Turma Formadores Certform 66

Thursday, May 31, 2012

Paradoxos (para reflectir)


PARADOXO DOS SENTIMENTOS: “O coração tem razões, que a própria razão desconhece.” (Pascal) PARADOXO DA CEGUEIRA: “O Essencial é invisível aos olhos porque é para ser visto com o coração.” (Saint-Exupéry) PARADOXO DA AJUDA: “Se precisares que alguém te faça um trabalho, pede a quem já estiver ocupado; quem estiver sem fazer nada vai dizer-te que não tem tempo.” PARADOXO DO TEMPO: “Se tens pressa, vai devagar.” PARADOXO DA TECNOLOGIA: “A tecnologia aproxima-nos de quem está longe e afasta-nos de quem está perto.” (Michele Norsa) PARADOXO DA INTELIGÊNCIA: “Não chega primeiro quem vai mais depressa, mas sim quem sabe aonde vai.” (Séneca) PARADOXO DA FELICIDADE: “Quando, objectivamente, estamos melhor do que nunca, subjectivamente sentimo-nos profundamente insatisfeitos.” (José António Marina) PARADOXO DA SABEDORIA: “Quem sabe muito, ouve; quem sabe pouco, fala. Quem sabe muito, pergunta; quem sabe pouco, opina.” PARADOXO DA GENEROSIDADE: “É dando que recebemos.” PARADOXO DO CONHECIMENTO: “Quanto mais o homem sabe, mais sabe que menos sabe.” PARADOXO DO HUMOR: “O riso é uma coisa séria demais.” (Groucho Marx) PARADOXO DO SILÊNCIO: “O silêncio é o grito mais alto.” (Schopenhauer) PARADOXO DA RIQUEZA: “Rico não é quem mais tem, mas sim quem menos precisa.” PARADOXO DO AMOR: “Quem mais ama menos depende de ser amado para ser feliz.” PARADOXO DO PRAZER: “Sofremos demais pelo pouco que não temos, e alegramo-nos pouco com o muito que possuímos.” (Shakespeare)

Tuesday, May 29, 2012

O poder da transformação - Conto Oriental

Era uma vez uma jovem chamada Lin, que se casou e foi viver com o marido na casa da sogra. Depois de algum tempo, começou a ver que não se adaptava à sogra. Os temperamentos eram muito diferentes e Lin irritava-se com os hábitos e costumes da sogra, que criticava cada vez mais com insistência. Com o passar dos meses, as coisas foram piorando, a ponto de a vida se tornar insuportável. No entanto, segundo as tradições antigas da China, a nora tem que estar sempre ao serviço da sogra e obedecer-lhe em tudo. Mas Lin, não suportando por mais tempo a ideia de viver com a sogra, tomou a decisão de ir consultar um Mestre, velho amigo do seu pai. Depois de ouvir a jovem, o Mestre Huang pegou num ramalhete de ervas medicinais e disse-lhe: “Para te livrares da tua sogra, não as deves usar de uma só vez, pois isso poderia causar suspeitas. Vais misturá-las com a comida, pouco a pouco, dia após dia, e assim ela vai-se envenenando lentamente. Mas, para teres a certeza de que, quando ela morrer, ninguém suspeitará de ti, deverás ter todo o cuidado em tratá-la sempre com muita amizade. Não discutas e ajuda-a a resolver os seus problemas”. Lin respondeu: “Obrigado, Mestre Huang, farei tudo o que me recomenda”. Lin ficou muito contente e voltou entusiasmada com o projecto de assassinar a sogra. Durante várias semanas Lin serviu, dia sim, dia não, uma refeição preparada especialmente para a sogra. E tinha sempre presente a recomendação de Mestre Huang para evitar suspeitas: controlava o temperamento, obedecia à sogra em tudo e tratava-a como se fosse a sua própria mãe. Passados seis meses, toda a família estava mudada. Lin controlava bem o seu temperamento e quase nunca se aborrecia. Durante todos esses meses, não teve uma única discussão com a sogra, que também se mostrava muito mais amável e mais fácil de tratar com ela. As atitudes da sogra também mudaram e ambas passaram a tratar-se como mãe e filha. Um dia, Lin foi procurar o Mestre Huang, para lhe pedir ajuda e disse-lhe: “Mestre, por favor, ajude-me a evitar que o veneno venha a matar a minha sogra. É que ela transformou-se numa mulher agradável e gosto dela como se fosse a minha mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que lhe dou.” Mestre Huang sorriu e abanou a cabeça: “Lin, não te preocupes. A tua sogra não mudou. Quem mudou foste tu. As ervas que te dei são vitaminas para melhorar a saúde. O veneno estava nas tuas atitudes, mas foi sendo substituído pelo amor e carinho que lhe começaste a dedicar”. Na China, há um provérbio que diz: “A pessoa que ama os outros também será amada”. E os árabes têm outro provérbio: “O nosso inimigo não é aquele que nos odeia, mas aquele que nós odiamos”. As pessoas que mais nos dão dor de cabeça hoje poderão vir a ser as que mais nos darão alegrias no futuro. Invista nelas cative-as, ouça-as, cruze o seu mundo com o mundo delas. Plante sementes. Não espere o resultado imediato colha com paciência. Esse é o único investimento que jamais se perde. Se as pessoas não ganharem, você, pelo menos, ganhará: Paz interior, experiência e consciência de que fez o melhor.

Monday, May 28, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 184

Mais uma semana fértil em mexericos, suspeições e muita falta de vergonha. O caso Miguel Relvas tem dominado as últimas duas semanas, com o ministro a ir à comissão parlamentar mentir descaradamente. Afinal não tinha nada a ver com Silva Carvalho, - afirmou-o inequivocamente - mas afinal tem! A demissão do seu assessor foi o sinal de alerta de que estava para vir por aí mais, e mais escabrosas, afirmações. E agora é revelado que Silva Carvalho conseguiu afastar a "chata" da Teresa Morais - aquela que só se sabe rir e arranjar o cabelo - da fiscalização das secretas, onde aparece no governo pela mão de... Miguel Relvas! Tal parece ser a resposta ao pedido de Silva Carvalho o mesmo que espiou, ou mandou espiar, empresários concorrentes da Ongoing como Pinto Balsemão quando já fazia parte desta. Neste emaranhado de confusões, neste pantanal em que se vai chafurdando, Marcelo Rebelo de Sousa não tem dúvidas, "ou Miguel Relvas sai ou tem que ser convidado a sair". Falta saber se o ministro foi vítima ou parte interessada como sugere o bastonário da Ordem dos Advogados, mas pelo que veio até agora a lume, não nos parece que seja fruto dum lapso para quem tem "tantos anos de política", como o próprio Miguel Relvas afirma. Para quem defendia mais lisura para a governação, parece que estamos bem longe disso. Afinal ao fim de dez meses do actual governo, não parece ter havido nenhum que não tenha sido envolvido em polémica ou em assuntos pouco claros. O pantanal continua, agora pela mão daqueles que o criticavam no passado. "Atrás de mim virá quem de mim bem dirá" (vox populli). Mas esta semana não deixa de ter uma marca insólita vinda, desde logo, de quem tem enormes responsabilidades e deveria ter mais cuidado com o que diz. Referimo-nos a Christine Lagarde com as infelizes afirmações sobre a Grécia. Lagarde não esconde que se quer ver livre da Grécia rapidamente, mas mesmo que pense isso, não o pode dizer publicamente. O efeito pode ser preverso relativamente àquilo que pretende. Mas uma directora-geral do FMI não pode ter estes lapsos, daí o pensarmos que não foi um lapso, mas sim, um sinal. O que a ser verdade ainda torna as coisas mais graves. A Grécia esta na UE de pleno direito e a sua saída pode levar a um efeito dominó, sobretudo sobre os países intervencionados, cujas proporções ainda não se conseguem prever. Exige-se aos responsáveis políticos algum decoro, coisa que não vemos de todo e, neste caso, nem de Portugal falamos. Lamentável a todos os títulos. Mas queríamos aqui trazer também, uma outra questão que nos tem preocupado nos últimos dias. Tal prende-se com o artigo de Rui Tavares com o título "A vingança do anarquista". Nesse artigo Rui Tavares ilustra o caso belga, dum país que tem crescido muito, que tem estado ao abrigo dos especuladores financeiros, mas, um país sem governo. A tese é de que a situação previligiada da Bélgica prende-se precisamente com isso, ... não ter governo. Daí conclui que o mal é da política - leia-se partidos - defendendo aqui e além alguma ideologia anarquista. Consideramos o caso belga, de facto, um verdadeiro "case study" de ciência política. Mas nada mais do que isso. Embora achemos que a política nacional e não só, está a mergulhar num autêntico pantanal, tal deve-se mais à falta de estadistas que têm dado o lugar a alguns que da política são meros funcionários de ocasião. Isto é visível em Portugal, mas extra fronteiras o mesmo sucede. E por isso, se achamos o artigo interessante, não deixamos de o achar perigoso. Rui Tavares que até é um parlamentar europeu, embora independente, sabe-o bem. (E já agora, é preciso não esquecer que Rui Tavares concorreu ao Parlamento Europeu integrado nas listas do Bloco de Esquerda, embora como independente. Mas teve que recorrer a um partido para se fazer eleger). Uma democracia só se faz com partidos e a ausência deles pode ser tudo, mas democracia não o é seguramente. Temos defendido por diversas vezes que, os actuais partidos não servem já os interesses nacionais, e temos ido mais longe, defendendo a implantação da terceira República, com forças que melhor se ajustem à nova realidade e aos anseios das populações. Achamos até que, mais cedo ou mais tarde, tal irá acontecer e talvez aí esteja o segredo para ultrapassar certas situações que agora achamos insolúveis. Mas não defendemos o fim dos partidos porque tal significaria o fim da democracia, sobretudo, da democracia como é entendida no ocidente. É certo que o pantanal em que vivemos, sem esperança ou glória, leva por vezes a raciocínios destes, quanto mais não seja para exorcizar os fantasmas que nos habitam. Mas temos que ter cuidado com o que afirmamos para que não vejamos o actual pantanal transformado em algo bem pior.

