Turma Formadores Certform 66

Friday, January 29, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 36

Ontem, a revista Visão publicou uma extensa entrevista com o empresário Belmiro de Azevedo. Nela, o empresário nortenho, espalhou críticas a torto e a direito sobre tudo e todos. Apelidou Cavaco de ditador, por ter despedido quatro ministro que, segundo ele, eram os melhores e seus amigos pessoais, Sócrates é acusado de lhe telefonar muitas vezes e mandar telefonar outras tantas. Mas convenhamos que, gostemos ou não de Belmiro de Azevedo, ele não deixa de ter razão em algumas das críticas que faz. Que Cavaco é um autoritário, todos o sabemos, basta olharmos para os anos em que foi primeiro-ministro; se Sócrates lhe telefona não sabemos bem a razão, mas que estamos num momento em que a democracia pode ser aprofundada, lá isso estamos. Os governos de maioria têm o condão de serem mais estáveis mas, como vimos, têm o outro lado, o de serem arrogantes e autoritários. Mesmo os de bloco central que, ainda segundo o empresário, é "uma ditadura a dois". Já neste espaço falamos sobre os governos de maioria e, como se devem lembrar, ficamos sempre entre o jogar entre a estabilidade - governo maioritário - ou, o aprofundamento da democracia - governo minoritário - com uma intervenção maior do parlamento. Mas Belmiro Azevedo, embora sendo um empresário muito independente, não pode deixar de se lembrar que no início do Grupo Sonae, beneficiou e muito do poder político que muito o apoiou, desde logo, Mário Soares. Mas Belmiro de Azevedo também não se pode esquecer do que se passa entre portas. Todos sabemos como gere o seu grupo com mão de ferro e, embora retirado, não deixa, mesmo assim, de transmitir muito receio aos seus colabores. Admiramos muito o grande empresário que é Belmiro de Azevedo, mas nunca quisemos trabalhar com ele, apesar dos convites que nos foram endereçados. É que entre a "praxis" e o discurso vai ainda uma grande distância. Sabemos que Belmiro de Azevedo é um homem desassombrado, que pode dizer tudo o que quiser porque, para além da sua independência, está acima dos favores de quem quer que seja e detém um império e uma fortuna pessoal que o coloca numa situação privilegiada. Contudo, o seu discurso sempre cáustico, tem o condão de agitar as águas e pôr toda a gente a comentar as suas declarações, como aconteceu ontem e, certamente, continuará nos próximos dias. Mas apesar disso, achamos que, dado o clima de crispação existente na sociedade portuguesa, talvez não fosse de todo mau haver mais algum tempero naquilo que se diz, sobretudo, quando quem o diz, sabe que é escutado por todos. O presidente da CIP optou por esta linha que pensamos ser razoável, mesmo que a CIP, ela mesma, não tenha escapado ao discurso ácido do empresário nortenho. Apesar de tudo, achamos que muitas vezes é necessário este desempoeiramento da nossa vida pública, para que percamos um pouco de tempo a olhar para aquilo que somos e aquilo que queremos ser no futuro. Mas não deixemos de reflectir numa questão que Belmiro Azevedo disse, que são necessários "melhores e maiores salários" para motivar os trabalhadores. Sabemos que no seu grupo nem sempre é assim, mas esta é uma visão Keynesiana que é interessante explorar, sobretudo num momento em que tanto se fala de Keynes e tão poucos o conhecem verdadeiramente.

