Turma Formadores Certform 66

Sunday, July 31, 2016

Ainda sobre as 'merecidas férias'

Este é um período em que muita gente começa as suas férias, daí uma certa reflexão sobre este tema. Quase duma forma premonitória o padre Jacques Hamel - que foi assassinado a semana passada em França -, dizia que férias deveriam ser um período de reflexão sobre as coisas do alto e menos as da terra. E não deixava de ter razão. Porque o período de férias é um período de laxismo muito propício a uma certa forma de alienação onde apenas alguns (muito poucos) utilizam algum desse tempo para a reflexão sobre a vida, a que leva, a que gostaria de levar, as consequências a tirar disso. E isto que para Hamel poderia ser algo de bizarro é muito comum. Afinal como resistir a quem nos promete um paraíso na terra em lugares exóticos a preços de saldo? Como resistir quando nos alienam com isto e com aquilo que, se não os tivermos, veremos a nossa 'felicidade adiada'? Como resistir ao imediato face ao etéreo? O presente face ao longínquo? E assim vamos vivendo nesta aparente normalidade anormal, tentando caçar Pokémon's virtuais em vez de algo mais tangível. Porque não criar uma aplicação - que talvez não fosse tão difícil assim - que até se poderia chamar 'Próximo-Vai' para descobrir o nosso semelhante caído na valeta da vida, ou para caçar aquele que vive uma vida indigna apenas pela vergonha de ser pedinte, ou aquele outro que sofre e a que ninguém dá atenção, por desconhecimento ou indiferença! Vivemos tempos bizarros onde a coberto de um tal 'merecido descanso' apenas nos tornamos mais e mais indiferentes face aos restantes dias do calendário. Como dizia há dias o nosso Presidente da República: 'O que faz as nações grande é o conhecimento'. A falta dele - e da introspeção - apenas serve para tornar as nações pequenas e as suas gentes manipuláveis, acrescento eu. Por isso, somos o que somos, andando por aí aos Pokémon's! Este também pode bem ser um tema para reflexão nas tão 'merecidas férias'. Garanto-vos que terá mais utilidade do que as inutilidades que nos propõem nestes tempos de paragem. Que utilizemos o tempo para lazer e descanso, certamente, mas também para uma boa reflexão que nunca fez mal a ninguém.

Férias!...

Aí estão as merecidas férias. Apesar disso irei atualizando este espaço regularmente. Sei que é seguido por algumas pessoas a quem devo esse carinho. A todos uma excelentes férias!

Mais uma vez!...

Voltou a acontecer. Quando cheguei ao local onde alimento o cachorro nada havia. Nem comida seca, nem húmida. Tudo roubado! (Ver foto). - Já agora, e se me está a ler neste momento, já que leva a comida, pelo menos lave os recipientes. É uma ajuda e uma forma de 'pagar' aquilo que rouba  -. Ninguém no local. O cão não apareceu. Apenas a gata que está a amamentar veio. Ainda cheirou a comida mas foi-se embora. Nitidamente não anda com fome. Mas continua a manter uma distância respeitável para mim. Coisa bem diferente do que acontecia antes onde buscava a comida e me vinha agradecer. Ela anda muito assustada. Não vi os filhotes, mas o miar constante dela, o olhar apreensivo e o correr para o local onde os teve, indicia bem a sua preocupação. O outro gato a quem cheguei a deitar de comer não o vejo vai para um par de semanas. Penso que desapareceu. Espero que não esteja a sofrer por aí. Aproveito a oportunidade para pedir a quem possa passar no local para lhes deixar ração. Não tinha nenhuma comigo, já tinha sido distribuída pelo caminho. Obrigado a todos.

Intimidades reflexivas - 728

"A ciência é uma equação diferencial. a religião é uma condição de referência." - Alan Turing (1912-1954) em carta ao matemático inglês Robin Gandy.

Saturday, July 30, 2016

Intimidades reflexivas - 727

"Apenas podemos ver um pouco do futuro, mas podemos ver o suficiente para nos apercebermos de que há muito que fazer." - Alan Turing (1812-1954) in 'Maquinaria Computacional e Inteligência'.

Uma outra preocupaçãol!...

Tudo me pareceu dentro do normal quando hoje fui ao local onde anda o cachorro. A comida seca ainda havia, húmida não, mas pode ter sido comida. (Ver foto). Apesar de tudo me parecer dentro da normalidade, queria aqui trazer um caso que me preocupa e que se prende com os gatitos. Um dos gatos desapareceu, já não o vejo vai para um par de semanas. A gata anda por lá com os seus filhotes. E é aqui que está a questão. Hoje vi ao longe a gata com dois filhotes que brincavam. Os outros não apareceram. Apesar duma pessoa que trabalha no local me ter dito que o cão vai aparecendo e os cinco gatitos andam lá, acho estranho só ter visto dois. A gata veio comer mas logo foi embora. Não me pareceu com fome, mas a preocupação com os filhotes era evidente. E miava constantemente atrás deles. Pareceu-me preocupada ao ponto de fugir de mim quando estava a deitar a comida, coisa que já à muito não fazia. Queria pedir ao meu amigo Bruno Alves Ferreira, que mais vezes por lá passa, para conferir se andam lá os cinco filhotes ou não. Pedi que alimentassem a gata e os filhotes e hoje confirmaram-me que uma senhora que trabalha no local o faz regularmente e também ao cão. Contudo, gostava de saber o que aconteceu ao resto da ninhada. Confesso que estou preocupado.

Friday, July 29, 2016

Cadelas abandonadas - Atualização

Vai para meio ano que vos trouxe a este espaço o caso de duas cadelinhas bebés que foram abandonadas num terreno anexo a um café aqui bem perto do local onde moro. Posteriormente informei que elas tinham sido adotadas as duas em conjunto por um casal de Lavra que gostou muito delas. Normalmente, gosto de acompanhar as situações em que estou envolvido, assim, acabei por contactar o senhor Pedro Cunha, que foi o adotante, para saber como estavam e como se tinham adaptado à nova realidade. Nessa altura, o senhor Pedro Cunha enviou-me um e-mail com fotos delas e de como estavam felizes. Disso dei notícia aqui em tempo útil. Este senhor voltou a contactar-me ontem porque está na altura de serem castradas. E muito amavelmente me enviou uma série de fotos para que visse como elas estavam crescidas. De facto, elas estão muito crescidas, bonitas e bem tratadas. Quando tal acontece, é sempre motivo de alegria para todos. Para mim, que desde o início acompanhei este processo, mas também de quem ajudou no processo de adoção, e assim quero aqui partilhar esta minha alegria com a Raquel Martins, que teve um papel importante em tudo isto. Estou seguro que a minha alegria será a dela também. Um novo ciclo se abre. É sempre reconfortante para quem anda neste processo de ajuda a animais, ver que contribuiu para a felicidade destes nobres seres e dos seus donos, porque só quem ama os animais é capaz de os ter assim bem cuidados. Um bem haja à família do senhor Pedro Cunha. Um excelente exemplo a seguir num mundo que, infelizmente, nem sempre tem motivos para sorrir no que aos animais diz respeito.

