Turma Formadores Certform 66

Tuesday, October 29, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 296

A política em Portugal está a tornar-se num imenso pantanal. Talvez nunca tenha sido diferente, sobretudo quando olhamos para as figuras de Bordalo Pinheiro ou quando lê-mos Eça de Queiroz ou Ramalho Ortigão. Parece que aqui também estamos perante mais um fatalismo lusitano. Isto a propósito de ontem termos conhecido a coligação para a câmara de Loures entre  a CDU e o... PSD! Não é erro não. É assim mesmo. E ainda se torna mais curioso quando o líder comunista eleito foi, nada mais nada menos, do que o seu ex-líder parlamentar, Bernardino Soares! Depois da surpresa e de algum sorriso irónico, Bernardino Soares veio logo dizer que tudo isto tinha razão de ser "apenas para tornar a câmara governável". Mas não existiriam outras soluções? Porque foi logo Bernardino Soares escolher o partido de que tão mal falou? Afinal que seriedade é que tem este senhor que acusa tudo e todos de se aliarem à "direita e ao capital" - um dos muitos clichés que os comunistas tanto gostam de usar - e agora dá este sinal público? Será que este senhor perdeu a vergonha (se é que a tem) ou, pelo contrário, acha que todos somos parvos e que ele e os outros como ele - políticos em geral - são capazes de iludir estes ignorantes cidadãos, desprezíveis, que só se tornam úteis quando há eleições? Era esta a "Mudança para Loures" que ele defendia e que foi o lema da sua campanha? Não deixa de ser estranho que estes paladinos da defesa do povo (!) tomem estas atitudes. Afinal depois de se terem aliado à direita, - mesmo aquela mais à direita parlamentar -, para derrubar o governo anterior - aquando do PEC IV se bem se lembram - e nos mergulhar nesta situação de protetorado - mais um chavão político agora doutro quadrante - em que vivemos? Como foi possível que o aguerrido ex-líder parlamentar comunista, tenha feito um acordo com um dos partidos que sobrescreveram o "pacto de agressão"? De facto, a política portuguesa está mergulhada num lodaçal onde um grupo de "iluminados" chafurdam comendo todos da mesma pocilga. Que legitimidade tem agora a CDU (leia-se PCP camuflado) para, no parlamento, se insurgir contra a direita da austeridade, a direita que faz parte do "pacto de agressão"? Será que esta gente não percebe o quanto se está a descredibilizar e a descredibilizar a política, já tão arrastada pelas ruas da amargura? Será que foi um equívocos de Bernardino Soares? Sé não o foi, será que ainda há vergonha na cara deste senhor? Afinal que legitimidade têm estes grupos - a que chamamos partidos - para dirigir os nossos destinos e os destinos de Portugal? Afinal a quem estamos entregues? Afinal a quem entregamos o futuro dos nossos filhos e netos? Afinal que redenção ainda existe para Portugal depois disto? É que não basta andar de camisa desapertada sem gravata para se dizer que é um "defensor do povo"!...

Monday, October 28, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 295

Em vésperas da discussão do OE2014 crescem de tom os ataques ao TC. Não é de admirar e até é previsível. O governo neste OE2014 tem um lote importante de medidas claramente inconstitucionais. É de perguntar porquê? Será que o executivo não aprende com os erros? Já é o terceiro que cai nessa situação! Mas a resposta é clara. O executivo está a criar as condições para a sua demissão e propor eleições - que sabe que dificilmente ganhará - para se ver livre dum problema para o qual não tem solução, nem sabe o que fazer. Esse problema chama-se Portugal! Temos aqui dito por variadas vezes que a receita mais do mesmo não resulta como não resultou no passado. (Mais uma vez apelamos a que leiam com atenção a carta de demissão de Vítor Gaspar onde encontrarão a resposta cristalina). A SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, entidade que até não tem criado grandes embaraços ao executivo, já não consegue estar calada perante tanto amadorismo. Luís Campos e Cunha - ex-ministro das finanças como se recordarão - já deu o mote. Acusa o executivo de medidas erráticas, de desmotivação das pessoas, desde logo, os empresários que têm muita relutância em investir porque não sabem o que lhes reserva o futuro. E uma das razões é desde logo, "ninguém sabe qual vai ser a evolução da carga fiscal ou coisas tão simples como a data de pagamento dos subsídios de férias", afirma Luís Campos e Cunha. Mas não só a SEDES veio a terreiro clamar contra esta situação. Freitas do Amaral, ex-ministro dos negócios estrangeiros vai até mais longe e afirma aquilo que a maioria dos portugueses já percebeu ou pelo menos questiona "este governo está a propor medidas inconstitucionais para forçar a sua demissão e a realização de eleições". Este raciocínio é linear até básico, mas o governo já nos mostrou não ter capacidade para ir mais além. É um governo que os habituou ao básico, ao óbvio porque não tem capacidade para mais. Contudo, Freitas do Amaral alerta para algo mais perturbador. É que as coisas a continuarem assim, "caminharemos, a qualquer altura, para uma ditadura". E aqui é que se coloca a questão. Será que esta pode ser uma inevitabilidade num futuro próximo, fruto da incapacidade do governo ou, por outro lado, esta é uma estratégia para conduzir o país nesse sentido? Esta é que é a verdadeira razão que nos deve preocupar. Temos muita dificuldade em aceitar que pessoas com "curriculum" apreciável não consigam arrumar a casa. E isso será fruto duma estratégia ou, se assim não for, teremos que ter pena dos alunos que encontrarão daqui a algum tempo estes professores! Algo de errado está a acontecer e parece que ninguém tem capacidade de lhe por um fim. O Presidente da República não quer por em causa o seu partido, a oposição parece não querer assumir funções neste emaranhado de problemas e no entretanto Portugal vai definhando. A dívida pública não para de crescer. Se analisarmos a velocidade da sua evolução, verificamos que, tomando as variações anuais no último trimestre de cada ano, este rácio aumentou 16,7% em 2009, 15,1% em 2011 e 14,7% em 2012, considerando apenas os três piores anos. Mas se a dívida está assim, o défice não anda melhor, e quanto ao desemprego nem é bom falar. O "empobrecimento do país" de que falava Passos Coelho é uma realidade, talvez mais fruto duma estratégia do que da situação que se vive. Hoje já não há dúvidas para ninguém que se poderia ter evitado chegar aqui com o acordo que o governo anterior tinha com Merkel. A questão passava pelo PEC IV - que continua a ser questionado por influência duma propaganda que as forças próximas do governo puseram a correr - mas que teria evitado termos chegado aqui e até se ter ido pedir ajuda externa. Sempre achamos estranha a "unidade" da direita moderada com a direita mais radical e até com uma certa esquerda, também ela mais radical. Era a ânsia de "ir ao pote" para lembrar a infeliz frase do então líder da oposição, Passos Coelho, ou talvez fosse mais abrangente, isto é, tivesse como pano de fundo a mudança de paradigma do próprio regime. A luta contra a Constituição é uma velha questão da direita portuguesa, . e basta ver os arautos do governo a campanha que têm feito nesse sentido - questão que agora continua, embora talvez com uma envolvência mais profunda, fruto duma agenda oculta de que já ninguém tem dúvidas da sua existência. No entretanto, a situação está cada vez pior, sem que consigamos sair do lodaçal em que este governo nos mergulhou. Essa descrença vai-se entranhando no país, e daí a uma saída "messiânica" vai um passo como diz Freitas do Amaral. Infelizmente, não seria algo de novo na nossa História de quase 900 anos e não será necessário recuar muito.