Sunday, May 27, 2012

Conversas comigo mesmo - XCI

Ultimamente, tenho vindo a publicar neste espaço, alguns dos desenvolvimentos da liturgia cristã - leia-se católica - para uma melhor compreensão para todos aqueles que, embora dizendo-se católicos, não conhecem nada, ou conhecem muito pouco, da religião que dizem professar. E este domingo continuarei com estes desenvolvimentos. Neste domingo celebra-se a solenidade do Pentecostes. Aqui nos aparece Cristo no meio dos seus discípulos a dar a boa nova da Ressureição, e a invocar o Espírito Santo para que ele se derrame sobre os apóstolos. Assim, neste domingo, na tríade cristã, é o Espírito Santo a figura central.  Ao Espírito Santo está sempre associado um espírito renovador. É caso para dizermos: Vem Espírito Santo, sem Ti, a nossa luta pela vida degenera em injustiças e violências e a nossa busca de felicidade acaba em egoísmo amargo e insatisfeito. Vem Espírito Santo, sem Ti continuaremos a dividir e a separar tudo: Norte e Sul, primeiro e terceiro mundo, esquerdas e direitas, brancos e negros, crentes e agnósticos, homens e mulheres. Lembra-nos que todos vimos das entranhas de um mesmo Pai e que todos somos chamados à comunhão com Ele. Renova o nosso amor ao mundo e às coisas. Ensina-nos a cuidar desta Terra que nos ofereceste como casa comum onde pode crescer a família humana. Vem Espírito Santo, sem Ti a nossa fé é uma teoria, a nossa religião uma busca de segurança ou mera tradição, o nosso culto é uma rotina. Lembra-nos que a Tua presença só pode produzir luz e paz, força e alegria, amor e comunhão. Vem Espírito Santo, ajuda-nos a imaginar um mundo melhor e mais humano, mais limpo e solidário. Vence as nossas resistências e faz de cada um de nós testemunhas do teu poder renovador. Estas ideias e conceitos deverão ser sempre a nossa bússola orientadora, sejamos cristãos ou não. Afinal, o enquadramento religioso apenas tem como base primeira a concepção do que de melhor existe no ser humano, e isso, não necessita de religião a enquadrar, se na nossa natureza já esses princípios existem, oriundos da educação que tivemos, da evolução que fomos fazendo, da consolidação do que de melhor somos capazes de encerrar em nós próprios. Aqui vos deixo um bom tema de reflexão, sejamos ou não cristãos, professemos ou não qualquer forma de religião. É que muitas vezes dizemo-nos religiosos, cristãos até, e desconhecemos a essência daquilo que essa mesma religião encerra. Já aqui o afirmamos por diversas vezes e, acho que, já vais sendo tempo de mudar e de buscar em nós aquilo que de melhor existe, a saber, o ser solidário com o seu semelhante, o ser defensor dos animais, o ser respeitador da natureza. Com estes três pilares, sejamos ou não religiosos, sejamos aquilo que formos na vida, seguramente seremos umas grandes e boas pessoas.

Friday, May 25, 2012

Acima de tudo, serenidade...


Trago-vos hoje um belíssimo texto de Max Ehrmann, 1927. Que poderá ser uma fonte de reflexão e de inspiração para o fim-de-semana que se aproxima. Diz assim: "Caminha placidamente por entre o ruído e a pressa e lembra-te da Paz que existe no silêncio. Tenta, na medida do possível, estar de bem com todos. Exprime a tua verdade com traquilidade e clareza. Escuta quem te rodeia, inclusive as pessoas desinteressantes e incultas, pois também elas têm uma história para contar. Evita gente conflituosa e agressiva, que tanto mal faz ao espírito. Se te comparares com os outros, poderás tornar-te amargo ou arrogante, pois haverá sempre alguém melhor e pior do que tu. Regozija-te com as tuas conquistas e projectos. Mantém vivo o interesse pela tua carreira, por mais humilde que seja; é um verdadeiro bem, nesta época de constante mudança. Sê prudente nos teus negócios: o mundo está cheio de armadilhas. Mas não feches os olhos à virtude que existe à tua volta, nem às pessoas que defendem os seus ideais e lutam por valores mais altos: a vida está cheia de heroísmos. Sê tu próprio. Acima de tudo não sejas falso, nem cínico em relação ao Amor que, face a tanta aridez e desencanto, se mantém perene como uma haste de erva. Aceita com serenidade a passagem do tempo, sabendo deixar, graciosamente para trás, as coisas da juventude. Mas não te atormentes a imaginar o pior; muitos dos receios nascem do cansaço e da solidão. Mantém uma autodisciplina saudável, mas sê benevolente contigo mesmo. És um filho do Universo, como as árvores e as estrelas; tens todo o direito ao teu lugar no mundo. Poderá não ser claro para ti, mas a verdade é que o Universo está a evoluir como previsto. É importante, assim, que estejas em paz com Deus, seja qual for a tua concepção DELE, e em paz com a tua alma, sejam quais forem os teus anseios e aspirações no ruidoso tumulto da vida. Apesar de todos os enganos, dificuldades e desilusões, vivemos num mundo bonito. Alegra-te. Luta pela tua felicidade. Intuição e serenidade; acima de tudo serenidade." Que este texto inspire a paz, a nossa paz interior, tantas vezes posta em causa pela luta da vida que se torna cada vez mais e mais difícil.
 

