Turma Formadores Certform 66

Monday, July 31, 2017

Intimidades reflexivas - 1047

"Feliz aquele que encontrou um verdadeiro amigo! Um amigo fiel é um grande amparo; aquele que o encontra, encontra um tesouro. Nada é comparável ao amigo fiel; nenhum peso de ouro nem de prata equivale ao valor da sua felicidade. Um amigo fiel é um remédio de vida e de imortalidade." - (Ecl. 6,14-16)

O dinheiro não é um bem supremo...

O dinheiro não é um bem supremo... Com o dinheiro pode comprar-se: a cama, mas não o sono; a comida, mas não o apetite; o livro, mas não a inteligência; o luxo, mas não a beleza; o remédio, mas não a saúde; uma casa, mas não um lar; a convivência, mas não o amor; as diversões, mas não a felicidade; o crucifixo de ouro, mas não a fé; um lugar luxuoso no cemitério, mas não Deus... Há tesouros e pérolas que os olhos não vêem mas que valem muito mais do que aquilo que se vê...

Sunday, July 30, 2017

Intimidades reflexivas - 1046

"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros." - Bernardo Soares heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935) in «Livro do Desassossego».

Talvez roubada!...

Quando cheguei ao abrigo fiquei com a sensação de que a comida tinha sido de novo roubada. A disposição da taça onde deixei o paté, bem como a inexistência de comida de cão, a isso me induz. (Ver foto). Aliás as taças nem sequer estavam no sítio onde as deixei ontem. Não sei se alguém lá foi entretanto. Apenas a de gato lá permanecia. Seja como for, a gata lá apareceu, estava à minha espera como de costume. O siamês também lá estava mas fugiu logo que me viu. A gata comeu o que quis, e não foi muito. Não deveria ter fome até, como disse atrás, ainda havia comida de gato. Quando me vim embora já ela lá não estava e, de certeza, o siamês estaria algures a ver quando me vinha embora. Ela, pelo menos, tem a sua refeição.

Saturday, July 29, 2017

Intimidades reflexivas - 1045

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens." - Fernando Pessoa (1888-1935)

Tudo normal!...

Quando cheguei ao abrigo, tudo estava dentro da normalidade. Apenas a ração de cão não existia. (Ver foto). Mal me pressentiu, logo a gata fez a sua aparição. Aparentemente com fome, porque não se afastou muito até eu colocar a comida. Abasteci as taças e ela foi logo comer. O siamês não apareceu. Já não o vejo à muito tempo. Penso que terá rumado a outras paragens ou, simplesmente, desapareceu. Fiquei ainda o tempo necessário para a gata comer. Logo que foi embora eu vim também. As gaivotas estavam à espera que me afastasse para irem também ao manjar. O cão não o vi. Pelo menos a gata já tem a sua refeição. Os outros terão, se aparecerem por lá rapidamente.

Friday, July 28, 2017

Obrigado, amigo!...

Há dias assim. Parece que mesmo sendo ainda lusco-fusco um sol radioso rasga a noite. Foi o que hoje aconteceu. Madrugada dentro - todos sabem que durmo pouco - vi que tinha uma mensagem e fui ver quem era. O autor era o meu amigo, Armando Antunes. Só que ao ler o que ele escreveu, fiquei de coração quente. A mensagem era sobre a maneira como tenho lidado com o caso do Nicolau. E ela é tão sublime que até me deixou embaraçado. O senhor Antunes quis fazê-lo por mensagem privada com aquela modéstia que sempre lhe conheci. E aqui estou - publicamente - a responder e a agradecer as suas tocantes palavras. Mas antes disso, deixem que vos apresente este senhor. Conheci-o vai para um par de anos, era ele um empresário a passar por um momento difícil. E quando se passa por momentos difíceis é que temos bem a dimensão dos amigos que temos ou que não temos. O senhor Antunes sentiu isso bem na pele. Viu muitos dos seus 'amigos' - ele sabe bem porque coloca as aspas - afastaram-se como se ele fosse portador de lepra. Mas também há outros que ficaram e tentaram ajudar a remediar a situação. Nessa altura, o senhor Antunes era apenas um cliente meu como tantos outros, mas depois da luta que se travou em torno dele, ficamos amigos (aqui sem aspas). Porque empurrar para o chão um homem caído é fácil e até comum. Ajudá-lo a reerguer-se é bem mais complicado e não dá dividendos. Mas eu fiquei e não fui o único. Tentei ajudar o melhor que pude e soube. Mantive-me junto dele sem receber quaisquer honorários, apenas e só, porque não o queria deixar apenas acompanhado pela sua solidão. (E fi-lo por opção, não estou aqui a insinuar outra coisa. Não sou dos que insinuam, o que tenho que dizer, digo). Nunca me arrependi disso. (E não pensem que trago isto aqui apenas para me vangloriar. Quem me conhece sabe bem que nunca vivi à sombra de ninguém, nem no sucesso, nem no fracasso. O que fui ou sou devo-o apenas ao meu trabalho e a mais ninguém). Mas a ligação ao senhor Antunes continuou. Mesmo depois de ter terminado a minha colaboração nunca lhe perdi o rasto. Mais tarde, vim a reencontrar-me com ele, - já numa outra posição -, mas sempre vi neste senhor uma simpatia contagiante que nem as horas menos boas lhe tirou, bem como, uma inteligência e sagacidade que faz inveja a muitos. E hoje, bem cedo, - este amigo, tal como eu, é também um homem sem sono -, lá me encontrei com ele de novo. Discretamente porque ele não gosta de muito aparato. É um homem simples que sabe bem aquilo que quer. (O senhor Antunes tem esta capacidade de aparecer e desaparecer com toda a facilidade e, é assim, que consegue surpreender os amigos). E agora, é a si que me quero dirigir. O senhor Antunes sabe que sempre poderá contar comigo naquilo que precisar, dentro daquilo que eu possa fazer, certamente e, é em nome desta amizade, que quero aqui dizer publicamente que muito me sensibilizou as suas palavras. Se o meu pequeno exemplo pode servir de inspiração para alguém, pois fico muito satisfeito. Mas não foi com essa intenção que publicitei o caso do Nicolau. Foi o grande amor por ele que me motivou a isso. Foi o buscar um bálsamo onde nem sabia se o ia encontrar. Foi o procurar um apoio quando as paredes em volta parecem desmoronar. Sei que isto pode ser estranho para muitos que me lêem, - porque um animal para muitos, é apenas um animal -, mas não para o senhor. Fui educado a ter respeito pelo mundo que me foi dado viver em todas as suas vertentes. Daí já me terem visto afirmar o que aqui quero trazer de novo, esse tríptico fundamental da vida como me foi legado: a solidariedade para com o meu semelhante, que muitas vezes sofre, e olhamos incomodados para o lado em vez de ajudar; o amor pelos animais, tão humilhados e ofendidos, torturados, vilipendiados, a quem dá-mos uma morte sempre horrível, - e não me refiro só ao cão ou ao gato -; e, o respeito pela natureza, aquele respeito que não temos como é bem visível pelos dias por que estamos a passar, - neste 'anno horribilis' para as florestas -, que mão criminosa, incúria, desleixo, irresponsabilidade ou até causa natural, põe à prova ano após ano. Este para mim é o tríptico da vida e, é tão importante, que dele tenho feito bandeira em tudo o que faço ou tento ensinar à minha afilhada Inês. (Sei que por vezes as pessoas estão mais preocupadas como o material, efémero e tomada de empréstimo pela vida, mas há outros valores, quiçá mais importantes, que são estes que defendo). Assim, quem me conhece, sabe que esta estória do Nicolau, não foi apenas para chamar sobre mim as luzes da ribalta. Sempre as rejeitei, nem nunca precisei delas. Apenas o amor por um ser que já me viu rir e chorar, sempre com aquele ar cândido que só um animal tem, me motivou. Este texto vai longo, desculpe-me senhor Antunes, mas achei que o devia fazer. Porque as palavras que me dirigiu me tocaram especialmente. Porque uma amizade sincera não se renega. Porque, para além das situações e dos momentos, fica sempre o ser humano que é. Pela dimensão do homem que é. Por todos os dribles da vida, o meu amigo aí está, firme e robustecido. Aquilo que não nos mata, fortalece-nos é comum dizer-se. E estou certo que assim é. Por isso, - e com isto termino -, não queria aqui deixar de lhe enviar aquele abraço forte e sincero. Do tamanho do mundo. Porque há homens que fazem a diferença nas nossas vidas. Obrigado, senhor Antunes. Desejo-lhe muita sorte, muitas felicidades na sua vida pessoal e profissional. Tenha um dia muito feliz, pelo menos tanto quanto fez feliz o meu. Um grande abraço.