Lou Reed (1942-2013)


Fui ontem à noite surpreendido com a notícia da morte de Lou Reed. Este cantor norte-americano celebrizou-se para além de intérprete, também como guitarrista e compositor, desde logo, à frente do mítico grupo Velvet Underground. Lou Reed nasceu a 2 de Março de 1942 e viria a morrer ontem, 27 de Outubro de 2013, aos 71 anos de idade. É a Lou Reed que se atribui o ter colocado Nova Iorque no mapa da rock. Passou por três casamentos, o último dos quais com a cantora e compositora Laurie Anderson, com quem vivia desde 2008. Com alguns problemas de saúde que o levou a fazer um transplante do fígado - sendo, provavelmente, esta a causa da sua morte -, dado  o curto prazo que mediou a intervenção cirúrgica e a sua morte. Seja como for, ele ficará sempre na história do rock. Quando dela se falar falar-se-á seguramente de Lou Reed. Ontem fiquei sem mais um pedaço da minha memória de juventude. E aqui quero lembrar as muitas vezes que fui embalado ao som de músicas míticas como "Walk in the Wild Side" ou "Perfect Day", ambos inseridos nesse magnífico álbum chamado "Transformer", para além de muitos outros grandes poetas americanos que Lou Reed eternizou, como foi o caso de Edgar Allen Poe, só para citar um exemplo. Pedaços de vida, que são já de memória dum tempo outro que povoou os meus sonhos como os sonhos de muitos outros jovens de então. Nessa época revíamo-nos neste músico não-alinhado - daí por vezes ostracizado - que representava um certo ar selvagem da América como nós a entendíamos. Este espírito livre deixa-nos um legado imenso que é preciso voltar a partilhar, e sobretudo, descobrir pelas gerações mais jovens, que desconhecem que muito do que ouvem hoje teve o seu início com Lou Reed. É precisamente com "Perfect Day" que vos quero aqui apresentar e homenagear este músico enorme duma outra América bem longe do poder e da sobranceria e que podem escutar aqui https://www.youtube.com/watch?v=Uri6LLCZVjg . Para muitos, que como eu, souberam ontem da morte de Lou Reed, é como se o rock tivesse morrido ontem também. A partir de agora a sua música será o seu legado, a sua memória que, seguramente, eternizará o seu nome. Até sempre Lou Reed. Obrigado pelo que nos deste, pelos sonhos que nos acalentaste, pela irreverência que nos ensinaste para que nos não deixemos subjugar. R.I.P. Lou Reed!

Sunday, October 27, 2013

Tempo de reflexão

Talvez pela proximidade do dia de Todos os Santos logo seguido pelo de fiéis defuntos, sempre propício à reflexão, sobretudo por parte daqueles que, como eu, já não têm ninguém onde todos já estão a engalanar a minha galerias de ausentes. Talvez por isso ou talvez não! O certo é que dei comigo a refletir sobre este ritual dominical da missa que por cá ainda se vê e se sente semana após semana. Cada vez mais um ritual de gente mais consumida de anos, embora os mais jovens não deixem de aparecer e até duma forma significativa, coisa rara nos dias que correm. Tudo isto afinal, pelo facto de pensar que o simples gesto de ir à missa é apenas um ritual ou encerra mais do que isso? Veio-me à memória um facto conhecido dum bispo a quem perguntaram quantas pessoas iam à missa ao domingo na sua diocese. Ao que ele respondeu: "Realmente é uma questão que me interessa e me preocupa. Mas o que me preocupa mais é saber como saem da missa os que lá vão". Eis uma resposta curiosa e profunda que vem, precisamente, ao encontro da mensagem do evangelho. Aí se mostra como dois homens vão ao templo para orar e como, segundo os critérios de Jesus, saem de modo tão diferente. Um sai "outro", isto é, convertido e justificado. O outro sai "o mesmo", isto é, fechado e intocável na sua auto-satisfação. E porquê este diferente resultado? Porque não basta ir ao templo à oração. É preciso uma atitude interior de abertura, de humildade. de confiança e de conversão. Podemos entrar no templo com o peso dos nossos egoísmos e ambições, dos nossos ressentimentos e rancores, com o peso dos nossos fracassos ou das recusas aos gestos de colaboração e de partilha. Podemos entrar com a certeza de que Deus não nos rejeita nem julga, acolhe-nos na sua misericórdia. Mas o nosso encontro, por isso mesmo, não pode ser mera rotina, tem de marcar a nossa vida e renová-la, tem de nos fazer sair com outra disposição e outro rumo, com outros sentimentos e outro espírito. Mas é assim que saímos? Será assim a diferença entre o ritual vazio e sem sentido ou a participação ativa e envolvente. Como é que de lá saímos, aqueles que por lá passam? Uma questão profunda que merece a reflexão e, desde logo, num domingo, mais um em que o ritual se cumpre. Será apenas um ritual? Creio que deveria ser mais do que isso...

Saturday, October 26, 2013

"Gente Vazia" - Brian Keaney

Mão amiga fez-me chegar este livro de Brian Keaney de título "Gente Vazia". Confesso que não conhecia o livro, muito menos o autor. Na contra capa vim a verificar que este é o primeiro volume duma saga com o título genérico de "As Promessas do Dr. Sigmundus". Aparentemente trata-se dum daqueles livros de férias, mas quando o começamos a "mastigar", verificamos que ele vai muito para além disso mesmo, um simples livro de férias. Na sinopse do livro podemos ler: "Na ilha de Tarnager, existe um asilo onde poderás ser enclausurado por sonhar. Dante é o moço de cozinha que leva as refeições aos pacientes. Bea é a privilegiada filha de um casal de médicos. Quando um novo e perigoso paciente chega ao asilo, os seus mundos irão cruzar-se... Quem é Ezekiel Semíramis? O que é que ele sabe sobre a mãe de Dante e sobre a cidade em ruínas com a qual Bea sonha permanentemente? Dante e Bea lançam-se na descoberta da verdade e acabam por ser confrontados com um mal terrível. Entra num mundo de sonhos proibidos". E este é apenas o início. A história continua em "O Espelho Quebrado". Nestes dias de ira, talvez marcado por eles, tenho por hábito ler nas entrelinhas tudo aquilo que me passa pelas mãos. Sinais dos tempos que pensava que já não voltaria a viver. Este livro é um desses, que temos que ler nas entrelinhas. É um livro para jovens mas também para adultos. Obviamente que cada um destes grupos tirará ilações diferentes entre as relações e as hierarquias sociais. Mas também, sobre a proibição de sonhar que parece ter campo fértil nesses nossos dias de ira que vivemos. Como diz o autor: "... Quis contar às pessoas a maior verdade que aprendi: o tecido deste mundo é uma ilusão, em cenário pintado de uma peça de teatro. Passem para trás desse cenário e um mundo totalmente diferente aguarda-vos". Percebemos isso, sentimos isso todos os dias, mas todos os dias também nos tentam vender o seu contrário, que vamos comprando para entrar dentro daquela "normalidade" que nos faz sentir carneiros dum mesmo rebanho. Um livro com muito interesse que merece não ficar adormecido nos escaparates das livrarias. Se quiserem saber algo mais sobre o autor podem consultar na internet o link: http://www.briankeaney.com onde encontrarão algumas respostas às perguntas mais frequentes e óbvias. Resta dizer que a edição é da Gailivro na sua série1001 Mundos. Um livro que recomendo e que tem muito para agradar.