Wednesday, May 23, 2012

O Cavalo Branco - Contos do Oriente

"Um velho rei da Índia condenou um homem à forca. Assim que terminou o julgamento, o condenado pediu: - Vossa majestade é um homem sábio, e curioso com tudo o que os súbditos conseguem fazer. Respeita os gurus, os sábios, os encantadores de serpente, os faquires. Pois bem: quando eu era criança, meu avô me transmitiu a técnica de fazer um cavalo branco voar. Não existe mais ninguém neste reino que saiba isto, de modo que a minha vida deve ser poupada. O rei imediatamente mandou trazer um cavalo branco. - Preciso ficar dois anos com este animal - disse o condenado. - Você terá mais dois anos - respondeu o rei já meio desconfiado. Mas, se este cavalo não aprender a voar, será enforcado. O homem saiu dali com o cavalo, feliz da vida. Ao chegar a casa, encontrou toda a sua família em prantos. - Você está louco? - gritavam todos. Desde quando alguém desta casa sabe como fazer um cavalo voar? - Não se preocupem, porque a preocupação nunca ajudou ninguém a resolver os seus problemas - respondeu ele. E eu não tenho nada a perder, será que vocês não entendem? Primeiro, nunca alguém tentou ensinar um cavalo a voar, e pode ser que ele aprenda. Segundo, o rei está muito velho, e pode morrer nestes dois anos. Terceiro, o animal também pode morrer, e eu conseguirei mais dois anos para treinar um novo cavalo. Isso sem contar com a possibilidade de revoluções, golpes de estado, amnistias gerais. Finalmente, se tudo continuar como está, eu ganhei dois anos de vida para poder fazer tudo o que desejo. Vocês acham pouco?" Em momentos de perturbação como os que vivemos, reflictamos sobre este conto, que nos dá um sentido maior de esperança mesmo quando esta falha.
 

 

Tuesday, May 22, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 183


De confusão em confusão, de escândalo em escândalo, assim se vai fazendo a política em Portugal. Depois da confusão das secretas, - que afinal o são pouco -, até ao mais recente episódio que envolve Miguel Relvas num caso, que a comprovar-se, terá foros de escândalo e que não dará condições para o ministro se manter em funções depois da alegada ameaça sobre uma jornalista do Público, ameaça essa que parece ir até à devassa da sua vida privada - é caso para dizer que dá muito jeito ter amigos na secreta! - houve de tudo um pouco ao longo destes últimos dias. E com a política portuguesa mergulhada em escândalos e mexericos, poucos se aperceberam da mudança de estratégia do governo. Afinal quando a oposição falava em crescimento diziam que tal era uma irresponsabilidade e bastou a mudança política em França para que tudo mudasse. A Comissão Europeia não se cansa de demonstrar o seu apego às teses de Hollande - afinal foi este que deu novo folgo a Barroso, não nos esqueçamos - e muitos governos começaram a falar disso como se até aí nunca tivessem dado por nada. Com problemas profundos na Grécia, em Portugal e Irlanda, com o chegar da confusão à Espanha e à Itália, já para não falar na crise do governo holandês, motivada pela falta de estratégia de crescimento, foi-se criando terreno para que se mudasse de estratégia. A perda de força política de Merkel é evidente e, cremos que, nas próximas eleições para o ano, ela será afastada. Assim, e como não poderia deixar de ser, Passos Coelho que tem sido uma espécie de cordeiro para sacrifício nas mãos de Merkel, também achou por bem, colocar-se em bicos de pés e dizer que afinal o crescimento era fundamental e que com austeridade sobre austeridade não ia-mos lá. Coisa já fortemente discutida internamente mas que o governo achava que não seria assim. Temos a consciência de que Portugal é um país pequeno, com uma pequena e débil economia, um país periférico, o que em termos europeus nos dará pouca força. Daí que, sem virarmos as costas à Europa - não o podemos fazer, nem o devemos fazer - mas deveremos olhar mais para o Atlântico, política já conhecida e secular entre nós. Não temos condições para ser um país central, uma espécie de potência na Europa, mas podemos e devemos compensar esta nossa fragilidade com uma espécie de país rede fazendo a ligação da Europa a outras partes do mundo. E para isso, Portugal tem todas as condições, desde que assuma a centralidade da CPLP, transformando a sua fraqueza em força, sendo a ponte para novos países e desde logo novos mercados que serão de interesse para a Europa, sobretudo agora, quando esta está mergulhada na mais dura crise, - crise económica, crise de valores, crise política. E quando vemos chegar de novo a "troika" ao nosso país, esta ideia ganha mais força. Ontem Cavaco achava e bem que esperava que a "troika" trouxesse uma estratégia para fomentar o crescimento depois das decisões do G8 onde - as instituições da "troika" - estiveram presentes. Até Cavaco que noutros tempos achava tudo isto uma insensatez teve que mudar o discurso. Mas disso já falamos muitas vezes e não voltaremos ao tema. O importante é que Portugal crie âncoras para a sua estabilidade e desenvolvimento sobretudo num tempo em que não se sabe o que vai acontecer com a Grécia. Se esta sair da UE e do euro, Portugal será o elo mais fraco da cadeia e de duas uma, ou tem plataformas que lhe permite manter-se à tona de água, ou então, será o colapso com implicações que ainda hoje não sabemos mensurar. Daí, tal como no século XVI, a nossa vocação atlântica e a nossa aptidão pelo mar, seja a tábua de salvação dum país mergulhado numa crise profunda donde não sairá tão cedo, embora os políticos digam o contrário. Afinal, à cinco séculos descobrimos a nossa vocação marítima não só por aventura ou pelo mito da riqueza fácil, mas também, para fugir à miséria que então grassava em Portugal. Talvez tenha chegado o tempo, - um outro tempo, dum outro modo -, para regressarmos ao mar e à nossa vocação atlântica e assim, possamos ser um país bem mais interessante do que somos hoje em dia para a Europa a que pertencemos. Se a crise é sinónimo de oportunidade, porque não aproveitá-la para mudar de rumo em vez de nos deixarmos afundar dia a dia sem esperança e sem glória?

Sunday, May 20, 2012

Conversas comigo mesmo - XC

A identidade e a missão da Igreja acaba por ser a tónica encerrada na Ascenção que hoje se comemora. A festa que hoje celebramos não é de uma despedida ou separação, mas a tomada de consciência de uma nova e profunda presença de Jesus no meio dos seus discípulos, bem como da missão que lhes confiou e confia. Por isso o Evangelho proclama a crença de avivar em nós essa consciência, recordando-nos o que é a Igreja e qual a sua missão. Mas então, o que é a Igreja? S. Paulo dá-nos a resposta dizendo-nos acerca de Jesus: "Deus pô-Lo acima de todas as coisas como cabeça de toda a Igreja, que é o seu corpo." A Igreja é, pois, segundo S. Paulo, o novo corpo de Cristo. Corpo de que nós somos membros desde o nosso baptismo. Corpo de que Cristo é a cabeça e espírito animador. E então, qual é a sua missão? É o próprio Jesus que a define: "Ide e ensinai todas as nações baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei". "Sereis minhas testemunhas até aos confins da terra". A missão da Igreja e do cristão é, pois, bem clara. Ser em toda a parte testemunhas de Cristo, sinal verdadeiro da sua solicitude por cada ser humano, em ordem à realização do seu destino segundo a vontade de Deus; fermento vivo de fraternidade; e anunciar com fidelidade e coerência a sua palavra salvadora, fonte de luz, paz e amor. Não basta dizermo-nos cristãos se não perseguimos estes princípios; não basta recorrer à Igreja para o baptismo, o matrimónio ou o funeral, se durante a vida negamos estes mesmos princípios. Um bom tema para reflectir-mos.