Thursday, January 28, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 35


Ontem realizou-se a abertura do ano judicial. Como habitualmente, um grande número de personalidades acorreu ao evento. Cavaco Silva foi um deles, e fez segundo nós, um dos mais bem conseguidos discursos sobre a justiça em Portugal. Cavaco foi duma contundência pouco habitual. Acusou, e muito bem, em nosso entender, os legisladores, que fazem leis apenas por interesse conjuntural, inteligíveis para a maioria dos cidadãos, muitas vezes motivadas por interesses políticos. Disparou em muitas e variadas direcções, não deixando ninguém de fora. Os representantes dos sindicatos, - quer dos juízes, quer dos magistrados do Ministério Público, - lá enfiaram o barrete, e até disseram - brada aos céus - que ele tinha razão e denotava um profundo conhecimento da situação. Esses senhores, eles mesmos, que grosseiramente, disseram não ter ouvido o discurso do bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto. Basicamente as acusações não eram muito diferentes, mas era difícil dizerem o mesmo do Presidente da República. Esses representantes sindicais que deveriam estar calados, visto os sindicatos terem, eles mesmo, contribuído para esta confusão. Há sectores em que não concordamos com a existência de sindicatos, desde logo os juízes, procuradores, polícias e forças armadas. Estes são sectores que deveriam (deverão) estar acima de jogos rasteiros e politiquices baratas. Mas não é assim, e os portugueses sentem na pele uma justiça que não funciona, quando funciona é tardia, onde os julgamentos são feitos na praça pública, nos "média", onde criminosos são presos e libertados de seguida, mesmo em frente às autoridades que os deteviram, apenas alguns, com termo de identidade e residência, porque não existe nenhum grau mais leve. Marinho Pinto colocou o dedo na ferida, que vem incomodando muita gente, caso da questão do segredo de justiça, "que é uma farsa", segundo ele. De facto, não se percebe como as notícias saem, cirurgicamente, em determinados momentos. Como aparecem inclusivé, no You Tube, como aconteceu recentemente, e no fim, ninguém é culpado. As informações sairam sozinhas!!!. Os portugueses são tratados como criaturas menores, como inépcios, face aos rebuscados caminhos da justiça. Culpados nunca existem, sobretudo, se são gente poderosa, enquanto um pequeno delinquente que muitas vezes rouba para comer é condenado com pesada pena. Nem na Roma antiga se foi tão atribilionário. Leia-se Séneca e Cícero, talvez encontremos lá alguma coisa útil. No entretanto, os portugueses só não riem de tudo isto, porque o assunto é demasiado sério, e cada vez mais optam pela justiça pelas próprias mãos; e, no exterior, é o descrédito. Cada vez mais somos olhados como um país menor, um país periférico, que se vai afastando da grande roda dos países civilizados. Não pensem que é só pela economia. E ainda dizem que o Haiti não tem estruturas? E nós, temos?...

Tuesday, January 26, 2010

As Profecias de Nostradamus - Mario Reading

Mario Rediang nasceu in Dorset, e cresceu na Inglaterra, Alemanha e no sul de França. Foi educado no Gorse Cliff Preparatory School, depois na Rugby School, vindo mais tarde a estudar literatura comparada com os professores Malcolm Bradbury e Agnus Wilson da Universidade de East Anglia, onde se especializou em literatura francesa e alemã vindo mais tarde a rumar a África. Durante a sua nómada juventude, aprendeu equitação em Cape Town, estudou "dressage" in Viena, jogou pólo na Índia, França, Espanha e Dubai, chegando a ter setenta cavalos de pólo nos estábulos em Gloucestershire, ajudando a sua mulher mexicana na plantação do café, vindo ainda a sobreviver a um diagnóstico de cancro em fase terminal. É autor de duas novelas "The Music-Makers" (recentemente traduzido para alemão) e "As Profecias de Nostadamus", que foi publicado em 35 países incluindo o Reino Unido e os EUA durante o ano de 2009/2010. "As Profecias de Nostradamus" venderam já mais de 120.000 cópias. Também já escreveu para o Discovery Channel em 2006, com o documentário "Nostradamus: A Verdade". Como sinopse do livro temos: "Nostradamus escreveu milhares de profecias. Apenas 942 chegaram até nós. O que terá acontecido às restantes? E que segredos contêm para que seja necessário mantê-las desaparecidas? E porque é que Nostradamus, no seu testamento, deixou dois cofres secretos à sua filha mais velha? Porque é que os ciganos são os guardiões do segredo? Que relação entre França e Monserrate? Qual a relação com as Virgens Negras?" Numa altura em que se começa a falar, de novo, no fim dos tempos, no Apocalipse iminente, porque não pensar que já alguém visionou tudo isto à mais de 500 anos? Porque não pensar que, seremos nós, os humanos, que temos a chave nas nossas mãos, para inverter esta contagem decrescente. Um livro fascinante que se lê dum só fôlego. A edição é da Livros d'Hoje.