Mudança da hora - (Hora de Inverno)


No domingo, dia 27 de Outubro de 2013, tem início o período de “Hora de Inverno”. Os relógios irão ser atrasados de 60 minutos às 2h00 da madrugada de Domingo em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, passando para a 1h00. Na Região Autónoma dos Açores a mudança será feita à 1h00 da madrugada de Domingo, dia 27 de Outubro, passando para a meia-noite (00h00).

Thursday, October 24, 2013

Guillaume de Machaut (c.1300 - 1377)

De regresso ao barroco, trago-vos hoje um nome muito importante da música francesa dessa época, trata-se Guillaume de Machaut. Guillaume de Machaut (também Machau ou Machault; nasceu por volta do ano de 1300 em Reims e viria a morrer também em Reims em abril de 1377), também chamado Guilherme de Machado, foi compositor e também poeta franês que viveu em pleno século XIV, e foi o principal expoente da chamada ars nova na música. Machaut nasceu provavelmente em Machault, a cerca de 39 quilómetros de Reims, na Champagne, e estudou em Paris por alguns anos, aprendendo o que havia de mais novo em termos de composição à época. Uma bula do papa Bento XII, datada de 1335, refere-se ao tempo em que Machaut passou a serviço do rei João, da boémia, como secretário, clericus elimosinarius e amigo. Machaut serviria ao rei por vinte anos, de 1323 a 1346, tempo em que teve a oportunidade de viajar pelo mundo europeu durante as campanhas militares que acompanhava. Em 1330 foi nomeado cónego de Verdun e, em 1332, cónego de Arras. Em 1333 foi nomeado cónego de Reims. Com a morte do rei, em 1346, na batalha de Crécy, passou a servir então a sua filha, Bona de Luxemburgo, assim como a Calos, o Mau, rei de Navarra, e ao Duque de Berry. A sua reputação era a de ser um dos maiores compositores e poetas do seu tempo. Em 1359 defendeu Reims do ataque de Eduardo III. Já idoso, por volta de 1362, Guillaume de Machaut apaixonou-se pela jovem Péronelle d'Armentières (Péronne de Jouveignes) , de 19 anos, com quem manteve correspondência poética e amorosa e para quem escreveu Dit du Vergier. Machaut morreu em Reims, em 1377. Da discografia disponível da sua obra, saliento em 2002 - "Intégrale des motets", Ensemble Musica Nova, dir. Lucien Kandel, Zig-Zag Territoires 021002.2 (2 CDs), 2009 - "Ballades", n°. 23, 37, 13, 28, 21, 29, 22, 17, 19, 34, 14, Ensemble Musica Nova, dir. Lucien Kandel, Aeon AECD 0982 e 2010 - "Messe de Notre-Dame", (Philippe de Vitry, Pierre de Bruges, Gilles d'Orléans, Bernard de Cluny, Codex Robertsbridge), Ensemble Musica Nova, Joseph Rassam, organo, dir. Lucien Kandel, Aeon, AECD 1093. Deixo aqui um link https://www.youtube.com/watch?v=Y47JdUI_PhE onde podem escutar o Kyrie duma das suas obras mais reconhecidas a  "Messe de Notre-Dame". Um compositor a descobrir pela sua importância e influência dentro da música europeia do barroco.

Wednesday, October 23, 2013

Catherine Deneuve aos 70 anos

Celebraram-se ontem os 70 anos de Catherine Deneuve, (nasceu a 22 de Outubro de 1943 em Paris). Catherine Deneuve é o nome artístico de Catherine Fabienne Dorléac, atriz francesa, considerada um modelo de elegância e beleza gálica e uma das mais respeitadas atrizes do cinema francês e mundial. Filha do ator de teatro e cinema Maurice Dorleác e irmã da também atriz Françoise Dorléac, Deneuve estreou-se no cinema aos 13 anos, em 1956, e durante a adolescência trabalhou em diversos pequenos filmes com o diretor Roger Vadim - que foi quem verdadeiramente a descobriu -  até chegar ao estrelato mundial em 1964, em "Os Guarda Chuvas do Amor", do diretor Jacques Demy. Nos anos 60, Deneuve fez a reputação de sex symbol frio e inacessível através de filmes em que interpretava donzelas lindas e frígidas como "A Bela da Tarde" de Luis Buñuel e "Repulsa ao Sexo" de Roman Polanski. Detentora duma enorme beleza, que ainda hoje ostenta, (ver foto anexa), aqui fica a homenagem a uma das mais emblemáticas atrizes francesas de sempre.

Tuesday, October 22, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 294

Apesar de no debate quinzenal da passada semana o primeiro-ministro ter negado a existência de negociações com vista a um segundo resgate, depois da ministra das finanças ter seguido o mesmo diapasão a quando da sua longa apresentação do OE 2014, o certo é que já há muito se ouvia falar dessa possibilidade. Nós já aqui tínhamos dito que nos parecia difícil que em Junho de 2014, - com o fim do programa negociado com a "troika" -, tudo estivesse terminado. Ontem o ministro da economia, a partir de Londres, veio afirmar que tudo está a ser ultimado para que no início do próximo ano se comece a falar dum "programa cautelar". Hoje no debate que a antena 1 em parceira com o semanário Económico realizou sobre o OE 2014 o secretário de Estado Carlos Moedas veio falar no mesmo sentido do ministro da economia, apenas lhe chamando um "seguro" em vez de "programa cautelar". Como já aqui o afirmamos por diversas vezes, chamem-lhe o que quiserem, mas do que realmente se trata é dum segundo resgate. Ocultando-se por trás da semântica o governo vai dizendo as mesmas coisas utilizando diferentes designações para ver se os portugueses não percebem o que está em causa. Com o desempenho que o governo está a ter do programa de ajustamento esta situação vem ganhando corpo a cada momento que passa. Daí que venham levantando o véu aos poucos, mas sem ainda dizerem o que estão a negociar realmente e quais as condições impostas. Uma coisa é certa, não nos vamos ver livres da "troika" em Junho de 2014. Ela sairá por uma porta e entrará por outra, nem que seja oculta por trás duma qualquer máscara de conveniência de momento. Isto significa que após estes anos de sacrifícios e de austeridades o país está bem pior do que aquilo que estava quando este executivo tomou posse. E se o país está no estado em que está, a Europa  - que está a caucionar esta política - também não anda melhor. A política ultraliberal falhou apenas a Alemanha agiota de Merkel teve um desempenho positivo de toda a zona euro. Isto é significativo. Queiramos ou não, estamos a cair no abismo, embora a ritmo mais lento - este é o eufemismo das estatísticas - mas não deixamos de cair. E se dúvidas ainda existissem o OE 2014 aí está para o demonstrar.

