Turma Formadores Certform 66

Wednesday, July 31, 2019

Intimidades reflexivas - 1141

"Não há nada como um sonho para criar o futuro." - Vitor Hugo (1802-1885)

Tuesday, July 30, 2019

Intimidades reflexivas - 1140

"O homem tem feito da Terra um inferno para os animais" - Arthur Schopenhauer (1788-1860)

Monday, July 29, 2019

Intimidades reflexivas - 1139

"As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade." - Vitor Hugo (1802-1885)

Sunday, July 28, 2019

Intimidades reflexivas - 1138

"Antes de ter amado um animal, parte da nossa alma permanece desacordada." - Anatole France (1844-1924)

Saturday, July 27, 2019

Intimidades reflexivas - 1137

"Realmente, toda a nossa vida é uma luta e uma fuga constante à depressão e ao receio da morte, não é? E ao mecanismo que nós arranjamos para nos defendermos disso. Se a gente esgravata um bocadinho em nós próprios ou nos outros, é aquilo que acaba por encontrar, o enorme receio da solidão, do abandono (que é aquilo que as pessoas suportam pior) e da morte." - António Lobo Antunes in Diário Popular (1979)

Friday, July 26, 2019

Boas férias

E finalmente as férias vieram! Depois dum ano mais ou menos intenso, o ritual do calendário vai impondo as suas regras. Meio país está a banhos, agora tudo estará praticamente parado. Apesar disso, não deixarei de aparecer neste e noutros espaços, coisa que as tecnologias de hoje nos põe na palma da mão. Vamos todos a banhos, um repouso merecido, até porque grandes decisões nos esperam no regresso. E para isso, temos que ter a cabeça bem disponível para não cometermos erros de novo. Boas Férias a todos!

Thursday, July 25, 2019

Intimidades reflexivas - 1136

"A família é uma forma de sequestro; e o sequestro desenvolve sonhos eróticos e de glória, devoções extáticas e rasgos patrióticos em geral susceptíveis de discordar do sólido julgamento das pessoas." - Agustina Bessa-Luís (1922-2019) in 'Eugénia e Silvina, 11'

Wednesday, July 24, 2019

"As Estações da Vida" - Agustina Bessa-Luís

Há livros que passam ao lado dos leitores porque não se encontram dentro daqueles que são considerados maiores. Mas por vezes, é nestes que encontramos recortes de sensibilidade e subtileza de palavras. É o caso deste belo livro que vos trago de Agustina Bessa-Luís de título 'As Estações do Tempo'. Agora que tanto se fala de Agustina seria bom que descobri-se-mos alguns livros que têm ficado na sombra. Na sinopse do mesmo lê-se: «[…] o que finalmente temos é uma longa, lenta, amorosa e perspicaz divagação sobre as vidas que se cruzavam com ela [a autora] nas estações de caminho­-de­-ferro e nos comboios, designadamente na linha do Douro, a que vai ou, antes, ia de São Bento e de Campanhã, no Porto, até Barca d’Alva, antes de entrar por Espanha adentro.» [Do Prefácio de António Barreto]. Um livro que tem algumas subtilezas a começar até pela capa com uma reprodução do quadro 'Le train dans la neige' datado de 1875 e da autoria de Claude Monet. Muita coisa interessante num livro pequeno com pouco mais de quarenta páginas. A ler com atenção aos detalhes das imagens e das palavras. A edição é da Relógio D'Água.