Sunday, January 24, 2010

A crise financeira e a recessão - XIV

Todos sabemos das dificuldades económico- financeiras que o mundo atravessa e a que Portugal também não escapou. Mas convenhamos que, mesmo assim, ainda estamos longe dos problemas duma Irlanda e, sobretudo, duma Grécia. Isto bem a propósito de alguns relatórios que muito recentemente têm vindo a lume, quer do FMI e de algumas agências de "rating", nomeadamente, da Moody's. Quanto ao FMI, nem vamos perder muito tempo com ele. Todos sabemos das políticas desastrosas que tentam implementar nos países onde intervêm, que são políticas falhadas já aplicadas na América Latina com o impacto que todos conhecemos. Os países que estão a crescer muito, contrariando as previsões do FMI, são a China e o Brasil, que se recusaram a aplicar as "famosas" receitas deste organismo. Nós bem o sabemos, sobretudo no início dos anos 80, quando os tivemos por cá, e que o então ministro das finanças, Vitor Constâncio, enfrentou, o que lhe viria a granjear muitos elogios mais tarde, pela maneira superior como defendeu o interesse nacional, por ironia, alguns desses elogios vieram de dentro do próprio FMI. Quanto às empresas de "rating" o caso é mais sério. Estas empresas não são escrutinadas e supervisionadas por ninguém, podem apenas reproduzir informação baseada em informações de jornais ou revistas, sem terem que provar seja o que for. Normalmente falham mas causam muitos estragos. Considerar Portugal com uma situação semelhante à Grécia é algo tão absurdo que, se fosse num exame de macroeconomia, não tínhamos qualquer rebuço em chumbar tal aluno. E que dizer da tão estável Irlanda que caiu na bancarrota, e que era um modelo que era apontado como exemplo à Europa, sobretudo, à Europa do Sul? E já agora, o que pensará a Moody's e alguns doutros dos seus pares, que davam o exemplo da Islândia, como algo acima da média, e que ruiu como um castelo de cartas em quarenta e oito horas? Será que estes "cérebros iluminados" leram os jornais e as revistas erradas? Se fizeram algum estudo, que estudo foi este que deu previsões tão erróneas e que a realidade veio a demonstrar? As maiores empresas que se dedicam a esta análise, são três, todas americanas, que olham com sobranceria para o mundo e, especialmente, para a Europa. Porque não olham para as suas realidades mais próximas? Que dizer da economia americana? Porque não denunciaram os vários "Madoff's" que por lá andaram e, ainda andam? Não seria isto a tal "morte lenta" de que falam, só que se esqueceram de olhar para os seus próprio umbigos? O mal de tudo isto é que, apesar de tudo, estas empresas ainda são escutadas, e as suas opiniões têm impactos negativos no crédito internacional dos países, que fica mais caro, - podendo até começa a escassear -, o endividamento do país aumenta, e o consumidor final fica mais pobre. E a crise em vez de se esbater, perpetua-se. É esta a espiral da pobreza que estes senhores acabam por levar para os países, sobretudo os mais pequenos, pobres e periféricos como Portugal. Estas agências nunca são confrontadas com o contraditório, por mais disparates que digam. É por isso que, a UE tem vindo a falar na criação duma empresa de "rating", a chamada Agência Europeia de Rating. Uma empresa destas não se cria dum dia para o outro, mas é do conhecimento geral que, esta é uma das prioridades da agenda de Durão Barroso. Vamos a ver se tem força para a implementar. Bem necessária era ela, para defender os estados europeus de predadores como estes que por aí andam.