Intimidades reflexivas - 726

"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo." - Paulo Freire (1921-1997)

Thursday, July 28, 2016

A novela 'sanções' e a União Europeia

Assistimos ontem a um dos maiores embustes da União Europeia (UE) dos últimos tempos. Depois duma novela em torno da aplicação ou não de sanções a Portugal e Espanha, afinal o não prevaleceu. (Embora ainda se fale sobre os fundos estruturais que se verá em Setembro o que irá acontecer). Meses e meses a fio, numa pressão constante sobre um país - Portugal - e sobre um governo - o atual do PS que não é querido de Bruxelas -, depois de tempos de incerteza sobre o que poderia acontecer, aqui está, a montanha pariu um rato, bem pequenino face aos roncos de Bruxelas. E isso não aconteceu pelos lindos olhos dos países ibéricos. É que em Espanha o assunto governação está em aberto, e em Portugal finalmente há um governo a bater o pé. Se virá austeridade, penso que ela será inevitável, mas como muitos economistas afirmam e bem, - nos quais eu me incluo -, há vários tipos de austeridade, e esta é bem diferente daquela que vivemos nos últimos quatro anos. (A economia é uma ciência que vive das expectativas - qualquer estudante da área o sabe - e, apesar de as coisas não estarem tão melhores quanto isso, a atitude das populações mudou substancialmente. Como em tempos fiz referência, nunca tinha visto tanta gente a vasculhar contentores do lixo como nos últimos quatro anos. Hoje vejo que essas pessoas são bem menores. As expectativas estão mais fortes. Os temores recuaram um pouco). Mas voltemos ao tema. Quem ganhou com isto tudo? Certamente o governo que, apesar da forte ação diplomática, acabou por mostrar que não poderia ser do jeito que alguns burocratas de Bruxelas desejavam. Passos, que aparentemente até se pode sentir vencedor, - embora ache que aliviado seria o termo certo, porque esta questão prende-se com a sua governação de 2013 a 2015, como a UE bem frisou -, acaba por não sair tão bem assim. Depois de acusar o governo de não ter sabido defender a posição de Portugal em Bruxelas, acaba por ter que engolir um enorme sapo. Porque se por um lado esta gente queria as sanções para acusar Costa, por outro temiam-nas porque eram um juízo sobre a sua governação - de Passos e Portas. Mas esta gente já ninguém leva a sério. Mas a não sanção a Portugal e Espanha tem outros contornos. E quem os disse claramente foi Pierre Moscovici, - o comissário francês -, quando ontem na conferência de imprensa de comissários, afirmou que 'estas sanções não seriam boas quando tanta gente está a descrer da Europa. Esta é uma maneira da Europa se aproximar das populações'. E estou convencido que isto foi determinante, Esta UE que vagueia sem rumo, vai percebendo que, ou muda de atitude ou então o euroceticismo continuará a crescer. O 'Brexit' é bem o exemplo disso. A incapacidade de controlar os fluxos migratórios é uma outra fragilidade, para além do terrorismo. Este passo dado foi importante, tanto para a UE - tão necessitada de credibilidade - como para Portugal. E, como ontem dizia o Presidente da República. 'Quando nos unimos vencemos'. E foi o caso... pelo menos de alguns.

Intimidades reflexivas - 725


"O Homem de Bem não se envaidece da sua riqueza, nem das suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado." - Allan Kardec (1804-1869)

Wednesday, July 27, 2016

Intimidades reflexivas - 724

"Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida." - Pablo Neruda (1904-1973)

Tuesday, July 26, 2016

Dia dos Avós

Porque hoje é o dia dos avós, aqui fica a homenagem aos meus avós maternos (os que conheci) e padrinhos. Bem hajam por tudo aquilo que por mim fizeram. Descansai em paz lá onde estiverdes. A vossa memória prolongar-se-á no tempo até ao infinito, até à eternidade...

Alan Turing (1912-1954) - 'A computação'

Mais um número especial da National Geographic dedicado às pessoas que contribuíram para o avanço do conhecimento humano nos mais variados campos da ciência. Este número é dedicado a Alan Turing um inglês que é considerado por muitos o pai da computação. Aliás esta revista tem como título exatamente 'A Computação' e como sub-título 'Pensando em máquinas que pensam'. Alan Turing foi um brilhante cientista a quem a Grã-Bretanha muito deve porque foi graças a ele e à sua equipa que os ingleses contribuíram duma forma decisiva para a derrota do nazismo, quando Turing inventou uma máquina capaz de descodificar as mensagens nazis que utilizavam a célebre 'Enigma', e ele e a sua equipa então agrupados em Bletchley Park criaram a famosa 'Bombe', que viria a ser determinante no virar do rumo na II Guerra Mundial. Mas nem mesmo assim os britânicos lhe estariam gratos. Acabaram por descobrir a sua homossexualidade, que na altura era crime no Reino Unido, e condenaram-no. Para evitar a prisão, Turing aceitou ser injetado para controlar a sua libido vindo a sofrer alterações fisiológicas que o levariam ao suicídio dois anos depois. Como é usual nestas alturas, logo vêm as homenagens e os costumeiros pedidos de desculpas que já em nada podem inverter a situação. Mas mesmo estes, não pareceram assim tão sinceros, quando mais recentemente foi discutida uma petição para um pedido formal de desculpa que o Parlamento rejeitou. Mais uma vez, a hipocrisia e o preconceito, acabaram por mostrar a mesquinhez dum povo face a um génio. Mas parece ser esta a sina dos génios, estarem sempre à frente do seu tempo e da pequenez do mundo que os rodeia. Tal é transversal a tantas áreas, desde a ciência às artes, passando pela literatura e sei lá mais por quê. Assim foi, assim é e assim continuará a ser. As gentes menores, porque são isso mesmo 'menores', não conseguem conviver com a genialidade. Este, em resumo, é aquilo que este número especial da National Geographic nos trás. Uma série brilhante, de coleção até, com a qualidade reconhecida da National Geographic. Recomendável a todos os títulos, especialmente a todos os que se interessam por computadores e informática em geral.

Intimidades reflexivas - 723

"A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos." - Marcel Proust (1871-1922)

Monday, July 25, 2016

Intimidades reflexivas - 722

"A ave constrói o ninho; a aranha, a teia; o homem, a amizade." - William Blake (1757-1827), poeta e pintor inglês.

Caridade cristã (2)

Passa hoje uma semana sobre um caso que me preocupou, (num texto a que dei o nome de 'Caridade cristã'). O de um senhor que encontrei a pedir numa rua de nacionalidade búlgara. Como vos disse então, ele embora aceitasse dinheiro, o que ele mais pedia era que lhe arranjassem roupa. (Hoje trago-vos a conclusão). Ontem voltei ao local para ver se o via. Não estava lá, talvez a canícula que se faz sentir o tivesse afastado. Quando me dirigia para a Igreja na ânsia de encontrar as pessoas com quem tinha falado na semana transata, por coincidência logo na escadaria encontrei uma delas. A tal a que chamei então de 'rato de sacristia', aquela a que por engano me dirigi de início pensando que pertencia a uma das organizações da paróquia que apoia estas causas. Ela que tinha prometido ficar vigilante e até ajudar, afinal não ajudou nem esteve vigilante. (Apenas a incomodou os sapatos que, segundo ela, ele tinha escondido e utilizado para lhe servir de assento). De nada sabia, ela que mora no local. Fui ter com o sacristão com quem também tinha falado na semana passada. Que sim, que tinha falado às pessoas que normalmente tratavam desse caso, mas mais nada sabia para me informar. Fico triste com isto. Afinal, e parafraseando uma expressão que utilizei no texto anterior, 'a caridade cristã esta a resvalar para o esgoto'. As pessoas tomam nota e logo passam para a pessoa seguinte. A sua missão, segundo eles, está terminada e o problema passou a ser do outro. E assim sucessivamente. No fim da linha, acabei por não saber quem ficou encarregue,  - se alguém assumiu esse encargo -, de ajudar esse meu irmão que agarrado ao chão onde a vida o colocou, olhava para cima, para cada um dos que por ele passavam, com aquele olhar vazio e humilde de quem espera ajuda. Não sei se essa ajuda veio ou não. Possivelmente não. Talvez se algum canal televisivo estivesse por perto, aparecessem todos em catadupa. Mas não havia ninguém. Apenas eu e mais alguns transeuntes que passavam indiferentes. (Afinal aquele não era o seu problema e até olhavam para o lado para que a consciência não saísse dali abalada). Estes são os nossos tempos. Aqueles tempos em que, mesmo nas celebrações religiosas se pede ajuda para ajudar, segundo dizem, mas que depois não sabemos onde essa ajuda chega e se chega. Um pároco que incentiva os fiéis a não darem esmola, porque será a Igreja a fazê-lo com o seu superior critério! Mas que critério? Afinal aquele meu irmão, possivelmente, continuará submisso, agarrado a esse chão que pisamos com indiferença, a caminho dum rito de atos de contrição e de batidas no peito. Enquanto isso, aquele meu irmão, que mal falava a nossa língua não estava ali. Talvez se tenha mudado para outro lugar na busca da ajuda que aqui, me parece não ter recebido. Sentado no chão, erguendo o olhar para quem passa, na busca daquela caridade cristã em que talvez ele ainda acredite. Eu já há muito que tenho demasiadas dúvidas. Afinal, fizemos os dias assim!...