Tuesday, July 23, 2019

75º aniversário de Maria João Pires

Celebra-se hoje o 75º aniversário de Maria João Pires, a mais famosa e aclamada pianista portuguesa em todo o mundo. Comecei a escutá-la ainda criança e nunca mais deixei de a ouvir. Ainda me recordo do primeiro concurso internacional que ela ganhou. Era eu ainda muito jovem e estava a ouvir a emissão da então, a Emissora Nacional. Acabei por adormecer ao som do piano, mas o meu avô, que nem era ligado à música dita clássica, ficou a ouvir. No dia seguinte disse-me cheio de orgulho que ela tinha ganho. Num país que era rejeitado pela comunidade internacional nessa época, o ter uma portuguesa a ganhar no estrangeiro só mostrava que ela era de facto genial. O regime de então aproveitou a deixa para mais alguma propaganda. Mas tudo isso passou, só Maria João permaneceu. Feliz aniversário, Maria João Pires! (Deixo-vos aqui um link https://www.youtube.com/watch?v=Dti7IJcIEDE onde podem escutar os Nocturnes de Chopin que me são particularmente queridos).

Monday, July 22, 2019

Dois meses depois

Meu querido Nicolau.

Passam hoje dois meses que nos deixaste. As saudades são imensas. O vazio que deixaste na nossa casa e nas nossas vidas não foi, nem será, preenchido. Talvez esta nossa saudade te esteja a impedir de seres feliz nesse país do arco íris para onde foste. Talvez até tenhas dificuldade em brincar com os outros teus amigos. Sabemos que poderemos estar a fazer mal, a sermos egoístas. Mas tu foste o derradeiro a partir o que torna ainda mais difícil a nossa vida, nós que também caminhamos para o nosso ocaso. Mas à medida que nos vamos libertando dos teus pertences, também nos ajuda a criar o afastamento necessário para que gozes de plena felicidade lá onde estás. O tempo ainda é pouco. Ele é inexorável e mais cedo ou mais tarde ajudar-nos-á a criar a distância necessária. Todos os dias te visitamos na tua sepultura para homenagear o que resta de ti. Apenas o menos importante porque a tua essência já está bem longe. Mas é assim que os humanos reagem quando amam outros seres. Tu também o fizeste durante muito tempo quando a tua mãe adotiva Tuxa nos deixou. O ciclo repete-se, mas prometemos que te deixaremos em paz para ires brincar com os teus amigos. Tenta perceber que é o nosso amor por ti que está a falar mais alto. A tua memória estará sempre connosco enquanto a vida nos brindar com o seu sopro. Porque foste um amigo fiel e dedicado que tudo nos deu e nada pediu em troca. E nós tentamos dar-te tudo o que podíamos e sabíamos para tornar leve a tua caminhada pela vida terrena. Mas agora vamos deixar-te ir embora. Os teus amigos estão impacientes e querem correr e brincar contigo. Vai amigo fiel e companheiro de tantos dias. Que nesse país do arco íris tenhas encontrado a felicidade que sempre foi a nossa motivação. 

Até um dia velho amigo, velho companheiro. 
Descansa em paz!

