Turma Formadores Certform 66

Wednesday, October 31, 2018

Happy Halloween!...

E aí está a noite de Halloween. Festa de origem pagã importada do outro lado do Atlântico mas com influências que foram da Europa, é bom não esquecer, vai tomando forma entre nós, sobretudo junto da miudagem. Nas escolas não é esquecido e ao anoitecer é ver os miúdos que passam aqui pela minha rua com as suas travessuras para animar os passantes e colher algumas guloseimas. Embora não seja uma festividade do nosso calendário, ela hoje assume, e cada vez mais, um papel muito relevante. Estejamos ou não de acordo, isto não passa duma festa que os miúdos adoram. Porque se fossemos por outros caminhos de análise, teríamos que falar de muitas outras festividades como por exemplo a noite de São João. Mas não quero ir por aí. Apenas desejo um feliz Halloween a quem o vai celebrar.

The Celtic Witch / A Bruxa Celta

This is the night when the gateway between
our world and the spirit world is thinnest.
Tonight is a night to call out those who came before.
Tonight I honor my ancestors.
Spirits of my fathers and mothers, I call to you,
and welcome you to join me for this night.
You watch over me always,
protecting and guiding me,
and tonight I thank you.
Your blood runs in my veins,
your spirit is in my heart,
your memories are in my soul.

...

Esta é a noite em que o portal entre
nosso mundo e o mundo espiritual são mais finos.
Esta noite é uma noite para chamar aqueles que vieram antes.
Esta noite eu honro meus ancestrais.
Espíritos de meus pais e mães, eu chamo por você,
e recebê-lo para se juntar a mim para esta noite.
Você cuida de mim sempre
me protegendo e me guiando
e hoje eu agradeço.
Seu sangue corre nas minhas veias
seu espírito está no meu coração
Suas memórias estão na minha alma.

Tuesday, October 30, 2018

Intimidades reflexivas - 1284

"Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu." - Érico Veríssimo (1905-1975)


Monday, October 29, 2018

O Grito do Profeta - A Verdade e a Mentira

Diz uma parábola que certo dia a Mentira e a Verdade se encontraram. A Mentira disse para a verdade: 'Bom dia, dona Verdade'. E a Verdade for conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam, e assim, vendo que realmente era um bom dia, respondeu para a Mentira: 'Bom dia, dona Mentira'. 'Está muito calor hoje', disse a Mentira. E a Verdade, vendo que a mentira falava Verdade, relaxou. A Mentira então convidou a Verdade para se banhar no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse: 'Venha, dona Verdade, a água está uma delícia'. E assim que a Verdade, sem duvidar da Mentira, tirou as suas vestes e mergulhou, a Mentira saiu da água, vestiu-se com as roupas da Verdade e foi-se embora. A Verdade, por sua vez, recusou vestir-se com as vestes da Mentira e, por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua. Mas viu que, aos olhos das pessoas, era muito mais fácil aceitar a Mentira vestida de Verdade, do que a Verdade nua e crua.

Sunday, October 28, 2018

Mudança da hora - Hora de inverno

Portugal continental - Em conformidade com a legislação, a hora legal em Portugal continental: será adiantada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.

Região Autónoma da Madeira - Em conformidade com a legislação, a hora legal na Região Autónoma da Madeira: será adiantada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.

Região Autónoma dos Açores - Em conformidade com a legislação, a hora legal na Região Autónoma dos Açores: será adiantada 60 minutos às 0 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 25 de Março e atrasada 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 28 de Outubro.

Saturday, October 27, 2018

Intimidades reflexivas - 1283

"Há uma pequenina coisa que é uma importante coisa: é a ausência das coisas negativas. Ao passo que as pessoas mais exigentes da vida precisam que lhes aconteça alguma coisa de muito bom para estarem felizes ou contentes; outras, que têm outra maneira de encarar a vida, estão bem sem que lhes aconteça coisa nenhuma. E isto já é uma forma de estarem livres para saborearem o lado melhor da vida." - Mário Zambujal

Friday, October 26, 2018

Intimidades reflexivas - 1282

"Há aparências de dureza que ocultam tesouros de sensibilidade e de afecto." - Júlio Dinis (1839-1871)

Thursday, October 25, 2018

No centenário da morte de Amadeo de Souza-Cardoso

Passam 100 anos sobre o falecimento do grande pintor português Amadeo de Souza-Cardoso. Pertencente à primeira geração de pintores modernistas portugueses, Amadeo de Souza-Cardoso destaca-se entre todos eles pela qualidade excecional da sua obra e pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX.

Intimidades reflexivas - 1281

"O homem sem educação, por mais alto que o coloquem, fica sempre um subalterno." - Ramalho Ortigão (1836-1915)

Happy Birthday in Heaven to you, Ing-Britt IB Henriksen!

Your time is over in this life but your memory will remain forever in our hearts. My goddaughter Inês, my wife and I will never forget you. Have a Happy Birthday wherever you are. May your affection, kindness and love for animals be an example for all of us. Happy Birthday, Ing-Britt IB Henriksen. Rest in peace!