Thursday, January 21, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 34

Assistimos na passada terça-feira, dia 19 de Janeiro de 2010, a um dos actos mais hipócritas da democracia portuguesa. Estamos a falar-vos da condecoração de Santana Lopes com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo por Cavaco Silva. Se já era irónica a condecoração de Santana Lopes, ainda a torna mais ridícula ser este acto presidido por Cavaco Silva, que tanto fez para derrubar Santana Lopes do poder. Ainda há quem se lembre do famoso artigo de Cavaco sobre a "má moeda" que viria a despoletar o fim tragicómico do governo de Santana Lopes. A justificação de Cavaco Silva aos jornalistas antes da cerimónia, era que se "tratava duma prática política de sempre, que se tinha institucionalizado". Ficamos assim a saber que, as condecorações na democracia portuguesa - não serão todas com toda a certeza - se prendem não com o mérito da pessoa, mas sim com um hábito que se enraizou. Como disse a jornalista Maria Flor Pedroso, nas "Escolhas de Marcelo" no passado domingo, haveria muita gente a sorrir neste acto, ou pelo menos, a disfarçá-lo. Mas o mais irónico foi Cavaco Silva no seu discurso fazer referência ao "desempenho de cargo relevante", e Santana Lopes, talvez ainda mais irónico, dizer que era "uma honra recebê-la das mão de Cavaco Silva". Enfim, neste Carnaval de máscaras - muito à moda de Veneza, mas sem o seu brilhantismo - lá vamos olhando para o lado e fazendo de conta que nada aconteceu. Os valores da ética, do profissionalismo, da integridade, do desempenho relevante, são cada vez mais, letra morta. Todos já vamos percebendo que a nossa democracia está doente, mas tanto assim, era impensável. As atribuições honoríficas não podem ser atribuídas invocando a tradição, porque assim, reduzimos o seu significado a nada, e quando alguém receber uma condecoração, teremos o legítimo direito de nos interrogarmos se ela é merecida ou não. Aqui fica mais um equívoco da democracia portuguesa.

Tuesday, January 19, 2010

Ajudemos o Haiti


Demorei algum tempo a falar sobre este tema, porque tenho, ainda hoje, alguma dificuldade em digerir algumas imagens que todos os dias nos entram portas adentro. Dir-me-ão que é mais um cataclismo igual a muitos outros, e lembrar-me-ão o Paquistão, a Indonésia, e ainda ontem, a China. Este, contudo, teve repercussões maiores, sobretudo porque estamos a falar dum país - nem sei se é correcto chamar-lhe assim - e dum povo que não tem praticamente nada, ainda antes do cataclismo viviam com menos de um dólar por dia (!). País assolado por muitas catástrofes naturais, esta foi mais uma, talvez a mais destruidora, que arrasou o país por completo. Depois, como sempre acontece nestas ocasiões, vem a violência, por comida e água, outras vezes, violência apenas por violência, pela lei do mais forte. Depois virão as epidemias para ceifar a vida a mais alguns. País de escravos que se libertou a alguns anos atrás, mas por vezes a libertação política não basta por si só, há outras formas de escravatura, desde logo a económica, com o seu cortejo de miséria e de fome. Um país sem infraestruturas, sem poder político, de segurança e sanitário, digno desse nome, onde os senhores - muitas vezes corruptos - se vão alternando no poder, em nome próprio, e não tanto, em nome do seu país, isto também ampliou a dimensão da tragédia. Penso que ninguém ficará indiferente ao desfilar de imagens que vemos diariamente, e se sintonizarmos estações estrangeiras, - caso da CNN, - então a avalanche ainda é maior. Mas o que temo em tudo isto, é que passado o fervor jornalístico, o Haiti volte a cair no esquecimento, como esteve até agora, mesmo pela antiga potência colonizadora. E então ele fique entregue a si mesmo, e à arbitrariedade dos mais fortes. As equipas de socorro atropelam-se, muitas vezes sem rumo, mas sem menosprezar todos aqueles que deixaram o conforto das suas casas e das suas famílias, a verdadeira ajuda, essa mais militante e persistente, mas simultaneamente menos mediática, será aquela que lá irá continuar, quando os holofotes das televisões se apagarem. Uma dessas é portuguesa, trata-se da AMI - Assistência Médica Internacional. O seu líder, o Dr. Fernando Nobre, já disse que lá permanecerão pelo menos um ano. Bem hajam pelo esforço. E esse esforço, deve ser apoiado, porque estas organizações não governamentais, lutam com enormes carências. Assim, penso que, caso queiramos ajudar, ou tenhamos possibilidades para ajudar, podem enviar donativo para a AMI através das seguintes contas:
NIB: 0007 001 500 400 000 00672
IBAN: PT 50 0007 001 500 400 000 00672 SWIFT: BESCPTPL
Multibanco: Entidade 20909 Referência 909 909 909 em Pagamento de Serviço
Podem seguir a missão da AMI no Haiti através do seu site, do blog AMI, do twitter ou do facebook. Aqui fica a mensagem, agora é com cada um.

