo diz, nós pensamos que não quer é fracturar o eleitorado, porque as eleições presidenciais estão já aí, ao dobrar da esquina. A Igreja insurge-se, não percebendo que este tema tem a ver com direitos e não com religião, mesmo num país onde o Estado é laico e, portanto, separado da Igreja. O governo, melhor dizendo, o ministro da justiça, não concorda com o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, quanto à existência de legislação para controle dos jornalistas com vista a evitar a violação do segredo de justiça. Isto é, os jornalistas são os únicos que dizem o que muito bem lhes apetece e nada lhes acontece, basta ver como reagiram todos de imediato, - seja qual for o quadrante -, logo que se conheceu a proposta de Noronha do Nascimento. Vieram logo invocar a sacrossanta "liberdade de imprensa" que dá cobertura para tudo. Os patrões não querem aumentar o salário mínimo para 475 euros, - como se fosse possível viver com este dinheiro - em nome da tão famosa crise. Gostaríamos de saber o que diriam se tivessem que viver com esse dinheiro. Quando não havia crise, nunca proposeram aumento nenhum!!! Apesar de já terem acordado tudo isto em sede de concertação social. Agora, temos de novo, Santana Lopes - o tal que tem andado por aí - a querer um congresso extraordinário do PSD. MFL lá vai dizendo que sim, embora os seus pares venham dizer que não, e neste entretanto, o partido que é a única alternativa democrática do regime, lá se vê, mais uma vez, afundado em divisões, contradições e quejandos. Alberto João diz que nem quer saber de nada, os outros pensam o mesmo, mas não o dizem. Santana Lopes que era a favor das directas, agora parece que já não é!!! Como pode o eleitorado acreditar na credibilidade dum partido que não é capaz de se governar a si próprio, quanto mais governar um país. Com tudo isto, José Sócrates deve-se estar a rir, porque a alternativa ao seu governo é cada vez mais uma miragem. E assim, vai Portugal, cantando e rindo, não se sabe bem para onde...

Thursday, December 17, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 30


Continuamos com as confusões e bizarrias que a nossa democracia não consegue afastar, por mais que muitos de nós, alertemos para a situação. Temos deputados que se insultam mutuamente, não se lembrando que estão a ser observados por um país que os alimenta com os seus impostos. Agora, temos a perspectiva de mais um Orçamento de Estado com sabor a "limiano", e isto já corre nos bastidores políticos. Parece que o governo fez um acordo com os deputados madeirenses para viabilizar o orçamento!!! Na mesma altura em que se debatia o orçamento rectificativo, atacavam-se os políticos madeirenses, acusando-os de despesismo, - o que até é verdade -, e horas depois havia um acordo, ao que se diz. Mas as afirmações de Alberto João não deixam margem para dúvidas. Mais uma vez o PSD no epicentro da polémica. Enquanto a direcção nacional e a liderança parlamentar dizia que nada sabia, e parece que não sabia mesmo, os deputados madeirenses lá iam dizendo que "não negam nenhuma possibilidade de acordo". Alberto João dizia que o PSD do Continente era uma "amálgama de grupinhos", enquanto o PSD madeirense falava a uma só voz. E ia mais longe, quando dizia que o "compromisso era uma forma responsável de fazer política". MFL lá teve que engolir mais um "sapito", porque com Alberto João não leva, seguramente, a melhor. Mas se todas estas confusões não bastassem, temos também a confusão na justiça, que nos envergonha a todos. E hoje, o sociólogo António Barreto, numa entrevista dada ao Jornal de Negócios, põe o dedo na ferida, quando diz que "a justiça era bem melhor no anterior regime do que neste", e diz ainda mais "que o pior destes dez últimos anos é a justiça". Culpando desde logo, "todos os seus agentes, advogados, juízes, magistrados do MP". Enfim, é caso para dizer, que mais nos vai acontecer. O grave de tudo isto, é que temos dificuldade em vislumbrar alternativas. Como já dissemos neste espaço, a única alternativa política em termos de alternância, está fragmentada, divida e sem rumo. O próprio PSD já vai admitindo que aguarda a sucessão para ver se põe a casa em ordem. No entretanto, limita-se a atirar lama aos outros, sem perceber, que muita dessa lama já lhe está pegada à pele como sarna. Os portugueses não deixam de ver isso com clareza, e as sondagens - como se isso fosse preciso - lá vão dizendo tudo. À que aguardar melhores dias, para ver se a política assume o estatuto dos grandes políticos - que já tivemos - , quanto à justiça, acho que todos já perdemos a esperança.