Wednesday, October 24, 2018

Lux æterna

Sempre que vou fazer o meu habitual 'jogging' acabo sempre por ser surpreendido por isto ou por aquilo. Hoje quando saí estava uma luminosidade enorme como vemos apenas no mês de Janeiro. Um luar bonito, sereno e tranquilo, uma espécie de 'lux æterna' que a todos ilumina e dá a sua benção. Confesso que não é habitual ver esta luz tão intensa nesta altura do ano. Mas hoje foi assim. Esta é sempre a surpresa de quem anda por aí como gato vadio a ser surpreendido por isto e por aquilo, aqui e ali. Confesso que me senti banhado por essa luz redentora, brilhante e intensa. Só na rua, acompanhado apenas por mim próprio, lá continuei o meu longo percurso. E esta luz lá me foi seguindo indicadora do caminho e apaziguadora do espírito. Nem gente, nem carros, nem animais. Era algo que naquele momento era só meu. Como se essa luz não quisesse ser partilhada por mais ninguém. Um daqueles momentos únicos que ficam para a vida.

Happy birthday, Ing-Britt IB Henrikesen! (Be in Heaven!...)

Happy birthday, Ing-Britt IB Henriksen. Hope you have the best birthday ever. Rest in Peace my dear friend. You will never be forgotten and will be forever loved and missed.

Intimidades reflexivas - 1280

"A liberdade só é dom precioso quando estejam os povos feitos para ela. Dar a um semibárbaro instintivo as regalias de um ser culto e consciente, é pôr a civilização na contingência de um regresso brutal à barbárie." - Fialho de Almeida (1857-1911)

Tuesday, October 23, 2018

Crise de caráter

Muito se tem falado em crise, a propósito disto e daquilo, crise, financeira, crise de identidade, crise de valores, crise na saúde, crise na educação, mas uma mais torpe e silenciosa, pérfida e vil, é a crise de caráter. E temos visto muito disto por todo o lado, onde os poderosos dão o dito por não dito sem esmorecer, onde se negam as alterações climáticas que todos enxergamos dia após dia, onde se traficam drogas, armas, pessoas, não importa o quê, desde que o dinheiro apareça pelo meio. Vemos a religião mais poderosa do mundo minada nos seus alicerces por um cortejo de horrores. Penso que não há país do mundo que diga que está à margem desta questão por mais evoluído que seja. Portugal não é exceção atingido pela mesma crise que se espalha pelo mundo como cancro. Mas é em Portugal que quero centrar a minha atenção, porque é nele que vivemos e do qual fazemos parte. Começa a ser banal aparecerem pessoas com curriculum falsificados, com habilitações que estão longe de ter face ao que realmente têm. É na Proteção Civil, é no Governo, enfim, parece que virou moda afirmar-se ser-se aquilo que não se é. (Embora também pense que se houvesse um pouco mais de escrutínio na admissão muito disto se evitava porque pessoas assim não resistem a uma conversa mais profunda. A menos que quem o fizesse sofresse do mesmo mal, mas partamos do princípio que não). Na Justiça já há quem ponha em causa a maneira como isto ou aquilo é feito, - não sei se com provas, ou não ou simples meras suposições, ou apenas por mau perder -, mas a desconfiança lá está. É na Saúde, onde dantes os seus agentes eram soberanos e se alguma coisa corresse mal a culpa nunca era deles, - talvez até fosse do paciente em última instância -, coisa que cada vez mais é posta em causa para incómodo destes habituados à falta de escrutínio. No Ensino a mesma saga. Se há professores com denudada apetência e formação para dar aulas, muitos outros por ali andam à espera que o mês se esgote e o ordenado caia na conta. Mais uma daquelas profissões que noutros tempos não muito longínquos nunca era posta em causa. Depois foram as Forças Armadas que se envolvem numa operação digna dum qualquer Mr. Bean que a todos envergonha, (desde logo a começar pela própria instituição), mas também um país e um regime de que são um dos principais esteios. Aos poucos as fragilidades vão aparecendo aqui e ali, até donde menos se espera. Mas se pensávamos que já tínhamos visto tudo, pois desenganem-se porque não é assim. Ontem veio a lume nos media que um dos sindicatos da PSP estaria a divulgar imagens falsas sobre as agressões dum bando de marginais que andavam por aí a agredir idosos e que se encontram atualmente na prisão. É óbvio que este bando não tem, ou melhor, não pode ter perdão e espero que isso aconteça e que pesadas penas lhes sejam aplicadas. Mas que um sindicato pertencente a uma corporação duma força de segurança tenha recorrido a golpe tão baixo, - se é que tal está confirmado -, é de facto muito grave. Porque significa que as polícias em quem as pessoas confiavam para a sua segurança e às quais paga, com os seus impostos, os respetivos ordenados, tornaram-se em algo tão básico, tão falsário e corrupto quanto aqueles que vão detendo. Mas ainda por cima, e para recorrer de novo ao que os media dizem, tal prende-se com uma trama ao próprio ministro da Administração Interna o que torna a coisa ainda mais grave. Tudo isto dá a ideia duma certa tragicomédia, que só não é comédia porque tem tudo de trágico. A maior parte destas situações, mais do que de má fé, fazem transparecer na sua génese uma tremenda falta de caráter. Porque são as instituições que mais dizem às populações que se vêm a braços com estes escândalos, levando estas a não confiar nelas com a agravante de não saberem bem para quem se onde virar. Daí à justiça popular fora de todo este círculo, vai a espessura duma lâmina. Mas, como atrás referi, não pensem que é só em Portugal que tal existe. Isto é um cancro que é transversal à Europa e ao mundo. Parece que um qualquer Belzebu saiu lá do seu inferno mais profundo e obscuro para tramar os humanos enredando-os nas mais vis teias do inimaginável. Como estamos em plena era do Apocalipse, ou da Revelação, - para usar a terminologia anglo-saxónica -, provavelmente é isso mesmo. Apocalipse porque já não há solução mesmo com intervenção divina, ou da Revelação para nos ir mostrando que afinal aquilo em que acreditávamos não é mais credível, tudo não passando dum tremendo embuste. Mas meus amigos, demos as voltas que dermos, acabamos sempre por chegar ao essencial. O busílis da questão não é mais do que uma crescente falta de caráter que se vai insinuando mesmo em locais e instituições que estávamos bem longe de imaginar. Talvez este também seja um sinal do fim dos tempos, como afirmava Nostradamus, sempre com a ideia que depois viria uma era de gente bem melhor, mais capaz e, sobretudo, com mais caráter.