Sunday, July 24, 2016

Intimidades reflexivas - 721

"Não a nós, ó Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá Glória." - Salmo 115, que era o lema da Ordem do Templários.

Como habitualmente!...

Como vem sendo hábito, a comida voltou a ser roubada. Basta ver a maneira como encontrei os recipientes. (Ver foto). Todos vazios. Nem comida seca, nem húmida. Os gatos não apareceram. O cão também não. Temo que quando o fizerem já a comida tenha sido roubada de novo. É inacreditável o que está a acontecer naquele bocado de terreno, que até à bem pouco tempo, não tinha despertado a curiosidade de ninguém. Não consigo encontrar solução. Não tenho solução. Já agora, se alguém puder lá ir deitar alguma comida seca seria bom. Não tinha nenhuma comigo. Mas deixem pouca porque a probabilidade de ela ser roubada é elevada. Assim vai o mundo. Este mundo ignóbil que fomos construindo sem critério e que deu nisto.

Saturday, July 23, 2016

Intimidades reflexivas - 720

"Nunca podemos deixar que cada dia pareça igual ao anterior porque todos os dias são diferentes, porque estamos em constante processo de mudança." - Paulo Coelho

Ainda havia alguma coisa!...

Hoje ainda havia comida seca. A húmida nenhuma. Nem de cão nem dos gatos. Logo a gata apareceu para comer. (Ver foto). O outro gato que por lá andava já deixei de o ver à muito tempo. Os filhotes da gata também não os vejo. Vejo a gata magra e triste. Veio logo comer, depois foi-se embora com algo na boca, e logo voltou para comer de novo. Depois deitou-se ao sol a fazer a sua habitual higiene. Como não foi para junto dos filhotes como antes, não sei se eles ainda andam por lá ou não. Do cão nem sinais. Não vi o habitual senhor que trabalha ao sábado numa das empresas do local. Não sei se já estarão de férias. Gostava de saber para passar lá com mais frequência. Se alguém puder ir lá e levar alguma ração de gato, agradecia. Não há lá nenhuma e eu não tenho. Obrigado.

Friday, July 22, 2016

Coisas da via

"Passava já das 20 horas quando entrou na rua para estacionar: a rua empedrada, com piso incerto...notou que uma senhora de muita idade, com passos muito pequeninos, uma canadiana de um lado e o que parecia ser um carro de compras pesado na outra mão. Estacionou rapidamente e procurou a sra que já estava talvez uns 15 ou 20 passos adiante. "A Sra precisa que a ajude a atravessar?" E foi quando reparou no rosto marcado, na pele tão fininha, num olhar por onde já passara uma vida... Pois que sim, se não se importasse, porque o Sol feria-lhe muito os olhos e o carro de compras estava pesado... Chamava-se Alice...tinha 86 anos Ofereceu-se para ajudar a D. Alice até casa. A D. Alice por momentos olhou admirada e tão contente Que morava já ali, duas ruas acima... E foi assim que a D. Alice, que adora conversar, lhe explicou que não tem ninguém...já todos os parentes morreram Talvez uns primos mas de quem nada sabe há 22 anos...Explicou que nunca casara: era filha única e a mãe, que morreu há 39 anos, estava numa cadeira de rodas...que tratara da mãe até ao fim e nunca casara com medo que algum homem com quem fizesse vida "mandasse a minha mãezinha para um asilo"... Trabalhara na Sumol, 37 anos Chegara a ser da tesouraria onde o Sr engenheiro só colocava gente de confiança...Que tem uma reforma pequenina, de 370€...ficou triste pois quando pediu a reforma soube que a empresa a quem dera 37 anos, só fizera descontos dos últimos 15...mas não faz mal... Pelo caminho, a D  Alice explicava que chega a passar uma semana sem falar com ninguém... Estava contente a D. Alice: tinha tido companhia até casa e conversara todo o percurso... Trocaram contactos e a D. Alice fê-la prometer que um dia desses lhe ligava: só para conversar um bocadinho... Despediram-se e a custo continha as lágrimas quando deixou a D. Alice segura em casa... 86 anos...sozinha no mundo: independente, tivera um cancro na língua, a que fora operada há quatro anos...mas ficou bem Gosta de conversar e tinha um gatinho, o Kiko...morreu há dois anos: era a sua companhia, mas não quer ter outro Tem medo de morrer antes dele e que o seu novo companheiro de quatro patas ficasse sem a dona... Comoveu-a a D. Alice... " - Isabel Monteiro, a senhora do texto vive em Oeiras, Lisboa.

Intimidades reflexivas - 719

"Todo homem é uma ilha. É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós." - José Saramago (1922-2010)

Thursday, July 21, 2016

Breve história da raça de cães Chow Chow

Existem algumas lendas sobre a origem da raça Chow Chow, mas história dele mesmo começou na China, há 2.000 anos e onde o cão é muito popular até hoje. Lá ele é chamado de Choo, que significa cão de caça. Os Hunos, os Mongóis e os Tártaros utilizaram o Chow Chow em guerras e para caça. Nesta região também era (e ainda é) costume comer carne de cães, e o Chow Chow era bem valorizado, além de aproveitarem seus pelos para vestuário. Já na Europa, o Chow Chow apareceu em 1865, ano em que a rainha Vitória adquiriu um exemplar, na Inglaterra. E assim foi se tornando cada vez mais reconhecido e admirado pelo mundo todo.