Monday, January 18, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 33


Aqui voltamos a esta série dedicada aos controversos equívocos em que a nossa democracia é fértil, desta vez, sobre as negociações do Orçamento de Estado. O governo tem vindo a encetar uma série de negociações para conseguir aprovar o OE para 2010, dado que não dispõe de maioria absoluta. A esquerda para lá do PS, que passa a vida a dizer mal de tudo, embora ouvida como todos os restantes partidos, auto-excluiu-se do processo logo na primeira reunião. Não é assim que se constrói seja o que for, é preciso que, quando na AR ou noutro qualquer lugar, se critica a política governamental, deste ou qualquer outro governo, tenhamos propostas alternativas para apresentar e tentemos - como é o caso - influenciar o outro partido para que algumas dessas propostas passem. Mas não é isso que vemos, parece que é mais cómodo estar do outro lado da barricada, a dizer o que muito bem nos apetece, porque sabem que não serão poder, e quando lhe é solicitada a cooperação, fogem dela como o diabo da cruz. Isto não é sério sejam lá quem forem os protagonistas. Quanto à direita, lá vai dialogando, porque pretende manter o governo em funções, pelo menos até às presidenciais, depois se verá... Contudo, e com a atitude sibilina que o caracteriza, o CDS-PP lá vai buscando as pontes de entendimento, aproveitando-se dum PSD estilhaçado e sem rumo. Mas para além da aprovação ocasional dum OE, seria mais importante que se fizesse um pacto de regime sobre os principais temas com os principais partidos para ajudar Portugal a sair da situação em que se encontra. Desde logo, a justiça, economia, finanças, segurança social e trabalho. Mas duma maneira séria e responsável, não como foi o acordo feito entre o PSD e o PS sobre a justiça, que o primeiro, logo que mudou de liderança o rasgou. Isto também não é sério nem responsável, e os portugueses sabem-no bem e por isso o têm penalizado. É certo que um pacto deste tipo precisa de partidos com liderança forte, credível e responsável. Infelizmente, a liderança do PSD não tem quaisquer destes atributos, o que tem conduzido o partido ao lodaçal em que está. Mas seria bom, que os nossos políticos, a exemplo do que acontece noutros países evoluídos, pensassem que o interesse dum país não se esgota numa legislatura de quatro anos nem nos interesses do seu partido. Vai muito mais além, e as linhas força não podem mudar consoante a força política que está circunstancialmente no poder.

Wednesday, January 13, 2010

O grito do profeta - Mahatma Gandhi

"Meu Senhor... Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos débeis. Se me dás a fortuna, não me tires a razão. Se me dás o êxito, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me sempre a ver a outra face da medalha, não me deixes culpar de traição a outrém por não pensar como eu. Ensina-me a querer aos outros como a mim mesmo. Não me deixes cair no orgulho se triunfo, nem no desespero se fracasso. Mas antes recorda-me que o fracasso é a experiência que precede o triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza. Se me tiras o êxito, deixa-me forças para aprender com o fracasso. Se eu ofender alguém, dá-me energia para pedir desculpa e se alguém me ofende, dá-me energia para perdoar. Senhor... se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim!" Mahatma Gandhi. Não queria que este início de ano neste espaço fosse transformado num laudatório mais ou menos místico, mas na verdade quando olhamos para o mundo que nos rodeia, fica pouco espaço para uma atitude diferente. O ano anterior foi mau, este perfila-se não menos complicado. Parece que os deuses estão a conspirar connosco, ou talvez nós, já não acreditemos neles e deslizemos para a descrença com a maior das facilidades. Por vezes, vamos encontrar mensagens onde menos as esperamos. Como é o caso da que inicia esta pequena crónica, atribuída a Mahatma Gandhi. Quantos de nós seríamos capazes de dizer o que ele disse, e sobretudo, fazer o que ele fez. Num mundo desenhado pela violência, onde a lei do mais forte é a palavra de ordem, como poderemos agir desta maneira? A violência que nos entra todos os dias portas adentro, via televisão, - e não me refiro aos filmes, esses também violentos -, onde a cultura do mais forte é símbolo, quase diria sexual, como resistir? Até a BD, que na minha infância era toda ela "naive", hoje foi substituída por bonecos também eles violentos. A competição é estimulada, na escola, no emprego, ao longo da vida, tudo começando na nossa casa, onde os nossos pais também a erigiram como um ícon. Onde nos atropelamos uns aos outros, porque temos que vencer, porque o segundo é o primeiro dos últimos, sem honra e sem glória... Neste mundo virado às avessas, que mais nos resta? Já não à espaço para se ser criança, verdadeiramente criança, e não esse esteriótipo que vemos por aí. Já não à espaço para a inocência. Esta é um estígma, o ser ingénuo é uma condenação. Neste contexto, cada vez mais, temos dificuldade em ouvir o grito do profeta que clama cada vez mais no deserto... Palavras como as de Gandhi ficarão para a História. O Homem que derrutou um império sem recorrer a armas, poderá ser, deverá ser, um exemplo para todos nós. A palavra também é uma arma, talvez a mais mortífera e eficaz, por isso, tanta gente tem medo dela.