Monday, October 22, 2018

(In)Gratidão

Por vezes dou por mim a fazer umas elucubrações filosóficas a propósito de tudo e de nada. E, talvez por ser início de semana, a elas volto. Como já várias vezes aqui fiz referência, sempre achei que a gratidão, a par de outras, - como a educação, por exemplo -, devem fazer parte do nosso léxico diário. A gratidão é talvez uma das mais importantes, porque pressupõe não só algo que tem a ver connosco, mas também, algo que tem a ver com o outro que, duma forma ou de outra, nos marcou. E dou comigo a refletir sobre isto porque acho que o ser grato, mesmo face a um gesto insignificante e por ventura menor, é algo que devemos assumir na nossa vida. Incomoda-me que pessoas que beneficiaram de algum modo, da boa vontade de outrém, acabem por descartar essas mesmas pessoas como se o simples facto de as conhecerem já seja algum pecado capital. E então quando essas pessoas partem em definitivo, ainda o silêncio se torna mais ensurdecedor. Bem sei que nem todos terão a sensibilidade apurada para estas coisas, mas também sei que há muitos que olham para o lado porque, afinal, já nada há a esperar daquela pessoa e portanto ela passou a ser um estorvo. Sempre achei que este tipo de atitude era simplista, (para não dizer até canalha), mas também tenho que compreender que, felizmente ou não, nem todos comemos do mesmo prato. E em tudo na vida, sempre tive por lema que embora sejamos todos iguais, há sempre uns mais iguais do que outros. Não tomem esta asserção por elitista ou outra coisa menos prosaica, mas as coisas são assim mesmo. O ignorar uma pessoa que em tempos nos fez bem como se dela não tivéssemos sinal é algo muito feio. Um amigo meu costuma dizer que quando se nasce canalha, vive-se canalha e morre-se canalha. Eu não levo as coisas assim, porque isso seria negar a evolução do ser dito humano, embora a História nos mostre que a sua evolução, - quando se dá -, é normalmente muito lenta. Mesmo assim, espero que com a latitude que dou à lentidão evolutiva, ainda vá a tempo de ver o ser dito humano grato a quem lhe faz bem. Porque a gratidão é uma virtude na minha modesta opinião, e o seu contrário, é-o na mesma medida mas em sentido oposto. Não tenho por hábito na minha vida fechar a porta à remissão ou a atos de contrição, embora cada vez mais vou percebendo que são gestos que cada vez menos se usam e isso não é tão nobre assim. Por mim, sempre estou grato ao mundo que me cerca, mesmo quando ele foi mais agreste para mim, porque era a maneira de a vida me ensinar, talvez duma forma mais  veemente, a este aluno tão pouco capaz. Mas mesmo com as limitações de cada um, se tivermos o sentido de gratidão face ao outro, acho que já demos um grande passo na nossa evolução como pessoas, como seres universais, para que a caminhada da vida se torne mais leve e a sua aprendizagem profícua.

Sunday, October 21, 2018

Intimidades reflexivas - 1279

"A história é escrita pelo poder, a partir do poder, a serviço do poder. Romances servem para questioná-la." - Tomás Eloy Martínez (1934-2010)


Saturday, October 20, 2018

RIP, Ing-Britt IB Henriksen!