Wednesday, December 16, 2009

Gustavo Dudamel - Um profeta na sua terra


Gustavo Dudamel é um maestro venezuela, um verdadeiro fenómeno de popularidade, desde logo no seu próprio país, coisa que nem sempre acontece. A Venezuela tem desde algum tempo criado um programa para integração de jovens de famílias carenciadas, no universo musical, assim dando-lhes novas oportunidades para evoluirem para outros patamares. Este movimento é conhecido por "El sistema", e dele emergiu a Símon Bolívar Youth Orchestra of Venezuela, que normalmente é conduzida por Gustavo Dudamel, ele também, oriundo duma família carenciada. Para os menos atentos, recordaria a sua "performance" em Belém, no dia 1 deste mês, a quando da celebração do Tratado de Lisboa, vindo no dia seguinte a dar um maravilhoso concerto no CCB, e depois rumou para Madrid onde também viria a actuar. Tudo isto vem a propósito dum DVD que foi posto à venda entre nós, precisamente com Gustavo Dudamel a dirigir o "Triple Concerto" de Beethoven, num espectáculo que teve lugar em Salzeburgo. Nele se pode assistir, também, à apresentação de "Pictures at an Exhibition" de Mussorgsky, numa versão verdadeiramente espectacular, que as novas tecnologias de som DTS ajudam a tornar ainda mais surpreendente. Mas este fantástico DVD não fica por aí. Num extra, também com formatação em DTS, aparecem uma "learning lesson", isto é, uma explicação duma peça, neste caso, a "Sinfonia nº 1 - Titan" de Gustav Mahler. Herdeiro duma tradição exuberante na direcção e nas explicações, que foi personificado por Leonard Bernstein - o seu ídolo maior - nos seus famosos "Concertos para Jovens", que tiveram lugar no final dos anos 60, início dos 70, vemos aqui uma reprodução fiel com a mestria que só os grandes maestros são capazes de dar. Ainda mais evidente, por se tratar dum maestro muito jovem - tem apenas 28 anos - e já dirige as maiores orquestras do mundo. Nele se vê a papel químico o mesmo fulgor e o mesmo entusiasmo que Bernstein tinha. Este DVD merece a vossa atenção, pela classe da orquestra, pelo mestrismo do seu regente, e pela qualidade das peças apresentadas. "Live in Salzburg" será, seguramente, uma excelente prenda de Natal. Se ainda não encontrou aquela prenda diferente que gostaria de dar, aqui fica esta excelente proposta. E já agora, se não viram o DVD em questão, não deixem de o fazer, verão que vão assistir a um momento único, momentos que não se repetem a todo o instante.

Tuesday, December 15, 2009

Paul Samuelson - A morte aos 94 anos


Paul Anthony Samuelson nasceu em Gary a 15 de Maio de 1915 e veio a falecer no passado domingo, dia 13 de Dezembro de 2009, foi um brilhante economista norte-americano, representante da corrente neo-keynesiana. É considerado como um economista "generalista", no sentido de que as suas contribuições para a ciência económica são aplicadas em vários campos.
Tal é explícito na justificação dada pela atribuição do Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel que teve lugar em 1970: "...pelo trabalho científico através do qual desenvolveu teoria nos campos da economia estática e dinâmica, contribuindo activamente para aumentar o nível da análise da ciência económica". Samuelson foi o primeiro norte-americano a receber o mais honroso galardão desta ciência social. Representou e defendeu a doutrina de Keynes, fazendo parte de um grupo de pensadores notáveis como James Tobin e Robert Solow. Finalmente, pode-se dizer que a partir de Samuelson passou a existir não somente a Economia, como também o (livro) "Economia". O livro "Economics" (Economia) ensinou os fundamentos desta ciência à maioria dos estudantes de economia da segunda metade do século XX, - nos quais me incluo - fazendo parte dos grandes manuais de Economia juntamente com os livros de Adam Smith (A riqueza das nações), de John Stuart Mill (Principals of Political Economy) e Alfred Marshall (The Principles of Economics). Foi, também, um brilhante professor no Massachusetts Institute of Techonology. Dele bebemos todos, os que fizeram da economia a sua área de conhecimento, o saber simples, linear e simultaneamente profundo, que só os grandes mestres são capazes de transmitir. Aos 94 anos, Paul Samuelson deixou-nos, embora o seu imenso legado académico permaneça para levar o conhecimento das Ciências Económicas a muitas mais gerações. RIP.

