Equivocos da democracia portuguesa - 331
Neste ano de 2014 aqui trago a mudança da hora de Inverno e Verão.
Hoje comemora-se o aniversário de Marcos Portugal, que nasceu a 24 de Março de 1762 em Lisboa. Passam hoje 252 anos sobre o seu nascimento. Marcos António da Fonseca Portugal foi compositor e organista de música erudita. No seu tempo as suas obras foram conhecidas por toda a Europa, sendo um dos mais famosos compositores portugueses de sempre. Marcos Portugal é um dos mais prolíficos compositores portugueses de todos os tempos, e a sua extensa obra encontra-se distribuída por vários arquivos em Portugal, Brasil, Itália, Inglaterra, Espanha, Bélgica e EUA. Cultivou os géneros religioso (missas, motetes, hinos, vésperas, matinas) e teatral (farses, entremeses, óperas bufas e sérias). Algumas de suas obras teatrais são: Os bons amigos (farsa o intermezzo, 1786, Lisbona), Lo spazzacamino principe (commedia per música, libretto di Giuseppe Maria Foppa, 1794, Venezia), Le donne cambiate (farsa, libretto di Giuseppe Maria Foppa, 1797, Venezia), La morte di Mitridate (tragedia per música, libretto di Simeone Antonio Sografi, 1806, Lisbona), Augurio di felicità ossia Il trionfo d'amore (serenata, libretto di Marcos António Portugal, su Pietro Metastasio, 1817, Rio de Janeiro), para citar apenas algumas da sua vasta obra. Marcos Portugal viria a falecer a 17 de Fevereiro de 1830 no Rio de Janeiro. Para ilustrar a música deste grande compositor português trago-vos aqui - https://www.youtube.com/watch?v=vO1n_TCWnyA - um extrato da sua Missa Grande - Domine Deus, que dá bem a grandeza da sua música, esta aqui de caráter religioso. Uma música a descobrir dum dos mais notáveis compositores portugueses.
Comprei este livro ainda nos anos 90 quando Mandela saiu da prisão. Ficou adormecido na prateleira durante quase duas décadas à espera de entrar na fila de leitura. Talvez pelo efeito da morte do grande líder sul-africano, acabei por me dedicar a ler esta autobiografia de Nelson Mandela. E foi um deleite, uma verdadeira revelação. Nelson Mandela é um dos grandes líderes morais e políticos do nosso tempo cuja vida exemplar inteiramente consagrada à afirmação da dignidade do homem e à luta contra a opressão racial na África do Sul lhe valeu o Prémio Nobel da Paz e a presidência do seu país. Desde a sua libertação triunfal em 1990, após mais de um quarto de século na prisão, Mandela passou a estar no centro do drama políticos mais fascinante e inspirador do mundo. Como presidente do Congresso Nacional Africano e chefe do movimento anti-apartheid da África do Sul, desempenhou um papel fulcral na passagem do seu país para um governo multi-racial e da maioria. É  mundialmente admirado como uma força vital na luta pelos direitos humanos e pela igualdade racial. "Longo Caminho para a Liberdade" é a sua comovente e estimulante autobiografia, um livro que merece um lugar ao lado das memórias mais prestigiadas das grande figuras da História. Pela primeira vez, Nelson Rolihlahla Mandela conta a história extraordinária da sua vida - uma narrativa épica de luta, contrariedades, esperança renovada e triunfo final que era, até este momento, praticamente desconhecida. Para milhões de pessoas em todo o mundo, Nelson Mandela representa, como nenhuma outra personalidade até à pouco viva, o triunfo da dignidade e da esperança sobre o desespero e o ódio. "Longo Caminho para a Liberdade" condensa esse espírito num livro para sempre. Um livro a merecer uma leitura atenta e profunda sobre um dos problemas africanos que mais controvérsia e vítimas causou no século passado. A edição é do Campo das Letras. Imperdível.
Assistimos ontem a mais uma manifestação das forças de segurança. De novo vimos agentes - felizmente poucos - a tentarem invadir as escadas da Assembleia da República de pois de, mais uma vez, terem derrubado as barreiras de segurança e posto em causa inclusive os colegas que estavam de serviço. No meio de quem o fazia, viam-se muitos agentes com o rosto tapado. Porquê? Eles que atuam duma maneira por vezes brutal contra pessoas embuçadas são os mesmo que recorrem a tal estratagema. Se estavam ali para reivindicar melhores condições de vida, contra a política de arrasto deste governo, porque não darem o rosto como os seus colegas. Afinal porque vinham embuçados? Mais tarde veio-se a saber que um dos mais "nervosos" na manifestação foi identificado e, surpresa, usa pulseira eletrónica por uma condenação de violência doméstica! Quando olhamos para tudo isto, apetece-nos perguntar, a quem estamos a confiar a nossa segurança? Um agente não faz uma instituição, mas é preciso que a instituição saiba lidar com este tipo de agentes. Apesar de tudo, não queremos deixar de realçar aqui a justeza da luta das forças de segurança. Todos temos que fazer o nosso reajustamento, o nosso sacrifício, face aos dias que correm. Mas cortes sobre cortes a esmo, sem critério algum, apenas o de encolher os encargos do Estado, parece-nos algo de muito grave. Os mais ricos são-no cada vez mais. O número deles até aumentou. Porque não pedir um pouco mais a esses em vez de esmagar aqueles que, embora mais numerosos, já têm a sua vida rapada ao limite do concebível? Mas esta atitude das forças de segurança conduz-nos a uma outra reflexão. As manifestações de polícias com esta dimensão aconteceram sempre (e talvez não seja por acaso) com governo de direita em funções. Todos nos lembramos do triste confronto entre polícias quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, e que ficou conhecida pela manifestação dos "secos e molhados". (Nessa altura não havia crise. Bem pelo contrário, Assistia-se a dinheiro a entrar no país às passadas, o que nos deu a ilusão de estarmos a viver num verdadeiro "El Dorado". Foi aqui que tudo começou. Foi aqui que o endividamento começou a ganhar forma fruto de dinheiro fácil e barato). E estas coisas não acontecem por acaso. Parece que os governos de direita têm alguma dificuldade em conviver com a democracia. Veremos o que daqui sairá. Como reagirá o governo face a mais esta contestação. Esta país, como há dias afirmava Pacheco Pereira (PSD), está a tornar-se irrespirável para pessoas sérias e decentes. Nós vamos mais longe. Corremos o risco de estar a resvalar para a anarquia. E quando ontem ouvimos repórteres das televisões a dizerem que foram ameaçados e injuriados por alguns agentes da polícia, talvez devamos pensar com muito cuidado no que está a acontecer neste país, independentemente dos seus atores momentâneos. A democracia parece estar realmente muito doente.