Nos 203 anos de Franz Liszt


Comemora-se hoje o dia de nascimento de Franz Liszt que nasceu a 22 de Outubro de 1811 em Raiding, Áustria - passam 203 anos - e viria a falecer a 31 de Julho de 1886 em Baureuth, Alemanha. Liszt foi compositor, pianista, maestro, professor e franciscano de origem húngara do século XIX. Liszt ganhou fama na Europa durante o início do século XIX por sua habilidade como pianista virtuoso. Para o lembrar nada melhor do que escutarmos o célebre "Sonho de Amor" (Liebestraum) que podem escutar em https://www.youtube.com/watch?v=KpOtuoHL45Y . Grande música de um grande compositor e intérprete. A escutar com deleite sempre.

Monday, October 21, 2013

"Aparição" - Vergílio Ferreira

Vergílio António Ferreira foi um grande escritor português do século passado, que projetou a sua obra num momento particularmente difícil da vida do seu país. Vivia-se então os tempos da ditadura do Estado Novo. Embora formado como professor, foi como escritor que mais se distinguiu. Nasceu em Gouveia a 28 de Janeiro de 1916 e viria a falecer a 1 de Março de 1996. O seu nome atualmente associado à literatura através da atribuição do Prémio Vergílio Ferreira. Em 1992 foi galardoado com o prémio Camões. Detentor de vasta obra literária e de ensaios, Vergílio Ferreira foi sempre condicionado, como todos os escritor do seu tempo, pela política então vigente. Uma das suas obras veio a conhecer as telas de cinema, trata-se de "Manhã Submersa", que teve a mão de Lauro António. Dessa vasta obra, trago-vos hoje "Aparição", - livro publicado em 1956 - que me parece ser o romance mais autobiográfico do autor e considerado um dos seus melhores livros. Nele se narra a ida dum professor para Évora e das peripécias em que se vê envolvido, onde tudo era visto com o espírito mesquinho próprio das pequenas urbes e onde as suas aulas particulares de latim que dava a uma menina de família não escaparam ao escrutínio das populações. A sociedade hipócrita onde a aparência era a palavra chave, onde os chamados bons costumes não passavam duma fachada atrás da qual se cometia a mais abjeta imoralidade, fornece-nos um belo retrato de época que se espraia entre os anos 40 a 50. Um romance interessante, com uma estória singela, mas que marca, duma forma indelével, a época em que foi escrito. Só muito mais tarde foi reconhecido, - o escritor e a obra -, como acontecia sempre com aqueles que não eram os maiores defensores do regime político dessa altura. Um livro a ler ou a reler porque é um dos marcos da literatura portuguesa do século passado. A edição é a Livraria Bertrand.

Sunday, October 20, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 293

"A fome não é um dever constitucional". Foi com esta frase que o Prof. Adriano Moreira iniciou há dias uma entrevista na SIC Notícias. (Paulo Portas chamou-lhe sábio, o que é pena é que não tenha aprendido com ele coisa nenhuma!) Frase desassombrada que traduz bem aquilo que se está a passar entre nós. Depois de cortes e mais cortes, depois dum OE que anuncia ainda mais austeridade, numa altura em que se coloca a questão da inconstitucionalidade de algumas normas nele contidas, para além de tudo isto, cada vez mais portugueses passam fome. E não pensem que é uma figura de retórica. Não. Passam realmente fome, na hora de sentar à mesa, muitos nada têm para colocar sobre ela. Esta é a realidade portuguesa, dum país destroçado por uma vaga ultraliberal que nos destruiu, que nos destrói, enquanto permanecerem no poder. E esta ideia já passou fronteiras. Na sexta-feira passada, Mark Blyth afirmava que "os cortes em Portugal são inúteis". Para quem não sabe quem é Mark Blyth é economista e é o autor de "Austeridade - A história duma ideia perigosa", livro que está a fazer foror nos fóruns de economia. Daí o vermos com naturalidade o adensar da agitação social, para já ainda enquadrada pelos partidos ou pelas organizações sindicais, porque o mais grave será quando estas manifestações forem espontâneas e não forem enquadradas. Aí sim, temos que ficar realmente preocupados, mas temos que ter a noção de que estamos cada vez mais perto dessa situação. Apesar da baixa sindicalização que existe entre nós, - que a crise não potenciou -, mesmo assim, vemos como as centrais sindicais conseguem mobilizar tanta gente, sobretudo a CGTP, que é a maior e a mais significativa. E o motivo é simples. Os portugueses já não aguentam mais, não podem com tantos impostos, restrições, ataques à saúde, à educação, à sua vida do dia a dia, enfim, não aceitam a crescente depauperização de que estão a ser alvo. Empobrecimento forçado, ignóbil, vindo dum governo que, desde o início tinha como lema: "O país tem que empobrecer" (Passos Coelho dixit). Só que o primeiro-ministro e o seu executivo não têm estratégia para o país. E esta é que é a grande questão. Mas se o governo não a tem, a oposição também não. O nosso drama é assistir a uma fragmentação da oposição pelo simples facto de que não existe uma proposta global, aglutinadora, para o futuro coletivo de Portugal. E isto faz com que as populações se sintam pouco motivadas. Porque sabem que entre o que está e o que vem a diferença poderá não ser substancial. E quando vemos tanta gente nas manifestações, é porque o limite já chegou, as pessoas sentem-se esmagadas, e apenas a revolta, o sentido de injustiça as faz descer à rua. E voltando ainda a Mark Blyth o escocês, professor de Economia Política no departamento de Ciência Política da Universidade de Brown, em Providence, Estados Unidos refere que o facto de a austeridade “pura e simplesmente não funcionar” é a primeira razão pela qual a austeridade “é uma ideia perigosa”. E tal acontece porque a austeridade nunca foi estudada antes como acontece com outros fenómenos económicos. Assim, diariamente estamos a viver num imenso laboratório onde as medidas estão a ser testadas e corrigidas, uma após outra, porque não estão a dar o resultado pretendido. Portugal, como todos os países intervencionados, estão a ser cobaias, onde as medidas e os seus impactos serão estudados para depois virem a ser aplicadas numa versão mais definitiva nos países de maior dimensão que também estão a ser afetados por ela. A economia hoje é global e ninguém fica de fora do que acontece aqui ou ali. Enquanto o "case study" português está a decorrer as populações estão a empobrecer, o país está a ser vendido a retalho a preço de saldo, e depois de tudo isto, que restará? Quanto tempo tem que passar para se recuperar? Como dizia Manuela Ferreira Leite há uns meses atrás: "Que me interessa que se resolva a crise se depois não existe mais nada"? Ou, como diria Keynes: "No médio e longo prazo estaremos todos mortos". E não era da morte física que ele falava... E não pensem que a "troika", só por si, é culpada de tudo. Enquanto escrevíamos tudo isto, veio-nos à memória um grande livro dum grande escritor português. O livro é "Os Maias" e o escritor é o grande Eça de Queiroz. Esse livro que levou vários anos a ser composto, foi publicado numa época em que Portugal estava a passar - mais uma vez - por dificuldades que o levaria a pedir um resgate externo a um banco inglês que demorou 99 anos a ser liquidado (!), sendo a última prestação paga em 2001! Daí talvez a sua atualidade, e nessa altura ainda não havia "troika"!...