Intimidades reflexivas - 1044

"Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente instruído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão." - São Francisco de Assis (1182-1226)

Thursday, July 27, 2017

Intimidades reflexivas - 1043

"O tempo passado é finito, o tempo futuro é infinito." - Edwin Powell Hubble (1889-1953) in 'The Observational Approach to Cosmology (1937)'

Quando já nem a vergonha resta

Na política não pode nem deve valer tudo! Sejam quais forem as razões, sejam quais forem os quadrantes. Isto a propósito de umas insinuações dum grupo de gentes do PSD e uns tantos do CDS sobre uma tal famosa lista secreta de mortos de Pedrogão. Toda a gente já percebeu o desnorte que assola estas hostes. As do PSD sem projeto, sem alternativa, sem discurso, numa fuga em frente sem saber sequer para onde ir. Mas o importante não é para onde vão, o importante e agitar, - dentro daquilo que criticavam a uma certa esquerda mais radical -, não vai assim à tanto tempo. Quanto ao CDS, um pequeno grupo que não tem ambição a ser mais do que aquilo que é, e para irem mais além, sempre estarão prontos a aliar-se ao PSD ou ao PS, porque doutra maneira não passam da insignificância que têm desde a sua existência. (Mas tudo isto tem a ver com os próprios e ninguém tem nada com isso). Cada um é o que é, mesmo na pequenez, têm o direito de opção. Mas, quando para se fazerem notados, tenham que brincar com vidas perdidas, com famílias destroçadas, com desespero e angústia das populações, é tempo de dizer basta. O colocar-se em bicos de pés, a gritar numa esteria coletiva, a demissão deste e daquele, o seu líder a inventar suicídios que apenas aconteceram na sua torpe imaginação, a envenenar as populações com a vinda dum tal diabo que afinal não veio, tudo isto dá bem a dimensão a que alguns partidos políticos chegaram. Estou certo que, daqui a uns anos, se se fizer a retrospetiva deste período, os protagonista de hoje, sentirão vergonha de si próprios. Isto se ainda lhes restar algum deste sentimento que parece não abundar por essas paragens. Os outros, bem mais pequenos, - sempre sendo muleta de alguém -, nem discurso chegam a ter. É ver nos telejornais como usam o discurso do outro porque já nem imaginação têm para fazer diferente. Isto é, de facto, duma pobreza enorme e dá bem a dimensão da qualidade desta gente e do contributo que dão para a democracia. Todos que me seguem neste espaço sabem que não morro de amores por Costa, o que até me dá mais autoridade para falar destas matérias. Por vezes interrogo-me como qualquer cidadão consciente e atento, será capaz de confiar o seu voto a esta gente tão pequena que, na maioria dos casos, se perderem o tacho político, nem sabem o que fazer na vida. Minha gente, quando não se tem assunto, ou não se tem categoria para falar do que quer que seja, então será melhor estarem calados. É um conselho que vos deixo porque capitalizam mais assim do que a bílis que vomitam pela boca fora todos os dias. Já começa a ser insuportável ouvir-vos. Pela parte que me toca, nem sei o que dizeis, porque de vós nada de construtivo virá seguramente. Os partidos que representais já foram grandes instituições dirigidos por estadistas. Sim, estadistas! Talvez não saibais o que isso significa, mas consultai a vossa história e tereis a resposta. Basta olhar para a qualidade da Assembleia da República à um par de anos atrás, e olhar para a atual. É um exercício que vos peço e não penso estar a pedir algo de muito complicado. Agora, meus senhores, não brinquem com os sentimentos das pessoas, sobretudo daquelas mais fragilizadas. A PGR divulgou a famosa lista e logo foram apressar-se a fugir à conferência de líderes e à convocação duma sessão extraordinária na AR. Assim não, é que para se ter falta de vergonha é preciso ter alguma classe. E vocês não a têm de todo.

Wednesday, July 26, 2017

26 de julho - Dia dos Avós

Os meus avós já partiram à muito. Mas a memória deles perdurará enquanto eu por cá andar. Devo-lhes muito do que hoje sou. Nunca o esquecerei. Lá onde estiverem que estejam em paz!

Intimidades reflexivas - 1042

"Aquele que marcha alegremente ao som da música em formação militar ganha o meu desprezo. Foi-lhe dado um cérebro grande por engano. visto que, para ele, uma coluna vertebral teria sido suficiente." - Albert Einstein (1879-1955)

Tuesday, July 25, 2017

Intimidades reflexivas - 1041

"Munido dos seus cinco sentidos, o homem explora o universo à sua volta e a isso chama-lhe a aventura da ciência." - Edwin Powell Hubble (1889-1953) in 'The Nature of Science, and Others Lectures (1954)'

Força, PAN!...

Habituem-se a este rosto. Chama-se Maria Clara Lemos e é a candidata do PAN pela Maia. Mulher de rija têmpera que conheço bem. Foi minha colega de trabalho durante muitos anos, onde sempre se lhe reconheceu o profissionalismo, a determinação, a eficiência. Mas para além desta sua vertente profissional, a Maria Clara é uma mulher de causas. Desde há muito que abraçou a causa animal. Depois do trabalho silencioso a apoiar animais. - e esse é o mais eficiente -, depois do tirocínio do voluntariado nos canis, a Maria Clara quis expor-se mais pela causa que abraçou. É a candidata do PAN. Não conheço os outros candidatos, mas conheço bem a Clara. E é daqui que apelo aos meus amigos maiatos (que são alguns) que, caso se revejam na causa animal e bem estar do nosso planeta, pois que não deixem de apoiá-la. A Clara não atraiçoará o vosso voto, porque simplesmente, se o fizesse estaria a atraiçoar-se a si própria. É uma mulher de confiança, em quem podemos ter confiança. Não poderei apoiá-la porque vivo numa outra região onde o PAN também concorrerá. Não conheço nenhum dos candidatos, mas se são do PAN, serão seguramente pessoas de grande coração e grande alma. Esta gente é importante nas autarquias,- mais do que noutro lado qualquer -, porque, é bom não esquecer - é lá que estão arregimentados os muitos canis municipais, sendo que a esmagadora maioria, não são mais do que antros de morte e sofrimento para os animais. E é importante que estas pessoas cheguem às autarquias para mudar o muito que ainda necessita de ser mudado. Se és pela causa das pessoas tuas semelhantes que por vezes, sofrem e nem dás por isso, se és defensor dos animais tão maltratados, se és a favor duma natureza que seja defendida e reorganizada, pois só te resta votar no PAN. Por mim, a escolha está feita. Agora compete a ti, que me lês, mostrar que desejas um mundo melhor, aquele mundo que legarás aos teus filhos e que deverá ser bem melhor do que aquele que recebeste. Essa é a tua obrigação. A nossa obrigação. Força, Clara! Se for preciso algo, aqui estará este seu velho amigo para ajudar. Força, PAN! Onde quer que concorreis tereis que ser diferentes. (E estou certo que sereis diferentes). Para melhor. Porque vós representais o que de melhor e mais nobre existe no ser humano. Força, PAN!...