Sunday, December 13, 2009

A Cimeira de Copenhaga - Última oportunidade para o planeta?



Desde o início da semana passada, temos vindo a assistir à Cimeira de Copenhaga, que tantas expectativas está a criar no mundo inteiro. Não esperamos mais retórica inconsequente, temos a certeza de que o tempo escasseia cada vez mais, e são necessárias políticas firmes e decididas para levar em frente este ambicioso objectivo. Contudo, os principais poluidores do planeta, desde logo os EUA, a Rússia e a China, nem sempre têm tido vontade política de irem mais além. Desta vez, parece que os EUA estão mais decididos a dar um passo em frente, e a visita de Obama é, seguramente, um sinal disso mesmo. Antecipando esta visita, já a delegação americana tornava pública a sua intenção de ser mais ambiciosa do que até então tinha sido. Por isso, é que se têm vindo a travar fortes discussões entre a China e os EUA, visto o primeiro, não querer contribuir duma forma mais decidida para a redução de CO2 na atmosfera, protelando no tempo uma decisão, tal como os EUA fizeram até agora. A UE neste contexto, aparece com uma proposta decidida e ambiciosa. Quando já se falava em Copenhaga da redução de 20% dos efeitos poluentes, a UE avança com uma proposta muito mais arrojada de 30%, colocando assim, a UE como um dos motores do processo. Portugal fará um contributo importante, muito acima das suas possibilidades, algo que ontem foi muito elogiado pela UE, o que dá bem a ideia do empenho ambientalista que Portugal quer assumir no mundo. Tal não é surpreendente de todo, porque temos que perceber que, toda esta questão, afectará mais rapidamente e duma forma mais brutal, os países pequenos e mais vulneráveis como Portugal. Vamos ver até onde é possível ir, a Cimeira vai a meio, e hoje chegam os ministros do ambiente dos diferentes países, depois seguidos pelos presidentes e primeiros-ministros. Vamos a ver se é desta que as coisas vão mais além, porque é cada vez mais evidente que as alterações climáticas são uma evidência, e que dia após dia, a situação se torna mais insustentável. O planeta não irá aguentar eternamente esta situação. Para além, da crise económica, do desemprego, das questões mais ou menos bizantinas que apoquentam cada um de nós, se não houver planeta de nada nos serve a preocupação. Assim, é tempo de mudar de rumo e de política, - todos, porque o planeta é de todos - , para que consigamos legar um mundo melhor, mais limpo, mais ecológico às gerações futuras. Isto já não é retórica vã, basta olharmos à nossa volta e ver o que está a acontecer. Não podemos continuar a meter a cabeça na areia e fazer de conta que tudo vai bem. Aguardemos esta segunda e última semana - a Cimeira acaba a 18 deste mês - para ver se de facto se passou das palavras aos actos, e não se ficou, mais uma vez, por discursos inconsequentes e vazios de conteúdo, que a ninguém aproveita, desde logo ao planeta, a nossa casa comum.