Wednesday, July 20, 2016

Impressionismo ou interrogações sobre a vida

Pouco passava das 5,30 horas da manhã quando me fiz à estrada para o meu habitual exercício matutino. (Já por diversas vezes fiz referência a este meu gosto andarilho de caminhar madrugada adentro). Uma fina neblina estava no exterior cobrindo tudo. Um manto húmido colava-se aos carros estacionados. Um fresco matutino fazia-se sentir - como pré anúncio dum outono que ainda está longínquo, - um cheiro a maresia andava no ar - aquele cheiro tão típico da beira mar embora viva ainda a uma considerável distância. Este impressionismo estava bem ajustado às pinceladas leves dum quadro de Claude Monet. Comecei a minha caminhada habitual que sempre aproveito para por em ordem algumas ideias. Algumas poucas pessoas - apesar da hora - já corriam atarefadas sabe-se lá bem para onde. As 't-shirts' de manga curta já eram cobertas por algo mais aconchegante. Alguns gatos vadios estavam nos passeios como se estivessem em conversa sussurrada uns com os outros, passaram a olhar atentamente para mim, talvez interrogando-se do que eu fazia ali à hora que é mais de gatos do que de humanos. E os quilómetros foram-se desfiando sob os meus pés. E voltei a algo que me ocupa o intelecto vai para um par de anos, sobre o significado da vida. Da vida de todos os seres e não só da nossa. De todos aqueles que, como nós, foram tocados pelo seu mistério grandioso e divino, para o qual as respostas faltam às muitas perguntas que colocamos. Porque a vida que é um dom, conseguimos transformá-la num inferno. (A nossa e a dos outros seres viventes). Porque o ter se foi sobrepondo ao ser. E cada vez somos mais aquilo que temos e menos aquilo que somos. E não percebemos que estamos a destruir esse dom celestial da vida e que só no fim temos a perceção de que tudo faríamos diferente se tivéssemos uma segunda chance - e com isto nos enganamos de novo - porque se a tivéssemos faríamos tudo igual porque somos formatados assim desde que aqui chegamos, primeiro nas nossas famílias, depois nas escolas e, mais tarde, na atividade profissional onde a competição contra o outro é estimulada. E assim se vai escoando este dom da vida, vida que achamos infinita à medida que vemos os outros partirem e nós ficamos. Essa estúpida sensação de imortalidade faz com que não apreciemos este dom porque achamos que temos sempre tempo - afinal somos imortais!!! À medida que caminhava, as ruas que estavam quase desertas começaram-se a encher, primeiro de automóveis, depois de gente. Despertei para este óbvio quando me apercebi dum carro com uma música estridente, de batida forte, com o volume elevado que, por trás, se aproximava de mim. Quando ele passou vi, surpreendido, que era um carro patrulha da polícia. Apenas um agente ao volante, vidros abertos, talvez fim de dia de trabalho quando outros começavam o seu. (Não sabia que os carros da polícia tinham tão boa aparelhagem de som). Era a 'street music' no seu melhor, e o agente estava deleitado. À medida que se foi lentamente afastando, o som foi-se tornando mais ténue até desaparecer. Mas outros sons vieram engolir o silêncio que aos poucos se esvaia. Eram os motores de alguns carros que começavam a circular. Entretanto, e indiferente a tudo, a neblina ia sendo empurrada para o mar, embora a custo facilitando que o dia ficasse adormecido mais algum tempo, sonolento sem se querer levantar. Os gritos estridentes das gaivotas faziam-se sentir. (Até estas parece que trocaram o mar pela terra firme). As gaivotas como algumas pombas que picavam o chão em busca da sua refeição matinal, levantavam voo à minha passagem, logo descendo para continuar o repasto. E a pergunta sobre a vida continuava a ocupar o meu pensamento. Vejo um caracol que tenta atravessar a estrada numa viagem que, para ele, será uma odisseia rodeada de muitos perigos, sem saber se chega ao seu destino com vida. Debrucei-me sobre ele, tomei-o e ajudei-o a fazer a viagem duma forma mais rápida e segura. Talvez nem ele tenha percebido o que lhe estava a acontecer. Teria tido a sua interrogação existencial. (Afinal ele também é vida, tal como a minha e a vossa). É nas coisas mais pequenas, logo, mais resilientes, que o segredo da vida é mais vincado. Da pequenez relativa dum ser qualquer face a um humano, como dum humano face ao cosmos. (Nunca devemos esquecer isto que tão arrogantemente atiramos para trás das costas). A estrada continuava a fugir-me debaixo dos pés. Consoante me ia aproximando do términos o dia ia ficando cada vez mais claro. O cheiro a maresia ia sendo substituído pelo dos combustíveis dos automóveis. Cada vez mais gente ia enchendo as ruas. Vida em movimento, que a busca desenfreada da subsistência, quanto a busca do acumular para ser diferente - afinal és o que tens e não o que és - fazia com que esta gente não parasse para refletir. Afinal para quê? Era assim, sempre tinha sido assim! (Enganam-se porque nem sempre foi assim). E já no final de mais uma jornada a pergunta sobre este mistério supremo da vida continuava a carecer de resposta - qual aluno cábula - que não é capaz de encontrar soluções para as suas próprias interrogações. Questão filosófica que noutros tempos mais ancestrais eram apanágio dos filósofos contemplativos, - os 'ociosos' como lhes chamavam. Eles também sem resposta obtida. Enquanto isto se desenrolava no meu pensamento e indiferente a tudo, o calhau onde andamos todos agarrados, continuava a vaguear no universo, na sua habitual viagem. E o mistério da vida adensa-se porque é neste calhau que vemos azulado do espaço sideral que se desenvolveu um dos maiores mistérios, a vida. Aquela mesma vida para a qual ainda não encontrei resposta mas que busco com denodo e firmeza como se dum 'Graal' se tratasse.

Intimidades reflexivas - 718

"Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucos se lembram disso." - Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), escritor francês.

Tuesday, July 19, 2016

Caridade cristã

Era um domingo solarengo como tantos outros em pleno verão. 8,30 horas da manhã e já o sol brilhava intenso a indiciar um dia de muito calor. Ao dobrar uma esquina vi um homem que, sentado no chão, pedia esmola. Tez escura, olhar vazio, perdido no tempo e no espaço. Percebi que não era português. Não consegui ficar indiferente. Fui ter com ele e deixei-lhe uma moeda. Mas para surpresa minha, não era tanto a moeda que ele pretendia, embora aquela fosse a primeira que recebia. Ele pedia roupa. Algum calçado porque andava descalço, uma camisola ou casaco para o abrigar do frio da noite porque, segundo ele, dormia ao relento. Vi que não era português pelo arrastar da linguagem quase impercetível. Consegui saber que era búlgaro, de Sofia. Tentei aprofundar mais a sua situação. Falei em várias línguas com ele, mas nada. Apenas falava russo para além da sua língua natal e um português quase irreconhecível. Confesso que nenhuma dessas línguas eslavas sei mas, mesmo assim, consegui perceber o essencial do que pretendia. Nunca o tinha visto por estas paragens, caso bem diferente de outros que por lá andam, e se juntam à porta da Igreja na expectativa de receberem algumas moedas. No fim da cerimónia ele também lá estava com outros. Já por diversas vezes, o pároco dessa Igreja vem alertando as pessoas para alguns pedintes que por ali param, afirmando que, através de algumas instituições da paróquia tem tentado ajudar alguns mas sem êxito porque, segundo ele, apenas querem dinheiro por vezes sem a necessidade que pretendem mostrar. Sempre me sinto desconfortável quando o ouço dizer isto porque acho que a caridade deve ser feita sem olhar a quem. Se são falsos pobres, quero crer que um dia terão que prestar contas disso. Mas acho que a ajuda deve ser dada mesmo assim. (Mal vão as coisas quando para dar uma esmola, quase que exigimos o IRS do pedinte). Este é meio caminho andado para a caridade cristã ir pelo esgoto abaixo. Porque estes também são pobres à sua maneira. Não serão pobres materiais talvez, mas são-no moralmente, e isso também é uma forma de pobreza. Alertei uma das instituições vocacionadas para ajudar estas situações. Não sei o que daí resultou, vou tentar saber. Mas sei que uma das pessoas que contactei, - e que afinal não pertencia a essa organização embora eu pensasse que sim -, logo me veio dizer que ele tinha sapatos e que estava sentado em cima deles, com aquela pequenez de rato de sacristia. Seja como for esta atitude é mais mesquinha do que o mendigo que até pode ser um falso pedinte. Isto de ir à Igreja como um ritual, bater no peito e fazer muitos atos de contrição, será com certeza importante, mas a ação no terreno é-o bem melhor. Repito, não sei se este mendigo o era de verdade, mas sei que me tocou e muito. A tal manhã de domingo solarenga de verão a anunciar canícula já não foi a mesma. Porque ali estava um ser que mendigava e não tanto por dinheiro, mas roupa. Soube depois que um dos estabelecimentos junto do local onde ele estava, já lhe tinha dado de comer. Essa sim é a caridade cristã. Mas este domingo ficou marcado por isto. Porque ali estava um meu irmão, meu semelhante, que palmilhou milhares de quilómetros em busca duma vida melhor e acabou a mendigar. Quem lhe falou do 'El dorado' enganou-o seguramente. Só espero que a sua situação melhore. Que não tenha de continuar a viver da caridade alheia. Que a sorte e a dignidade o toquem e o retirem do chão.