Last night I was surprised by a contact from my irish friend Joyce Ruybrok who told me that our mutual friend Ing-Britt has passed. I was stunned by the situation. I did not expect this, nor any of his many friends for sure. I want to remember this good soul as a friend who did much in the support of animals and persons. She helped me in the Rio Tinto pack, a group of stray dogs that benefited from his help. Later she dedicated love and affection to my goddaughter Inês since she was born. Last year I remember the support I received from her when my dog Nicholas had a serious health problem. These kind of things came from a noble soul like Ing-Britt was, the same person who fed all sort of animals and that sent me images or videos to show me all the love she had from animals, persons and nature. Ing-Britt always remains a memory for everyone, and especially for my goddaughter. A few days ago sent a gift for the 7th anniversary of Inês and inserted a card with a small message to her. She asked me to give her the gift and explain to her later, who this friend was, a friend who lived in a far away country like Sweden. I promise I will, and I hope life still gives me time for it. She also invited me to go to his house for a few days and take to Inês with me, whom he loved so much. At this point it was not possible, but perhaps in the future it would happen. Now it's too late. Such a thing was a watermark of a great Lady who distributed her friendship to the world. She was sad about some things and she talked to me about it a few weeks ago, but I always looked at her as a strong woman. I never thought that could happen. I want to leave a greeting of sorrow to her family, especially to her husband Gunnar. I hope heaven is her destiny and love her testimony in this new cycle of eternity. Grateful to call you friend, I’m praying for you since Portugal. Rest in peace my dear friend, Ing-Britt!

Descansa em paz, Ing-Britt Henriksen!

Ontem à noite fui surpreendido por uma informação que recebi da Irlanda através da minha amiga Joyce Ruigrok. Ela dizia que a nossa amiga comum, Ing-Britt tinha falecido. Confesso que fiquei atónito se não mesmo chocado. Sabia que não andava bem mas longe de pensar em desfecho tão trágico. E esta minha surpresa estendeu-se a todos os muitos amigos que tinha pelo mundo. Ninguém queria acreditar em tal. Mas tinha acontecido e tínhamos que lidar com isso. Conheci a Ing-Britt à muitos anos fruto da paixão que ambos nutríamos por cães. Depois foi as muitas publicações que fiz da matilha de Rio Tinto, um grande grupo de cães errantes que colheu aconchego no seu coração e que a levou, durante vários anos, a enviar dinheiro com alguma regularidade para apoiar esta matilha. Mais tarde, foi a minha afilhada Inês a tocar o seu coração. Desde que nasceu ela sempre a acompanhou. Falamos muito da Inês como tínhamos falado muito de cães e da citada matilha. Com o fim desta, a Inês passou a ser o seu foco de atenção. Pelo seu aniversário ou pelo Natal sempre enviava alguma coisa para ela. Este ano quis ir mais longe e deu-lhe uma prenda valiosa. Desde logo valiosa pelo valor estimativo que tinha, mas também valiosa pelo seu valor intrínseco. (Desse facto fiz eco na semana que ora finda). Várias vezes teve a amabilidade de me convidar para ir passar uns dias a sua casa e levar a Inês que tanto gostaria de conhecer. Nunca fomos pelo facto da situação do nosso cão Nicolau - que é de todos conhecida - e que nos impede de o deixar para trás, coisa que nunca faríamos. Contudo, tinha em mente que, um dia que ele cá não estivesse, dar satisfação a esse desejo dela que era também meu. Agora já será tarde demais. Lembro-me bem das várias fotos da Inês que me foi pedindo ao longo do tempo quando deixei de publicar. E como ela ficava encantada. Até numa das últimas vezes que falei com ela, recordo de Ing-Britt me ter formulado uma intenção que aqui não revelo para manter o direito de reserva que então me pediu. Lembro também o apoio que me deu a quando da doença do meu cão Nicolau. Esta alma grande e boa deixou-nos e como ela acarinhava os animais. Desde logo os seus cães, mas também do modo como alimentava outros, como esquilos, aves e sei lá mais o quê, e me enviava vídeos para eu ver. Recentemente estava a passar uma enorme provação da qual me deu conhecimento e sobre a qual falamos muito. Era algo que a fazia sofrer até ao limite. Acabou por não aguentar a pressão. Sabia da dureza da provação, mas nunca pensei que tivesse tal consequência e acabasse deste modo. Dela recordarei sempre a amizade, carinho e respeito que teve para connosco e, sobretudo, com a minha afilhada. Um dos seus últimos gestos é o cartão que ela enviou à Inês, junto com a prenda, para que um dia, quando ela fosse mais crescida, soubesse desta amiga, que lá dum país tão distante como é a Suécia, lhe tinha tanto amor e carinho. (Esse cartão, escrito e assinado pelo seu punho, diz bem da grandeza dessa alma nobre e do amor que nutria pela minha afilhada. Espero ainda ter tempo de um dia, quando ela for mais crescida, lhe explicar quem era esta pessoa que de tão longe tanto gostava dela). Quero aqui apresentar as minhas mais profundas condolências à sua família, especialmente ao seu marido Gunnar, que deve estar a passar uma grande provação neste momento. E faço votos para que as potestades celestiais a ajudem na sua caminhada neste seu novo ciclo. Que o Céu seja o seu destino e que o Amor com que sempre lidou com os outros seja o seu testemunho. Que saudades terei desta grande Senhora! Foi um grande foco de luz na minha vida. Descansa em paz, Ing-Britt!