Friday, May 18, 2012

"Portugal e o Futuro" - António de Spínola


Trinta e oito anos após o 25 de Abril de 1974, acabei por (re)ler o livro de António de Spínola "Portugal e o Futuro" que desempenhou um papel importante no fim do regime anterior. O general António de Spínola publica o livro "Portugal e o Futuro" no dia 22 de Fevereiro de 1974, pouco mais de um mês depois ter sido empossado como vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas por sugestão de Costa Gomes. Deste cargo viria a ser demitido em Março, por se ter recusado a participar na manifestação de apoio ao governo e à sua política. As páginas do livro abriram-se com estrondo e o próprio chefe do governo da ditadura, Marcelo Caetano, disse tratar-se de um verdadeiro "manifesto de oposição" ao regime e de um golpe militar anunciado. Na sequência da publicação do "Portugal e o Futuro", e perante a recusa dos generais Francisco da Costa Gomes e António de Spínola - os dois principais chefes militares do país - em prestar vassalagem a Marcelo Caetano, tanto Spínola como Costa Gomes são demitidos a 14 de Março. Dois dias depois uma coluna militar do regimento das Caldas da Rainha avança para Lisboa, numa tentativa falhada de derrubar o governo. A 25 de Abril os capitães do Movimento das Forças Armadas levam a cabo o golpe militar que liquidará o regime do Estado Novo e escolhem uma Junta de Salvação Nacional para preparar a transição do país para um regime democrático. Na madrugada de 26 Spínola é anunciado como chefe da Junta e, a 15 de Maio, toma posse como primeiro Presidente da República do pós-25 de Abril. A História avançara muito rápido. O que fazia do livro de António de Spínola um tão poderoso repto ao regime do Estado Novo? Basicamente afirmar que as guerras coloniais, que duravam desde 1961, não tinham solução militar. E que era necessário que a Nação debatesse o problema. As teses de 'Portugal e o Futuro' eram também um desafio à política oficial: "estamos numa encruzilhada" do problema ultramarino; "a contestação generaliza-se a todos os sectores", até "à Igreja e à instituição militar"; "resta apenas uma via para a solução do conflito e essa é eminentemente política, a vitória exclusivamente militar é inviável"; "a solução implica a aceitação de princípios, o primeiro dos quais é o reconhecimento do direito dos povos à autodeterminação". Escrito por um dos mais prestigiados generais das Forças Armadas, combatente em Angola e comandante-chefe na Guiné, o livro teve o papel de uma bomba de profundidade contra a política africana do regime. António Sebastião Ribeiro de Spínola nasceu a 11 de Abril de 1910, em Estremoz e faleceu em Lisboa a 13 de Agosto de 1996. O mais tarde marechal António de Spínola ficará para a nossa História como um símbolo de transição do regime. O importante papel que desempenhou é oficialmente reconhecido a 5 de Fevereiro de 1987, pelo então presidente da República Mário Soares, ao empossá-lo como chanceler das Antigas Ordens Militares, e ao entregar-lhe as insígnias da Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, pelos "feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido o símbolo da Revolução de Abril e o primeiro presidente da República após a ditadura". António de Spínola também foi muito controverso, durante o regime anterior como depois da implantação da democracia. Espírito rebelde e insubmisso nunca foi verdadeiramente catalogado dentro da geometria política vigente. Ainda hoje existem muitas diferentes opiniões sobre a sua personalidade e pelo livro que então publicou, bem como da sua influência nos acontecimentos que viriam a desaguar na Revolução dos Cravos. Mas de uma coisa estou certo, ninguém que se interesse por estas questões ficará indiferente à personagem e à sua obra, seja qual for o pensamento político que tenhamos. Um livro a (re)ler quanto mais não seja para sabermos o caminho que se propunha para Portugal e para as então províncias ultramarinas. Resta dizer que esta (re)edição é da Prefácio.

Thursday, May 17, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 182

O país continua a afundar-se sem que se vislumbre um fim. Apesar de alguns sinais ténues de retoma, ela ainda durará a vir, contrariando aquilo que o governo vem dizendo. E quando o diz sabe que está a mentir! O cortejo de desempregados não pára de aumentar. Ontem atingiu-se mais um triste recorde de 14,9% - a nível nacional -, rondando até os 20% no Algarve - a nível regional. E isto são apenas os desempregados registados. Mas para além deste existem muitos mais, que não têm acesso ao fundo de desemprego e, como tal, não constam das estatísticas. Se o fizessemos estaríamos agora perto de um milhão e trezentos mil desempregados!!! Para já não falar daqueles que emigram, sobretudo jovens, - mas não só -, em busca de uma vida com a dignidade e oportunidades que o seu país não lhe vai dar nos próximos anos. E quando se fala de 2012 como fim de ciclo tal não é verdade porque a situação vai prolongar-se, infelizmente, muito para além desta data e o desemprego irá continuar a aumentar. Este é o trágico destino das políticas ultraliberais que têm sido aplicadas entre nós e que não estão a dar os resultados pretendidos como já aqui o vinhamos afirmando por diversas vezes. E não falemos só da "troika", porque aquilo que se está a aplicar em Portugal vai muito para além do programa de resgate. A questão do desemprego, que é uma questão nuclear, está sem controlo. O próprio governo admite que está admirado (!) com a situação, o que mostra que não existe qualquer estratégia para inverter esta tendência. A economia está afogada em recessão, e assim irá continuar, não havendo qualquer expectativa de medidas para o crescimento que fomente o emprego. Portugal vai de derrota em derrota até à derrocada final. E agora agravado com a situação na Grécia. O povo grego fartou-se de tanto sacrifício, mas com isso pode levar a um efeito dominó na UE de consequências ainda imprevisíveis. A possível saída do euro e até talvez, da própria UE, vai expor outros países a algo de que ainda não temos bem a noção. Desde local os já resgatados Potugal e Irlanda, depois outras economias com problemas mas bem mais fortes do que estas, como é o caso da Espanha e da Itália. Ninguém sabe dizer como tudo isto terminará. Apenas a esperança fundada da nova atitude francesa face a esta situação pode levar a alguma esperança. Merkel ajudou a afundar a Europa enquanto engordava o seu sistema bancário, veremos o que daí virá, face a um Hollande que já percebeu que vamos na direcção do abismo a uma velocidade enorme e que é preciso arrepiar caminho. Essa é a nossa esperança, diríamos mais, essa é a esperança de muitos países que, embora com estratégias ultraliberais não têm força ou coragem para travar os devaneios de Merkel. Mas esta também pensamos que estará de saída a breve prazo. Basta ver o que aconteceu com as eleições na Renânia-Vestefália, um dos bastiões do partido conservador. O povo alemão começa a tomar consciência de que as coisas também não estão bem, não por solidariedade europeia, mas porque começam a temer as consequências que daí advirão e da maneira como os restantes países olharão - já estão a olhar -  para a Alemanha. É que a História vai-se repetindo, embora nem sempre da mesma maneira.

Wednesday, May 16, 2012

Os obstáculos no nosso caminho


Há muito, muito tempo, um Rei colocou uma enorme pedra no meio de um caminho. Escondeu-se e ficou a observar se alguém removia aquele obstáculo. Alguns dos comerciantes mais endinheirados e cortesãos do reino chegaram e simplesmente contornaram a pedra. Muitos culparam veementemente o rei por não manter os caminhos desimpedidos, mas nenhum fez nada para retirar a pedra do caminho. Então chegou um camponês com uma carga de verduras. Ao aproximar-se da pedra, o homem pousou a sua carga e tratou de remover a pedra para a berma. Depois de um grande esforço, conseguiu  desimpedir o caminho. Enquanto recolhia a sua carga de vegetais, avistou uma carteira no chão, exactamente onde estava a pedra. A carteira continha muitas moedas de ouro e uma nota do rei indicando que as moedas pertenciam à pessoa que removesse a pedra. O camponês aprendeu o que os outros nunca entenderam. Cada obstáculo representa uma oportunidade para melhorar a condição de cada um.

Tuesday, May 15, 2012

A sabedoria vence todas as formas de medo


Aqui vos deixo hoje, um texto do grande pensador alemão, Rudolf Steiner. Diz assim: “Digo não a submeter-me ao medo que me tira a alegria da minha liberdade que não me deixa arriscar nada, que me torna pequeno e mesquinho, que me amarra, que não me deixa ser directo e franco, que me persegue, que ocupa negativamente a minha imaginação, que sempre pinta visões sombrias. No entanto, não quero levantar barricadas por medo do medo. Quero viver, não quero encarcerar-me. Não quero ser amigável por ter medo de ser sincero. Quero pisar firme porque estou seguro, e não para encobrir o meu medo. E quando me calo, quero fazê-lo por amor, e não por temer as consequências das minhas palavras. Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar. Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto. Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável. Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim. Não quero tornar-me inactivo por medo de errar. Não quero fugir de volta para o velho, para o inaceitável, por medo de não me sentir seguro novamente. Não quero fazer-me de importante pelo medo de ser, caso contrário, ignorado. Por convicção e amor quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de fazer. Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao Amor. E quero crer no reino que existe em mim.” Um belo texto, que exige reflexão, deste grande pensador alemão. Num tempo de incerteza em que os medos povoam o nosso imaginário, será bom termos presente estas palavras, e nos assumamos em plenitude, sem medos ou receios, apenas iguais a nós próprios que, ainda é, a maneira de sermos mais sinceros, mais autênticos.