Intimidades reflexivas - 1040

"Não tens necessariamente que escrever para ser um poeta. Algumas pessoas trabalham em postos de gasolina e são poetas. Eu não me intitulo um poeta, porque não gosto da palavra. Eu sou um trapezista." - Bob Dylan

Monday, July 24, 2017

intimidades reflexivas - 1039

"É incrível como as pessoas gastam tanto tempo a combater o diabo. Se gastassem a mesma energia a amar os seus semelhantes, o diabo morreria nas suas próprias faixas de tédio." - Helen Keller (1880-1968)

Sunday, July 23, 2017

Intimidades reflexiva - 1038

"Nenhum ato de bondade por pequeno que seja é uma perda de tempo." - Esopo (?-564 a.C.)

Estranho!...

No mínimo estranho! Quando cheguei ao abrigo vi a comida espalhada de novo e as taças viradas. (Ver foto). A ração de cão não existia e a de gato a que havia era muito pouca. Sei que por lá passam outros animais e aves e não só o cão e os gatos. Mas, confesso, nunca vi nada assim. Isto vem acontecendo à um par de dias e não tenho explicação para o caso. A comida, ao que me parece não tem sido retirada, mas este estranho caso das taças viradas e a comida espalhada trás-me, simultaneamente, preocupado e intrigado. Agradecia que a Paula e o Bruno sempre que por lá passem, reparassem neste pormenor. É nos detalhes que está a diferença e este, ao que julgo, não é um detalhe que mereça a nossa menor atenção. Obrigado.

Saturday, July 22, 2017

Intimidades reflexivas - 1037

"Uma arma de triunfo te dei, sobre todas as outras: a coragem de seres só; deixou de te afectar como argumento ou força esmagadora a alheia opinião, as ligeiras correntes e os redemoinhos do mar; rocha pequena, mas segura, sobre ti se hão-de erguer, para que vençam a noite, as luzes salvadoras; não te prendem os louvores dos que te querem aliado, nem as ameaças dos contrários; traçaste a tua rota e hás-de segui-la até ao fim, sem que te desviem as variadas pressões." - Agostinho da Silva (1906-1994) in  'A Coragem de Seres Só'

Tudo virado!...

Quando cheguei ao abrigo, vi que a ração de gato estava virada e a de cão praticamente não existia. (Ver foto). Pela disposição não parece que tenha sido roubada. Fruto de outros animais que por lá passam ou das famosas gaivotas que, sempre que me vêem, logo se posicionam. Ou chamando o bando, ou silenciosamente, como aconteceu hoje, em que uma chegou e esperou que me viesse embora para ir comer. O cão não apareceu. A gata e o outro siamês também não apareceram. Pergunto à Paula e/ou ao Bruno se já os conseguiram capturar? É que já no domingo passado não os vi. A sorte daqueles animais vai ter de mudar porque no local estão a aplanar um terreno anexo, não sei se para construção ou para estrada, o que levará a que os animais dali sejam afastados. Seria bom uma adoção, embora saiba que não é fácil. Já agora, pedia que me informassem sobre as férias do pessoal da empresa onde pertencem os trabalhadores que também apoio estes animais. É que não tenho estado com a pessoa com que habitualmente me encontro ao sábado, em virtude de ir mais cedo e com pouco tempo, pela situação que tenho do Nicolau, o que não me permite esperar que o senhor venha. Se alguém souber agradecia que me dissessem. Obrigado.

Friday, July 21, 2017

Intimidades reflexivas - 1036

"Ah! fosse o que fosse e viesse donde viesse, ainda que fosse dum animal, quando se está acabrunhado de sofrimento!" - Léon Bloy (1846-1917)

"Todo aquele que abre um livro" - António Ramos Rosa

TODO AQUELE QUE ABRE UM LIVRO

ANTÓNIO RAMOS ROSA

Todo aquele que abre um livro entra numa nuvem
ou para beber a água de um espelho
ou para se embriagar como um pássaro ingénuo
A sôfrega retina
vai-se tornando felina e inflada
e os seus liames tremem entre o júbilo e agonia
Um livro é redondo como uma serpente enrolada
e formado de fragmentos onde lateja o sangue
[ de um pulso
que já não é de um autor que nunca o foi
e que será sempre o ritmo do que está a nascer
irrigando o nada e os terraços sobre os abismos
Nunca o livro se completa embora o redondo
[ o circunde
e o mova para o seu interior sem nunca o envolver
Jamais a nuvem se dissipa mesmo quando
[ a claridade ofusca
Como se fosse preciso adormecer nela como sobre
[ os ombros do mundo
para acompanhar o fluxo ingenuamente novo
com os delicados diademas de fogo e espuma
O livro ora é de veludo ora de bronze
e os seus traços abrem janelas ou terraços
sobre o corpo latente como um arbusto entre pedras
Se a palavra vibra como um meteoro ou desliza
[ como uma anémona
ou não é mais do que uma estrela de areia
a sua proa sulca o incessante intervalo
entre o ardor de incompletos liames
e a estátua aérea que se eleva à sua frente
e continuamente se forma e se deforma
por não ser nada e ser o alvo puro
de um movimento ingénuo sonâmbulo e incerto.

Thursday, July 20, 2017

Intimidades reflexivas - 1035

"No Porto, há muito quem troque os vês pelos bês, mas há poucos que troquem a liberdade pela servidão." - Almeida Garrett (1799-1854)

Em torno da problemática dos incêndios

Todos os anos o nosso país sofre terrivelmente com o problema dos incêndios. Sempre foi assim, desde a minha infância, então atribuindo-se a este ou àquele a sua causa, - por razões políticas ou outras -, mas nunca se atacando o problema a fundo. Há dias vi uns peritos nestas matérias a afirmarem que Portugal tem que reestruturar rapidamente a floresta mas também desenvolver novas técnicas de ataque aos incêndios. Porque, ainda segundo estes peritos, as alterações climáticas estão aí e já não podem ser ignoradas por ninguém e Portugal será um dos países que mais irá sofrer com isso. Não sei o porquê desta última afirmação, mas quanto à reestruturação da floresta, ela é um imperativo. Substituir o eucalipto (imposição das celuloses desde à muitos anos) por pinheiros e oliveiras que oferecem mais resistência aos fogos do que o primeiro. Isto é algo que venho ouvindo vai para um par de anos, embora nunca se passe à sua concretização, fruto certamente dos poderosos lobis do setor. Mas, estou certo que, mais cedo ou mais tarde, o problema terá que ser enfrentado com coragem. Veremos se é desta. Mas o que me trás aqui prende-se com uma outra questão, a de desenvolver novas técnicas de ataque aos incêndios. Sem por em causa todo o profissionalismo e denodo dos bombeiros, fico com a sensação de que ainda há uma grande dose de amadorismo em tudo isto. Quando se deu o trágico incêndio de Pedrogão, todos vimos que havia uma certa descoordenação em tudo aquilo, cada um atuando ao seu jeito. Depois vimos um grupo de bombeiros espanhóis que por cá passou e com as suas técnicas de contra fogo, resolveram num ápice as áreas que lhe estavam adstritas para grande surpresa de todos, mesmo de pessoas ligadas à Proteção Civil, que não escondiam o seu espanto. Embora em Portugal já exista um elevado grau de profissionalismo dos bombeiros, ainda existe muito voluntariado com toda a pecha que isso encerra. (Reafirmo de novo que não estou contra os bombeiros, voluntários ou não e ao seu empenho no combate aos fogos). Mas fico sempre com a sensação que todos fazem o máximo, mas que o máximo nunca chega. Todos os anos vimos o mesmo e é fácil chegarmos a esta conclusão. Julgo que, como dizia um jornalista ontem, há que ensinar os bombeiros a apagar fogos utilizando, por ventura, outras técnicas mais inovadoras e eficientes, do que aquelas que até hoje têm utilizado. É preciso fazer algo a este nível e rapidamente, porque se é verdade que, fruto das alterações climáticas, Portugal é um dos países que poderá ser mais vulnerável, então é mesmo preciso encarar de frente esta problemática para evitar que, ano após ano, termos de lamentar tanta perda de vida humana e animal, mas também destruição de um dos grandes patrimónios do nosso país como é a floresta.