Monday, July 18, 2016

"Os Maias" - Eça de Queirós

Trago-vos hoje um livro que é um clássico da literatura portuguesa. Trata-se de 'Os Maias' a obra prima de Eça de Queirós. No meu tempo de jovem estudante, era de leitura obrigatória na disciplina de Português, hoje confesso que não sei, mas se não o é, tenho pena. Porque Eça era um caricaturista exímio das figuras do seu tempo, dum certo tempo em que Portugal, - tal como hoje -, passava por momentos de grande aflição. (Afinal parece que o nosso país não mudou assim tanto quanto à sua maneira de ser). E depois, porque ele era um mestre da escrita, que hoje é tão pobre junto da juventude. E por isso mesmo, o utilizo em muitas das conferências que faço. Especialmente este livro que, como já afirmei muitas vezes, é uma visão num tempo de crise económico, na altura bem mais grave do que aquela porque passamos recentemente. Eça publicou este livro em 1888, precisamente numa altura em que Portugal estava a braços com uma terrível crise, que levaria à contração dum empréstimo junto do Banco de Inglaterra que viria a ser pago na íntegra mas só em Janeiro de 2001! Daí utilizar este livro nas minhas intervenções porque é um bom exemplo do paralelismo do Portugal de então com aquele outro em que vivemos. Mas voltemos ao livro e ao autor. 'Os Maias' tratam dum caso de amores incestuosos entre irmãos - embora desconhecendo a sua situação - numa Lisboa pequena e mesquinha, dizendo mal de tudo e de todos - tal como hoje - achando sempre que o que vem do estrangeiro é melhor - aqui também, um grande alinhamento com o que se passa nos nossos dias. Afinal a condição do nosso país nesse tempo (e noutros ainda mais remotos) é bem igual ao Portugal de hoje. Nunca fomos capazes de ser diferentes, talvez pela nossa condição de latinos, talvez porque sempre tivemos quem nos financiasse os desvarios. Seja como for, este é um retrato duma certa Lisboa e dum certo Portugal em pleno século XIX, pintados com a mestria que só Eça conseguia ter. Eça que foi mais um dos chamados 'vencidos da vida' porque, no fundo, a visão da nossa mesquinhez pequenina com assomo de grandeza, acabaria por nos amarrar a um destino sempre rotineiro, sempre igual, e os tempos modernos são disso um bom exemplo. Sobre Eça de Queirós já pouco há a dizer porque já tudo foi dito. Nasceu na Póvoa de Varzim em 1845, formou-se em Direito em Coimbra, tendo-se então associado ao grupo vanguardista liderado por Antero de Quental, embora tenha ficado de fora da chamada '^Questão Coimbrã'. Ao ingressar na carreira diplomática aqui irá buscar inspiração para muita da sua obra e afirmar o seu cosmopolitismo. (Recordo aqui um opúsculo que aconselho que leiam que tem por título 'O 1º de Maio' escrito em Paris com uma belíssima caraterização da sociedade parisiense e um certo paralelo com o que ele via em Portugal). Viria a falecer em 1900. Mas também queria aqui deixar a nota da edição do livro. A edição é da Porto Editora numa série económica onde se podem encontrar grandes autores portugueses a preços quase simbólicos. (O 'fac-simile' da capa é o anexo). Uma oportunidade para dar a conhecer a nossa literatura a todos aqueles que não tenham muita disponibilidade económica para comprar livros. Uma saudação à editora por conseguir por no mercado livros de grande qualidade a preços muito populares. A ler ou reler Eça, mas também descobrir tantos outros que enobreceram a língua portuguesa.

Intimidades reflexivas - 717

"Sentiu um peso, mas não era o peso do fardo e sim da insustentável leveza do ser." - Milan Kundera in 'A Insustentável Leveza do Ser'.

Sunday, July 17, 2016

Intimidades reflexivas - 716

"Escrever é uma questão de colocar acentos." - Machado de Assis (1839-1908)

Não esperava isto!...

Não esperava isto! Quando lá cheguei quase toda a comida tinha sido roubada. (Ver foto). Apenas a gatinha me esperava para comer alguma coisa. E qual não foi a minha surpresa quando vi que no recipiente que ontem lá deixei, o verde mais escuro, ainda havia alguns restos de comida, que penso foram deixados de propósito, misturados com fezes humanas! É verdadeiramente inconcebível o que ali se está a passar. Quando trabalhei naquela zona, havia um responsável duma das empresas que volta e meia chamava o canil. Várias vezes tive troca de palavras com ele devido a isso. Tanto quanto sei, nunca conseguiram apanhar nenhum. Depois houve um período de acalmia. Posteriormente começaram nesta saga do roubo da comida, que dizem ser perpetrado por uma pessoa lá próxima. Não sei porque nunca vi. Agora começam a colocar fezes nos recipientes. Esta situação já aconteceu vai para um par de anos, pelos vistos, voltamos a esses tempos. A maldade humana não tem limites. Mas se não gostam, não perturbem os que querem fazer bem a estes pobres infelizes. A gatinha foi a minha única companhia de hoje. Comeu até não querer mais. Fiquei lá até ela se saciar completamente. Pelo menos ela tem alguma coisa no estômago. Apelo também a quem tiver uma pouca de comida seca e seja do local, agradecia que por lá passassem. Hoje não tinha nenhuma comigo. Mesmo comida de gato, que também foi roubada, Obrigado a todos.

Saturday, July 16, 2016

Intimidades reflexivas - 715

"O pintor tem uma tela. O escritor tem o papel em branco. O músico tem o silêncio." - Keith Richards

Como de costume!...

Pois o inevitável aconteceu. Nada de comida, nem seca, nem húmida. Até o recipiente que na semana passada lá deixei tinha desaparecido. Quem rouba a comida achou por bem levá-lo também. Assim é mais rápido e poupa trabalho! Hoje deixei lá um novo, veremos quanto tempo aguenta. (Ver foto, o recipiente a que me refiro é o verde escuro na foto). O cão não apareceu, apenas um dos gatos. A gata que amamenta os filhotes. Lá comeu até não querer mais. Quando me vim embora lá voltou para comer mais ou levar algo para os filhotes. Ela pelo menos tem algo no estômago.

Friday, July 15, 2016

A morte saiu à rua

14 de Julho, dia nacional de França. Um dia que é de festa popular. Neste dia a morte saiu à rua de novo, desta vez em Nice. Em pleno coração da Côte-de-Azur, o terrorismo atacou, impiedosamente. Homens, mulheres, crianças, não tiveram a escolha do terrorista. Apenas a morte era transportada no seu camião, ironicamente branco, a cor que devia ser de paz. A Promenade des Anglais, uma bela avenida marginal ao Mediterrâneo, trocou a sua alegria e o seu colorido pelo negro das trevas, pelo negro da morte. Esse belo espaço de vários quilómetros onde já tive o prazer de pisar por várias vezes, era agora um cemitério de gente que morreu sem saber porquê. Famílias destroçadas, palavras que nunca foram ditas, gestos adiados na eternidade. Sonhos interrompidos, brincadeiras que ficaram a meio, gestos suspensos para sempre. Carros de bebé vazios porque os seus utilizadores já lá não estavam, tinham sido arrastados na onda assassina dum franco-tunisino. Porquê? Porque será que estas coisas acontecem? Porque será que os seus autores são, normalmente, gente nascida, educada, formada no ocidente, com a cultura que nos une, embora com o islamismo como pano de fundo? Como pode o terrorismo confundir-se com religião seja ela qual for? Como a intolerância, o ódio gratuito podem ser bandeira de algo que se quer construir? Como é possível haver gente capaz disto? Em nome de quê? Se é que existe um 'quê' no fim desta equação. Na bela e cálida cidade de Nice a noite caiu como sempre acontece na esperança dum novo dia, duma esperança nova, renovada. Hoje o dia não apareceu. Ficou suspenso, nesta hora das trevas, nesta hora de noite profunda. A morte saiu à rua de novo em França. Poderia ser em qualquer país da Europa. Poderia ser no meu país. A morte saiu à rua em Nice, a cidade escolhida. Porque o ódio não tem fronteiras, nem credos, embora haja quem o queira ligar a um, o ódio e o terror são isso mesmo, ódio e terror, nada mais. O grito do nada, o grito do medo, o grito do vazio. A morte saiu à rua, cobardemente de noite, como cobarde é quem tal ato praticou. Mas nunca devemos esquecer que à noite, um dia luminoso se seguirá. De luto com certeza, mas dia. A luz romperá as trevas sempre por mais que haja quem queira que seja diferente. Por mais que haja quem queira alterar o rumo do Universo. Mas a luz virá, inexoravelmente, firme e clara. Para aquecer os corações dos que sofrem e para dar ânimo aos que lutam contra as trevas. A luz virá. Não devemos ter medo. Ela virá em Nice ou noutro lado qualquer, em França ou noutro país qualquer, na Europa ou noutro continente qualquer. As trevas seguirão o seu terrível destino, o seu desaparecimento. A luz vencerá.