Sunday, May 13, 2012

Conversas comigo mesmo - LXXXIX

Faz-nos bem recordar, de vez em quando, o essencial da nossa fé, para a apreciarmos mais e a vivermos melhor. I. Deus é amor. É este o retrato cristão de Deus, tal como nos diz S. João. Qualquer outra imagem de Deus, incompatível com esta, não é cristã. Os outros atributos divinos: justo, sábio, omnipotente, juíz,..., hão-de conciliar-se com esta definição básica: Deus é amor. II. Jesus Cristo é a imagem viva desse amor. Ele tornou visível, na História, o mistério do amor de Deus por todos e cada um de nós: "Assim como o Pai me amou também Eu vos amei a vós". Um amor que se traduz em amizade e entrega total, até ao fim: "Ninguém tem, maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos". É este amor, esta entrega até à cruz que a Páscoa, - e hoje é o sexto domingo da Páscoa -, mais uma vez, celebra. III. Quem não ama não conhece a Deus. Quem acredita no Deus-amor manifestado em Jesus Cristo e O acolhe deve, naturalmente, corresponder-Lhe: "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei". E o amor de que Jesus é modelo é feito de atenção afectuosa, de disponibilidade inteira, de vida que se dá, dia-a-dia, em gestos, serviços e renúncias pelo bem dos outros. Dizia S. João da Cruz que: "No entardecer da vida, todos somos questionados sobre o amor". Tomemos esta frase para reflexão, sobretudo, num mundo em que o ódio parece ocupar, cada vez mais espaço, deixando cada vez menos espaço para o amor.

Saturday, May 12, 2012

Isa e os cépticos - Um conto sufi

O Mestre Jalaludin e outros contam que, certo dia, Isa, o filho de Míriam, caminhava pelo deserto próximo de Jerusalém com um grupo de pessoas nas quais a cobiça ainda estava muito enraizada. Rogaram a Isa que lhes revelasse o Nome Secreto com que ele revivia os mortos. E ele respondeu: - Se lhes disser, abusarão dele. - Estamos prontos e preparados para receber tal conhecimento; além do mais, irá reforçar nossa fé - foi a resposta dos que acompanhavam Isa. - Não sabem o que estão pedindo - replicou Isa, mas lhes disse qual era a Palavra. Pouco depois, aquelas pessoas seguiam por um lugar deserto quando depararam com um monte de osso descarnados. - Testemos a Palavra - disseram uns aos outros. E assim fizeram. Mal a Palavra foi pronunciada, os ossos se recobriram de carne e se transformaram novamente numa voraz besta selvagem que os destroçou. Os que forem dotados de razão compreenderão. Aqueles que a possuem em dose reduzida podem instruir-se por meio deste relato.
  

Friday, May 11, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 181

Vivemos tempos de perturbação, tempos de angústia, tempos de incerteza. Mas, sobretudo, vivemos tempos de mentira refinada! E chegados aqui, temos por certo que o importante será mais do que sermos manipulado é sabermos que somos manipulados. Soubesse à dias que afinal Portugal sempre vai perder os 383,38 milhões de euros pela não efectivação do TGV! Foi-nos dito que esse fundos não eram perdidos que seriam reafectados a outras rúbricas. Mentira pura! Já aqui o tínhamos denunciado e agora, - hélas! -, eis a confirmação da notícia. Portugal não vai só perder os 383,38 milhões de euros, mas a não efectivação da linha de alta velocidade será um retrocesso na política de transportes para Portugal. É o que se pensa na UE e basta ver que a Espanha, que se encontra numa posição até, - em termos comparativos -, pior do que a nossa, fez a sua parte, e a linha acaba próximo da fronteira, porque do lado de cá, existe o deserto, o subdesenvolvimento, o atraso. Claro que, dirão alguns, que não há dinheiro para tal. Pura ilusão, porque é no investimento público que está a saída da crise. E se o houve e continua a haver para um BPN e quejandos também o terá que haver para o bem público. Já o afirmava Keynes, eminente economista inglês que recuperou a economia americana nos anos da crise, - nos anos 30 do século passado, - mas que qualquer ultraliberal, daqueles que nos governam, nem sequer deseja ouvir falar. Preferem continuar com a cartilha ultraliberal, a mesma política ultraliberal que fez escola nos anos 70 e 80 do século passado, na sua versão monetarista, que teve como cobaias os países da América Latina, e com a estratégia definida por Milton Friedamann, faz com que Portugal vá ficando para trás, mergulhando, de novo, no subdesenvolvimento, no atraso, na ignorância, na emigração, como nos tempos mais negros do regime anterior. E não basta ir votar de quatro em quatro anos para que as coisas sejam diferentes. Este governo, com esta política, está a destruir o tecido empresarial português - basta ver o número de empresas que se apresentam à insolvência diariamente - para termos a noção clara do que afirmamos. A classe média já deixou de o ser à muito, embora alguns, ainda vivam na ilusão de que não, mas o tempo acabará por lhes mostrar a dura realidade. Mas a mentira que hoje campeia na política portuguesa é por demais evidente, mesmo quando há ministros a ficarem ofendidos quando tal se lhes imputa e a fazerem o respectivo acto de contrição. E para ilustrar o que dizemos teremos que ver o que aconteceu esta semana com as notícias que vieram a lume sobre o DEO (Documento de Estratégia Orçamental) - uma espécie de PEC disfarçado com outro nome - que já tinha sido enviado para Bruxelas, sem que o parlamento soubesse de nada. (Por algo idêntico, e errado, como aqui fizemos na altura referência, os actuais governantes criaram uma crise política na ânsia de "irem ao pote" (Passos Coelho dixit) e não de um qualquer interesse nacional que diziam defender). Mas, como se isso não bastasse, soubesse esta semana que haviam uns mapas em anexo que não existiam, afirmando o governo que ainda se estava a estudar a situação. Mas não era assim, mais uma mentira. A verdadeira razão era que não queriam dar a conhecer os níveis catastróficos do desemprego, ainda piores do que aquilo que até, o próprio governo, tinha estimado! Depois vieram as versões em inglês enviadas à pressa para a Comissão de Finanças da AR, que desde logo foram rejeitadas e bem, até que apareceram outras em português. Para além do ridículo da situação, não deixa de ser claro que a mentira se institucionalizou no governo e na política. Foi ver o desconforto evidente de Luis Montenegro (PSD) quando debateu esta matéria com Luis Fazenda (BE) no frente-a-frente da SIC Notícias de anteontem. Mas Cavaco nenhuma referência fez ao assunto, escondendo-se atrás dum "não faço comentários" a contrastar com as atitudes que teve num passado recente com outros executivos. Já por diversas vezes afirmamos que Cavaco é um PR de facção e não de todos os portugueses, como deveria ser, mas que o assuma duma maneira tão escandalosa é, de facto, algo de extraordinário. Num governo mergulhado em mentiras sucessivas lá vai o país afundando-se, qual Titanic, enquanto alguns - como no filme de James Cameron - tocam música para acalmar os passageiros. Mas esses, também se afundaram!... Repetimos o que já por diversas vezes afirmamos, para quem tinha uma solução para o país que resolvia tudo em dois meses - ainda se lembram das palavras de Miguel Macedo na qualidade de líder parlamentar do PSD? - durante a anterior legislatura, e afinal o que assistimos é a uma destruição dum país com quase nove séculos de História, numa senda digna dum qualquer Filipe de Espanha, ocupante de antanho. Afinal, nove meses após a governação de Passos Coelho parece que nos caiu nos braços um aborto!