Saturday, October 19, 2013

No centenário de Vinicius de Moraes

Passam hoje 100 anos sobre o nascimento do grande poeta, compositor, diplomata, dramaturgo e jornalista Marcus Vinicius de Moraes. Mais conhecido por Vinícius de Moraes nasceu a 19 de Outubro de 1913 no Rio de Janeiro e viria a falecer a 9 de Julho de 1980, também no Rio de Janeiro. Por diversas vezes o vimos em Portugal, cantando e declamando a sua poesia. Vinícius de Moraes não se esgota na música brasileira. Muita gente tem a ideia - e eu não fui exceção - de que quem ouve muita música brasileira conhece Vinícius. Nada mais errado. Ele vai (foi) muito mais além. é detentor de vasta obra que muito engrandece o património da língua portuguesa e em especial a cultura brasileira. Para o recordar neste dia, deixo aqui um link em https://www.youtube.com/watch?v=XKN9X5OIHR4 onde é possível escutar o poeta com o seu grande amigo Toquinho. Figura importante do movimento da bossa nova sempre foi uma referência dos artistas do seu tempo, bem como, dos atuais onde a sua influência se projeta como figura importante da cultura do Brasil. "Porque hoje é sábado" foi mais um dos seus grande poemas. Podem revê-lo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=jpfymRLaPaA . Eterna saudade, Vinícius!

Wednesday, October 16, 2013

Um aniversário de memórias


Neste dia, há 58 anos atrás, uma mulher dava à luz um filho, rodeada pela sua família mais próxima, meu pai e meus avós. A mulher era a minha mãe. O filho era eu. Hoje ela já não está presente e a família que então a rodeou, também não. Hoje a homenagem mais especial é para ela. Porque fez aparecer uma vida. Porque a amou incondicionalmente. Porque se alegrou por ela. Porque sofreu por ela. Hoje quero partilhá-la na minha galeria de ausentes. A esta hora. 13,00 horas! Hora em que se tornou mãe. Lá onde estiveres, esta homenagem, esta memória, também é para ti. Especialmente para ti. Descansa em paz!

Equivocos da democracia portuguesa - 292

Ontem foi apresentado na AR mais um OE para 2014. Depois na conferência de imprensa dada pela ministra das finanças houve oportunidade para se perceber - embora muito superficialmente - que este orçamento nos trás a mesma receita - ainda mais reforçada - que já provou não levar a lado algum. E logo quando se sabe que o défice deste ano ficará nos 5,9% em vez dos 5,5% acordados com a "troika", percebesse bem do que estamos a falar. A receita falhou, os objetivos não estão a ser atingidos daí que, o continuar-se com a mesma receita, toca as raias da teimosia. O não se atingir o valor do défice acordado, sendo ele superior ao que o governo defendia, leva a que o excedente seja transferido para o ano seguinte - tecnicamente chama-se "carry over" - vindo a agravar o orçamento do ano subsequente, como foi o caso do que ontem foi apresentado. E não basta dizer que se vai baixar o IRC, porque esta medida tem pouco impacto, visto só um número reduzido de empresas o pagar. E mesmo com o argumento de atrair investimento estrangeiro, não nos parece que passar de 25% para 23% seja sobremaneira estimulante para que tal aconteça. Neste OE estreito sem margem de manobra, (até pelo resultado transitado de 2013), a única hipótese para fazer crescer a economia é o mercado externo, ao nível das exportações. E mesmo tentando rapar o tacho tal não parece que resulte e mesmo só as exportações poderão dar algum alento. Depois do que conhecemos e com a derrapagem do défice de 2013, parece-nos inexequível a meta dos 4% para 2014. Depois de simultaneamente o governo apresentar mais um orçamento retificativo - o terceiro este ano - mesmo assim, o que se nota é um descontrolo total, sem que se vislumbre a famosa luz ao fundo do túnel, que todos ansiámos. E não se vai vislumbrar, enquanto esta política ultraliberal permanecer, porque está claro, que ela não consegue atingir os objetivos. Só para dar um exemplo, toda esta austeridade que temos sofrido durante este ano, apenas reduziu o défice em meio ponto percentual (!), o que por si só diz tudo. A economia continua e continuará estagnada. Embora no OE se preveja um crescimento de 0,8% temos dúvidas que isso venha a acontecer, mas mesmo que aconteça, ele será insuficiente para dar um novo alento e criar emprego. Não é por acaso que o desemprego continua altíssimo no OE, na casa dos 17,8%! E agora, vai a esmo. Criam-se impostos especiais sobre tudo e mais alguma coisa, à falta de melhor. Neste OE sem margem de manobra, não existe dinheiro para nada, apenas para o refinanciamento da banca que depois corta no crédito que não potencia a economia nem cria emprego. (Veja-se o estudo sobre esta matéria vindo a lume por técnicos do Banco de Portugal). E vem-nos à memória uma velha tese de Keynes que diz: “Se deves cem libras ao banco, tens um problema; se deves um milhão de libras ao banco, o banco tem um problema.” O “Economist” acrescentou: “Se deves cem biliões, todos temos um problema.” Esta é a nossa realidade que vimos vivendo vai para dois anos sem que se conseguia sair desta espiral de pobreza em que nos encontramos e que nos puxa cada vez mais para baixo, fazendo-nos divergir, inexoravelmente, dos restantes países da UE. Depois de tudo isto, parece cada vez mais evidente aquilo que vimos aqui dizendo há muito tempo. O que Portugal carece é duma estratégia que não existe. As medidas são para o imediato, o longo prazo não é contemplado. E enquanto esta brecha não for colmatada não sairemos deste ciclo de pobreza em que vivemos e que tende a agravar-se ainda mais. E isso só se pode conseguir com uma alteração de política porque está provado que o modelo ultraliberal que nos governa não conseguiu até agora, nem vai conseguir no futuro, alterar o rumo das coisas. Alguns analistas acham que algumas das medidas apresentadas ontem podem cair na malha do TC e que se isso se vier a verificar de novo pode levar a uma crise política cuja saída sejam eleições. Talvez seja isso que o governo quer e daí as medidas que carecem de constitucionalidade não parem de aparecer. E então, talvez seja a altura do PR repensar a situação e fazer aquilo que deveria ter feito no Verão passado e não continuar a ser uma espécie de avalista do executivo.