Sunday, July 21, 2019

"Mulheres Suicidas Palestinianas" - Barbara Victor

Há livros que nos marcam e impressionam pelo tema, mas sobretudo, por nos mostrar o outro lado das coisas a que normalmente não damos atenção. E isto aplica-se a este livro, "Mulheres Suicidas Palestinianas" da autoria de Barbara Victor. embora um livro datado no tempo, ele permanece atual, como atual continua a ser o drama que se desenrola no Médio Oriente. Já o tinha lido à algum tempo atrás, mas voltei a lê-lo depois de me ter surgido uma questão pertinente sobre esta problemática. E não me arrependo porque estes são livros que devemos ter sempre à mão. Na sinopse da obra podemos ler: 'Quando Yasser Arafat, em Janeiro de 2002, apelou às centenas de mulheres que tinham vindo ouvi-lo nesse dia em Ramallah para que “se sacrificassem, como sempre tinham sabido fazer, pelas suas famílias, a fim de libertarem os maridos, os pais e os filhos da opressão”, ele próprio ficou surpreendido com a sua pronta e devastadora resposta. Nesse mesmo dia, uma palestiniana de 26 anos, Wafa Idris, tornava-se a primeira mulher suicida da Intifada a fazer-se explodir num centro comercial de Jerusalém. Tragicamente, não seria a última. Em "Mulheres Suicidas Palestinianas", a jornalista Barbara Victor levou a cabo uma investigação na Palestina para tentar compreender o que pode levar essas mulheres a sacrificar-se, semeando a morte à sua volta. Quem as dirige? Quem as forma? A que pressões, familiares ou políticas são sujeitas?' Este livro é impressionante porque nos mostra as pressões a que são sujeitos os palestinianos, - mesmo não sendo políticos -, exercida pelos seus vizinhos e familiares. Numa sociedade sem esperança, num país ocupado por Israel que lá está com mão de ferro, vai-se criando o caldo da revolta e a emulação num atentado suicida é saída para uma vida sem futuro buscando uma mediatização da pessoa e da família enorme. (Afinal foi aquilo que todos conhecemos da peregrinação dos judeus no Egito agora sobre outra forma e com outros protagonistas, restando apenas os judeus como referência). Se no Ocidente os jovens buscam a visibilidade pela música, modo de vestir e de agir ou outra coisa qualquer, nessas terras é o suicidio que os trás para a ribalta e até (pasme-se) a melhor qualidade de vida da família do suicida. Algo inconcebível para as nossas mentalidade de ocidentais. Esta é uma grande questão que levaria muito tempo a descrever. Assim, aponto para o livro como a possível resposta a algumas das interrogações que temos. Sobre a autora ela é repórter no Médio Oriente e trabalha para a cadeia de televisão CBS. É detentora de várias obras onde a problemática do Médio Oriente é a matéria primordial. A edição é da Gótica.

Saturday, July 20, 2019

50º aniversário da chegada do homem à lua

Passam hoje 50 anos sobre a primeira alunagem em nave tripulada e concomitantemente a primeira vez que um ser humano caminhou na superfície lunar. Um feito ímpar que deixou o mundo deslumbrado. Depois da guerra pela corrida espacial entre os EUA e a antiga URSS, foram os americanos que ganharam a corrida. Contaram com o grande saber dum cientista nazi levado para os EUA no final da II Guerra Mundial de nome Wernher von Braun que veio a desenvolver o foguetão Saturno V que transportou as naves Apollo para a lua. O Saturno V foi uma evolução do famoso foguete V-2 que era uma arma temível de Hitler. Caminhos da História que se cruzam. Participaram nesta primeira alunagem tripulada os astronautas  Neil Armstrong, Michael Collins, Buzz Aldrin na Apollo 11. Armstrong foi o primeiro a descer do módulo lunar e é dele a famosa frase 'um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a Humanidade'. Quero aqui deixar uma nota pessoal. Recordo-me do lançamento da Apollo 11 e do temor que para muitos inspirou. Ia para assistir a uns exames para os quais me estava a preparar e parei num café no Porto para ver o lançamento. Uma senhora de idade juntou-se à pequena multidão que ali estava. Meteu conversa comigo e só dizia que se era para eles morrerem seria bom que o foguetão não arrancasse. Mas acrescentava que se eles fossem á lua era a eminência do fim do mundo. Para mim era a curiosidade de jovem e o dilatar de fronteiras do conhecimento. Dias depois, e já com o exame ultrapassado com sucesso, chegaram os astronautas à lua. Lembro-me de ter pedido à minha mãe para me acordar para ver a descida na lua. Ela assim fez. E toda a família viu aquelas imagens pouco definidas com os primeiros seres humanos a caminhar na lua. Nunca esqueci esse momento. Foi um marco na minha memória, mas não o foi menos para a Ciência. Para quem se quiser documentar mais detalhadamente aconselho um dos primeiros livros que foram editado sobre o tema e que li com deleite. Tem por título 'Chegamos à Lua' da autoria de John Noble Wilford. O primeiro que li ainda adolescente e que guardo religiosamente na minha biblioteca. A juntar a este, muitos mais, e com mais profundidade apareceram entretanto. Mas hoje é dia de celebração depois de meio século transcorrido em que o ser humano empurrou um pouco mais para a frente as fronteiras do impossível.