Intimidades reflexivas - 714

"Não é a distância que separa as pessoas é o silêncio." - Autor desconhecido.

Thursday, July 14, 2016

Intimidades reflexivas - 713

"A esperança, só a esperança, nada mais, chega-se a um ponto em que não há mais nada senão ela, é então que descobrimos que ainda temos tudo." - José Saramago (1922-2010)

Wednesday, July 13, 2016

Assim, não!...

Muito se tem falado nas últimas semanas sobre sanções a Portugal e Espanha, num frenesim de informação inacreditável. A União Europeia (UE) ainda não percebeu que tem muito com que se preocupar para além das décimas dos países do sul. E por cá, a confusão e o incómodo também não o é menos, sobretudo entre os partidos da governação anterior. Se não, vejamos. Contrariamente ao que diz o PSD e o CDS, o que está em cima da mesa são os anos de 2013 a 2015, da responsabilidade desta gente. Esta mesma gente que acha que nada é com eles e que a culpa é do atual executivo! Depois têm o desplante de afirmarem que, sem a banca, o défice estaria nos 3%. Mentira, já por diversas vezes foi afirmado que ele teria ficado nos 3,2%, - entrando assim naquilo que se chama o 'processo de défice excessivo'. E o tal 'bom aluno' elogiado em Bruxelas, passou a cábula. O embaraço do PSD e do CDS  é evidente, - não esquecemos que eles diziam que até iam para além da 'troika' - daí os disparates que andam a dizer na vã tentativa se tapar os olhos aos portugueses, mas o mal estar de Bruxelas não é menor. Até Wolfgang Schäuble, - o todo poderoso ministro das finanças alemão que tantos elogios deu à antiga ministra portuguesa -, não se sente cómodo, vindo dizer ontem que, as sanções não são uma punição, mas apenas um alerta para futuras correções! Seja como for, toda a gente parece estar mal nesta estranha fotografia. Se Portugal foi um dos países com melhor desempenho dentro da UE no ajustamento que fez, é incompreensível esta atitude. E já agora, porque não fazerem o mesmo à França, que é o país mais incumpridor da UE, ou à Alemanha que não está a investir os seus excedentes consoante as regras estipuladas, e está a acumular superavits acima dos valores permitidos? Já sabemos todos a resposta: "Porque é a França e porque é a Alemanha"! e quem nos disse isso, foi nada mais nada menos, do que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Isto é inaceitável e incompreensível. Primeiro, porque todos os países devem ter o mesmo tratamento face aos tratados europeus. Depois, porque tudo o que se fez em Portugal e que esmagou os portugueses durante quatro anos e meio, não foi mais nem menos do que aquilo que a UE nos impôs, que acompanhou e que aplaudiu. Agora vêm sancionar um país por não ter tido sucesso na aplicação daquilo que Bruxelas ordenou! Não deixa de ser bizarro, para não dizer mesmo trágico. É que, mesmo fazendo 'mea culpa' e admitindo a sanção zero, coisa também estranha, o simples facto de se aplicar sanções tem um enorme impacto nos mercados e cria desconfiança, dificultando assim, os ajustamentos necessários. Tudo isto me parece kafkiano. Quando uma UE está a braços com problemas enormes como o 'Brexit' ou o dos refugiados, não deixa de ser estranha esta mesquinha atitude face aos países do sul que se limitaram a aplicar as regras da UE e que não deram os resultados pretendidos. Confesso que sempre me assumi como europeísta e até como federalista, mas começo a caminhar num sentido do euroceticismo, que cada vez ganha mais adeptos dentro da UE e que, estou certo, a está a minar por dentro. Este é o caminho mais seguro para a desintegração. Será que esta gente ultraliberal que tomou de assalto os corredores de Bruxelas, é mesmo isso que pretende? 

Intimidades reflexivas - 712

"O bom das segundas-feiras, do primeiro dia de cada mês, e do primeiro do Ano, é que nos dão a ilusão que a vida se renova." - Mário Quintana (1906-1994)