Wednesday, July 19, 2017

Intimidades reflexivas - 1034

"Que diverso é o homem do homem." - William Shakespeare (1564-1616)

National Geographic - "Hubble - a Expansão do Universo"

Mais um número da National Geographic dedicado à Ciência apareceu nas bancas. Desta feita debruça-se sobre a vida e obra de Edwin Powell Hubble, o cientista americano, nascido em Marshfield, Missouri, em 1889 e falecido 28 de setembro de 1953 em San Marino, Califórnia, com 64 anos de idade. Da sua irreverência, do seu mau feito, da sua irascibilidade quando perdia, de tudo isto nos fala este número especial, mas também da importância que este cientista teve e dos contributos que deu à Física, não sendo ele físico! Com o título de "Hubble - A Expansão do Universo" e com o subtítulo - 'O Cosmos torna-se maior' -, este número trás para a ribalta aspetos muito curiosos e pouco conhecidos da vida de Hubble, esse americano que adorava Inglaterra e que adotou o sotaque e a visão 'snob' bem típica dos britânicos. E é bom não esquecer que este senhor tem o seu nome associado a um dos mais famosos telescópios do mundo que vagueia pelo espaço e que nos tem dado imagens surpreendentes do Universo. (O telescópio Hubble foi lançado a 24 de abril de 1990 e ainda vagueia pelo espaço passado todos estes anos). Uma revista que, tal como as anteriores, dá importantes contributos a todos aqueles que, como eu, não versamos estas matérias mas temos aquela vontade de tentar perceber estas temáticas tão específicas. Numa linguagem simples e apelativa, esta série dedicada à Ciência, dá mais um importante contributo para a popularização do saber, evitando - sempre que possível - o recurso a uma linguagem específica e hermética. Uma série que venho aconselhando desde há vários anos, a todos aqueles que se interessam por Ciência, sempre com a chancela de qualidade da National Gepgraphic. Recomendável a todos os títulos. (P.S: Não encontrei nenhum 'fac-simile' da capa da revista, daí que publico uma das fotos disponíveis de Hubble).

Tuesday, July 18, 2017

Dia Internacional Nelson Mandela - 18-07-2017

"A educação e o ensino são as mais poderosas armas que podes usar para mudar o mundo." - Nelson Mandela (1918-2013)

Intimidades reflexivas - 1033

"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito." - Fernando Pessoa (1888-1935)

Gente maior

Vai um par de dias que a minha grande amiga, Jacinta Zamora Amorim - amiga de mais de três décadas - me dizia que nós por cá, tínhamos uma relação de amor com os animais que as gentes do interior não tinham. (Ela é uma transmontana de gema e sabia do que falava). Ouvia várias vezes dizer isto ao longo dos anos. Ela veio estudar para o Porto e por cá ficou. E a visão do amor que ela tem pelos animais também foi-se ajustando. (Ela que já teve cachorros e ainda muitos se lembraram do drama que ela passou quando a sua cadelinha morreu à pouco tempo). Mas esta imagem que se tem de que o interior olha para os animais de forma diversa tem alguma razão de ser. Eu conheci algumas pessoas dessas e, apesar de viverem por cá durante muito tempo, achavam que os animais eram apenas isso, animais. Ou para estarem a uma casota amarrados para a vida, ou para serem barbaramente abatidos, - sem nenhuma dignidade, nem piedade -, nos matadouros. Sei bem disso, porque tive um vizinho que tinha por local de trabalho um matadouro. E ainda me lembro do que ele dizia... Mas nem sempre é assim, e as ideias redutoras e generalistas, por vezes conduzem a fortes equívocos. Afinal toda a regra tem exceções, e é duma dessas exceções que aqui vos vou - de novo - falar. Conheci nestes meandros do cyber espaço uma mulher fantástica, arrebata, firme. Senhora do seu nariz - perdoe-me a imagem, Margarida - mas uma daquelas mulheres do interior de convicções fortes e determinação no limite. Trata-se da Margarida Fernandes Ferreira. Já me ouviram falar dela amiúde neste e noutros espaços e, estou convicto, que esta não será a última vez que dela falarei. A Margarida é natural de Bragança, membro da GNR, e uma daquelas pessoas para quem os animais são a sua razão de ser. A Margarida é muitas vezes polémica, por vezes de verbo áspero e irreverente - na sua página apresenta-se como 'servente de trolha'(!) - mas quem lida com estes seres sabe bem aquilo com que se confronta. (E disso eu posso dar alguma da minha pouca experiência). E quanto a isso, ainda se tem que levar em cima com gente que em vez de ajudar só atrapalha, ainda pior. Se as pessoas não gostam de animais, pois deixem quem gosta, fazer o seu trabalho em paz. Sei como isso custa, de injustiça e até de despudor. (Não foi por acaso que a única pessoa que afastei deste e doutros espaços teve a ver com isso. Porque há quem faça dos animais não uma causa mas um negócio. Embora embrulhado em papel bonito e laçarote a preceito, quando se abre, apenas vemos uma mão cheia de nada). Diz o povo e com razão, que de boas intenções está o inferno cheio. E é verdade, mas a Margarida é daquelas que passa aos atos - aqueles que fazem toda a diferença na vida dum animal - e deixa as palavras, por mais bonitas que sejam, para os outros. Hoje contestada, amanhã idolatrada. Essa é a sina do ser humano que nunca consegue distinguir em tempo oportuno os seus maiores e melhores. Talvez até lhe venham a construir uma estátua - mas só quando ela já não andar por cá, pois então - porque a Margarida que tem preenchido espaços nos jornais e nas televisões poderá vir a ser a "figura da terra". Só que nessa altura já isso de nada lhe servirá e até parece que estou a ouvir a Margarida a soltar uma das suas interjeições que aqui me escuso de citar. A Margarida é uma mulher do interior, melhor é uma Senhora do interior. (Com S maiúsculo sem dúvida). Será uma exceção à regra face ao que disse atrás. Mas é a verdadeira 'alma mater' para muitos animais que doutra forma teriam apenas a morte como destino. Não a conheço pessoalmente. Mas apelo a que, quem se identificar com esta causa, peça ligação à Margarida e, se possível, a ajudem na sua obra. Porque o que esta nossa causa - desculpe a minha inclusão, mas ela também é minha - só pode ir em frente com gente maior como a Margarida. Seja no interior ou no litoral, seja no norte ou no sul, seja em Portugal ou noutro país qualquer, esta causa precisa de gente assim. Para já, a Margarida é uma daquelas mulheres que vai à frente - muito à frente - uma espécie de farol, de guia, de líder. O que é sempre uma posição incómoda. Mas a Margarida não olha para trás e faz bem. Mas um deste dias, talvez se lembre de olhar para trás sim, e nessa altura verá que não está sozinha, nem que é seguida por uma grupinho pequeno de pessoas, mas sim, por um enorme exército que terá na Margarida um dos seus líderes. Já fomos menos, mas ainda somos poucos. Mas as coisas estão a aumentar. Força, Margarida. Estamos muitos de nós, atentos ao seu trabalho e esforço porque ele também é o nosso, embora muito pobre face à grandeza do seu. Bem haja pelo que faz. Se existe um retorno do Universo, a sua quota parte dele está reservada ainda para grande coisas. Porque coisas grandes só são possíveis de serem feitas com gente maior. (P.S.: Desculpe Margarida usar uma das suas fotos, mas é importante que quem a não conhece saiba de quem estou a falar).