Monday, January 11, 2010

A Cabana - WM. Paul Young


"E se Deus marcasse um encontro consigo? As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada. Quatro anos mais tarde, Mack, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à malograda cabana. Ainda que confuso, Mack decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele vai encontrar naquela cabana mudará o seu mundo para sempre". Esta é a sinopse do livro que já vendeu mais de sete milhões de exemplares só nos EUA. Há situações que transcendem, por vezes, o nosso entendimento. Não sei se já vou aconteceu, que parece que um livro vem ter às vossas mãos, num determinado momento, abordando um tema que vos preocupa, ou como resposta a um problema que estejam a vivenciar. Pois comigo já aconteceu, e não tenho explicação para isso. Foi, mais uma vez, o caso deste livro que me chegou através de mão amiga, num momento em que o meu horizonte está pejado de interrogações, sobre a vida em si e o seu sentido, mas sobre o que está para além dela. E sobretudo, na busca dum sentido de vida, quando os problemas que nos rodeiam parecem infindáveis, e a capacidade para os ultrapassar já não existe, ... ou pensamos que não existe. Este livro marcou-me muito, só comparado a um conto de Charles Dickens chamado "Cântico de Natal", que não me canso de reler, e de rever em filme, numa edição em DVD que existe por cá à muitos anos. Só quando estamos a passar por momentos menos bons é que, provavelmente, nos aguça a sensibilidade, e a busca de respostas que livros como este ajudam a colmatar. Face a um Deus sizudo, por vezes implacável, como foi aquele que me foi transmitido na minha infância, aparece aqui um outro Deus, bem disposto e amigo, cooperante em ajudar o Homem, ao fim e ao cabo, a objecto da sua Criação. Não pensem que se trata dum livro religioso ou piegas, bem pelo contrário, é uma expécie de conto de Natal, de alegoria, que nos deixa de bem connosco próprios quando acabamos de o ler. Por vezes, encontramos nos livros mais simples e despretensiosos, a luz que, muitas vezes nos vai faltando ao longo da vida. Afinal, "a maioria de nós tem as suas tristezas, sonhos desfeitos e corações feridos; cada um viveu perdas únicas, a nossa própria "cabana" ". Nesta edição de autor - nos EUA -, apareceu agora no mercado português com a chancela da Porto Editora. Teria sido um bom livro para oferecer no Natal, mas como este já lá vai, e "Natal é quando um homem quiser" - parafraseando o poeta -, aqui fica o testemunho. Não o deixem passar ao lado, vão ver que vale bem a sua leitura.