Friday, October 19, 2018

Intimidades reflexivas - 1278

"Vamos ficar por aqui, a fazer aquilo que podemos e sabemos, certos de que fazemos muito pouco em relação aos sonhos que moram no nosso destino e que talvez façamos muito se tivermos em conta aquilo de que somos feitos." - Maria Manuel Rocha in 'O Riso de Deus'.



Thursday, October 18, 2018

Intimidades reflexivas - 1277

"Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto." - Francis Bacon (1561-1626)

Wednesday, October 17, 2018

Intimidades reflexivas - 1276

"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." - José Saramago (1922-2010)

Tuesday, October 16, 2018

63 anos depois

63 anos já é algum tempo. Tempo de alegrias e de tristezas, tempo de riso e de choro, tempo de vitórias e de derrotas, tempo de anseios e frustrações. Enfim, 63 anos já é tempo de termos experimentado muito do que a vida nos reserva. Claro que há sempre espaço para outras coisas, novas experiências, novos horizontes, mas convenhamos que ao fim deste tempo muito do que a vida tinha para oferecer já me foi concedido. Muitas vezes aproveitado, tantas outras desperdiçado, porque a vida é feita de contrastes, de ciclos, de momentos. 63 anos depois já com muitas vivências experenciadas, já com muita da estrada que tinha para percorrer calcorreada, já não há espaço para muito mais, apenas uma vida mais recatada e pacata na espera do esgotar do tempo que me foi concedido para por aqui andar. Tentando sempre que possível manter um espírito aberto e atento ao mundo em redor, fechando muitas das portas que a vida foi abrindo, tentando atar as pontas soltas duma vida. Ao fim e ao cabo, o preparar duma retirada do palco da vida sem que deixe para trás situações que só irão causar incómodo a terceiros. (Uma espécie de arrumar de casa). Não que esteja a pensar que tudo acabou. Espero que a vida ainda me conceda mais algum tempo para ver algumas coisas que se iniciaram na minha vida e que gostaria de ver mais evoluídas. Mas temos que nos ir preparando porque a saída de cena é inevitável mais cedo ou mais tarde e não interessa negarmos a realidade porque ela se imporá sempre duma forma clara e definitiva. 63 anos passaram desde o dia em que os meus pais e avós, - que sempre recordo neste dia, uns, por meterem dado o ser; outros, por me terem dado a educação - me tiveram nos braços com certeza cheios de felicidade e expectativas para este ser que então fazia entrada na vida, desde logo na deles. Muita coisa se passou entretanto, mesmo esses que me tiveram nos braços, já à muito que partiram dando cumprimento ao inexorável ciclo que a vida nos reserva. Agora sou eu que me aproximo da meta daquela derradeira corrida que um dia ocorrerá. E entretanto, 63 anos passaram. A todos os que me felicitaram neste dia, quero aqui deixar o penhor da minha mais profunda gratidão. Os amigos são sempre algo do melhor que a vida nos reserva, mesmo que alguns deles sejam virtuais. Porque a amizade é um bem precioso e está para além de tudo o resto. Assim a saibamos cultivar e manter ao longo da existência. Aqui quero deixar o meu agradecimento a todos os meus amigos, - reais ou virtuais -, porque todos fazeis com que a minha vida seja mais colorida. Um sincero obrigado a todos.

Monday, October 15, 2018

Intimidades reflexivas - 1275

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. O que te direi? Te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo e de um modo febril..." - Clarice Lispector (1920-1977)

Sunday, October 14, 2018

Intimidades reflexivas - 1274

"O matrimónio é sempre uma coisa por fazer; jamais uma coisa feita. Mais ainda, é algo que se tem que fazer continuamente." - André Maurois (1885-1967)

Saturday, October 13, 2018

Intimidades reflexivas - 1273

"Eu não me considero uma lenda da ópera, nem a última diva, como os jornalistas às vezes escrevem. Cada época tem seus divos e, no meu caso, a única coisa que fiz foi fazer bem o meu trabalho, da melhor forma possível, no mais alto nível." - Montserrat Caballé (1933 - 2018)