Tuesday, July 12, 2016

'O sonho' revelado

Venho de novo a este espaço na sequência do texto que ontem publiquei subordinado ao tema 'O sonho'. E faço-o movido pelos vários comentários que recebi, - muitos duma forma privada -, dando-me assim motivo para um esclarecimento que julgo necessário. Mas para isso, é fundamental que faça aqui a minha manifestação de interesses. Não sou adepto de futebol. Normalmente não vejo jogos. Se frequento estádios? Não. Se no domingo fiquei satisfeito com a vitória da seleção do meu pais, obviamente que sim, como todos os portugueses. Posto isto, passemos ao essencial. Aquilo a que ontem me referia era a uma certa forma de alienação de algo mais complexo que existe no nosso país. Se fizermos uma comparação com a Grécia em 2004, veremos um país que se sagrou campeão europeu, onde os políticos aproveitando o momento criado, varreram para debaixo do tapete uma situação que, qualquer pessoa que faça análise económica, sabia que ia acontecer, a única dúvida era quando. Foi dada a ideia da grande Grécia, - daquela de Sócrates, Platão, Arquimedes, Xenofonte e tantos outros -, aquela que tinha dado o conceito de democracia à Europa que a viria a interpretar mais tarde, cada um à sua maneira. Tudo parecia fadado para a grandiosidade do momento. Lá também se pensava que era uma terra de leite e de mel. Em breve, - e não podendo ser mais ignorada -, a realidade mostrou que não seria bem assim. Hoje a Grécia está na situação que todos conhecemos e levará várias gerações a voltar a equilibrar-se na Europa a quem tanto deu no seu passado glorioso. O paralelismo com Portugal é por demais evidente. Vivemos das nossas glórias passadas, - porque simplesmente não temos glórias mais próximas a que nos agarrarmos -, e, por tudo aquilo que vivenciamos ontem, ficamos com a ideia de que afinal tínhamos recuperado a terra de Afonso Henriques e a glória de D. Manuel I. Pura ilusão. A situação do país é bem mais complexa do que aquilo que os portugueses comuns pensam. Daí a minha surpresa de alguns comentários de pessoas que sei serem detentoras duma boa formação intelectual, e mesmo assim, terem-se deixado arrastar pela enxurrada. Nem sempre as maiorias têm razão, normalmente até nem a têm. (E já que estamos a falar de futebol, pois que o diga o selecionador português, que era péssimo à uns dias e hoje virou herói nacional!) Vimos ontem a maneira como os políticos se colaram aos jovens jogadores aproveitando - cada um a seu modo - aquilo que dali poderiam extrair. Repito: o paralelismo de Portugal com a Grécia é por demais evidente, contrariando um certo discurso de poder, que pretende dizer o contrário. Até nas críticas que se fizeram à França. (Se têm dúvidas vão consultar aquilo que se disse por cá quando a Grécia ganhou, mesmo vindo de pessoas responsáveis e, que por isso mesmo, deveriam ser mais contidas. Nos dias de hoje em que o ciberespaço está à distância dum clique para qualquer um, é fácil verificar isto mesmo). Assim, aqui também é importante dizer-se que, se compreendo que no calor dos festejos hajam sempre exageros, tenho alguma dificuldade em acompanhar críticas aos franceses feitas duma forma exagerada. Um povo não pode ser julgado pelas ações duma minoria. Com certeza que houve alguma deselegância por parte de alguns franceses para connosco, mas isso não pode ser o estigma duma nação. (Mais uma vez apelo a que vejam aquilo que por cá se disse em 2004). Porque uma nação que recebeu milhares de portugueses que, se é certo que começaram por viver em condições indignas nos chamados 'bidonville', também foi o país que deu muitas oportunidades para que hoje a comunidade portuguesa seja respeitada. Desde vereadores em câmaras importantes, como por exemplo, a de Paris, até portugueses com lugares de direção em empresas francesas - muitos que conheci ao longo da minha atividade profissional - são bem o exemplo do exagero a que assistimos. (Para não falar dos muitos empresários que tiveram nesse país a oportunidade que o seu país de origem lhes negou). Se não vejamos a maneira como recebemos os emigrantes que nos procuram. Os bairros de negros que viraram autênticos 'ghettos', o racismo em torno da comunidade cigana que todos conhecemos - e não é por termos um cigano ou negros na seleção que tal se atenua - e agora com a chegada de refugiados de guerra dos países árabes, como os tratamos, que oportunidades lhes damos, como olhamos para eles? Meus amigos, não sejamos mais papistas do que o papa. Manda o bom senso que quem tem telhados de vidro deve ser mais recatado. Se à Grécia devemos estar agradecidos por nos ter dado os esquiços do que viria a ser a democracia que hoje se pratica na Europa, à França temos que agradecer o nos ter dado uma visão do mundo bem diferente daquela que existia até então. Conceitos como liberdade, igualdade e fraternidade são a colheita semeada em França vai para dois séculos, que soubemos aproveitar e adaptar. Não reneguemos o país de cultura que é. (Não esqueçamos que é a terra de Voltaire, Sartre, Rimbaud ou Aragon, de entre tantos outros, que tanto nos legaram). Não deixemos que um simples jogo de futebol crie barreiras onde elas não existem. Um jogo de futebol é apenas um jogo de futebol. Não uma certa manifestação xenófobo e nacionalista, na qual não me revejo, mas apenas e só um espetáculo. O vídeo que ontem circulou por aí duma criança portuguesa a confortar um adulto francês, é bem exemplo disso. É que existe muito mais no mundo para além do futebol. O sonho de que ontem vos falava é isso mesmo. É a ilusão em que vivemos nestes últimos dias. Não nos deixemos alienar por ela porque corremos o risco de acordar para um terrível pesadelo.

Durão Barroso: ditosa Pátria que tal filho tem! (Nicolau Santos, in Expresso Diário, 08/07/2016)



nicolau


Aqui vos deixo um excelente artigo de Nicolau Santos publicado no Expresso Diário de 8 do corrente, sobre a vergonhosa ida de Duraõ Barroso para o Goldman Sachs. A ler com muita atenção.
"O dr. José Manuel Durão Barroso vai ser presidente da Goldman Sachs International. É o culminar de uma linda carreira, iniciada nos bancos da universidade, onde abraçou a causa maoísta do MRPP, para não muito tempo depois aplicar tais ensinamentos à social-democracia, para onde se mudou de armas e bagagens, chegando a líder do PSD, primeiro-ministro acidental, a que se seguiu uma “tocata e fuga” para presidente da Comissão Europeia. Agora chega o reconhecimento da mais poderosa entidade financeira mundial. É obra!

Durão Barroso é um exemplo para a juventude portuguesa. Soube perceber que nunca chegaria a líder do MRPP, onde pontificavam Arnaldo Matos e Saldanha Sanches. Mudou-se para o PSD, onde as lideranças mudavam com uma rapidez extraordinária. Viu o então líder Marcelo Rebelo de Sousa demitir-se ao fim de três anos, por ter sido traído pelo seu aliado da altura, Paulo Portas, e avançou para a liderança dos sociais-democratas. Analistas e comentadores garantiram inúmeras vezes que Durão Barroso nunca chegaria a primeiro-ministro. Mas na sequência de umas eleições autárquicas, o então primeiro-ministro, António Guterres, demitiu-se, o PS viu-se envolvido no escândalo da Casa Pia e Barroso chegou a São Bento. Governou dois anos, organizou a cimeira dos Açores, onde estiveram Bush, Blair e Aznar e que serviu para o presidente norte-americano obter os apoios internacionais de que necessitava para invadir o Iraque. Como prémio, Barroso foi convidado para presidir à Comissão Europeia, onde se manteve durante dez anos.

Durante esse período, a Europa sofreu o embate da crise financeira mundial, que nasceu nos Estados Unidos, e assistiu à crise das dívidas soberanas e do euro. Foram dez anos em que a Comissão deixou de ser o epicentro da construção europeia, perdeu claramente poder para o eixo Berlim-Paris, primeiro, e depois para Berlim e para o Conselho Europeu, deixou de ser o defensor dos interesses dos pequenos países no processo de integração, não conseguiu responder de forma célere à crise grega, que depois se propagou à Irlanda e aos países mediterrânicos, submeteu-se ao ritmo e aos ditames de Angela Merkel – mas conseguiu aquilo que almejava: ser eleito para um segundo mandato à frente da Comissão, coisa que antes só um francês (Delors) e um alemão tinham logrado.

Saiu com um lindo discurso no Parlamento Europeu em várias línguas. Depois, ficou à espera que o fossem buscar num andor para se candidatar à Presidência da República Portuguesa. Mas ninguém foi. E as sondagens também iam mostrando que o povo português não o amava. Injustamente, claro, pois não só o criticavam por ter deixado o seu mandato a meio, como por não ter defendido suficientemente o país durante o período de ajustamento.

O dr. Barroso ficou então de pousio, a dar umas conferências e umas aulas numa universidade americana. Mas uma pessoa com tanto valor e experiência nunca ficaria muito tempo no desemprego. E surge agora esta maravilhosa oportunidade para liderar a parte internacional da Goldman Sachs, por acaso exatamente a mesma empresa que foi acusada de ajudar a Grécia a maquilhar as suas contas públicas para enganar a Comissão quando o dr. Barroso estava à frente da dita. Mas o que interessa isso? Já lá vai…

O que conta é que o dr. Barroso é o político português com a mais fulgurante carreira internacional e um exemplo para todos os emigrantes: com esforço e dedicação e os amigos certos tudo se consegue na vida. Que não seja muito apreciado por cá releva apenas da tradicional inveja do povo português. Os outros, entre os quais me incluo, esperam muito desta nova fase profissional do dr. Barroso. Sobretudo do ponto de vista ético."