Friday, July 19, 2019

Ainda o artigo de Fátima Bonifácio

Têm-me questionado sobre o ter não feito ainda qualquer referência ao tão controverso artigo de Fátima Bonifácio e questionam a minha opinião. Pois bem, ela aqui vai. Não vim a terreiro à mais tempo para falar sobre este artigo assinado pela professora Fátima Bonifácio apenas e só porque não costumo perder tempo com inutilidades. Para quem muito opinou sobre o artigo, mas de Fátima Bonifácio nada conhece, pois deixem-me dizer-vos, que se trata duma historiadora com obra apreciável mas controversa. Admiro-a como inteletual, e compreendo que mesmo uma pessoa com este gabarito é passível de produzir um artigo racista e xenófobo bem perto de algum lixo que se vê por aí, assinado por pessoas que de intelecto nem devem saber bem o que isso é. Fátima Bonifácio foi infeliz no que disse e na maneira como disse. E por não pensar como a dita senhora não me coloquem a destempo nos antípodas porque as coisas não são assim tão básicas. (Aconselho a que ouçam o que ante ontem foi dito pelo Dr. António Lobo Xavier - um distinto membro do CDS/PP - sobre esta matéria e que subscrevo na totalidade produzidas no programa 'A Circulatura do Quadrado' na TVI 24). Penso que meter tudo num caldeirão e tratar tudo de igual maneira é redutor e surpreende-me que Fátima Bonifácio o tenha feito como fez, porque não se trata duma pessoa intelectualmente limitada sem grande instrução, bem pelo contrário, o que ainda agrava mais a situação. Quando o diretor do Público, em editorial, fez a 'mea culpa' dizendo que não deveria ter publicado o artigo, penso que já nada mais há a dizer. Foi um momento triste e infeliz para a historiadora e para o Público que é um jornal de referência. Sobre a minha opinião, já estão a ver qual é. Não me vou alargar mais porque, como disse logo no início, não perco tempo com inutilidades.

Thursday, July 18, 2019

O simbolismo da bandeira francesa

Ainda em torno do 14 de Julho, o dia nacional de França, e depois de algumas questões que me chegaram, talvez seja altura para esclarecer as cores da bandeira francesa. Assim:

Azul... Burguês
O azul é associado ao manto da Virgem, ou ao de São Martinho, que o rasgou em dois para o partilhar com um pobre em Amiens. No século XIV o preboste dos comerciantes Étienne Marcel, em conflito com o poder real, fez do barrete azul e vermelho (cor associada) o símbolo da reunião dos burgueses de Paris.

Branco... Monarquia
Em 1188, partiam em cruzada, o rei Filipe Augusto arvorando o estandarte branco com a cruz de São Jorge. O branco, passou a ser associado à santidade, e também à monarquia... e à guerra. No século XV o de Joana D'Arc é branco plantado de lírios. Henrique IV, cujo manto era branco tratou de mandar fazer um com as cores da monarquia quando subiu ao trono em 1589.

Vermelho... Revolucionário
Em 1124, o imperador alemão Henrique V ameaça Paris. O rei capeto Luís VI o Gordo alerta os seus vassalos e vai pedir ao abade de São Dinis a bandeira vermelha do santo mártir. Esse estandarte seria agitado em caso de grande perigo. A tradição será retomada nos séculos XIX e XX como símbolo das lutas revolucionárias.

E assim se foi compondo a bandeira tricolor francesa que conhecemos nos nossos dias e que foi confirmada pela revolução de 1789.