Friday, October 12, 2018

O 7º aniversário da Inês

E já está! Sete anos passaram como se um milionésimo de segundo tivesse expirado. Já sete anos e parece que foi ontem que tive a minha querida afilhada Inês nos meus braços com aquele brilho luminoso com que me sinalizou desde a primeira hora, com aquele sorriso largo que era quase um prodígio vindo duma criança que tinha apenas umas escassas horas de vida. Mas foi assim, podem crer que foi assim mesmo, e aqui o quero proclamar ao mundo. Uma criança frágil, indefesa, tinha entrado neste mundo louco. Silenciosamente, com a ternura que qualquer ser recém-nascido inspira, mas com a firme convicção do seu espaço. Senti isso nessa altura, aquele fogacho de alguns instantes em que tudo acontece sem que tenhamos capacidade para o suster, até talvez, para o interpretar. Sete anos passaram e a Inês foi-se aprimorando, foi-se tornando cada vez mais bela, alegre e feliz. A mais bela flor do meu jardim de outono virou um verdadeiro ser de luz. Como é bom ser-se criança quando vivemos no meio da felicidade, sem termos que começar desde muito cedo a luta por um lugar ao sol. A Inês vive num mundo ainda cor-de-rosa como cor-de-rosa é a sua cor preferida. Sempre que vem visitar os seus padrinhos é como uma lufada de ar fresco, com aquela luz quente e suave que é bálsamo para os velhos que já somos. Podemos estar adoentados, podemos estar tristes por qualquer razão, mas a Inês tem o condão de chegar e alterar tudo isso. Colocá-lo de lado e fazer com que a alegria, o otimismo, a boa disposição ocupem o lugar antes ocupado pela tristeza ou pelo desânimo. Sete anos volvidos e cada dia a Inês é como aquela flor que exposta ao sol se torna cada vez mais bela e perfumada. Poderão dizer que isto não passa de verborreia digna de velho e babado padrinho. Mas podem crer que assim é. Porque a amo muito porque ela sempre será o farol luminoso da minha vida. Tudo de bom lhe desejo do fundo do coração. E só espero que aquela luz de à sete anos atrás continue a brilhar na sua vida, para que seja capaz de iluminar o que restam dos passos dos seus padrinhos neste mundo, para ser o calor que aquece a nossa velhice e, sobretudo, para que seja o clarão que iluminará o seu percurso na vida. Quando converso com o transcendental sempre lhe peço que à Inês seja concedida uma estrada da vida bem larga, plana o mais possível com o mínimo de escolhos, e de veredas verdejantes para abrilhantar o seu caminho. Sete anos passaram e parece que foi ontem em que a felicidade reentrou na minha vida pela mão improvável duma criança. Só espero que ela um dia perceba o amor que lhe temos e que sempre estivemos com ela ao longo do percurso que nos foi concedido acompanhá-la. E aqui lhe deixo singelas estas palavras, lágrimas de tinta que o papel ensopa tentando captar a curva da gota de orvalho na ponta de uma folha outonal. E entretanto, sete anos passaram... Feliz aniversário, Inês!

Thursday, October 11, 2018

Intimidades reflexivas - 1272

"A vida não está em algum lugar esperando por você. Ela está em você. Ela não está no futuro, como uma meta a ser alcançada... Ela está aqui e agora, neste exato momento." - Osho (1931-1990)

Wednesday, October 10, 2018

Intimidades reflexivas - 1271

"Para onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos?" - Frei Jaime Bettega

Tuesday, October 09, 2018

Intimidades reflexivas - 1270

"As boas ações nos purificam e nos dão sonhos felizes." - Luca Pantini 

Monday, October 08, 2018

Intimidades reflexivas - 1269

"O amor ouro engrandece as almas; e quem sabe amar, sabe morrer. Não há pérola semelhante ao amor." - Victor Hugo (1802-1885)

Sunday, October 07, 2018

Nicolau versus Rosita, aliás, Mariana

Confesso que estou um tanto ou quanto triste. Na passada quarta feira a Rosita, aliás, Mariana tentou atacar o Nicolau. (O Nicolau não gosta de gatos e julgo que estes também não gostam dele). Mas o Nicolau está à muito tempo habituado ao seu espaço sem intrusão de estranhos. Agora vê o seu espaço habitual quase que limitado invadido por estranhos. A Rosita, aliás, Mariana fugia sempre que via o Nicolau. Mas foi apercebendo-se de que ele é velho, já não corre muito, cai muitas vezes quando a tenta perseguir, e que vê cada vez menos. Então ela foi facilitando. Como o Nicolau está a ver mal tem que se aproximar bastante para detetar o que se passa, - apenas o faro parece estar a funcionar em pleno -, e vai daí a gata atacou-o diretamente aos olhos como é costume fazerem. Se eu não estava por perto talvez o tivesse cegado definitivamente. Tenho que admitir que fiquei triste. Tentamos distribuir o amor por ambos, tentamos que houvesse uma sã convivência dentro do possível, mas agora vejo que nada disso resulta. Cá em casa, nenhum animal é preterido. Nunca qualquer animal ou ave é afugentada porque pensamos que o Universo contempla todos sem exceção. Mas há regras e limites para tudo. A Rosita, aliás, Mariana foi tendo o seu espaço, a sua comida, um local abrigado onde dormir. Mas não deixa de ser estranho que os pretensos donos nunca a tenham procurado, nem sequer depois de saberem que ela está em minha casa. (Um animal seja lá qual for, que troca os seus donos por uma outra casa, é porque as coisas não correriam tão bem assim na sua casa habitual). Seja como for, agora estou perante um problema. Não consigo afugentar a gata - até porque gosto dela - mas por outro lado tenho o problema com o Nicolau que, de um dia para o outro, viu cerceada a sua mobilidade. O Nicolau é um cão velho e doente que precisa de tranquilidade no pouco tempo que lhe resta de vida. Quando ajudei a gata pensei que esta estava abandonada. Agora sei que tem dono mas, ao que parece, o dono acha que ela está bem e como tal não tem que fazer nada. Agora o dilema está instalado e não sei bem como sair dele. Mas que algo tem que ser feito, lá isso tem.