Thursday, May 10, 2012

A controvérsia do padre da Lixa, Mário de Oliveira

"Perdoem-me, mas tenho de Vos fazer um Pedido. Não deixem, por nada deste mundo, de adquirir e ler-escutar-mastigar-debater-divulgar o meu mais recente Livro, EVANGELHO DE JESUS, Segundo Maria, mãe de João Marcos, e Maria Madalena, Edium Editores, apresentado na tarde de 24 de Março 2012, no Café-Bar La Bohème, no Porto. Depois de 2000 anos de Cristianismo, não podemos morrer sem ler-debater este Evangelho. Não nos assustemos com as palavras. Evangelho, não tem nada de beatice, nem de religioso. É uma BOA NOTÍCIA POLÍTICA. No caso, a BOA NOTÍCIA POLÍTICA, chamada JESUS, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria, assassinado como o MALDITO, segundo a Bíblia e a Lei de Moisés. Porque o seu ser-viver-actuar-pensar-falar político materializa uma REVOLUÇÃO ANTROPOLÓGICA-TEOLÓGICA tal, que o Poder, nos três Poderes em que historicamente subsiste, não o pode suportar, e mata-o na Cruz do Império, em Abril do ano 30. Depois, para que nem sequer ficasse memória do seu Nome, muito menos, algum vestígio dessa sua Revolução Antropológica-Teológica, os seus discípulos traidores e delatores – o chamado Grupo dos Doze Apóstolos – fundam o Judeo-Cristianismo, mais tarde, Cristianismo apenas. E é este Cristianismo que acaba por fazer desaparecer da História, até hoje, Jesus e o seu Movimento Político Maiêutico. Ora, o Cristianismo, como a própria palavra indica, tem, na sua génese ou origem, o nome CRISTO, não JESUS. Só que, enquanto o nome JESUS é o Ser Humano pleno e integral, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria, que, na sua plenitude HUMANA, nos revela, simultaneamente, como havemos de ser e viver politicamente na História, nós, os Seres Humanos, e como é Deus Criador que nunca ninguém viu, já o CRISTO não passa de um MITO bíblico-davídico, fundamento e justificação do Poder, nomeadamente, do Poder Monárquico Absoluto e Infalível, protagonizado até à Revolução Francesa, pelo Papa de Roma e sua Cúria Romana, e, neste início do Terceiro Milénio, protagonizado quase exclusivamente pelo Grande Poder Financeiro Global, intrinsecamente, Perverso, Mentiroso, Ladrão e Assassino, assessorado pelo Poder Político dos Governos das nações e pelo Poder Religioso dos Sacerdotes e Pastores das Igrejas cristãs e das Religiões. Têm de adquirir e ler-debater este Livro, só possível, graças à mais recente investigação histórica sobre Jesus e sobre as origens do Cristianismo. Todo o Ocidente e o resto do Mundo onde o Ocidente chegou com a sua influência Ideológica-Idolátrica, estão edificados sobre a mais crassa Mentira que é o Cristianismo, cujo filho unigénito é nada mais nada menos que o Grande Poder Financeiro Global. E não estão edificados sobre a Realidade /Verdade, que é o Planeta Terra e nós, Seres Humanos Consciência com ele. É, pois, preciso, imperioso e urgente, regressarmos a Jesus, o de antes do Cristianismo, e ao seu Projecto Político Maiêutico, Património da Humanidade. Quanto ao Cristianismo, só lhe resta desaparecer, tantos e medonhos, são os seus Crimes-sem-perdão, ao longo destes últimos 20 Séculos. O Terceiro Milénio será jesuânico, de Jesus, ou não será. Porque, com o Cristianismo e o seu filho unigénito, o Grande Poder Financeiro Global em acção, não ficará pedra sobre pedra, do Planeta Terra. Peço-Vos: Não morram, sem conhecer, ler-debater este EVANGELHO DE JESUS, testemunhado por estas duas discípulas fiéis de Jesus. Quer sejam ateus ou agnósticos, quer sejam cristãos ou religiosos, não morram, sem conhecerem este Livro. Se o não encontrarem, façam-me chegar o Vosso endereço postal e o Livro depressa chega a Vossa Casa. O pagamento dos 10€ (+ 2€, para despesas do envio postal) – reverte integralmente para o BARRACÃO DE CULTURA – pode depois ser feito por transferência bancária, vale de correio, ou cheque. Por favor, atendam o meu Pedido. Porque, como diz o próprio Jesus, só a Verdade Praticada nos faz Livres e Humanos." Estas são as palavras controversas do padre Mário de Oliveira, mais conhecido pelo padre da Lixa. Ele já em tempos tinha lançado um labéu sobre as aparições de Fátima, que ele considera falsas. Seja como for, aqui está um livro polémico, mas que puderá vir a agitar as águas, na tentativa de aprofundamento da fé Cristã, mais do que, vir a desistegrá-la. Para os interessados!...

Wednesday, May 09, 2012

Uma Nação só vive porque pensa ou reviver Eça de Queirós

"Uma nação só vive porque pensa. Cogitat ergo est. A força e a riqueza não bastam para provar que uma nação vive duma vida que mereça ser glorificada na História - como rijos músculos num corpo e ouro farto numa bolsa não bastam para que um homem honre em si a Humanidade. Um reino de África, com guerreiros incontáveis nas suas aringas e incontáveis diamantes nas suas colinas, será sempre uma terra bravia e morta, que, para lucro da Civilização, os civilizados pisam e retalham tão desassombradamente como se sangra e se corta a rês bruta para nutrir o animal pensante. E por outro lado se o Egipto ou Tunis formassem resplandescentes centros de ciências, de literaturas e de artes, e, através de uma serena legião de homens geniais, incessantemente educassem o mundo - nenhuma nação mesmo nesta idade do ferro e de força, ousaria ocupar como um campo maninho e sem dono esses solos augustos donde se elevasse, para tornar as almas melhores, o enxame sublime das ideias e das formas. Só na verdade o pensamento e a sua criação suprema, a ciência, a literatura, as artes, dão grandeza aos Povos, atraem para eles universal reverência e carinho, e, formando dentro deles o tesouro de verdades e de belezas que o Mundo precisa, os tornam perante o Mundo sacrossantos. Que diferença há, realmente, entre Paris e Chicago? São duas palpitantes e produtivas cidades - onde os palácios, as instituições, os parques, as riquezas, se equivalem soberbamente. Porque forma pois Paris um foco crepitante de Civilização que irresistivelmente fascina a Humanidade - e porque tem Chicago apenas sobre a terra o valor de um rude e formidável celeiro onde se procura a farinha e o grão? Porque Paris, além dos palácios, das instituições e das riquezas de que Chicago também justamente se gloria, possui a mais um grupo especial de homens - Renan, Pasteur, Taine, Berthelot, Coppée, Bonnat, Falguières, Gounot, Massenet - que pela incessante produção do seu cérebro convertem a banal cidade que habitam num centro de soberano ensino. Se as Origens do Cristianismo, o Fausto, as telas de Bonnat, os mármores de Falguières, nos viessem de além dos mares, da nova e monumental Chicago - para Chicago, e não para Paris, se voltariam, como as plantas para o Sol, os espíritos e os corações da Terra. Se uma nação, portanto, só tem a superioridade porque tem pensamento, todo aquele que venha revelar na nossa pátria um novo homem de original pensar concorre patrioticamente para lhe aumentar a única grandeza que a tornará respeitada, a única beleza que a tornará amada; - e é como quem aos seus templos juntasse mais um sacrário ou sobre as suas muralhas erguesse mais um castelo." Este texto não foi escrito por nenhum líder político, mas sim, pelo grande Eça de Queirós, in 'A Correspondência de Fradique Mendes'. A cultura é, de facto, o sustentáculo duma nação e dum povo. Quem o negar, deve explicar que invíos desígnios tem para com uma nação. Num país afundado na crise, com o ultraliberalismo a fazer o seu percurso destruídor, onde o ministério da cultura foi reduzido a uma mera secretaria de Estado, diz bem, do que pensam para Portugal aqueles que o dirigem. Afinal, a cultura sempre foi incómoda para alguns paladinos políticos, porque quanto mais ignorante um povo, mais dócil ele é. Pensei que nunca mais veria isso na minha pátria, mas enganei-me. Os cultores do obscurantismo e da ignorância aí estão. Preferem que o seu povo leia os jornais desportivos em vez de se instruírem. Agora, como no passado, a actualidade das palavras acutilantes de Eça aí estão para nos acordar.