Friday, January 08, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 32


Hoje é um dia grande para os direitos humanos e cívicos. Foi aprovado à pouco na AR o diploma que oficializa o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Portugal passa assim, a ser o oitavo país no mundo e o quinto europeu que permite estas uniões, embora ainda não se tenha ultrapassado o problema da adopção. Ribeiro e Castro (CDS-PP), pegou no tema do ano comemorativo do centenário da República para glosar a questão em discussão. Mas esqueceu-se que, à 100 anos atrás, as forças conservadoras diziam o mesmo da República emergente. E não podemos esquecer também, que Portugal, já nessa altura, foi um dos pioneiros na implantação republicana, numa Europa onde proliferavam os imperalismos e as monarquias decadentes. Carlos Mota Pinto (PSD), lá vai invocando o referendo que foi rejeitado e que tinha mais de 90.000 assinaturas. Então, meus amigos, porque é que em 2004, o mesmo PSD votou contra uma proposta de referendo apresentada pelo PS na AR, que continha mais de 120.000 assinaturas? São estes os equívocos que vimos denunciando neste espaço, aqui até camuflando uma hipocrisia que brada aos céus. Quando até o Patriarcado, - ao que se diz -, olhou para o lado, porque havemos de nos refugiar nos trocadilhos e hipocrisias inconsequentes? Para além do mais, esta não é uma questão religiosa, como muitos pretenderam fazer crer, com fins evidentes, mas mais uma questão de direitos. A religião, a Igreja, tem que estar acima destas questões, para que não tenha que voltar, - como tem acontecido nos últimos anos -, a pedir desculpa pelos erros do passado. Mas a História não se pára. Os falsos moralistas - que muitas vezes têm a moral, sabe-se lá onde -, têm que perceber que no ciclo evolucional da vida, ou apanhamos o comboio, ou ficamos, definitivamente, fora dele. Os países mais avançados da Europa já o tinham consagrado, e até Israel, reconhece os casamentos efectuados no estrangeiro(!), e convenhamos que Israel não é um país tão esquerdista assim. Mas palavras para quê, já todos percebemos os arrufos conservadores, muitas vezes mais escandalosos do que imaginamos. Lembram-se dos célebres "ballets roses" de outros tempos e num outro regime?...

Thursday, January 07, 2010

2010 - Encarê-mo-lo com esperança


Este início de 2010 não começou da melhor maneira, basta ver o que escrevemos anteriormente. Resta-nos a esperança que ele, apesar disso, se vá prefigurando como um ano melhor do que o anterior, e que as núvens negras que se adensam no horizonte, se afastem. Que o ser humano seja capaz de se redimir do muito mal que tem espalhado pelo mundo, e que compreenda que este planeta não é só dele, isto é, de todos nós, mas de todos os seres vivos que nele habitam. Diz um provérbio alemão que "a tua casa pode substituir o mundo. O mundo nunca substituirá a tua casa". Seria bom abrirmos os olhos para a realidade e pensar que, passamos a vida a competir contra o outro. Os nossos filhos têm que ser os melhores, têm que ter as melhores notas, nós passamos a vida a competir por uma promoção, para nos sentirmos mais importantes, e no meio de toda esta competição perdemos muitas vezes o sentido da vida, o sentido do outro, o sentido do mundo que nos cerca. Onde estão os sentimentos de misericórdia e de bondade - até e, sobretudo, para com os animais -, os sentimentos de humildade e de paciência, a consciência da interligação e da complementariedade. O espírito de colaboração e de submissão ao bem comum, o exercício difícil mas fecundo da compreensão e do perdão, a atenção e o cuidado pelos mais débeis - humanos, mas também animais indefesos -, onde está o diálogo entre as gerações? Tudo isto depende da formação que o núcleo familiar nos dá, depende dos sentimentos e atitudes que nele se cultivam e vivem, dia-a-dia. Temos, cada vez mais, de nos reencontrar com nós mesmos, e analisarmos aquilo que fomos, aquilo que somos, aquilo que pretendemos ser. A reflexão será importante para que o ser humano caminhe mais um pouco, para que se vá afastando das cavernas onde viveu - e onde alguns ainda pretendem viver -, para que leguemos um mundo melhor - mais solidário com todos os seres vivos -, às gerações futuras, e não este mundo egoísta e egocêntrico em que, teimosamente, persistimos em viver.