Saturday, October 06, 2018

RIP, Montserrat Caballé (Barcelona, 12 de abril de 1933 - 6 de outubro de 2018)

A soprano Montserrat Caballé morreu este sábado de madrugada, aos 85 anos, no Hospital de Sant Pau de Barcelona, Espanha. A informação foi divulgada por fontes hospitalares citadas pelas agências noticiosas Efe e AFP. A soprano, cuja saúde estava fragilizada há vários anos, encontrava-se internada desde o mês passado. O funeral da artista, uma figura internacional da ópera, vai acontecer na segunda-feira, às 12 horas, no cemitério de Barcelona. A grande diva calou-se para sempre. ela que dizia que "eu não me considero uma lenda da ópera, nem a última diva, como os jornalistas às vezes escrevem. Cada época tem seus divos e, no meu caso, a única coisa que fiz foi fazer bem o meu trabalho, da melhor forma possível, no mais alto nível". Que palavras sábias que deveriam servir de exemplo para todos nós, seus admiradores ou não. A ópera ficou mais pobre. A vida também. Descansa em paz, Montserrat Caballé!

"A História Secreta do Vaticano" - Javier García Blanco

Há livros que pela sua densidade de análise nos abalam profundamente, mesmo quando sabemos algumas das coisas que nele se narram mas, mesmo assim, estamos bem longe de saber muitas outras. É o caso do livro que vos proponho hoje de título "A História Secreta do Vaticano" da autoria do espanhol Javier García Blanco. Confesso que muitas destas histórias já as conhecia, mas estava bem longe de ter delas a dimensão que este livro lhes dá. Um livro destes acaba por colocar em causa a Igreja, o Vaticano, os Papas e não deixa indiferente a corte de fieis, naturalmente. Embora a minha crença esteja para além daquilo que é a religião catalogada. (Acabei por ser cristão e católico, por educação e formação). Mas sempre tive a distância suficiente para dar alguma latitude a algumas das situações da Igreja e sempre pensei que para além dela o conceito de Deus é bem mais abrangente fora dos rótulos. Dizia-me à cerca de um ano Frei Fernando Ventura que  "felizmente Deus não tem religião". (Para quem não sabe Frei Fernando Ventura é franciscano e um dos maiores biblistas europeus. É mais conhecido por ser comentador da SIC Notícias, como já referi por diversas vezes, mas é um homem encantador, duma cultura imensa e duma inteligência e sagacidade ímpares). Por vezes cruzo-me com ele e coloco algumas questões - digamos assim, embaraçosas - e nunca tive de Frei Fernando Ventura nenhum remoque em responder. Sempre o fez desassombradamente com a abertura inerente a um grande espírito de cultura. E o importante é isso mesmo, acreditar (para quem é crente naturalmente) em Deus, - tenha ele a forma ou o nome que tiver -, para além de rótulos que apenas dividem e são geradores de conflitos que foram transversais às várias épocas. Eu sou um desses e mesmo assim, confesso que, fiquei bastante admirado com muitas das coisas que li. Na sinopse do livro pode ler-se: "Ocupar o trono de Pedro significava deter a potestade para coroar e depor reis e imperadores. E, do mesmo modo, os papas agiram durante muitos séculos como monarcas terrenos e não como líderes espirituais. Os pontífices foram seduzidos pelos mesmos anseios de poder e entregaram-se aos mesmos apetites carnais que os seus pares laicos. Política, heresia, o fim dos Templários. Lutas internas, golpes inesperados e massacres improváveis. A história dos papas emana-se com a do mundo num livro polémico, resultado de uma sólida investigação histórica.” A Igreja deixou à muito de ser a pedra sobre a qual Jesus edificou a sua casa, tomando Pedro como o seu homem de "confiança", para se ir transformando num estado onde tudo é possível mesmo as atitudes menos cristãs que se possam imaginar. E não pensem que é sinal dos nossos tempos. Estes sinais começaram quase no arranque da Igreja como instituição. Já estive no Vaticano e podem crer que quando por lá se passa nunca deixamos de ter alguns pensamentos sobre muita coisa que, em termos de igreja, até podem ser considerados pecaminosos. Mas basta passar lá e estar atento. Quanto ao autor, Javier García Blanco nasceu em Zaragoza, em 1977 e é jornalista, fotógrafo e também escritor. Depois de estudar história da arte na Universidade de Zaragoza, trabalhou durante vários anos como redator e editor em diferentes publicações. Atualmente trabalha como 'freelancer' para diversos meios de comunicação. Este livro que é editado pela Matéria-Prima Edições carece de muita atenção. Deve ser lido com o espírito bem aberto, não misturando aquilo que possam ser as crenças de quem o lê com a realidade histórica que é descrita. Um livro a merecer a melhor atenção e que recomendo vivamente.

Friday, October 05, 2018

Viva a República!...

