Ainda sobre as 'merecidas férias'
Voltou a acontecer. Quando cheguei ao local onde alimento o cachorro nada havia. Nem comida seca, nem húmida. Tudo roubado! (Ver foto). - Já agora, e se me está a ler neste momento, já que leva a comida, pelo menos lave os recipientes. É uma ajuda e uma forma de 'pagar' aquilo que rouba  -. Ninguém no local. O cão não apareceu. Apenas a gata que está a amamentar veio. Ainda cheirou a comida mas foi-se embora. Nitidamente não anda com fome. Mas continua a manter uma distância respeitável para mim. Coisa bem diferente do que acontecia antes onde buscava a comida e me vinha agradecer. Ela anda muito assustada. Não vi os filhotes, mas o miar constante dela, o olhar apreensivo e o correr para o local onde os teve, indicia bem a sua preocupação. O outro gato a quem cheguei a deitar de comer não o vejo vai para um par de semanas. Penso que desapareceu. Espero que não esteja a sofrer por aí. Aproveito a oportunidade para pedir a quem possa passar no local para lhes deixar ração. Não tinha nenhuma comigo, já tinha sido distribuída pelo caminho. Obrigado a todos.
Tudo me pareceu dentro do normal quando hoje fui ao local onde anda o cachorro. A comida seca ainda havia, húmida não, mas pode ter sido comida. (Ver foto). Apesar de tudo me parecer dentro da normalidade, queria aqui trazer um caso que me preocupa e que se prende com os gatitos. Um dos gatos desapareceu, já não o vejo vai para um par de semanas. A gata anda por lá com os seus filhotes. E é aqui que está a questão. Hoje vi ao longe a gata com dois filhotes que brincavam. Os outros não apareceram. Apesar duma pessoa que trabalha no local me ter dito que o cão vai aparecendo e os cinco gatitos andam lá, acho estranho só ter visto dois. A gata veio comer mas logo foi embora. Não me pareceu com fome, mas a preocupação com os filhotes era evidente. E miava constantemente atrás deles. Pareceu-me preocupada ao ponto de fugir de mim quando estava a deitar a comida, coisa que já à muito não fazia. Queria pedir ao meu amigo Bruno Alves Ferreira, que mais vezes por lá passa, para conferir se andam lá os cinco filhotes ou não. Pedi que alimentassem a gata e os filhotes e hoje confirmaram-me que uma senhora que trabalha no local o faz regularmente e também ao cão. Contudo, gostava de saber o que aconteceu ao resto da ninhada. Confesso que estou preocupado.
Vai para meio ano que vos trouxe a este espaço o caso de duas cadelinhas bebés que foram abandonadas num terreno anexo a um café aqui bem perto do local onde moro. Posteriormente informei que elas tinham sido adotadas as duas em conjunto por um casal de Lavra que gostou muito delas. Normalmente, gosto de acompanhar as situações em que estou envolvido, assim, acabei por contactar o senhor Pedro Cunha, que foi o adotante, para saber como estavam e como se tinham adaptado à nova realidade. Nessa altura, o senhor Pedro Cunha enviou-me um e-mail com fotos delas e de como estavam felizes. Disso dei notícia aqui em tempo útil. Este senhor voltou a contactar-me ontem porque está na altura de serem castradas. E muito amavelmente me enviou uma série de fotos para que visse como elas estavam crescidas. De facto, elas estão muito crescidas, bonitas e bem tratadas. Quando tal acontece, é sempre motivo de alegria para todos. Para mim, que desde o início acompanhei este processo, mas também de quem ajudou no processo de adoção, e assim quero aqui partilhar esta minha alegria com a Raquel Martins, que teve um papel importante em tudo isto. Estou seguro que a minha alegria será a dela também. Um novo ciclo se abre. É sempre reconfortante para quem anda neste processo de ajuda a animais, ver que contribuiu para a felicidade destes nobres seres e dos seus donos, porque só quem ama os animais é capaz de os ter assim bem cuidados. Um bem haja à família do senhor Pedro Cunha. Um excelente exemplo a seguir num mundo que, infelizmente, nem sempre tem motivos para sorrir no que aos animais diz respeito.
Como vem sendo hábito, a comida voltou a ser roubada. Basta ver a maneira como encontrei os recipientes. (Ver foto). Todos vazios. Nem comida seca, nem húmida. Os gatos não apareceram. O cão também não. Temo que quando o fizerem já a comida tenha sido roubada de novo. É inacreditável o que está a acontecer naquele bocado de terreno, que até à bem pouco tempo, não tinha despertado a curiosidade de ninguém. Não consigo encontrar solução. Não tenho solução. Já agora, se alguém puder lá ir deitar alguma comida seca seria bom. Não tinha nenhuma comigo. Mas deixem pouca porque a probabilidade de ela ser roubada é elevada. Assim vai o mundo. Este mundo ignóbil que fomos construindo sem critério e que deu nisto.
Existem algumas lendas sobre a origem da raça Chow Chow, mas história dele mesmo começou na China, há 2.000 anos e onde o cão é muito popular até hoje. Lá ele é chamado de Choo, que significa cão de caça. Os Hunos, os Mongóis e os Tártaros utilizaram o Chow Chow em guerras e para caça. Nesta região também era (e ainda é) costume comer carne de cães, e o Chow Chow era bem valorizado, além de aproveitarem seus pelos para vestuário. Já na Europa, o Chow Chow apareceu em 1865, ano em que a rainha Vitória adquiriu um exemplar, na Inglaterra. E assim foi se tornando cada vez mais reconhecido e admirado pelo mundo todo.