Tuesday, January 05, 2010

Festividade de Reis - Fim do ciclo da Natividade



Hoje comemora-se a noite do Dia de Reis. Tradição que entre nós passa um pouco ao lado, mas que na vizinha Espanha tem o seu ponto mais alto com a distribuição de presentes à pequenada. Quando falamos dos três reis magos, não sabemos se eram três, se eram mais, ou se eram menos, S. Marcos fala apenas em reis magos, no plural, mas não diz quantos são. Sabemos, isso sim, que tinham três presentes, ouro, incenso e mirra. Que com estes presentes, procuravam a felicidade de ofertaram o que tinham de mais valioso ao Rei que diziam ter nascido. O sentido de mago, não tem o equivalente que hoje lhe damos, eram sim, sábios, homens inquietos que procuravam a verdade, que procuravam a felicidade no conhecimento. Eles são o símbolo daqueles que querem ver, que buscam uma estrela, um ideal, uma resposta que dê sentido e orientação à sua existência... São o símbolo daqueles que se deixam interrogar, dos que são capazes de sacudir a rotina e de entrar numa atitude de procura e de aprofundamento... São o símbolo dos que não desanimam, dos que são capazes de suportar as dúvidas e os obstáculos, procurando, com humildade e confiança, a ajuda de que precisam... São o símbolo daqueles que, vencendo preconceitos ou renunciando a horizontes sonhados, souberam acolher o que Deus lhes foi abrindo e foram capazes de descobrir o divino no humano e de reconhecer, respeitar, amar e servir a Deus no seu próximo... São o símbolo dos que compreendem, sem custo, a necessidade de compartilhar, de agradecer os dons recebidos, colocando-os ao serviço dos irmãos... São o símbolo dos que assumem que ser coerente com a Fé, implica, muitas vezes, mudar de rumo e de caminho, de planos e de vida. Que nós também sejamos capazes de ver no nosso semelhante o que de divino nele existe e buscar a felicidade por vezes perdida. Nesses tempos, como hoje, a busca de algo melhor sempre foi um objectivo que, 2010 anos depois, ainda continuamos a procurar. Que não nos falte a determinação.

Sunday, January 03, 2010

Como é possível em pleno século XXI?


É triste que 10 anos após a chegada do século XXI, ainda seja necessário este tipo de apelo. O texto abaixo, foi-me enviado por amigos que, respeitam os animais, coisa que parece ser exótica para muitos seres ditos "humanos". Diz o seguinte: "A TODOS OS MEUS AMIGOS QUE TEM amam animais e, por favor assinem - caso ainda não o tenham feito ... NÃO É NECESSÁRIO VER O VÍDEO .... É MUITO FORTE! POR FAVOR, ASSINEM E ENCAMINHEM! ABAIXO EXPLICO O PROCESSO. Com uma câmara escondida filmaram animais sendo retirada a pele todos ainda vivos, dizem que é para Permitir um corte limpo, depois as carcaças são jogadas em pilhas ainda vivos e por mais ou menos 10 minutos o coração bate e olhos piscam e as patas dos cães tremem, teve um que levantou a cabeça e Fixou OS olhos ensanguentados directo para Câmara. Se não quiserem ver o vídeo ao menos assinem a petição, precisamos de agir. O vídeo que se segue é de uma violência dolorosa. Os seus silêncios atingem o fundo cada um de nós. Protegendo OS animais tornamo-nos maiores. O planeta não é nosso, apenas o Dividimos entre todos... Por favor, ganha uns minutos do teu tempo e assina esta petição! Faz também chegar esta mensagem a quem consideres poder ser sensível a esta causa. Cuidado ao ver o vídeo, é mesmo muito violento. http://www.petatv.com/tvpopup/video.asp?video=fur_farm&Player=wm&speed=med . Quando a lista chegar às 1000 assinaturas, por favor envia para: PETA2@peta.org . Obrigada (o). Nossa vida não é mais importante do que a de nenhum ser vivo existente na Terra! Para assinar, é só clicar em encaminhar, e colocar o nome no final. Obrigada (o)". Quanto tempo levará o Homem para sair das cavernas? Será compreensível que 10 anos após a chegada do século XXI, ainda temos que privar com coisas destas? Se, como é comum dizer-se, que "o ser humano foi feito à semelhança de Deus", então que Deus é este que permite tal sofrimento? É triste que este início de 2010 comece com esta mensagem, mas esta é a triste e infeliz realidade. Esta mensagem de e-mail foi enviada por mim para muitos amigos, que também são amigos dos animais. Apelo aqui a todos aqueles que lêem este espaço, para o fazerem circular, e obter as assinaturas respectivas para serem enviadas para a PETA, uma célebre instituição de defesa dos animais. Colaborem, para que o mundo seja melhor, não um mundo de sofrimento, e para que o ser humano caminhe para a sua redenção, se é que ainda vai a tempo. Obrigado a todos.