Wednesday, July 17, 2019

Intimidades reflexivas - 1135

"Realmente, toda a nossa vida é uma luta e uma fuga constante à depressão e ao receio da morte, não é? E ao mecanismo que nós arranjamos para nos defendermos disso. Se a gente esgravata um bocadinho em nós próprios ou nos outros, é aquilo que acaba por encontrar, o enorme receio da solidão, do abandono (que é aquilo que as pessoas suportam pior) e da morte." - António Lobo Antunes in Diário Popular (1979)

Tuesday, July 16, 2019

Intimidades reflexivas - 1134

"Quanto aos homens, não é o que eles são que me interessa, mas no que eles se podem tornar." - Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Monday, July 15, 2019

A indiferença também mata

Ouvimos falar do próximo e nem sempre paramos para pensar quem é ele. Não sei como se chama. Tem todos os nomes. É todo aquele que está ao teu lado, todo aquele que encontras em apuros na estrada da vida. Todo aquele que foi roubado na sua personalidade, atirado para a berma da vida sem amparo, sem esperança, sem futuro. Todo aquele que encontras marginalizado vítima de preconceitos ou segregações de qualquer espécie, vítima das redes do vício e da dependência onde caiu por fraqueza, por contágio ou por engano. É todo aquele - indivíduo, grupo, instituição, comunidade - cujos problemas, anseios, necessidades estão à frente dos teus olhos e não podes ignorar nem passar adiante como se nada tivesses com isso. E já agora, e por antítese, o que é ser próximo do outro? É não lavar as mãos nem inventar desculpas para passar ao lado da miséria, dos problemas e carências dos outros, sejam pessoas, grupos ou comunidades. É ser capaz de alterar o seu programa, o seu esquema de vida, o seu fim de semana, e parar, e olhar, e deixar-se comover e questionar, e entregar-se aos gestos fecundos da participação e da colaboração, da ajuda fraterna e da solidariedade. Mas, como na história do Samaritano, só este viveu e fez viver. O sacerdote e o levita deitaram-se tranquilamente, pois a sua consciência de nada os acusava: não tinham feito mal a ninguém. Mas na verdade, naquele dia, eles tinham matado um homem com a sua indiferença. O homem que o Samaritano salvou com o seu altruísmo. Quantas vezes nos afastamos ao largo para não ver o caído, aquele que a vida rejeitou, o sofredor? Quantas vezes temos medo de 'sujar' as mãos para ajudar alguém, (mesmo um animal que seja e que é tão digno de viver como todos nós)? Quantas vezes, somos o sacerdote e o levita, e tentamos arranjar desculpas para as nossas atitudes? Quantos de nós são, de facto, samaritanos? Talvez muito poucos...

Sunday, July 14, 2019

Intimidades reflexivas - 1133

"Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Estender a mão é correr o risco de se envolver. Expor os seus sentimentos é correr o risco de mostrar o seu verdadeiro eu. Defender os seus sonhos e ideias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas. Amar é correr o risco de não ser correspondido. Viver é correr o risco de morrer. Confiar é correr o risco de se decepcionar. Tentar é correr o risco de fracassar. Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada. Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é livre!" - Séneca

Saturday, July 13, 2019

Intimidades reflexivas - 1132

"Isto às vezes é tremendo porque a gente quer exprimir sentimentos em relação a pessoas e as palavras são gastas e poucas. E depois aquilo que a gente sente é tão mais forte que as palavras..." - António Lobo Antunes in Público (2004)

Friday, July 12, 2019

Intimidades reflexivas - 1231

"E com uma letra bem pequena, lá estava escrito no seu epitáfio: Tentou ser, não conseguiu; tentou ter, não possuiu; tentou continuar, não prosseguiu; e nessa vida de expectativas frustradas tentou até amar… Pois bem, não conseguiu, e aqui está." - Machado de Assis (1839-1908) in 'Dom Casmurro'.