Monday, October 14, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 291

A um dia da apresentação do OE 2014, o governo continua a embrulhar-se em polémicas estéreis. Desta feita foi o corte das pensões aos pensionistas e reformados. Nesta imensa trapalhada que se criou onde, ao que parece, houve uma fuga cirúrgica de alguém do ministério das finanças, levou a que Portas dissesse que vinha ontem repor a verdade. Não sabemos se houve ou não essa fuga cirúrgica, mas a ter existido, só vem demonstrar que afinal o que estava mal, mal continua, a desconfiança entre os partidos da coligação já é insanável, a relação Porta / Maria Luís está à beira dum ataque de nervos. Ontem, Portas veio repor a sua verdade - será que é a verdade do governo? - sobre o corte nas pensões. Se era assim como diz Portas, o corte só atingirá os valores acima das pensões cumulativas que perfaçam 2000 euros, é caso para perguntar, sendo assim, porque Portas ocultou a informação na conferência de imprensa na semana passada que já estava assinada com a "troika"? "Porque a medida não estava ainda totalmente desenhada" apressou-se o líder centrista a afirmar. Mas quando disse que não haveria mais austeridade, terá falado verdade aos portugueses? É obvio que não! Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa afirmava que "o governo andou atrás dum número (que fosse o teto) para esta medida". Pensamos que, de facto, foi mesmo isso que aconteceu. Depois desta trapalhada como será na apresentação do OE 2014, amanhã? Estas confusões no governo, a sua crónica desarticulação, o falar a várias vozes já todos estamos habituado. Mas parece que dentro do próprio executivo se assiste a uma batalha campal, onde os cortes cegos, feitos a esmo, apenas e só para agradar à "troika" que continua a sacar tudo até ao tutano, leva muitas vozes de peso a tomarem posição. Mário Soares já não exista nas palavras e chama-lhes um "governo de delinquentes". Marques Mendes não tem qualquer rebuço em trata-los como um "governo de adolescentes". Jorge Sampaio clama a um "assomo patriótico" contra este executivo que se esconde através do Tribunal Constitucional para justificar os seus falhanços e as suas insanáveis divisões. Não poupando a Comissão Europeia (Durão Barroso), nem o FMI (Christine Lagarde), pelos ataques que fizeram a este órgão de soberania. É uma clara ingerência na política interna dum Estado, e por isso, inaceitável. É nesta embrulhada que aguardamos a apresentação do OE 2014, amanhã na Assembleia da República. Mas com estas nuvens negras no horizonte é de esperar forte tempestade que por aí se aproxima. E, no entretanto, a descrença nos partidos não para de crescer, a desconfiança nos políticos é um dado cada vez mais evidente, o perigo para a democracia começa a ser preocupante porque não existe democracia sem partidos por mais voltas que lhe dermos. A vitória da Frente Nacional (partido de extrema-direita) que ontem se verificou numa região francesa, pode bem servir-nos de alerta. A extrema-direita está a cavalgar a onda de descontentamento que grassa pela Europa fora e isso é grave. Os políticos têm que olhar, sem tibiezas, para esta situação e concorrer para a  mudança deste estado de coisas. Caso contrário, o doente pode bem acabar por morrer da medicação que lhe foi ministrada para o curar. Sinais de alerta que nos devem preocupar a todos, nestes dias de ira e descontentamento, que são os nossos.

Saturday, October 12, 2013

Parabéns, Inês! - o 2º aniversário

Dois anos passaram! 24 meses volvidos! 730 dias foram percorridos! Tão pouco tempo e tanto já vivenciado. Essa foi a estrada Inês que nos tens feito percorrer. Uma estrada de luz, uma estrada de felicidade que julgávamos já não percorreríamos jamais. Ainda hoje recordo, Inês, a primeira vez que te peguei ao colo. Tinham passado poucas horas do teu nascimento. Fui o primeiro a pegar-te ao colo depois dos teus pais. Foi um gesto simples mas para mim sublime de amor e de carinho. Continuo hoje a recordar esse gesto como se tivesse acontecido à pouco. Depois foi a primeira visão do mundo a que chegaste, com certeza bem diferente do mundo de luz donde vieste. Depois foi a primeira papa, os primeiros passos, os primeiros dentes, as primeiras palavras. Sim, porque quando somos crianças tudo é novo, tudo acontece pela primeira vez. Começaste a vir até nossa casa onde, - sempre tivemos essa convicção -, te sentes bem. Interages connosco, com os nossos cães que fazem parte também do teu imaginário. Sobretudo a Tuxa, tua companheira de brincadeiras e protetora das tuas traquinices, sempre atenta e alertando-te dos possíveis perigos que a tua inocência te faz correr. E assim assistimos ao desenvolver dessa grande afinidade com os animais. Esse amor maior que um ser humano tem, será pelos animais e esse tu vens demostrando que também o tens. Não foi preciso muito. Apenas te fomos dizendo como lidar com eles, que eles são uma parte importante da nossa vida, e tu, tão pequenina, fostes bebendo estas ideias e agora já maior estás a pô-las em prática. O amor duma criança pelos animais é um valor supremo. Esse amor incondicional pelo outro, seja o outro qual for, que nasce connosco e que muitos - nem todos felizmente - perdem com o seu crescimento absorvidos pela vida egoísta, egocêntrica que somos forçados a viver para que nos chamem "normais"!... Mas não esmoreças com as vozes do mundo nem sempre avisadas. Esperamos que nunca te deixes corromper pelo facilitismo consumista que nos destrói, que destrói até a nossa consciência que nos inibe de continuarmos a ser seres de luz como nascemos, como nasceste... Mas também não deixes de cultivar esse amor pelo mundo que te envolve, pela natureza que lhe dá cor e brilho, pelo teu semelhante que por vezes sofre... Não fiques indiferente. Sê um ser ativo e consciente, empenhado, sem temores, apenas e só um Ser com letra maiúscula, que não se deixou assoberbar pela outra parte de nós, mais mesquinha e egoísta. Não te deslumbres com o ter mais do que o ser. Sê primeiro e tem depois. O ter é efémero, o ser acompanhar-te-á pela vida fora. Isso é o que desejamos para ti, os teus padrinhos que tanto te adoram. Estaremos sempre perto para te ajudar nesta tua caminhada que iniciaste vai para dois anos. Estaremos sempre aqui firmes ao teu lado porque gostamos muito de ti, porque temos que retribuir o muito que já nos destes embora não o saibas ainda na tua tenra idade. Um dia se tiveres oportunidade de ler este pequeno texto, como outros (muitos) que já te dediquei, saberás o quanto te adoramos. Aquilo que queremos para ti. Aquilo que esperamos de ti. Agora só nos resta dar-te os parabéns. Desejar-te muitos anos de vida. E beber desta felicidade - que é também a tua - a felicidade de te termos nas nossas vidas, a felicidade de te sabermos Inês. Inês amor, Inês ternura, Inês encanto, afinal, a Inês na sua plenitude, a mais bela flor do meu jardim de Outono.