Tuesday, May 08, 2012

A emoção do amor

Quando nasce o amor? Quando estamos carentes e alguém se aproxima com mãos estendidas?  Ou quando nos abrimos para a vida e despertamos paixões? Será que existe uma lógica no amor?  Somos nós quem decidimos a hora de amar, ou o amor é realmente um laço, um passo para uma armadilha? Se podemos viver o amor, por que nos ausentamos, por que nos decepcionamos tanto e queremos fugir dele? Por que apostamos tanto em alguém, e chegamos ao ponto de transferir nossa felicidade para outras mãos? Será medo da realidade, uma fuga de nós mesmos? Será que é possível viver um amor onde apenas a verdade, e somente a verdade seja a base da relação? Será que devemos evitar a máscara que colocamos no amor? Será que devemos ser tão realistas e secos para evitar a dor? A dor, o amor, o calor, o desejo, o momento, a vida, uma explosão de todas as cores, de todos os sentidos, se você não se lembra mais, o amor provoca vertigens, espalha fogo por todos os lados, é um querer até sem querer, é uma transformação radical em nosso metabolismo físico, mental e espiritual, quando amamos chegamos mais perto dos anjos. Por isso, se tiver que optar, entre o vazio da razão, por medo de sofrer uma decepção e amargar meu dia, ainda assim, prefiro o risco do amor, que embeleza a vida, dá motivação renovada, e transforma o mundo, as pessoas e as atitudes, deixando tudo mais bonito, leve e eterno. O amor é eterno, mesmo quando dura pouco, a emoção nunca se perde, as pessoas vão, partem, mas fica sempre um perfume de saudade, fica sempre uma recordação gostosa, por isso, amar sempre vale a pena. Só os tolos têm medo de amar...
 

Monday, May 07, 2012

O renascer da Europa?

Ontem jogou-se um dia histórico para a Europa e para o euro. Desde logo, em França, onde François Hollande afastou o "saltitante" Sarkozy, desfazendo o "par romântico" que tanta amargura tem trazido à Europa. Merkel deve ter ficado inconsolável, não só porque perdeu o "seu par" mas também, porque perdeu as eleições regionais. As pessoas começam a tomar consciência de que a austeridade em cima de austeridade não conduz a nada, a não ser ao empobrecimento generalizado, à destruição das economias dos países, ao aumento incontrolável do desemprego. As promessas de Hollande são uma janela de esperança que se abre - se vier a cumprir aquilo que prometeu, e pelo qual foi eleito - trazendo uma visão mais federalista à UE do que esta miserável miopia ultraliberal que até agora a tem dominado. E isso só por si, trará um maior protagonismo à Comissão Europeia que tinha sido reduzida a "verbo de encher" pelo directório franco-alemão. Para isso, basta ouvir as palavras que Durão Barroso proferiu ontem ao felicitar Hollande. Os franceses sempre tiveram uma pecha universalista, exportando modelos de governação e atitudes políticas que influenciaram o mundo desde à muitos séculos. Esperemos que agora aconteça o mesmo, e que a Europa comece a trilhar o bom caminho donde foi afastada, não tanto pela crise, como alguns pretendem fazer crer, mas sobretudo, pelas agendas ultraliberais que a isso obrigaram. (E não esqueçamos que há sempre alguém ao dobrar da esquina a espreitar uma oportunidade, referimo-nos ao surgimento da extrema-direita que teve uma expressão eleitoral muito marcada quer em França quer na Grécia, e isso também nos deve fazer pensar!) É altura da visão federalista ser retomada, seguindo as pisadas de Jean Monet ou Jacques Delors, ambos figuras de grandes estadistas com visões europeístas, que se impõe por si mesmos, longe da mediocridade ultraliberal que até agora tem destruído os países e a própria UE. Mas mais do que a França, devemos estar atentos ao que se passa na Grécia. Esse é o país que mais graves consequências pode ter para nós. Por agora, fala-se num governo de unidade nacional. Veremos o que daí vem. Porque se assim não for, a Grécia tornar-se-á ingovernável e, inevitavelmente, terá que sair do euro. E isso, seria o que de pior poderia acontecer. Embora a própria UE tenha sobre a mesa - duma forma muito discreta - a discussão dessa possibilidade e a maneira de evitar que outros países lhe sigam o caminho por efeito de contágio, mas mesmo assim, o sinal que era dado seria terrível para o euro e para a restante Europa. Vamos ter que aguardar um pouco e ver como as coisas se acomodarão depois da espuma eleitoral ter desaparecido. Mas até lá, ficamos com a sensação de que ontem, foi um dia histórico para a Europa, que se ía estiolando com o passar do tempo. Ontem, surgiu a esperança, veremos se ela se materializa ou se não passa de mais um falso alarme, como por vezes - demasiadas vezes - surgem no tecido político.

Sunday, May 06, 2012

Conversas comigo mesmo - LXXXVIII

Hoje, como vem sendo habitual nestes últimos domingos, - embora não seja obrigatório tal -, venho-vos falar de Jesus. Ninguém como S. Paulo, exprimiu de modo tão simples e profundo, a união íntima, vital, dinâmica e constante que deve existir entre o cristão e o seu Mestre: "Eu vivo. Mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Gálatas 2,20). Tudo começou no seu encontro com Ele, no caminho... Depois, foi o abrir confiante à sua palavra e o segui-lo com firmeza inabalável, sempre no sentido de uma assimilação plena do seu espírito e da sua vontade. Assim nasceu e se aprofundou essa mútua permanência a que Jesus nos convida também: "Permanecei em Mim e eu permanecerei em vós". Permanecer em Cristo significa, como nos lembra o Evangelho, permanecer nas suas palavras. Isto é, recebê-las de coração aberto e livre; aprofundá-las no estudo e na meditação para lhes beber e assimilar o espírito. Traduzi-las em frutos de boas obras de bondade e de misericórdia. Permanecer em Cristo significa, também, aderir a uma comunidade de cristãos, e inserir-se nela como membro vivo, interessado e participativo, inserir-se numa comunidade concreta com espírito realista de quem sabe que não há comunidades perfeitas, e aí permanecer e actuar de modo a contribuir para que ela se torne, cada vez mais, sinal da presença e da acção de Jesus Cristo. Na verdade, ser cristão é ser Igreja, pois é através dela que nos incorporamos em Cristo e nos tornamos seus membros. Membros dos quais se esperam, sempre, os actos e os gestos que Jesus fez e ensinou. Neste Dia da Mãe este pode ser um bom tema de reflexão, em nome da nossa Mãe, esteja ela presente ou já ausente, e neste último caso, ainda com mais acuidade, porque só nos caminhos da fé - seja lá ela qual for - pudemos reencontrar o conforto de quem já partiu e que esperamos que esteja num mundo bem melhor, mais junto e fraterno, do que este em que ainda vivemos.

Friday, May 04, 2012

Ser chique sempre!

  


"Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje. A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas. Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou "closet" recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano. O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida. Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras. Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio. Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta. É evitar se deixar levar pela mania nacional de deitar lixo na rua. Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar-se do aniversário dos amigos. Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir. Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor. É "desligar o radar", "o telefone", quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção à sua companhia. Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correcto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios. Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico quando se pretende corrigir o carácter: não há plástica que salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, agressão, intolerância, ateísmo falsidade. Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de quão breve é a vida e de que, ao fim e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo. Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correcta. Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour! Porque, no fim de contas, chique mesmo é Crer em Deus! Investir em conhecimento pode tornar-nos sábios. Mas, Amor e Fé tornam-nos humanos!" Palavras sábias de Glória Kallil que vos deixo para meditar, para uma profunda reflexão.