Não esperava isto! Quando lá cheguei quase toda a comida tinha sido roubada. (Ver foto). Apenas a gatinha me esperava para comer alguma coisa. E qual não foi a minha surpresa quando vi que no recipiente que ontem lá deixei, o verde mais escuro, ainda havia alguns restos de comida, que penso foram deixados de propósito, misturados com fezes humanas! É verdadeiramente inconcebível o que ali se está a passar. Quando trabalhei naquela zona, havia um responsável duma das empresas que volta e meia chamava o canil. Várias vezes tive troca de palavras com ele devido a isso. Tanto quanto sei, nunca conseguiram apanhar nenhum. Depois houve um período de acalmia. Posteriormente começaram nesta saga do roubo da comida, que dizem ser perpetrado por uma pessoa lá próxima. Não sei porque nunca vi. Agora começam a colocar fezes nos recipientes. Esta situação já aconteceu vai para um par de anos, pelos vistos, voltamos a esses tempos. A maldade humana não tem limites. Mas se não gostam, não perturbem os que querem fazer bem a estes pobres infelizes. A gatinha foi a minha única companhia de hoje. Comeu até não querer mais. Fiquei lá até ela se saciar completamente. Pelo menos ela tem alguma coisa no estômago. Apelo também a quem tiver uma pouca de comida seca e seja do local, agradecia que por lá passassem. Hoje não tinha nenhuma comigo. Mesmo comida de gato, que também foi roubada, Obrigado a todos.
Pois o inevitável aconteceu. Nada de comida, nem seca, nem húmida. Até o recipiente que na semana passada lá deixei tinha desaparecido. Quem rouba a comida achou por bem levá-lo também. Assim é mais rápido e poupa trabalho! Hoje deixei lá um novo, veremos quanto tempo aguenta. (Ver foto, o recipiente a que me refiro é o verde escuro na foto). O cão não apareceu, apenas um dos gatos. A gata que amamenta os filhotes. Lá comeu até não querer mais. Quando me vim embora lá voltou para comer mais ou levar algo para os filhotes. Ela pelo menos tem algo no estômago.

Já noite dentro. A canícula do dia ainda a fazer-se sentir. A pacatez da noite é quebrada. Foguetes rompem o silêncio ricando-o com o seu silvado. Os de artifício incendeiam os céus. Os cães ladram pela surpresa dum sossego interrompido. Nas ruas torrentes de gente gritam em euforia. Agitam bandeiras. Caras pintadas como se fossem assaltar uma fortaleza, há quem fale de vingança e já imagino Afonso Henrique de espada em punho, outros falam de conquista e parece-me que vejo D. Henrique a traçar rotas nas cartas de marear, outros ainda falam de glória e imagino a faustosa corte de D. Manuel I. Desço à rua a perguntar o que se está a passar. Sou empurrado e quedo-me sem resposta. De encontrão em encontrão fico sem saber o que se passa, mas vejo o meu povo em festa. Vejo um país redimido. Será que o défice e a dívida com que nos aterrorizaram não existia e que apenas fomos vítimas dum logro? Será que o crescente desemprego era apenas forjado e os novos e jovens emigrantes afinal, nunca tinham abandonado esta terra? Enquanto me interrogava sobre tudo isto, um rio de povo, do meu povo, corria sem saber onde ia desaguar. Afinal para quê saber onde se vai desaguar nesta euforia. Rostos com esgares de alegria, suados, jubilosos. E eu que continuava sem perceber. Parecia que era o único que não percebia esta surpreendente redenção da minha nação, do meu povo. Como até aí não consegui respostas sobre o que estava a suceder, resolvi entrar na festa. Afinal o meu país não era tão mau quanto diziam e o futuro abria-se luminoso, nesta terra de leite e mel. Para me redimir de ter estado tanto tempo afastado de tanto festejo resolvi começar pelo impensável, dar aquele salto no vazio, pungente, determinado. Onde o finito e o infinito se cruzam, sem sabermos onde começa um e acaba o outro. Foi então que depois daquela sensação de vertigem, um forte estremeção sobreveio e acordei. Olhei à minha volta. A noite continuava tranquila. Os cães dormitavam. Tudo continuava igual, nos mesmos lugares de sempre. Tudo igual. Que raio! Que se teria passado? Continuávamos pobres, a viver à custa do alheio. Acossados pelos credores. Pressionados pelo resto do mundo. Afinal, toda esta euforia... não passava de um sonho.
Quando lá cheguei, e para surpresa minha, ainda havia comida! (Ver foto). Via-se que havia restos que eles não tinha querido comer. E comida seca ainda havia bastante. Abasteci os recipientes. Nem o cão, nem os gatos apareceram. Melhor, um deles, pareceu-me a gata que está a amamentar, espreitava ao longe para me ver ir embora e vir comer. Não é normal. Ela costuma vir ter comigo a pedir alimento. Provavelmente, anda escorraçada e agora tem medo. Só espero que vá lá comer rapidamente antes que a comida desapareça.
Mais uma vez, quando cheguei ao local onde alimento o cachorro, não havia nada. (Ver foto). Nem comida seca nem húmida. Apenas um pouco de ração de gato lá estava, - talvez porque está escondida -, mas como é sempre a mesma, penso que eles já não a comem porque deve estar demasiado seca. (Já agora, apelo a quem por lá vai alimentar estes pobres animais para que, durante este período de mais calor, lhe deixem ficar água fresca. Hoje havia muito pouco e muito suja. Não custa nada, é apenas um minuto). A saga da comida roubada continua. Deixei tudo abastecido mas, como não apareceu o cão, nem os gatos, presumo que estes hoje ficarão sem comer. De novo. a minha impotência face à situação é total. Faço o que posso e, podem crer, que já não posso fazer mais nem melhor.