Friday, October 11, 2013

200º aniversário do nascimento de Verdi

Celebra-se hoje o 200º aniversário do nascimento do grande compositor italiano Giuseppe Verdi, que é sobretudo conhecido pela sua vasta e grandiosa obra operática. Giuseppe Fortunino Francesco Verdi foi compositor de óperas do período romântico italiano, sendo na época considerado o maior compositor nacionalista da Itália, assim como Richard Wagner era na Alemanha. Nasceu a 10 de Outubro de 1813, em Roncole Verdi, Itália e viria a falecer a 27 de Janeiro de 1901, em Milão. Da sua vasta obra salienta-se, La traviata, Rigoletto, Aida, Nabucco, Il trovatore, Don Carlos, Un ballo in maschera, Requiem, La forza del destino, Falstaff, Macbeth, Simon Boccanegra, Ernani, Les vêpres siciliennes, Luisa Miller, Attila, I Lombardi, Oberto, Giovanna D'Arco, Un giorno di regno, I due Foscari, Stiffelio, I masnadieri, Il corsaro, Quattro Pezzi Sacri, Jerusalém, Aroldo, La battaglia di Legnano, Alizira e muitas outras, porventura, menos conhecidas. Deixo-vos aqui um pequeno excerto do Nabucco, - "Va, pensiero" -, que podem escutar no link https://www.youtube.com/watch?v=XttF0vg0MGo . A sua obra é, ainda hoje, de grande popularidade mesmo junto das camadas mais populares italianas. O seu nome esteve associado à reunificação italiana dirigida por Garibaldi. Um compositor a escutar com muita atenção.

Thursday, October 10, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 290

Ontem assistimos à apresentação dum novo programa com um novo formato, - novo entre nós mas já muito utilizado em muitas cadeias televisivas mundiais. Trata-se do programa, "O País Pergunta" e teve lugar no canal 1 da RTP. Nesse programa é dada a oportunidade a um grupo de portugueses de questionarem uma figura pública convidada sobre matéria relevante. O primeiro convidado foi Passos Coelho, o primeiro-ministro de Portugal. Quando se esperava que as perguntas fossem acutilantes no sentido de esmiuçar os problemas da governação que tanto nos tem condicionado e afligido, assistimos a algo insólito. As pessoas que tinham direito a fazerem perguntas parece que se sentiram amedrontadas com o momento - ou com a figura - e aquilo que poderia e deveria ter sido um debate interessante e esclarecedor tornou-se num marasmo que se arrastou por cerca de duas horas. E aqui é que está a nossa perplexidade. Com tantos problemas, com tantas angústias, com tantos insultos até à governação e ao seu rosto não percebemos a apatia das pessoas perante uma situação de confrontação direta. Isso mostra bem um certo acobardamento das populações, mas também uma falta de formação intelectual mesmo daqueles que, embora apresentando graus académicos relevantes, ficaram muito aquém daquilo que deles se esperava. Isto só confirma aquilo que todos já sabemos, que um povo inculto, um povo amorfo é sempre muito fácil de conduzir, talvez por isso, a degradação do ensino a que assistimos esteja em linha com esta estratégia. Se estivéssemos na pele do primeiro-ministro teríamos saído dali com um grande sorriso pela bacoquice do debate e das questões. (Veja-se os comentários hoje dos apoiantes da governação!). Passos Coelho passeou a sua argumentação sem oposição sem ser verdadeiramente confrontado com as questões que podem e vão condicionar a nossa vida futura. Afinal até damos razão a Passos Coelho que tem um desprezo claro pelas manifestações de desagrado dos portugueses porque sabe que quando chega a hora do confronto todos se acobardam num misto de medo e de ignorância da causa pública que é de facto confrangedor. Daí que pensemos que todas estas manifestações de desagrado que por aí andam são apenas um "fait-divers" para entreter as pessoas e dar protagonismo aos sindicatos, porque afinal está tudo bem, as paredes nunca jorraram tanto leite e mel como agora, e assim, qualquer tentativa de crítica às políticas seguidas são inconsequentes. Isto diz bem do povo que somos, povo cobarde que joga rasteiro, na trica e no ataque soez, bem dentro daquilo que Eça de Queiroz, escrevia do já longínquo século XIX. Este debate foi frustrante até pelo que já vimos acontecer noutros países com programas similares. Esta é a diferença entre os povos mais evoluídos e os outros. Daí não se estranhar a miséria do país que somos, desafortunado e desesperançado. Está no nosso gene o sermos um povo submisso e isso sempre foi bem explorado pelas tiranias com que fomos brindados ao longo da nossa longa História. Agora e depois disto, carece de fundamento as críticas que se façam, os arrazoados contra este ou aquele, ou contra esta ou aquela política. Os povos têm os dirigentes que merecem. E nós não fugimos à exceção temos aquilo que merecemos...

Monday, October 07, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 289

Na quinta-feira passada assistimos a uma conferência de imprensa com Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque e Carlos Moedas sobre a 8ª e 9ª avaliações da "troika". Foi até patético o ar compungido de Porta quando fala dos desempregados sendo certo que nada sente por eles. Foi a Portas que coube o anúncio de que não haveria mais austeridade. Este anúncio deixou-nos intranquilos porque as medidas que estão em vigor não chegam, claramente, para atingir os objetivos propostos. E a resposta à nossa perplexidade durou apenas quarenta e oito horas. No sábado já se falava nos cortes das pensões de sobrevivência - antiga pensão de viuvez - que, como o próprio nome indica, tem como alvo os mais fracos que depois de perderem o cônjuge ainda têm que fazer face à vida num momento particularmente doloroso. Ontem a TSF confirmou e o ministro Mota Soares também. Era mesmo verdade, já ninguém está a salvo deste governo delapidador de tudo e de todos embora não consiga cortar nas suas próprias "gorduras", a saber, as mordomias e luxos em que vivem nos seus faustosos gabinetes com os seus carros de luxo pagos por todos nós. Portas que devia ter apresentado a reforma do Estado em Fevereiro passado não o fez, optou por indo introduzindo medidas destas à socapa dos portugueses. Para quem se dizia o paladino dos mais desfavorecidos, estamos entendidos. Este executivo que persegue, à mais de dois anos, os portugueses, melhor faria em dar uma imagem mais sólida de si próprio, coisa que sempre foi incapaz de fazer, e agora até para o exterior, dá uma imagem verdadeiramente lamentável. Depois de Relvas, depois de Maria Luís - a miss "swap" como é conhecida - agora temos Rui Machete e logo na pasta dos negócios estrangeiros. O escândalo em que se vê envolvido pelas inverdades no caso BPN, parece não bastarem a este ministro "que não acerta uma" - Marques Mendes dixit - desta feita pela defesa da oligarquia corrupta angolana que com dinheiro sujo, da tortura, do abuso, do sangue da sua própria população - veja-se o livro "Diamantes de Sangue" de Rafael Marques - vai comprando Portugal a saldo. Mais uma mixórdia que não envolve apenas o ministro - o que seria o menos - mas sim, uma nação que se vê ajoelhada perante os tiranetes do momento, grandes defensores e paladinos do "socialismo" das suas chorudas contas bancárias que roubam aos angolanos. (Veja-se o comentário sórdido no Jornal de Angola ontem publicado e assinado por um sabujo qualquer a soldo da ditadura angolana). Mas este governo de escândalos - sempre o foi desde o seu primeiro dia - até chegar ao ponto de esconder medidas antes da realização de eleições na tentativa vã de não prejudicar a sua imagem partidária, como foi o caso também ontem revelado, do encerramento de cinquenta por cento das repartições de finanças. O grave não é o seu encerramento - embora daí vá resultar mais desempregados seguramente - mas que alternativas sobram às populações onde elas forem extintas. Tudo em nome duma austeridade e rigor das contas públicas que este governo persegue e que nunca alcança, nem alcançará, com estas medidas que impedem o crescimento da economia. Não esquecer que quando o governo tomou posse a dívida representava pouco mais de noventa por cento do PIB e agora é de cento e vinte e sete vírgula quatro por cento!!! E isto só nos diz que o OE 2014 será uma tremenda ficção porque inatingível. A "troika" sabe-o e olha para o lado porque não quer um segundo resgate, sobretudo, dentro desse formato, que surgirá num qualquer programa de apoio com outro nome e, seguramente, sem o FMI que não está interessado em continuar nesta arrazoada. Daí a ideia do "masoquista" que Cavaco tirou da cartola, logo seguido pelo governo e pelos partidos que o apoiam num carreirismo serôdio que toca a falso. Aliás, se quem acha que a nossa dívida é insustentável é apelidado de "masoquista" porque será que Cavaco volta a insistir num pacto com os três partidos do arco governamental? Não esqueçamos que quando a ideia surgiu era, precisamente, pela dívida ter contorno de insustentabilidade. Então em que ficamos? Neste vendaval de iniquidade que varre a sociedade portuguesa não é de admirar o desencanto dos portugueses face aos políticos que lidam mal com a verdade. As autárquicas já foram dando o sinal. O número de independentes e os votos que recolheram são disso um alerta importante. Embora se corra sempre o risco da generalidade porque a democracia não se faz sem partidos. Uma contradição em que nos vemos amarrados e de que a "troika", também aqui, não tem culpa nem pode servir de justificação.