Monday, July 17, 2017

Intimidades reflexivas - 1032

"A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades." - Abraham Lincoln (1809-1865)

Sunday, July 16, 2017

Boas férias

Embora férias seja algo que não conheço desde à vários anos, sobretudo, quando a minha casa se encheu de animais, uns meus, outros que me foram deixados pela minha mãe quando morreu, as férias passaram a ser apenas um nome. Porque nunca fui, nem seria capaz de ir, para lado nenhum deixando para trás os meus animais. Era como ir de férias e deixar os filhos por aí a tentarem sobreviver. Ainda há quem faça isso com os animais, e ainda tenha a falta de vergonha para vir para este espaço dizer-se seus defensores. (E não me refiro àquelas pessoas que os deixam à guarda de outrém, ou em algum hotel. Mesmo assim, nunca fui capaz de deixar os meus para trás e enquanto o Nicolau existir será assim). Enfim, há de tudo. Por isso, o estar de férias é ter mais disponibilidade de tempo para eles e pouco mais. Assim, estou tecnicamente de férias, porque as entidades com quem estou a colaborar também o estão. Mas é apenas isso. Terei mais tempo para dedicar ao Nicolau nesta fase tão difícil da vida porque ele está a passar. Apesar disso, continuarão a ver-me por aqui, neste e noutros espaços que frequento, - talvez mais distendido -, mas não menos interveniente. Sendo certo que nesta altura do ano, tudo parece sempre igual e sem novidades. Assim, quero aqui desejar a todos os meus amigos umas boas férias. Se estão já de férias, pois que continuem com o merecido descanso. Se ainda não, não desesperem que elas estão já aí a chegar. Se já acabaram, resta a ideia de para o ano há mais, para além duma ponte aqui e ali, para minorar os estragos. Seja qual for a situação, tenham umas ótimas férias!

Intimidades reflexivas - 1031

"Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz." - Milan Kundera

Quase normal!...

Quando cheguei ao abrigo fiquei com dúvidas. Pela disposição das taças dava a sensação que a comida tinha sido roubada. (Ver foto). Apenas a ração da gata lá estava. Tudo o que era comida de cão tinha desaparecido, exceto uns restos de massa e paté que lá deixei ontem. Também poderiam ser outros animais que por lá passam, ou as gaivotas, que também são clientes do espaço. Abasteci as taças na expetativa de que a gata aparecesse. Não veio. Será que já foi capturada? O cão também não. Mas as gaivotas, que libertam sempre os seus gritos estridentes quando me vêem chegar, logo começaram a aparecer para o repasto. Só vão lá depois de eu abandonar o local. Elas terão refeição, certamente. Os outros, talvez.

Saturday, July 15, 2017

Intimidades reflexivas - 1030

"Amar é sorrir por nada e ficar triste sem motivos é sentir-se só no meio da multidão, é o ciúme sem sentido, o desejo de um carinho; é abraçar com certeza e beijar com vontade, é passear com a felicidade, é ser feliz de verdade!" - Albert Camus (1913-1960)

Tudo normal!...

Quando cheguei ao abrigo ainda havia comida. (Ver foto). Sempre me tenho interrogado porque é que a comida era roubada no outro abrigo que distava cerca de cinco metros deste, e neste não, pelo menos, aparentemente. Coisa que a própria razão desconhece. Seja como for, ainda havia ração de gato. De cão não havia nada. A gata lá estava à minha espera como habitualmente. Logo que me viu fugiu rapidamente. Anda assustada e desconfiada, talvez porque sente que a querem capturar. Mas também, ou porque não tivesse fome, ou porque estivesse mais interessada em algo, não foi comer. Foi sim, colocar-se em posição de ataque sobre algo que ela viu e que lhe interessava. Quando saí de lá, ainda ela andava a correr atrás não sei de quê mas não foi comer ao abrigo. O cão não apareceu. Mas pombas e muitas gaivotas andavam por lá. Elas também são seres que ali se alimentam. Assim mesmo. Haja boa vontade porque a comida chegará certamente para todos.

Friday, July 14, 2017

14 de julho - Vive la France!

Faz hoje anos que me encontrava em Carcassonne e assisti ao 14 de Julho - dia nacional francês - coisa que aliás nunca presenciei no local onde os festejos são maiores, em Paris. Mas nesse dia de canícula estava em Carcassonne e assisti àquilo que se designa a "muralha a arder", isto é, um monumental fogo de artifício que dá a sensação de que a muralha está a arder. (Existem inclusive postais para turistas com uma vista deste evento em 360º. A imagem que aqui deixo é uma aproximação a essa outra). Carcassonne é uma comuna francesa do departamento de Aude na região do Languedoc-Rossillon. Várias vezes lá estive, e sempre fiz questão de dormir dentro da muralha. Porque sempre achei um local interessante quanto trágico. Carcassonne está situada numa zona onde se desenvolveu o culto dos cátaros. E por isso mesmo, aquelas pedras medievais que pisamos, aquelas parece onde encostamos as mãos, estão prenhes de História, mas também de sangue. Na sua avidez pelos bens - sempre foi assim a História da Humanidade - o rei de França tentou por fim àquilo que justificava como sendo uma heresia. A Igreja - com não menos interesse na matéria - apoiou e ajudou. Estava criado o caldo que haveria de aniquilar muita gente inocente que morria sem ter feito mal a ninguém. Sempre que piso aquelas pedras, tenho a sensação de que por baixo dos meus pés ainda correm rios de sangue, de muitos justos, mas também, de outros que o não eram tanto, vítimas duma certa forma de ambição, tirania e ignorância. As vítimas de Carcassonne são a seu modo um hino a uma certa forma de olhar a diferença com desdém - muito como se vê nos nossos dias - com menosprezo por aqueles que não alinhavam pelo poder instituído. Mas como nem sempre a força resolve tudo, ainda hoje, quem percorrer o Languedoc percebe que aquilo que queriam extirpar, afinal, está bem enraizado. Basta falar com as gentes da região. Gente reservada de início mas que depois de ter confiança nos franqueiam as portas de suas casas. E é lá dentro, na intimidade, que se vêem símbolos de outras devoções que perduram por séculos. Falar de Carcassonne, é falar de Montségur, dos Templários, do culto a Maria Madalena, do Santo Graal. Muitos mitos e lendas, mas também realidades importantes. Mas isto são outras estórias, outros caminhos da História, que aqui não quero trazer porque tornaria este texto muito longo e denso. Mas deixo estas pistas para os interessados pesquisarem, e verão que irão encontrar uma outra França bem diferente daquela que os vossos olhos vos revelam, mesmo nos dias de hoje. No entretanto, aqui deixo uma mensagem de um feliz 14 de julho a todos os meus amigos franceses. Vive la France!