Thursday, July 11, 2019

Intimidades reflexivas - 1230

"Com o passar do tempo, há dois sentimentos que desaparecem: a vaidade e a inveja. A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso. E a vaidade faz-me pensar no milionário Howard Hughes. Quando ele morreu, os jornalistas perguntaram ao advogado: "Quanto é que ele deixou?'. O advogado respondeu: "Deixou tudo". Ninguém é mais pobre do que os mortos." - António Lobo Antunes in "Diário de Notícias" (2004)

Wednesday, July 10, 2019

Intimidades reflexivas - 1229

"Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Estender a mão é correr o risco de se envolver. Expor os seus sentimentos é correr o risco de mostrar o seu verdadeiro eu. Defender os seus sonhos e ideias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas. Amar é correr o risco de não ser correspondido. Viver é correr o risco de morrer. Confiar é correr o risco de se decepcionar. Tentar é correr o risco de fracassar. Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada. Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é livre!" - Séneca

Tuesday, July 09, 2019

Intimidades reflexivas 1228

"(...) O homem, uma vez criado, desobedeceu logo ao Criador, que aliás lhe dera um paraíso para viver; mas não há paraíso que valha o gosto da oposição." - Machado de Assis (1839-1908)

Monday, July 08, 2019

O triste 'negócio' dos animais

Nunca fui muito dos seguidores de associações de animais porque, infelizmente, já vi demasiadas coisas, durante demasiados anos, para acreditar nelas. Sei também que é perigoso entrar em generalizações que, podendo ser incorretas, são necessariamente injustas para algumas delas. Mas mesmo correndo esse risco, quero aqui trazer um caso que me deixou estupefacto. Tenho um amigo que quis doar algumas coisas que tinha de anteriores animais, tais como: alcofa, tapetes de aquecimento, forros para alcofas e até comida. Contactou uma dessas associações 'de nome na praça' para ver se queriam. Disseram logo que sim, e que passado um dia ou dois, - porque não tinham carrinha disponível -, iriam buscar tudo a casa do meu amigo. Ele deixou o contacto para quando viessem o avisar para ter alguém em casa. Os dias foram passando, as semanas também. Ao fim de pouco mais de um mês, e como ninguém dissesse nada, ele enviou-lhes um e-mail a dizer se ainda tinham interesse nas coisas ou não porque até essa altura ninguém tinha aparecido e, com certeza, haveria, outras entidades a quem as doar. (Alertou inclusive para a comida que corria o risco de se estragar). Aguardou pela resposta que pensava rápida, mas nada disso, teve que aguardar três ou quatro dias para ser contactado. Depois de muitas desculpas e justificações, lá disseram que afinal tinham tido um problema com a tal carrinha, mas agora já a tinham e que dentro de um ou dois dias lá passariam para levar as coisas. Informaram também que contactariam com antecedência para haver alguém em casa. O certo é que até hoje, e já passou mais de um mês sobre a resposta ao e-mail, ninguém apareceu ou se dignou contactar. No somatório que medeia o contacto inicial e o dia de hoje, já se foram mais de dois meses! Afinal as associações que tanto alardo fazem das necessidades com que vivem como podem ter um comportamento destes. Estou certo, e já o disse ao meu amigo, que se ele tivesse dito que tinha lá um maço de notas, eles teriam vindo até no próprio dia, nem que fosse a pé. E poderiam bem fazê-lo porque esta associação dista cerca de dois quilómetros da sua casa. Tudo isto é vergonhoso e faz com que as pessoas não acreditem no trabalho desta gente por mais válido que seja. Isto mostra incúria, desleixo ou talvez indiferença, - para não dizer outra coisa -, que o pudor de quem trabalha verdadeiramente em prol dos animais não merece. Para que todos saibam a associação em causa é a MIDAS. Nome prestigiado mas que parece que é isso mesmo, apenas um nome sonante. Infelizmente a causa animal virou uma espécie de negócio, onde o dinheiro é a pedra de toque e os animais descartáveis. Isto é válido para as ditas 'associações' como para alguns 'defensores' da causa animal, onde a palavra animal vem mesmo no fim. No nome como na atitude. Sei que poderei estar a ser injusto, - e estou-o certamente -, com algumas associações e alguns defensores da causa animal, mas também tenho a noção que esses são a exceção à regra. Ou não será assim?