Thursday, December 10, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 29


Temos vindo a assistir a uma degradação profunda do nosso sistema democrático duma maneira impensável desde à algum tempo a esta parte. Como já vimos alertando, a maneira como vimos assistindo áquilo que se vem passando no Portugal político toca as raias do impensável. Isto prende-se com a infeliz, grosseira e reles intervenção de Maria José Nogueira Pinto ontem na comissão de saúde. Todos sabemos que os apartes em política são comuns, gostemos deles ou não, para isso temos que ter a capacidade e poder de encaixe para estarmos nesses lugares. Acusar um deputado de "palhaço" é reles e ordinário, vindo de quem vem e, sobretudo, no local onde foram proferidos. Pensamos que estamos a assistir a uma degradação do debate político mais do que é admissível. Para além de "palhaço", Maria José Nogueira Pinto, ainda foi mais longe, e acusa o seu par de "inimputável". Como pode uma pessoa destas continuar no parlamento com atitudes dignas duma qualquer república latino-americana, bem longe duma democracia europeia? Todos nos lembramos da atitude que levou o ex-ministro da economia, Manuel Pinho, depois de achincalhado pelo deputado comunista Bernardino Soares. Só que na altura, todos acharam que o ministro devia demitir-se, ou ser demitido, pela atitude que tomou. E a senhora deputada - agora do PSD, amanhã não sabemos de que outro partido -, não devia ter tratamento semelhante? Ou os deputados estão acima, - melhor dizendo -, abaixo disso tudo? É certo que o seu opositor não foi mais brando, atitude que não dignifica o parlamento, nem a figura de deputado, que é sustentada por todos nós. Cremos que se está a criar uma espécie de governo parlamentar, cujo único objectivo é paralisar a política do país, ou quiçá, algo mais. Não nos esqueçamos, repetimos, de quem veio defender a "suspensão da democracia". O que não deixa de ser problemático, é que sempre que existem polémicas, há figuras do PSD envolvidas, mesmo, como neste caso, apenas mercenários que nada têm a ver com a social-democracia. Perante tudo isto, o Presidente da República faz de conta que não vê, não ouve, nada é com ele, não vindo a terreiro tomar posição, escusando-se quando interpelado, como aconteceu ontem, refugiando-se no seu palácio. Perguntamos se incomodado, ou conivente, com o que se está a passar. E a pergunta é tanto mais pertinente, quando ele também, é militante do PSD. Não temos nada contra o PSD, mas sim, a ver um partido de alternância governativa, mergulhado neste lodaçal em que parece estar e sem vontade, ou força, para dele sair. As últimas sondagens da Universidade Católica dão-nos bem a ideia daquilo que pensam os portugueses de tudo isto, e da política. O que fica cada vez mais claro, derivando dessa sondagem, é que os portugueses começam a ver que não existe alternantiva política ao actual governo, continuando a dar-lhe a maioria, enquanto o PSD se vai paulatinamente afundando. Será que o PSD está a optar - tal como as baleias - por uma suicídio colectivo? Francisco Pinto Balsemão já o foi insinuando, mas a cegueira política parece que não deixa ver para além da ponta do nariz. É pena, e assim vai a nossa democracia, não sabemos até quando.

Wednesday, December 09, 2009

O Pe. António Vieira e o seu "Sermão de Santo António aos Peixes"


Depois de virmos assistindo ao degradar das relações entre os políticos e as instituições políticas, de que ontem fizemos nota, só nos resta ler aquilo que os nossos antepassados mais notáveis tinham a dizer sobre as fraquezas do seu tempo. Bem poderíamos ir às "Farpas" de Ramalho Ortigão ou aos romances do Eça de Queiróz. Contudo, e pela sua actualidade, resolvi trazer-vos algo mais distante no tempo, mas mais contundente na crítica, como o foi o Pe. António Vieira, e o seu famoso "Sermão de Santo António aos Peixes". Este "sermão" foi proferido na cidade de São Luíz do Maranhão em 1654, na sequência de uma disputa com os colonos portugueses no Brasil. O "Sermão de Santo António aos Peixes" constitui um documento da surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Pe. António Vieira, que toma vários peixes (o roncador, o pegador, o voador e o polvo) como símbolos dos vícios daqueles colonos. Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão pretende louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade os vícios dos colonos. Este sermão (alegórico) foi pregado três dias antes do Pe. António Vieira embarcar ocultamente - "a furto", como se dizia na época - para Portugal, para obter uma legislação justa para os índios. Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são a personificação dos homens. Sobre o autor apenas vos digo que António Vieira nasceu em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1608 e viria a falecer a 18 de Julho de 1697 na Bahia. Foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política, destacou-se como missionário com os indígenas em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristão-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição. Na literatura, os seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. Este foi um livro que tive que ler, já lá vão muitos anos, quando frequentava o ensino secundário, na disciplina de português, e sempre me senti fascinado por este texto. Parece que os nossos políticos já não são dessa geração, porque se o tivessem lido, com toda a certeza, evitariam o triste espectáculo que nos dão diariamente. Agora que estamos encostados ao Natal, aqui fica a nota para uma boa prenda, numa edição de textos antigos, que a "Oficina do Livro" está a lançar. O título com que aparece ao público é "Sermão de Santo António aos Peixes e Outros Textos". Aqui fica a sugestão, e se possível leiam-no porque vão descobrir muitas aproximações à nossa realidade actual, mais do que aquilo que julgam.