Friday, October 04, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 288

Ontem fomos brindados com uma conferência do governo cujo móbil era o de dar notícia do que tinha acontecido na reunião com a "troika". A conferência durou cerca de duas horas e meia e o mais interessante nisto tudo foi que durante esse tempo o executivo falou muito - oito perguntas a cada membro do governo - e nada disse. Para além do uso da palavra "extraordinário", o que, de facto, foi extraordinário foi o nada ficarmos a saber do que por aí vem, para além de sabermos que se passou a oitava e nona avaliações e que a "troika" não cedeu nas pretensões do executivo quanto ao alargamento do défice. A única coisa positiva terá sido a eliminação da chamada "TSU dos pensionistas" embora nada nos foi dito sobre como se vai compensar esta medida que terá que ser feita. Quanto ao resto apenas o saberemos no dia 15 quando for apresentado na AR o OE 2014. Quando se diz que não haverá mais austeridade, estamos a lavrar numa falácia, porque sem ela não se conseguirá implementar o programa. Aliás, os noticiários de hoje, já vão dizendo que a austeridade se manterá para 2014, coisa que era de fácil entendimento face ao comportamento do país nos últimos tempos. Quando se afirmou que não haveria aumento de impostos, estamos perante uma outra ilusão, porque podem não existir duma forma direta, mas enviesada pela diminuição dos benefícios fiscais, que vai dar ao mesmo. Mas a nossa dúvida existencial é outra. Se a "troika" insiste que se cortem quatro mil milhões de euros, como é possível atingir tal meta sem que exista o recurso a mais restrições? O que ficou disto tudo é que a dívida vai continuar a aumentar e o desemprego também. (E este que já é elevadíssimo apenas não o é mais porque muitos já viram que só a emigração lhes resta). Sobretudo numa economia que está virada para o apoio às instituições financeiras? Sabemos da importância destas para o arranque da economia mas temos dúvidas que seja só este setor a fazê-lo até pelo histórico recente. Com esta situação e com os juros ao nível que estão como será possível pagar a dívida? A resposta é simples, não conseguimos. E não nos importamos de correr o risco de que nos chamem de "masoquistas"! Sabemos que estamos bem acompanhados neste grupo - desde logo com Silva Lopes ou Carlos Costa, apenas para citar dois nacionais - e até poderíamos alargar este grupo a alguns analistas internacionais como é o caso do conselheiro de Bush, o economista Robert Kahn, que afirmou: "A dívida pública portuguesa é insustentável e vai precisar de uma considerável reestruturação". (Mais um masoquista!). Até o próprio Cavaco Silva já pertenceu a este grupo - vejam as declarações que fez na mensagem de Ano Novo em Janeiro último - e que agora contradiz. Nada de mais natural. Afinal estamos perante uma pessoa "que nunca se engana e raramente tem dúvidas". Nós assumimos - e não é com agrado que o fazemos - que do modo como as coisas estão a correr a nossa dívida é, de facto, insustentável. A menos que tudo passe a correr bem, melhor dizendo, muito bem! E isso implica, desde logo, o que irá acontecer nos outros países de quem dependemos, numa Europa envelhecida e, embora em recuperação lenta, é detentora de economias decadentes. A situação de "shutdown" nos EUA só vem agravar a situação, embora tal não seja visível no imediato, o seu impacto acontecerá mais tarde como é normal nas economias globalizadas. A ilusão que nos querem vender é de tal monta, que ninguém gosta de falar que a dívida (efetiva, bruta) vai representar 127,4% do PIB este ano  (mais 5% do que estava estimada no memorando da "troika") - bem longe dos  cerca de 90% que o governo anterior lhes legou! - e que mostra bem o descalabro que esta política ultraliberal tem produzido  no país. Se depois deste vender de ilusões ainda nos chamam de "masoquistas", pois que chamem. Estamos convictos de que as coisas não estão a correr bem e que o futuro é cada vez mais incerto. Há analistas que falam numa perturbação das economias nos próximos quatro anos, e então, por que cargas de água em Portugal será diferente? É altura de falarmos claro, e não embandeirar em arco com pequenas vitórias, que são isso mesmo, pequenas e nada de significativo trazem para o nosso futuro.

Thursday, October 03, 2013

Sobre cuidar! - Paulo, "Carta aos Coríntios"

Anteontem, dia 1 de Outubro, celebrou-se o dia do idoso. Veio-me à memória este texto que agora reproduzo e que diz assim: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse o DOM DE CUIDAR seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse o DOM DE CUIDAR, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse o DOM DE CUIDAR, nada disso me aproveitaria. O cuidado é paciente, é benigno; o cuidado não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Cuidar tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Cuidar nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o cuidar com amor, estes três; mas o maior destes é cuidar com amor!" Adaptação, pelo geriatra Márcio Borges, da Primeira Carta de Paulo ao Coríntios, Cap. 13. Numa época em que se faz a apologia do belo, o doente, o velho são simplesmente descartáveis. Este texto faz-nos refletir sobre a condição humana neste mundo materializado, que idolatra o dinheiro e o poder, achando que a vida nunca mais se esgota. A velhice, a doença, o sofrimento, a morte são apenas para os outros. Mas não é assim. A vida diz-nos, dia a dia, que não é assim.