Sunday, July 07, 2019

Intimidades reflexivas - 1227

"Fascina-me o caso do menino de origem humilde, nascido numa aldeia rural, que cresceu descalço e só teve o seu primeiro livro aos dezoito anos; do homem que não frequentou estudos superiores e em bibliotecas públicas alimentou a sede imensa de saber; que se transformou no exemplo improvável de que é possível alguém de tal condição social e de formação autodidacta, chegar a ser, não só um dos grandes mestres da língua portuguesa, mas ainda um “maître à penser” de dimensão intelectual universalista." - José Saramago (1922-2010)

Saturday, July 06, 2019

"Peço a Palavra - Coimbra 1969" - Alberto Martins

Há livros que nos marcam pelo que encerram, mas também por nos trazer momentos dum tempo outro que ainda foi aquele por que passamos. "Peço a Palavra - Coimbra 1969" é um desses livros. Porque fala dum acontecimento que marcou a academia portuguesa e que viria a fazer com que as Universidades nunca mais fossem o que eram antes, tempos que conheci nessa altura ainda não universitário, mas que poucos anos depois viria a engrossar as suas fileiras e a compreender melhor a sua amplitude. Estávamos a 5 anos do 25 de Abril, Salazar já não mandava, e Marcello Caetano era o ditador de serviço. Quis abrir o regime, a famosa 'primavera marcelista' mas que se gurou, mais fruto dos últras' que se lhe oponham, do que da sua vontade. Sou dos que continuo a acreditar que ele tinha até uma séria intenção de abrir o regime, mas não conseguiu controlar a situação. Por tudo isto, este é um livro importante porque encerra muito do que viria a acontecer alguns anos depois, era uma espécie de prenúncio que manteve alguns alerta, mas que escapou a tantos outros. Lê-se na sinopse do livro: "Peço a Palavra, as muitas mil vozes que pediram a palavra, a 17 de Abril de 1969, fizeram deste gesto inicial e simples, breve e longo, um símbolo da memória e revolta. Nele iniciando a liberdade que em Coimbra, por quatro meses, se fez um lugar de ficção real em que verdadeiramente tudo aconteceu e foi violento e duro, e perdura. Mas na encruzilhada daquele tempo, incerto e veloz, esteve também a festa e a felicidade de quem faz o acontecimento (pessoal ou colectivo). Na individualidade que a cada um de nós pertence, com situações e dramas distintos, todos podemos dizer que aquele foi o nosso tempo, e lugar, e estivemos lá. A solidariedade viveu, então, em Coimbra, cercada pela agressão e violência, censória e pidesca, com o espectro de uma guerra colonial, a esconder-se numa incorporação militar compulsiva, feita à medida. A liberdade passou por ali, quebrou os muros da Universidade, foi pela cidade, ecoou pelo país." Sobre o autor, Alberto Martins, era ao tempo o líder da AAC, viria a ser um dos fundadores do MES e mais tarde iria aderir ao PS, vindo a ser deputado e seu líder parlamentar. Chegou a ser ministro do XIV e XVIII Governos Constitucionais. Este é um livro muito interessante para a compreensão dum dos factos mais importantes e que teve mais repercussões nacionais e internacionais nos últimos anos do regime anterior. Um livro que é um documento histórico duma época que merece a nossa atenção com vista a compreender melhor aquilo que a História nos iria mostrar a seguir. A edição é da Verbo.

Friday, July 05, 2019

Intimidades reflexivas - 1226

"Não são forças metafísicas vagas que moldam este mundo. Não é Deus quem mata as crianças. Não é o destino que as trucida ou a sina que as dá de comer aos cães. Somos nós. Só nós." - Alan Moore e Dave Gibbons in 'Watchmen'.