Tuesday, December 08, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 28


Temos vindo a assistir a algo inqualificável na nossa democracia. O clima de suspeição que se institucionalizou sobre os políticos, e desde logo as mais altas figuras do Estado, que vão alimentando a cuscovilhice mediática, é algo que não é salutar em democracia. A liderar estas atitudes vemos o PSD, partido de responsabilidade governamental, com apetência para o poder, e alternativa política, o que ainda torna mais grave a situação. Se o PSD fosse um desses partidos minúsculos, ou que simplesmente não está interessado na governação, e por isso, podem dizer o que lhes apetecer, porque sabem que nunca serão desmentidos pela prática política. No caso do PSD tudo se torna mais grave, quiçá algum problema freudiano que ainda não conseguiram superar. MFL, a nossa padeira de Aljubarrota, lá vai enlameando tudo e todos, prática para a qual tem arrastado o seu partido, não vendo que está descredibilizada mesmo ao nível dos seus pares. Basta ver o que se passa no partido e aquilo que vem a lume, e agora imaginem aquilo que se passa nos bastidores. MFL ainda não percebeu - parece que não percebe muitas coisas - que quem tem telhados de vidro não pode atirar pedras ao do vizinho. Será que ela não sabe o que se passou no BPN, quem são os implicados, a finalidade maior daquele banco? Os fundos públicos que cada vez mais são usados para as campanhas, inclusivé a do PSD? Mas no PSD parece que anda tudo meio descontrolado. O Prof. Cavaco sonha com escutas - bomba que lhe rebentou nas mãos -, a MFL a dizer que o casamento é só para a procriação(!), enfim, triste espectáculo este que um grande partido - que já foi -, com grandes figuras - que já teve -, se vai atolando dia após dia. Basta ver as últimas sondagens e nem precisamos de dizer mais nada. Mas como dizíamos no início, isto é mau para o bem estar da democracia e para a sã convivência democrática, como ainda anteontem o fazia realçar o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. Tomem bem nota das observações feitas pelo militante número um, Francisco Pinto Balsemão! Com que objectivo se faz tudo isto? Para quem defende a suspensão da democracia, talvez se comece a vislumbrar aquilo que se pretende. É mau que, quando não se consegue ganhar no terreno democrático, se tentem outros caminhos enviesados, mas não esqueçam que à força de atirar lama sobre outros, vamos vendo que alguma dela se vai pegando às roupas destas pessoas que a atiram. Ganhem vergonha e pensem que se estão aí, é com o dinheiro de nós todos, que vos pagamos os chorudos ordenados, por isso, trabalhem para ajudar a resolver os problemas do país que são muitos. E já agora, deixem de dar o triste espectáculo que deram no último debate quinzenal com o governo na Assembleia da República. É que se pode ser oposição ser descer tão baixo. Os portugueses não merecem isso, sobretudo, quando somos todos nós que vos toleramos aí. E busquem soluções de entendimento para resolver os problemas do país, porque com o partido parlamentar, que parecem querer criar, a democracia não vai lá. Não podem existir poderes paralelos, e o Presidente da República não pode continuar na sua residência, a fazer de conta que não está a acontecer nada. A menos que seja essa a intenção.