Intimidades reflexivas - 1029


"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." - Álvaro de Campos heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935)

Thursday, July 13, 2017

Intimidades reflexivas - 1028

"Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis." - Bertolt Brecht (1898-1956)

Wednesday, July 12, 2017

Sobre a virtude!...

Em dia de reflexão depois dum somatório de dias de provação. E quantos mais ainda terei pela frente. Mas é sempre bom pensarmos que tudo o que fazemos tem um sentido. Não somos santos de altar, mas podemos fazer a diferença no dia a dia, face ao nosso semelhante angustiado, ao animal sofredor ou à natureza vilipendiada. Tema para nos questionarmos. Talvez aplacar a alma, ou se calhar, inquietá-la. Reflexões para nos agitar as consciências da nossa pequenez face ao Universo. Aquele que pensamos que conhecemos e afinal nele nos perdemos. Descer aos infernos para nos podermos erguer aos céus. Ao fim e ao cabo, toda uma retórica face à grandeza, mas também, insignificância da vida. Pela nossa e pela dos nossos semelhantes que muitas vezes ignoramos. "As visitas aos hospitais e às prisões, o trato com os miseráveis e os doentes - todo o poema da caridade - são páginas de abnegação. Os andrajos são pouco atraentes e as almas em farrapos menos ainda! Inclinar-se para o pobre e acarinhá-lo, é um gesto belo, mas que muitas vezes exige vencer-se a si mesmo. A caridade é quase sempre um exercício de abnegação. Para nos interessarmos pelos outros, temos de nos esquecer de nós mesmos. Para aliviar a cruz, temos de ajudar a levá-la. Para suportar os defeitos alheios, necessitamos de tanta humildade como paciência. Parece-nos muito natural que os santos sejam afáveis e mansos, que nunca se aborreçam nem irritem - sem pensarmos que os santos podem ter nascido com um temperamento vivo e um carácter difícil. O que nos parece a coisa mais simples do mundo, tratando-se dos outros, quando nos diz respeito, já é diferente! Torna-se insuportável, impossível - heróico!", Maria Joana Mendes Leal in 'O "Santo" Padre Cruz', pág, 142/143. Será bom que apreendemos estas palavras, reflitamos sobre elas. Tentemos ser melhores. Porque tanto lutamos por acumular, aquilo que a vida nos há-de tirar no fim dos dias. A grandeza face à pequenez. Do glamour à humildade. Da vida vivida à tão desejada redenção. Nestes dias difíceis que tenho passado, tenho refletido sobre muita coisa. Guiado pela mão dum animal. Talvez pareça estranho mas, por vezes, é pelo improvável que atingimos patamares superiores que doutra forma não conseguíamos. A sua doença e sofrimento, são a minha provação, mas também podem ser, o meu apaziguar de espírito de que tantas vezes carecemos. O indicar dum caminho outro para a minha própria paz interior.

Tuesday, July 11, 2017

intimidades reflexivas - 1027

"Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos." - Machado de Assis (1839-1908)

Monday, July 10, 2017

Intimidades reflexivas - 1026

“Hoje que tanto se fala em crise, quem não vê que, por todo o Brasil uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução. Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico.” - Eça de Queiroz (1845-1900)

Sunday, July 09, 2017

Almas ligadas

Quando eu for velho e já de pêlo grisalho
os meus passos deverão ser mais lentos.
Poderei não ouvir tão bem.
Poderei não ver tão bem.
Poderei não sentir da mesma maneira.
Mas...
O meu amor será sempre o mesmo.
A minha devoção será a mesma.
A minha gratidão será a mesma.
O meu coração e a minha alma estão gratos
Por tudo o que fizeste e fazes por mim.
Quando eu for velho e de pêlo grisalho.

Havia ainda comida!...

Havia ainda bastante comida quando cheguei ao abrigo. (Ver foto). O cão não apareceu, mas o siamês estava lá à espera. (É visível ao fundo da foto que tirei ao lado dos depósitos de gás). A gata logo apareceu também, vinda de não sei onde. Rondou o local mas não parecia querer comer. Depois até saltou para cima do abrigo - porque estava a tentar ver onde o siamês estava e que ela não quer ali - e, aos poucos, lá se foi chegando à comida. Ia lambendo sem grande apetite. Quando me vim embora ela ainda lá estava, mas sem grande vontade de comer. O siamês nunca mais o vi mas, estaria com certeza, à espera que saíssemos - eu e a gata - para ir lá comer. Estes poderão ter uma refeição hoje. O cão seria bom que aparecesse por lá também. Deixei muita comida para ele.
P.S.: Esqueci-me de tirar e/ou partir o tijolo junto ao buraco onde a gata vai abrigar-se na fábrica ao lado. Se alguém por lá passar, seria bom que o fizesse, para que ninguém tape o buraco e ela fica lá dentro a morrer de fome e sede. Obrigado.

Saturday, July 08, 2017

Intimidades reflexivas - 1025

"Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala." - José Saramago (1922-2010)

Coisas estranhas!...

Quando cheguei ao abrigo vi uma das taças fora do local. (Ver foto). Pensei que teriam roubado a comida. Mas não. Vi que tinha ração de gato, embora outra taça com ração de gato lá estivesse. (Aliás, via-se ração misturada com restos de arroz. Uma combinação estranha, mas enfim). De cão não havia nada. Mal ouviu o carro a estacionar a gata fez a sua aparição. Depois que lhe tiraram os filhos, ela anda mais arredia. Nem de mim se aproxima. Espera que abasteça as taças para vir comer. Junto à outra fábrica onde, aparentemente, a gata teve os filhos, está um tijolo deslocado e junto ao buraco uma outra taça. Não vi se tinha comida porque não entrei na área. Já vinha embora quando vi isso. Talvez não fosse melhor destruir o tijolo, antes que alguém lá o coloque e a gata fica presa a morrer de fome e sede. Vou ver se amanhã não me esqueço. Falei com um dos trabalhadores da área que me disse que o Repinhas volta lá todos os dias como habitual, que o tem visto por volta da hora de almoço. Ouvi também elogios à Paula Maia sobre o seu trabalho no abrigo. Aqui fica a nota com a devida vénia. Disse-me também que os gatos - a gata e o siamês - aparecem por lá também a essa hora porque há colegas que lhe trazem de comer. Enquanto falava com este amigo, a gata foi comendo tudo o que quis. Quando me vim embora já ela tinha ido também. Do siamês e do cão nem rasto. Pelos menos a gata comeu. Hoje também foi um dia triste para mim. Desde que saí de casa até que cheguei só se viam cães abandonados - fruto das férias com certeza - cheios de fome e de sede. Alguns ainda não tão maltratados assim, fruto de abandono recente. Cheios de medo, era evidente o pavor e o desalento no olhar. Tentei dar-lhes de comida e água, mas logo fugiram. Ainda andam demasiado assustados para isso. O primeiro até foi à porta de minha casa. Coisa que não é muito habitual por aqui. Mas enfim, vai acontecendo onde menos se espera. Quanto ao resto, a gata já tem a sua refeição e outros espero que venham comer também.