Thursday, May 03, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 180

E o empobrecimento de Portugal lá vai continuando com as medidas cirúrgicas que o governo vai implementando. Os preços sobem a cada momento, os impostos - mesmo que camuflados como acontece com a sobretaxa aos hipermercados (será por isso que um conhecido hipermercado fez promoções a 50%?) - não param de aumentar, o salário é cada vez mais curto, sobrando a cada mês que passa, mais mês do que dinheiro. As dificuldades são imensas e há pessoas que estão a passar por situações que nunca pensaram vir a ter que passar na vida. O desemprego já é o terceiro maior da UE, o que diz bem da situação em que estamos, e que ainda se irá agravar nos próximos dois anos(!), como o sublinhou Passos Coelho no passado 1º de Maio. (E o governo ainda se acha surpreendido com tal número!) Para quem tinha soluções que, em dois meses, transformavam este país num oásis, não deixa de ser patético! Basta ver o que está a acontecer nas instituições de solidariedade, nas cantinas sociais, já para não falar nas cantinas escolares que, nas férias dos alunos, continuam abertas. Isto é o empobrecimento dum país, a destruição duma classe - média - que sempre tem sido um pilar da democracia, numa espiral que não se sabe onde vai parar. Que saudades doutros tempos, dirão alguns! E não basta utilizar o argumento da crise para justificar tudo o que se está a passar. É que para além da crise, à que implementar uma agenda política ultraliberal que parece que ninguém ainda conseguiu ver. E como se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo, não deixa de ser sintomático aquilo que se passou esta semana com a aprovação dum outro PEC - embora com outro nome, mas com a mesma finalidade, como disse e bem Marcelo Rebelo de Sousa - sem que o principal partido da oposição fosse consultado. Não deixa de ser estranho que, para quem criou uma crise política em torno do PEC IV, tome agora tal atitude, e logo, com um partido que assinou o acordo com a "troika", dando desde logo a ideia, de que "se quebrou um consenso dentro do arco governamental em torno das medidas de austeridade" (Marcelo Rebelo de Sousa dixit). E assim, as coisas não irão lá, quando é necessário que exista um leque alargado de consenso em torno de medidas que são difíceis para todos. Esse documento foi enviado para Bruxelas, onde a UE também vem dando mostras de grande confusão. Agora trata-se da aprovação duma espécie de "Plano Marshall" para a Europa, especialmente para os países mais fustigados, como é o caso de Portugal, onde se inserem medidas para o crescimento da economia. Finalmente, e depois de muitos economistas estarem à muito a defender esta solução - no qual nós nos incluímos - parece que a UE acordou, esperemos que não tarde demais. Quando a crise se começou a aproximar dos países com economias mais fortes, os sinos tocaram a rebate, e até Merkel já veio dar o seu acordo a esta ideia. Merkel ficará conhecida como sendo a política que chega sempre atrasada ao comboio da História. Todos sabemos que ela não tem quaisquer conhecimentos de economia e finanças, mas não deixa de ser irónico que os seus pares, não lhe dêem umas liçõeszitas. Dir-nos-ão que também havia a condicionante eleitoral. Mas o que vimos assistindo é que ela está com imensas dificuldades internas, já para não falar no seu "par romântico" que em França, corre o risco de ser o primeiro presidente da República a não conseguir a reeleição. O que só vem provar que mesmo nos países mais fortes, o sentimento das populações começa a ser de alguma inconformidade com o rumo que as coisas estão a levar, em sintonia com as muitas manifestações de desagrado que os outros países já vinham à muito evidenciando. Enfim, é o culminar duma conscencialização dos povos europeus de que a austeridade somada a mais austeridade não conduz ao crescimento nem à resolução dum dos problemas fundamentais actuais, que é o do desemprego. São medidas que carecem de urgência para defender a UE e o euro - daí o terem aparecido quando até agora se defendia o seu contrário - mas temos dúvidas se vêm fora de tempo criando situações que podem, aqui e ali, criar factores de desagregação da própria Europa, dessa mesma Europa sonhada por Jean Monet, Jacques Delors e outros insígnes europeístas e da qual os ultraliberais com as suas políticas estão a por em causa todos os dias.

Wednesday, May 02, 2012

A paz perfeita




Era uma vez um rei, e o rei ofereceu um grande prémio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita. Foram muitos os artistas que tentaram. O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou e decidiu que iria escolher entre ambas. A primeira era um lago muito tranquilo. Este lago era um espelho perfeito onde se reflectiam umas plácidas montanhas que o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com ténues nuvens brancas. Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela reflectia a paz perfeita.  A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação. Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água. Tudo isto revelava-se nada pacífico. Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto a despontar de uma fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho. Paz perfeita!  O rei escolheu a segunda e explicou: 'Paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos no nosso coração'. Este é o verdadeiro significado da paz.

Tuesday, May 01, 2012

1º de Maio - Dia do Desempregado

Comemoramos mais um Dia do Trabalhador que, dadas as circunstâncias se deverá passar a chamar Dia do Desempregado! Porque ele é imenso - mais de um milhão e duzentos mil - mas também porque, infelizmente, ele tenderá a aumentar e duma forma acentuada. Daí, o celebrar este dia a pensar no trabalhador começa a ser tarefa cada vez mais difícil neste Portugal ultraliberal, depauperado, à beira mar plantado e prestes a afogar-se. E perante este desespero em que nos encontramos, só nos resta uma de três coisas: ou o pastel de nata, ou emigrar - sugestão do PM - ou, ir vender a imagem de Portugal como sugeriu o PR no passado 25 de Abril! A estratégia do pastel de nata já vimos o que dá, mais empobrecimento, mais desemprego, mais desigualdades sociais. O emigrar é uma solução que os jovens - sobretudo, os qualificados - estão a seguir à risca. Arriscando-se Portugal a ficar com os velhos, os menos qualificados, aqueles que, queiramos ou não, são o "refugo" da sociedade. E será com velhos e pessoas com poucas ou nenhumas qualificações que vamos erguer Portugal? Claro que não, mas é seguramente uma verdadeira lotaria para os nossos governantes que assim, podem impor melhor as suas ideias ultraliberais, sem que ninguém se lhes venha a opor, ou a estugar o passo: ou porque a idade já não o permite, ou simplesmente, porque não têm conhecimentos sequer para perceber o que lhes está a acontecer. (A cultura sempre foi uma pecha com que alguns governos não convivem bem, isto também é uma lição do passado!) Uma estratégia já vista neste lusitana terra, noutros tempos que pensávamos - pelos vistos erradamente - que tinham sido irradicados. Quanto a sermos os verdadeiros agentes de marketing do país, pois esta é nova, e teve o patrocínio do PR. (Ideia tão interessante comparada com o discurso que o mesmo PR fez no 25 de Abril do ano passado. O que vem apenas confirmar aquilo que à muito vimos afirmando, que estamos perante um verdadeiro PR de facção, facto que se torna cada vez mais evidente e despudorado). Mas não pensem que vão ter um emprego e fugir ao estigma dos sem trabalho. Essa peregrina actividade - a de vendedor de sonhos -  terá que ser exercida em regime de voluntariado porque dinheiro é o que não existe, ou melhor, existe mas só para alguns. Por estas razões não vemos como celebrar este 1º de Maio. Apenas haverá motivação para exprimir a revolta que nos corrói, aquela que nos atira para o caixote dos indigentes e desqualificados, aquela revolta que destruiu a classe média, a revolta enfim, deste descalabro para que nos estão a empurrar. E aí sim, haverá bastas razões para o celebrar. Porque a indignação tem que ser mostrada, - mesmo quando tentam aniquilá-la com cargas policiais a lembrar outros tempos -, porque já começa a ser demais tanto sacrifício sem que se veja algum sinal de alento lá mais à frente. Como a canção de Sérgio Godinho dizia: "Sem a paz, o pão, educação/saúde, habitação/ não há liberdade a sério". E celebrar a liberdade apenas porque ela nos permite votar de quatro em quatro anos, é manifestamente pouco. Quando um povo não tem paz e serenidade, quando lhe começa a faltar o pão na mesa, quando a educação volta a ser para os ricos como no passado, quando a saúde é para os privados e o SNS é destruído todos os dias, quando a habitação própria começa a ser uma miragem pela usura dos bancos, de facto, por mais que nos proclamemos livres não o somos. Sem estes factores não há, de facto, liberdade a sério.