Sunday, December 06, 2009

A crise financeira e a recessão - XIII


Afastado, ao que parece, o fantasma da deflação, à que enfrentar outras dificuldades não menos prementes. Todos nós sabemos das dificuldades que a economia portuguesa está a enfrentar, juntamente como outras economias europeias e mundiais. O fenómeno não é só português, o que vem agravar ainda mais a situação, em virtude de ser-mos uma economia frágil e periférica, necessitamos sempre do comportamento das economias dos outros países, desde logo a espanhola, com quem temos um envolvimento muito grande. Ora, como todos sabemos, a economia espanhola está ainda pior do que a nossa, o que vem dificultar ainda mais a recuperação. Contudo, à que não esquecer, que a economia do país vizinho é mais forte do que a portuguesa, e que apesar das suas debilidades actuais, poderá vir a recuperar mais rapidamente. Embora os sinais de recuperação comecem a aparecer, é minha convicção que tal, só se verificará de facto em 2011. Tudo isto bem a propósito do recente relatório do FMI sobre a economia portuguesa que foi divulgado a semana passada. Todos sabemos do comportamento do FMI face aos países onde se foca, e nós particularmente, que assistimos a uma intervenção muito violenta nos finais dos anos 70, início dos 80, quando Portugal esteve próximo da bancarrota, onde se viria a salientar o então Ministro das Finanças, Vitor Constâncio, e que lhe granjeou rasgados elogios a nível internacional pela maneira como se bateu na defesa de Portugal. Mas, apesar disto, o relatório do FMI não deixa de colocar algumas questões pertinentes. Desde logo a necessidade de reduzir o déficit público que é muito elevado, algo que já a UE tinha imposto a Portugal, com a necessidade de o ter a 3% em 2013. O importante é saber como fazê-lo. É sabido que o problema do déficit é desde logo um problemas de elevado nível de despesa pública que não se consegue controlar. Este sempre foi o drama da economia portuguesa, e sempre sobrou para a população arcar com as responsabilidades. Talvez não se lembrem, mas mesmo Salazar nos anos 30 teve que o fazer, o que conduziu a uma depauperação dos portugueses duma forma dramática. Só que os tempos eram outros, e o padrão-ouro vigorava com toda a sua pujança, coisa que hoje não acontece para além do efeito de economia fechada que se vivia em Portugal. Assim, o FMI diz que será necessário reduzir a massa salarial pública ou, diria eu, reduzir o número de funcionários. A máquina pública sempre foi uma máquina pesada e descontrolada, onde a imposição de rigor é algo difícil, quiçá, quimérico. Se a isso juntarmos a descida da receita, motivada pela crise que atravessamos, estámos num caldeirão de difíceis proporções. Embora o governo diga que não vai aumentar impostos, penso que tal vai ser difícil, poderá não os aumentar este ano - coisa que duvido - mas no futuro, julgo que não poderá deixar de o fazer. Desde logo, o IVA terá que aumentar, visto ser um imposto que dá receita imediata, e para reduzir o déficit penso que não existirá outra solução. Considero má a opção de aumentar os impostos, visto já termos uma excessiva carga fiscal, mas a maneira de o evitar não é fácil e, muito menos, consensual. Claro que isso torna as empresas, e desde logo a economia, menos competitiva face ao exterior, mas não vislumbro outras alternativas no curto prazo para se buscar o equilíbrio das contas públicas tão desejado e imposto pela UE. O relatório do FMI pode ser demasiado rigoroso, como sempre o é, pode até ser considerado uma ingerência política em Portugal - como alguns partidos afirmaram - mas quem tem responsabilidades governamentais, ou aspirações a elas, não foi por aí, porque sabe que o caminho é estreito, doloroso e longo. Mas quando se lê o referido relatório com atenção, não se pode deixar de concordar com algumas das medidas que lá aparecem. É que as alternativas não são muitas, e o tempo é cada vez mais escasso.