Friday, July 07, 2017

Da Educação

Neste tempo que é já de férias escolares para muitos, também é tempo de reflexão sobre o que se fez e o que se vai fazer. A missão do professor é sempre espartilhada pelos programas oficiais, embora a imaginação de alguns consiga tornear algumas coisas mais aberrantes. (Profissão nem sempre acarinhada como deveria ser). Mas a polémica que se tem travado nos media tem a ver com opções políticas que são sempre determinantes nesta como noutras matérias. E as opções políticas desde há décadas, parecem prender-se mais com as estatísticas do que com o real conhecimento dos alunos. Porque os programas são cada vez mais ligeiros, o grau de exigência menor, a aferição de conhecimentos esparsa. (E não me venham falar dos países nórdicos porque anda por aí muita gente a falar do que não sabe, nem nunca esteve nesses países e não conhece a realidade). Esta degradação de conhecimentos não é recente. Já aqui trouxe casos que conheci diretamente, como aquele, dum jovem que fez o seu estágio profissional comigo há cerca de 30 anos. Apesar de aparentemente ser um excelente aluno, as lacunas eram tais que nem uma circular era capaz de fazer. (Cumpre informar que era um jovem com formação universitária muito elaborada). Ainda há dias me cruzei com um colega mais jovem, - quadro superior dum banco -, que me dizia que, tinha dificuldade em entender como era possível jovens quadros chegarem à banca com tão parcos conhecimentos. O mesmo ele verificava nas empresas com quem tinha que negociar. E não pensem que é exagero. Já falei de casos de jovens quadros superiores da banca e de grandes empresas a quem, volta e meia, dou formação, e do desconhecimento que têm das suas próprias matérias da especialidade. Porque se falarmos de cultura geral, então é o desastre completo. Culpa da escola pública? Certamente, mas não só. A escola privada tem aqui um papel que também não foge a esta guerra. Porque hoje os colégios têm autonomia para conferir graduações - que no meu tempo não tinham - o que leva a alguns encararem o ensino duma forma mercantilista. Eu fui educado num colégio - e disso muito me orgulho - mas nessa época, os colégios não tinham nenhuma autonomia. Independentemente de tirar a nota máxima às disciplinas, era sempre obrigado a fazer exames nacionais na escola oficial. (Curiosamente, quando entravamos no colégio, logo nos era dito que tínhamos que estudar mais do que os outros. Porque quando íamos à escola oficial, eram mais exigentes connosco, visto o ensino particular ser olhado como elitista. O que era um puro engano e disso eu sou o melhor exemplo). Só que o facilitismo com que as coisas correm não é bom e o país pagará grossa fatura lá mais à frente. A eliminação da exigência é nefasta mas também perversa. Porque um atleta de alta competição, só atinge esse nível a competir e não só a treinar. As equipas de futebol, não é só a fazer as peladinhas no relvados que são campeãs. Elas têm que competir para atingir o nível que delas se espera. E no ensino é igual. Com os facilitismos que são visíveis, com as avaliações nacionais esparsas, acabam por levar os alunos a um certo distendimento que não é bom para eles. Enquanto escrevia estas linhas, veio-me à memória um caso que ontem me chegou. Um jovem casal viu o seu filho passar para o 9º ano mas, como pais bem formados que são, sabiam que o seu filho estava longe de estar preparado. Se por um lado, ficaram contentes, como todos os pais, por outro lado, perceberam que se está a criar uma montanha enorme à sua volta que, mais cedo ou mais tarde, vai cair sobre ele como uma avalancha. Ao que parece uma das professoras olhou para o lado, enquanto lhe subia a nota, por uma razão bem prosaica, é que a turma é de quadro de honra e não seria de bom tom que existisse um aluno a reprovar. Coisas estranhas que se passam nesta nossa política de educação - ou de ausência dela - que é fruto de sucessivos governos desde à décadas. Ao que julgo saber, algumas destas questões estão a ser equacionadas ao nível do ministério da tutela, mas ainda não do conhecimento geral. Mas é urgente fazer algo. Portugal está a cair numa situação muito curiosa. É um país que aumentou o seu nível de escolaridade, mas esta é inversamente proporcional ao nível de conhecimentos. A assim continuar, o nosso país estará a hipotecar o seu futuro a breve trecho. Daí a necessidade urgente duma reforma educativa que, parece estar a ser equacionada, mas que ainda não viu a luz do dia. E, como todos sabemos, as coisas entre nós são muito lentas. E quanto mais lentas mais estilhaços provocarão no futuro.

Thursday, July 06, 2017

Recado ao pedro (com minúscula)

Leiam este texto até ao fim. É de alguém que parece conhecer bem esse sujeito da foto. Já que ele gosta tanto de falar em suicídios porque não lhe dá na cabeça atirar-se duma ponte?

"Recado ao pedro (com minúscula)

Eu vou-te avivar a memória, já que não te lembras daquilo que fizeste quando eras Primeiro Ministro.

A primeira medida que tomaste foi o aumento do IVA, recordas?
Dessa medida resultou a falência de milhares de PMEs e o desemprego de milhares de trabalhadores.
Milhares de pequenos empresários ficaram sem meio de vida, cheios de dívidas viram-se obrigados a entregar casas aos bancos e a pedir esmola.
Conheci vários que se mataram dentro das empresas em desespero porque como eram empresários nem direito tinham a um subsídio de desemprego.

O desemprego disparou para níveis nunca vistos neste país.
As IPSSs, a Cáritas e outras organizações de Solidariedade Social não tinham mãos a medir para atender pedidos de ajuda de famílias inteiras que sem apoios da Segurança Social estavam a passar fome e desesperadas sem conseguirem fazer face ás despesas básicas.

Milhares de famílias foram atiradas para a rua, despejadas das suas casas pela Banca, por senhorios e pelas Finanças através de penhoras por dívidas ao Estado, quando muitas dessas dívidas eram de valor inferior ao valor real das habitações.

Depois vieram os cortes nas pensões de reforma, no complemento solidário para idosos, nas pensões de viuvez, nos abonos de família e nas pensões não contributivas como por exemplo no RSI que cortaste a torto e a direito sem olhar a quem e sem apelo nem agravo.

Aumentaste o IMI, começaste a cobrar IUC sobre veículos independentemente de estarem ou não em circulação, chegando ao ponto de cobrares esse imposto a quem nem carro tinha ou sobre veículos já abatidos há anos.

Aumentaste impostos na gasolina, no gasóleo, no tabaco, nas bebidas alcoólicas, aumentaste as portagens e todos esses aumentos foram reflectir-se no aumento do custo de vida que como é óbvio foi mais sentido pelas classes sociais mais frágeis e carenciadas.

Criaste e aumentaste taxas moderadoras e com essa medida muitos idosos deixaram de ir ao médico ou aos hospitais.

Fechaste Centros de Saúde, Maternidades e Hospitais e muitos idosos morreram por falta de assistência médica, mas também jovens e parturientes morreram por falta de cuidados médicos.

Doentes oncológicos viram as suas cirurgias adiadas e sem cuidados continuados.
Doentes crónicos ficaram sem médicos de família e sem comparticipação em medicamentos imprescindíveis ao tratamento das suas doenças.

Lembras-te dos doentes com Hepatite C a quem negaste um medicamento que podia salvar vidas e mesmo curar?
Deu até azo a manifestações populares na AR que a tua amiga Assunção Esteves reprimiu e mandou deter alguns doentes que se manifestavam indignados e com razão!
Não eram suicidas mas tu querias bem lá no fundo que fossem para poupares algum. Fazia-te jeito para ficares bem visto perante a Troika e a tua amiga Merkle.

Fechaste escolas e fizeste dos professores e das suas vidas gato sapato, obrigando-os a andar em Bolandas sem saberem o que fazer e onde ir!

Mudaste Freguesias, alteraste comarcas, encerraste Tribunais e deste com os juízes e advogados em doidos com a porcaria do sistema Citius todo baralhado.
Esqueceste essa cena?
Eu lembro-te.