Passam hoje 108 anos sobre a implantação da República em 1910. Era então, o corolário duma monarquia desgastada, ultrapassada, fechada sobre si mesma, já nada dizendo ao povo que governava. Daí à revolução foi um ápice. Nem tudo correu bem, naturalmente. Nunca nada corre totalmente bem quando uma revolução começa. Diz-se que as revoluções devoram os seus próprios filhos, e isso foi o que aconteceu aos republicanos. Mas nessa altura, neste dia e na noite que o antecedeu, ninguém pensava nisso. No início do século XX, Portugal acabou por estar nos movimentos mais vanguardista da época, era então uma das primeiras repúblicas emergentes. Tempos difíceis haveria de sobrevir, desde logo, um conflito mundial quatro anos depois. E isso foi um dos primeiros abanões que agitou os alicerces ainda frágeis da jovem República. Não foi o único mas seguramente foi um dos mais relevantes. Depois a História lá foi compilando registos, mas agora e aqui, o que interessa é celebrar o aniversário da República e daqueles sonhadores que um dia idealizaram um Portugal bem diferente do que aquele que existia. Passados 108 anos é evidente que valeu a pena. Viva a República!

Thursday, October 04, 2018

Intimidades reflexivas - 1268

"Se uma pessoa fala ou age com pensamento puro, a felicidade a segue, como a sombra que nunca a abandona." - Buda (século I-II antes de Cristo)

Wednesday, October 03, 2018

Intimidades reflexivas - 1267

"A mais bela linguagem do homem é a linguagem da amizade, que não é feita de palavras, mas de puro significado." - Henry Thoreau (1817-1862)

Tuesday, October 02, 2018

Intimidades reflexivas - 1266

"Os animais são amigos tão agradáveis: não fazem perguntas, não criticam." - George Eliot (1819-1880)

Charles Aznavour (22 de maio de 1924 - 1 de outubro de 2018)

Hoje, Dia Mundial da Música, seria um dia para celebrar toda a música independentemente dos seus géneros. Seria um dia de alegria, mas não o é inteiramente. Hoje também é um dia triste porque desapareceu um dos grandes nomes da 'chanson', Charles Aznavour. Tudo já foi dito sobre este grande cantor, - emigrante arménio -, que viria a formatar a música francesa. Foi através da Aznavour que, ainda muito jovem, vim a criar um certo gosto pela música de França. Minha mãe era uma sua admiradora, e em casa era frequente ouvir-se Aznavour. (Curiosamente, Aznvour nasceu no mesmo dia, no mesmo mês e no mesmo ano de minha mãe!). E uma das canções que mais me marcaram, talvez porque fosse aquela que mais a rádio passava então, chama-se 'La Bohème'. Muitos anos mais tarde, já com outros gostos musicais a marcarem a minha geração, reencontrei-me com esta bela canção, agora na sua terra natal, França, e na cidade que o eternizou, Paris. Quantas vezes a escutei cantada por tantos músicos de rua, ali numa outra Paris quase parada no tempo, como são as gentes que habitam a colina de Montmartre. Muitos desses artistas me diziam que se reviam nessa música como uma espécie de hino das suas próprias vidas, eles também artistas, eles também boémios, num recanto duma Paris mais distante dos símbolos das luzes. E a canção por ali andava, de dia nas ruas, de noite, nos muitos bares onde uma certa boémia se reunia, bem digna dos quadros de Toulouse Lautrec. Mas muitas outras Aznavor nos deixou que enchiam o éter das estações de rádio que não estavam quase exclusivamente dedicadas aos sons anglo-saxónicos como hoje em dia. Mas quero aqui recordar uma das muitas canções de Aznavour que marcaram a minha vida, sem que eu saiba bem porquê. Trata-se de 'Que c'est triste Venise' (que podem escutar aqui https://vimeo.com/292739229 ) que, talvez pelo seu lado mais nostálgico e triste, se aproximar do meu carácter, acabou por fixar-se e perdurar no tempo. Ainda hoje escuto essa canção que conheceu a luz do dia nos idos de 1964 do século passado, e sempre que a ouço, aquela nostalgia vai aparecendo. Antes era a nostalgia duma certa forma de meninice, depois, - quando a idade começou a avançar -, duma certa juventude já passada, da memória daqueles que preencheram a nossa vida e já à muito partiram. A idade e o percurso de vida vão formatando as nossas memórias e a perceção que temos dela. Mas essa música ficou como uma espécie de banda sonora da minha existência. Quero aqui partilhá-la convosco porque ela tem muito de mim e daquilo que busquei durante anos na chamada 'chanson'. Aznavour, que hoje nos deixou, acaba por ser um elo de ligação de algumas pontas soltas da minha vida. A memória de minha mãe que adorava as suas canções, e a nostalgia duma vida que percorro que, dia após dia, se vai gastando no tempo. Como percebem, Aznavour para mim era mais do que um cantor francês, era algo de pessoal, quase íntimo, que entrava e permanecia na minha casa desde a minha infância. Quanto mais não seja por isso, espero que estejas em paz, Charles! Afinal, hoje é o Dia Mundial da Música e talvez esta seja uma forma de a celebrar. O homem parte mas a obra fica para ser (re)descoberta. Neste dia uma parte das minhas memórias mais fundas te veneram, Charles Aznavour!

Monday, October 01, 2018

Intimidades reflexivas - 1265

"Só progride quem é modesto. O orgulho obriga a andar para trás." - Mao Tsé-Tung (1893-1976)