Thursday, December 03, 2009

Ciência noética - O futuro olhando para o passado


Não sei se já ouviram falar na ciência noética. A ciência noética não é mais que uma ciência nova baseada no saber antigo. Esta ciência está baseada nos princípios da mente, e de como ela influência o futuro, quer seja da nossa vida, quer seja o da humanidade. Todos sabemos da corrente que se faz nos rituais colectivos, sejam nas missas católicas, sejam nas correntes de solidariedade, etc. Esta ciência coloca questões, muitas vezes inverosímeis, que depois tenta explicar e demonstrar, à luz da ciência, com os mecanismos de que hoje dispomos. Esta ciência aparece junto de outras que estão a surgir e que eram impensáveis à pouco tempo atrás, como a nanociência, ou outra mais antiga, como foi o caso da física quântica. Isto vem a propósito dum livro fantástico escrito por uma das maiores personalidades no âmbito da ciência noética como é o caso de Lynne McTaggart, e do seu fantástico livro "The Intention Experiment". Infelizmente, julgo que este título como outros da autora não estão traduzidos em português, o que limita, desde logo, o acesso aqueles que não dominam a língua inglesa. Contudo, é um livro que aconselho vivamente, a todos aqueles que se interessam pela ciência, mesmo aquela que, podendo parecer menos ortodoxa, diz mais à Humanidade enquanto tal, que outra qualquer. Talvez não saibam que muito dos princípios já tinham sido defendidos e escritos por Isaac Newton ou Benjamin Franklin, e mais recentemente, por Albert Einstein. Já agora, da mesma autora, saliento um outro livro, não menos interessante, que se chama "The Field". Não esqueçam esta ciência, penso que poderá levar a uma nova visão da Humanidade sobre a força do pensamento e com o magnetismo que o ser humano transporta dentro de si. É algo apaixonante, e que começa a ser demonstrado cientificamente, e não tem a ver com quaisquer espécies de crenças. Já agora, talvez esta ciência se torne mais visível, depois de ter aparecido no último livro de Dan Brown - O Símbolo Perdido - embora apenas como aperitivo e não com a profundidade científica com que Lynne McTaggart o faz. Não deixem passar ao lado a oportunidade de se inteirarem sobre esta nova ciência. A proposta aqui fica.

Wednesday, December 02, 2009

XIX Cimeira Ibero-Americana - Estoril 2009


Terminou ontem a XIX Cimeira Ibero-Americana 2009 que teve lugar no Estoril. Embora não tivesse contado com figuras que de algum modo são determinantes nestes eventos, como é o caso de Hugo Chávez da Venezuela, era expectável que a cimeira fosse dominada pelo acontecimentos que têm a ver com o conflito entre a Venezuela e a Colômbia e pelas eleições na Honduras. O tema da cimeira era "A Inovação e a Tecnologia", mas eram as questões políticas que desde logo marcavam a agenda. No final, conseguiu-se um documento da presidência portuguesa que, embora dando liberdade aos diferentes países de terem as suas opiniões próprias, declarava a situação na Honduras pouco clara, e deixando transparecer que era necessário que Manuel Zelaya terminasse o seu mandato - em 2010 - até ao fim para as legitimar. José Sócrates aproveitou a presença dos jornalistas para pôr à votação a moção a todos os representantes, vindo a colher a unanimidade. Contudo, não é de pôr de lado as afirmações de Lula da Silva, presidente do Brasil, que não deu o seu apoio ao novo líder hondurenho porque, segundo ele, "era legitimar as posições dos golpistas". E não deixa de ter razão, porque até os próprios nativos só votaram a 45%, isto a fazer fé nas declarações oficiais, mas embora hajam países que achem que estes números foram manipulados, bem como as eleições. Num continente conturbado, como é a América Latina, parece que a democracia e a pacificação, como nós a entendemos na Europa, custa a chegar. Lula dizia que, "ainda exitem no continente muitos aventureiros que põe em perigo a consolidação da democracia na zona". Penso que ele não deixa de ter razão, mas estas cimeiras também servem para limar arestas, e buscar equilíbrios, embora precários, que levem a uma afirmação e consolidação da democracia, embora duma forma gradual. E Portugal, com esta atitude de buscar consensos negociados até ao fim, acabou por obter um documento que salva a face de todos. Quanto ao tema da cimeira - embora esbatido - acabou por consagrar a "inovação e a tecnologia" como meios para ultrapassar a crise. Crise que, apesar de tudo, afecta menos a Latino-América que a Europa. É de salientar um acontecimento à margem da cimeira que acabou por ter um impacto grande. Refiro-me à presença de Shakira, a colombiana que tem dado a cara pela sua fundação ALAS para a protecção e educação de crianças desfavorecidas dos 0 aos 6 anos. É sempre de louvar estas iniciativas que utilizam figuras mediáticas para dar maior visibilidade a estas instituições. É de sublinhar também, que Portugal acaba por ser um entreposto de algumas iniciativas internacionais importantes. Não esquecemos que após esta cimeira que decorreu entre 30 de Novembro e 1 de Dezembro, à noite deste mesmo dia, em Belém, comemorava-se a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Para um país pequeno e periférico como Portugal, estes acontecimentos dão-lhe visibilidade e projectam o seu nome para os areópagos internacionais. Daí a sua importância, bem como, a referência que lhe damos neste espaço.