Dessa confusão resultaram prejuízos para empresas, para cidadãos e para todo o país que nunca mais se vão recuperar!

Pais que perderam a guarda dos filhos conheci 19; 5 mataram-se.
Fora os que não conheço e olha que não conheço muita gente.

Mães que se viram sem as pensões de alimentos por culpa da baralhada com o Citius foram milhares. Uma era professora e o filho era deficiente. Atirou-se da varanda de um hotel.

Mas também houve mães que envenenaram os filhos e a seguir mataram-se porque não tinham nem emprego nem apoios e nem ajuda de psicólogos.

Sabes pedro, moro em Almada. Fui obrigada a vir morar para aqui.
Não, não foi culpa só tua. As coisas neste país já não estão bem há muitos anos.
Realmente apanhaste o país num grande caos económico, mas mesmo assim se fosses honesto e um bom gestor terias evitado cortar onde mais doeu!
Os cortes atingiram os mais fracos e para recuperar um país começa-se por por ordem nas finanças públicas cobrando impostos aos que não pagam e cortando nas despesas supérfluas.

Mas para o fazeres, para cobrares aos que sempre fugiram aos impostos terias de começar por ti, não é assim?
E depois os teus amigos e financiadores não iriam gostar nada de terem de alargar os cordões à bolsa.

Mas como te dizia, vim viver para Almada há uns anos e sabes, aqui temos uma Ponte onde todos os dias durante o teu governo assistimos a muitos suicídios.

E também temos o Metro que não é subterrâneo, é como um eléctrico sabes?
Pois volta e meia para não dizer uma a duas vezes por semana, lá se tinha de chamar o INEM por causa de um velhote ou velhota que "escorregava" e caía à linha!

E quantos eu vi a chorar de vergonha por serem apanhados no supermercado a guardar uma lata de salsichas ou de atum na mala ou num bolso do casaco!!

E outros a saírem da farmácia sem aviar a receita porque a reforma tinha encolhido e os filhos tinham-se mudado lá para casa e estavam desempregados e sem subsídios de desemprego!

Sabes pedro, sabes qual é o teu mal?

Teres tido um pai fantástico e uma mãe que tudo te desculpou.
Os anos de cabulice, as más notas no liceu, as noitadas na vadiagem, a vida boémia, as drogas, a pouca ou nenhuma vontade de estudar ou trabalhar e a falta de respeito por toda a gente.

Tu não tens noção da quantidade de vidas que deste cabo ao longo da tua vida, não só nos quatro anos em que te tivemos de aturar como Primeiro Ministro, mas desde que te conheci quando vivias na Rua República da Bolívia.

Tenho pena de não ter adivinhado naqueles anos naquilo em que tu te irias transformar!
A sério pedro.
Naquele dia em que chamei a PSP de Benfica e evitei que a malta do Bairro do Charquinho te desse um arraial de porrada, se eu tivesse adivinhado no que te irias transformar, eu tinha fechado os olhos e fingido que te tinhas atirado da varanda do quinto andar.

Teria evitado tanta coisa, até ouvir as alarvidades que continuas a atirar pela boca fora.

Tantos anos depois e continuas a ser o mesmo chulo que conheci na nossa adolescência e juventude.

Olha pedro, queres um conselho?
Reforma-te da política e mete uma rolha na boca ou um dia destes apareces "suicidado" nalguma esquina da vida.

É que nem todos os que te conhecem bem são tão pacíficos e compreensivos como eu e como a malta que te aparou as pancas lá em Benfica, tu sabes bem na casa de quem.

Espero que a Laura recupere depressa da maldita doença.
Ela não merece tanto sofrimento!

E se um dia nos voltarmos a cruzar nalguma rua de Lisboa vira o rosto, para que eu não me sinta tentada a sujar as minhas mãos na tua cara.

É que eu tentei duas vezes o suicídio por tua causa quando me vi atirada para a rua sem qualquer apoio e a lutar contra o cancro e sem ajuda psiquiátrica.

Não acertei na dosagem.
Não tinha de ser.

Quem sabe o que a vida me reserva?
Talvez me reserve a felicidade de te ver a ti Pedro e aos teus amiguinhos (tu sabes a quem me refiro) atrás das grades e a pagares pelos milhares de vidas dos que se suicidaram ou tentaram em desespero por vossa causa!

Assino o nick com que me conhecias: Nini Nilo"

Depois disto, penso que já nada há mais para dizer.

Wednesday, July 05, 2017

"Hino à Tolerância" - Agostinho da Silva

"Já será grande a tua obra se tiveres conseguido levar a tolerância ao espírito dos que vivem em volta; tolerância que não seja feita de indiferença, da cinzenta igualdade que o mundo apresenta aos olhos que não vêem e às mãos que não agem; tolerância que, afirmando o que pensa, ainda nas horas mais perigosas, se coíba de eliminar o adversário e tenha sempre presente a diferença das almas e dos hábitos; dar-lhe-ão, se quiserem, o tom da ironia, para si próprios, para os outros; mas não hão-de cair no cepticismo e no cómodo sorriso superior; quando chegar o proceder, saberão o gosto da energia e das firmes atitudes. Mais a hão-de ter como vencedores do que como vencidos; a tolerância em face do que esmaga não anda longe do temor; então, antes os quero violentos que cobardes." - Agostinho da Silva (1906-1994) in 'Hino à Tolerância'

Tuesday, July 04, 2017

Intimidades reflexivas - 1024

"Todos nascemos ignorantes, mas alguns esforçam-se arduamente para permanecerem estúpidos." - Benjamin Franklin (1706-1790)

Monday, July 03, 2017

À memória do meu avô e padrinho, José

Cumprem-se hoje 26 anos sobre o desaparecimento do meu avô e padrinho, José. Tantos anos volvidos, talvez fosse tempo de esquecer. Mas não, não se pode, - nem se deve -, esquecer quem tanto fez por nós. E o meu avô fez tudo o que podia e o que não podia por mim. Só isso já seria suficiente para lhe honrar a memória. Mas ele foi mais além, (ia sempre mais além), na ânsia de fazer duma pedra embrutecida um qualquer santo para colocar no altar, para glosar a célebre expressão do Padre António Vieira. Não conseguiu esculpir um santo, mas conseguiu fazer de mim uma pessoa respeitadora do seu semelhante, que ama os animais e que venera a natureza. E isso faz toda a diferença. Porque estes valores adquirem-se em tenra idade. São os valores familiares, aqueles que são perenes e que começam bem antes de irmos para a escola. Aquilo a que habitualmente chamo de 'escola primordial'. Porque quando não se adquirem esses valores na idade certa, nunca mais, - ou dificilmente -, se adquirem mais tarde. E isso devo ao meu avô. Como também lhe devo a estratégia que traçou com vista ao meu desenvolvimento e conhecimento. Coisas muito importantes e que ficam para a vida. Face à não perenidade dos bens materiais que tão afanosamente colecionamos, - esquecendo que a vida apenas no-los empresta -, o que fica mesmo são os valores cívicos, culturais, educacionais porque são eles que formarão o nosso caráter e personalidade para o futuro. Serão eles que ditarão a nossa pegada na vida. São eles que nos concedem a nossa real identidade. 26 anos volvidos - e fruto desses valores que ele me inculcou - aqui estou a homenagear a sua memória. Memória eterna enquanto de eterno tiver a minha vida. Aqui me curvo perante este grande Homem. Simples como todos os grandes, mas determinado como só os audazes são capazes de ser. Obrigado, meu avô, José! Estou-te eternamente grato. Lá onde estiveres que estejas em paz!