Thursday, July 04, 2019

O síndrome Rosita

A Rosita já percebeu que pode andar à vontade. O Nicolau já não é uma preocupação para ela. Agora sente-se 'dona disto tudo' e até o seu génio foi mudando. Antes era duma docilidade enorme, hoje, embora não deixando de o ser totalmente, é mais empertigada, mais senhora do seu nariz. Como gata livre, ela não quer amarras de espécie alguma. Vai até dentro de casa e se está com muito sono, logo sobe ao sofá onde é capaz de dormir toda a manhã. Mas logo que acorda, normalmente à hora habitual das refeições, come e logo quer sair. A sua dona já me tinha dito que ela não parava muito dentro de casa, e que miava muito para sair. Achei na altura que isso era um pretexto para a deixar fora. Mas a senhora tinha razão. Ela gosta de aqui estar, mas logo quer sair para andar em liberdade a visitar a sua 'irmã' na casa dos seus donos ou, simplesmente, andar de casa em casa a ver o que se passa. Logo pela madrugada vem pedir de comer, mas depois, vai-se embora porque ainda é noite e ela gosta de andar por aí. Gosto muito da Rosita, mas se calhar porque nunca tive gatos, não me habituo à sua independência. Um cão é próximo, amigo, fiel, todo o contrário dum felino que é muito zeloso da sua liberdade. Embora apoie gatos vadios à muitos anos, nunca os tive próximos como agora com a Rosita. E talvez porque toda a minha vida foi feita no meio de cães, noto a diferença. Estou a viver uma espécie de síndrome Rosita. Mas todo o carinho, higiene, alimentação, nunca lhe serão sonegados. Embora perceba cada vez melhor que ela é que decide a sua vida e mais ninguém. Ao fim e ao cabo foi ela que decidiu vir para cá e por cá tem andado.

Wednesday, July 03, 2019

28 anos depois do seu desaparecimento

Cumpre-se hoje o 28º aniversário do falecimento do meu avô materno e padrinho José. Com ele vivi até à idade adulta. Ele foi um mentor importante na minha formação, quer na formação académica, quer na outra, a primordial, em casa. Cedo percebeu as mudanças do mundo e sempre me incentivou a ir mais longe. Empregado bancário, - que era uma profissão muito apreciada na época, bem longe da banalidade dos nossos dias -,  fez com que o meu avô contactasse com muita gente de índole superior à sua, mas onde bebia o conhecimento que aplicava na sua vida. Esse trabalho de evolução foi ajustado a mim com vista a uma vida, que ele achava e bem, seria mais exigente no futuro. Vai daí a exigência educacional que me impôs, (frequentando as melhoras escolas da época coisa que para ele era determinante), sempre viu e projetou mais à frente, bem mais longe. Em casa, era também o mesmo rigor de educação onde não havia espaço para a boçalidade tão comum nos nossos dias. Lembro-me das brincadeiras que ele comigo fazia, mas também das horas de estudo que tinha, - mesmo em tempo de férias -, para, segundo ele, não esquecer o que tinha aprendido no ano transato.  Recordo as vezes com que fui com ele buscar os ramalhos para fazer a cascata para os santos populares, mas também, da maneira como me fixava metas que tinha que ultrapassar. Não me esqueço de mais tarde, ele contemplar com orgulho o percurso do seu neto e afilhado, mas nunca deixando de me incentivar e marcar outros objetivos, outras metas a atingir. Assim foi a minha vida com este avô e padrinho que tão gratas recordações encerra na minha memória. Passam hoje 28 anos sobre o seu desaparecimento mas, apesar da distância temporal, não posso deixar de aqui trazer a lembrança deste grande homem, - humilde mas determinado -, a quem eu tanto devo. Lá onde estiveres, avô José, espero que estejas em paz!

Tuesday, July 02, 2019

Intimidades reflexivas - 1225

"(...) Se filosofamos é por saber que morreremos, monsieur de Montaigne já tinha dito que filosofar é aprender a morrer." - José Saramago (1922-2010)

Monday, July 01, 2019

Intimidades reflexivas - 1224

"Uns viram coragem, alguns temor iminente (preconceito), outros imposição de censura: É difícil lutar com o coração, pois paga-se com alma." - Heraclito, filósofo pré-socrático, (535 a.C. - 475 a.C.)