Tuesday, December 01, 2009

Tratado de Lisboa - Dia 1


Entrou hoje em vigor o novo tratado, que passa a vigor às 19,30 horas, deste dia 1 de Dezembro de 2009, que levou o nome da nossa capital, passando assim à História com o epíteto de Tratado de Lisboa depois de cinco anos de avanços e recuos. Como já tivemos a oportunidade de escrever neste espaço - no mês passado - a entrada em vigor deste tratado não aconteceu da melhor maneira possível. Desde logo com a nomeação de Herman Van Rompuy para o lugar de Presidente do Conselho Europeu e da baronesa Catherine Ashton para o cargo de Alto Representante para a Política Externa. Estes dois novos cargos derivaram da nova formatação saída do tratado. E na altura tivemos uma apreciação menos boa da situação pelo facto destas duas personalidades não terem um percurso dentro da UE de grande visibilidade. O primeiro, porque é um homem que não tem a firmeza necessária para impor condições, numa Europa a braços com uma grave crise, embora lhe seja reconhecido mérito ao nível de capacidade de trabalho, e a segunda, porque pura e simplesmente não tem experiência europeia em cargo que exige um grande conhecimento diplomático. Para além disso, o Parlamento Europeu assume um maior protagonismo, não sendo suficiente para obscurecer a Comissão Europeia. Há até quem diga que Durão Barroso ficou satisfeito com as escolhas porque não lhe vinham fazer sombra, como poderia ter acontecido com a contorversa figura de Tony Blair que, para além de tudo, é um homem de grande visibilidade e que chegou a ser falado. Assim, vamos esperar para ver, se este novo figurino vai agilizar melhor uma UE que tem dado sinais de algum amorfismo. A composição de cúpula fica assim ordenada: Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek; Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy; Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Este novo tratado implica algumas alterações e alguns novos alinhamentos. Assim, as presidências rotativas mantêm-se, embora sem o protagonismo que tiveram até agora; as decisões passam a ser tomadas por maioria de 55% dos países ou 65% das populações. Excepção feita para as políticas de fiscalidade e defesa, cujas aprovações requerem a unanimidade. Como dizia ontem um comentador - António Vitorino - este será um tratado que não irá sofrer grandes alterações nos próximos dez anos, porque dá muito trabalho fazer ajustes e negociar tratados, e ninguém está interessado em meter mão a obra tão ciclópica. Ele, que já foi comissário europeu, sabem bem do que fala. Veremos o que o futuro nos reserva, nunca perdendo de vista que, para além dos tratados, é a vontade dos homens que determina a evolução futura. Esperemos que seja para melhor, embora ao nível do cidadão comum, não existam impactos imediatos. Para a UE foi um arrumar de casa que era bem necessária depois do fim do ciclo de ditaduras na Europa e da queda do muro de Berlim. Mas os políticos têm sempre a última palavra, veremos do que são capazes.