Monday, July 11, 2016

O sonho

Já noite dentro. A canícula do dia ainda a fazer-se sentir. A pacatez da noite é quebrada. Foguetes rompem o silêncio ricando-o com o seu silvado. Os de artifício incendeiam os céus. Os cães ladram pela surpresa dum sossego interrompido. Nas ruas torrentes de gente gritam em euforia. Agitam bandeiras. Caras pintadas como se fossem assaltar uma fortaleza, há quem fale de vingança e já imagino Afonso Henrique de espada em punho, outros falam de conquista e parece-me que vejo D. Henrique a traçar rotas nas cartas de marear, outros ainda falam de glória e imagino a faustosa corte de D. Manuel I. Desço à rua a perguntar o que se está a passar. Sou empurrado e quedo-me sem resposta. De encontrão em encontrão fico sem saber o que se passa, mas vejo o meu povo em festa. Vejo um país redimido. Será que o défice e a dívida com que nos aterrorizaram não existia e que apenas fomos vítimas dum logro? Será que o crescente desemprego era apenas forjado e os novos e jovens emigrantes afinal, nunca tinham abandonado esta terra? Enquanto me interrogava sobre tudo isto, um rio de povo, do meu povo, corria sem saber onde ia desaguar. Afinal para quê saber onde se vai desaguar nesta euforia. Rostos com esgares de alegria, suados, jubilosos. E eu que continuava sem perceber. Parecia que era o único que não percebia esta surpreendente redenção da minha nação, do meu povo. Como até aí não consegui respostas sobre o que estava a suceder, resolvi entrar na festa. Afinal o meu país não era tão mau quanto diziam e o futuro abria-se luminoso, nesta terra de leite e mel. Para me redimir de ter estado tanto tempo afastado de tanto festejo resolvi começar pelo impensável, dar aquele salto no vazio, pungente, determinado. Onde o finito e o infinito se cruzam, sem sabermos onde começa um e acaba o outro. Foi então que depois daquela sensação de vertigem, um forte estremeção sobreveio e acordei. Olhei à minha volta. A noite continuava tranquila. Os cães dormitavam. Tudo continuava igual, nos mesmos lugares de sempre. Tudo igual. Que raio! Que se teria passado? Continuávamos pobres, a viver à custa do alheio. Acossados pelos credores. Pressionados pelo resto do mundo. Afinal, toda esta euforia... não passava de um sonho.

Sunday, July 10, 2016

Intimidades reflexivas - 711

"Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas." - Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), escritor, ilustrador e piloto francês.

Ainda havia comida!...

Quando lá cheguei, e para surpresa minha, ainda havia comida! (Ver foto). Via-se que havia restos que eles não tinha querido comer. E comida seca ainda havia bastante. Abasteci os recipientes. Nem o cão, nem os gatos apareceram. Melhor, um deles, pareceu-me a gata que está a amamentar, espreitava ao longe para me ver ir embora e vir comer. Não é normal. Ela costuma vir ter comigo a pedir alimento. Provavelmente, anda escorraçada e agora tem medo. Só espero que vá lá comer rapidamente antes que a comida desapareça.

Saturday, July 09, 2016

Intimidades reflexivas - 710

"Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas..." - Luís Fernando Veríssimo

Não havia nada!...

Mais uma vez, quando cheguei ao local onde alimento o cachorro, não havia nada. (Ver foto). Nem comida seca nem húmida. Apenas um pouco de ração de gato lá estava, - talvez porque está escondida -, mas como é sempre a mesma, penso que eles já não a comem porque deve estar demasiado seca. (Já agora, apelo a quem por lá vai alimentar estes pobres animais para que, durante este período de mais calor, lhe deixem ficar água fresca. Hoje havia muito pouco e muito suja. Não custa nada, é apenas um minuto). A saga da comida roubada continua. Deixei tudo abastecido mas, como não apareceu o cão, nem os gatos, presumo que estes hoje ficarão sem comer. De novo. a minha impotência face à situação é total. Faço o que posso e, podem crer, que já não posso fazer mais nem melhor.

Friday, July 08, 2016

Já passou!...

"Será que esteve aqui um vet ou foi só um sonho que tive?" diz o Nicolau. "Se foi um sonho, não gostei nada; se  não foi, porque será que não mordi? Bem, vou dormir mais um pouco. Não sei o que tenho hoje, mas estou cheio de sono. Passem bem!"

O dia da consulta

Como habitualmente os veterinários vêm a casa para tratar dos meus cães. Neste caso, é o Nicolau a personagem. O Nicolau tem uma particular aversão a veterinários. Daí que agora, tem sempre que ser adormecido antes das consultas. O gosto por morder veterinários está-lhe no sangue e vem de longe. Deixe que vos conte duas pequenas estórias em dois períodos da sua vida. Ainda jovem, mas já forte e possante, levei-o a uma clínica na Maia, que ficava a cerca de 20 metros do local onde vivia. Era lá que levava os cães que tinha nessa casa. Mas o Nicolau não estava para brincadeiras. Depois de muita ameaça, o Nicolau começou a mostrar o seu desagrado e a intenção que tinha face ao veterinário. Então deu-se o impensável. O veterinários deu-me a seringa para que fosse um a dar a vacina ao cão! E quanto à consulta e exames que iria fazer, nada. Anos mais tarde, já na casa onde vivo atualmente, passou-se algo semelhante, só que mais dramático. Fui à clínica marcar a consulta, exames e vacinação e pedir o costumeiro tranquilizante. O jovem veterinário que me atendeu, disse-me que não valia a pena dar-lhe qualquer medicação, porque ele mesmo viria na equipa e o controlaria. Deixei transparecer que seria melhor seguir o meu conselho, mas o veterinário manteve a sua. No dia da visita, uma tarde solarenga e de muito calor, a equipa chegou. Chefiada pela habitual veterinária que acompanha o Nicolau e que acompanhou os outros, secundada por um casal de veterinários, entre eles o corajoso que me tinha atendido. Nessa altura, o Nicolau estava na sua idade mais pujante e com cerca de 40 quilos de peso. Um verdadeiro rolo compressor que era difícil - e ainda o é hoje, apesar da idade - parar quando em corrida. O Nicolau mostrou o seu desagrado como já era costume. Vai daí o veterinário resolveu colocar-se sobre ele enquanto as duas outras colegas tentavam fazer o seu trabalho. Ele reagiu (penso que até se foi divertindo com a situação) até ao momento em que achou que era melhor dar uma lição naquela gente. Vai daí concentrou toda a sua força, projetou o veterinário que tinha encavalitado em si, que não contando com o ataque foi embater violentamente na minha mulher abrindo-lhe um lábio! E foi remédio santo. Como já lhe tinham dado a vacina, tudo o resto ficou assim mesmo, e era vê-los saírem rapidamente do local, que já estava pintalgado de sangue. Do cão, da minha mulher e até do veterinário, que não escapou ileso da refrega. Desde aí, ficou combinado que seria sempre posto em semi-consciência até ao fim da consulta. A veterinária - a mesma que o acompanha desde há muitos anos - dentro de horas cá aparecerá com a sua equipa, na certeza porém que o vai encontrar meio adormecido. Mesmo assim, e como é usual, ele ainda reagirá e a manterá em respeito durante a consulta. Mas duma forma mais dócil com certeza. Depois será esperar mais umas horas para o efeito passar. Ele irá acordar de vez em quando a ver se estamos por perto e, como nestes dias estamos sempre junto dele, ele cairá nos braços de Morfeu mais algum tempo. Aos poucos recuperá e no fim do dia já estará melhor e tudo não terá passado dum sonho (talvez pesadelo) para ele. Tenho cachorros desde criança e nunca tive que fazer isto a um cão. Mas o Nicolau é especial e sobretudo, - mesmo com alguma idade que já vai tendo -, continua com uma imensa força e caráter vincado. As aventuras do Nicolau são muitas, hoje, e porque é o dia da consulta, trouxe-vos estas. Talvez um dia ponha aqui outras em que ele foi protagonista, algumas bem hilariantes.

Intimidades reflexivas - 709

"Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos." - Machado de Assis (1839-1908)

Thursday, July 07, 2016

Intimidades reflexivas - 708

“Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.” ― Miguel de Unamuno y Jugo (1864-1936)

Wednesday, July 06, 2016

Intimidades reflexivas - 707

"Os analfabetos do século XXI não serão os que não sabem ler nem escrever mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender." - Alvin Toffler (1928-2016)

Intimidades reflexivas - 706

"O mundo está repleto de coisas óbvias que ninguém vê." - Sir Arthur Connan Doyle (1859-1930)