Turma Formadores Certform 66

Tuesday, December 31, 2019

Feliz Ano Novo!

E cá chegamos ao fim de mais um ano. Este foi como os anteriores cheio de esperanças e desesperanças, otimismo e pessimismo, amor e ódio, coisas boas e coisas más. O próximo será um somatório em tudo idêntico a este. De alegrias e tristezas, os pólos contrários que se atraem e repelem na natureza humana. Mas temos sempre a vã ilusão de que o próximo será diferente e quando chegamos ao seu epílogo logo vemos que não foi bem assim. Mas a celebração do novo ano é algo de ancestral, uma espécie de ciclo que se fecha para que outro se abra de imediato. E assim vamos embalados nesta expectativa, afinal é a isso que chamamos esperança, e que até dizemos que é a última a morrer. Este não será exceção. O 2020 está aí com as promessas do costume, as esperanças tão acalentadas que parece que estão à mão, as alegrias dum virar de página dum qualquer calendário que parece que a outra que se segue é mais luminosa e brilhante. E assim iremos fechar este ciclo e abriremos o novo com este olhar de que agora sim, agora é que vai ser. Se será assim ou não, daqui a um ano logo veremos. Por agora, apenas acreditamos, apenas temos fé. Um Feliz Ano Novo para todos!

Um fim de ano sofrido

Estes dias são sempre dias difíceis para quem já viu partir os seus, e neles incluo os animais, naturalmente. Este ano que finda foi o ano em que perdi o meu querido Nicolau. Ele estará sempre comigo como eu com ele. As saudades são imensas. E neste dia elas batem mais forte. Só me apraz dizer que estaremos juntos para sempre.

Monday, December 30, 2019

Intimidades reflexivas - 1204

"Perante a perspetiva da evolução da inteligência, nós. seres humanos, somos como crianças pequenas a brincar com uma bomba." - Nick Bostrom

Sunday, December 29, 2019

Intimidades reflexivas - 1203

"A raça humana tornar-se-á redundante." - Irvin John Good (1916-2009)

Saturday, December 28, 2019

Intimidades reflexivas - 1202

"As pessoas costumam considerar que andar sobre a água ou no ar é um milagre. Mas eu penso que o verdadeiro milagre não é andar na água ou no ar, mas andar na Terra. Todos os dias estamos envolvidos num milagre que nós nem sequer reconhecemos: um céu azul, nuvens brancas, folhas verdes, os negros olhos curiosos de uma criança - os nossos próprios olhos. Tudo é um milagre." - Thich Nhat Hanh, escritor vietnamita. 

Friday, December 27, 2019

James Rollins - 'O Forjadro de Almas'

Há dias falei-vos dum escritos português - José Rodrigues dos Santos - e dum livro muito interessante - 'Imortal - que se debruça sobre a problemática da Inteligência Artificial (IA). Hoje proponho-vos outro dum escritor americano - James Rollins - com um livro não menos interessante - - 'O Forjador de Almas' - que aborda a mesma temática. O mais interessante é que parece que onde um terminou o outro começou. A temática da IA entrou definitivamente no nosso léxico com tudo o que tem de fantástico quanto o de assustador. Lê-se na sinopse do livro: 'O comandante Gray Pierce chega a casa na véspera de Natal e descobre que esta foi assaltada. A sua namorada grávida desapareceu e a mulher do seu melhor amigo, Kat, está inconsciente no chão da cozinha. Sem pistas, a sua esperança de encontrar a mulher que ama e o filho por nascer reside em Kat, a única testemunha do que aconteceu. Mas a mulher ferida está à beira do coma e não consegue falar até que um neurologista brilhante propõe uma abordagem radical para «destrancar» a mente dela durante tempo suficiente para fazer algumas perguntas. O que Pierce descobre através da mente de Kat lança a Força Sigma numa busca febril por respostas ligadas a mistérios que remontam à Inquisição Espanhola e a um dos livros mais sangrentos e odiados da história da humanidade: um texto medieval conhecido como Malleus Maleficarum, o Martelo das Feiticeiras. O que eles descobrem oculto no passado revelará uma verdade assustadora no presente e um futuro no limiar da extinção, forçando-os a confrontar a questão fundamental: o que significa ter uma alma?' Aquilo que é cada vez mais nos nossos dias a IA que tanto fascina os jovens e não só, pode significar num curto espaço de tempo a aniquilação da Humanidade. Esta é uma polémica que se trava, (por vezes longe das populações), mas que está aí para ficar. Sobre o autor, James Rollins, James Rollins é autor de perto de vinte livros, todos eles bestsellers do New York Times, publicados em mais de quarenta países. A sua série Força Sigma foi considerada «no topo das boas leituras» (New York Times) e uma das «melhores leituras de verão» (revista People). Em cada romance revelam-se mundos invisíveis, descobertas científicas e segredos históricos, a ação tem um ritmo alucinante e as narrativas são inteiramente originais. Um livro interessante para quem gosta de 'thrillers' mas que merece uma atenção especial. É que para além da ação do romance, levantam-se questões muito interessantes e perturbadoras. Um livro que recomendo a merecer a atenção dos amantes do género.

Thursday, December 26, 2019

Intimidades reflexivas - 1201

"O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem - uma corda sobre um abismo." - Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Wednesday, December 25, 2019

Um Natal Feliz

Há momentos e momentos. Este foi um desses momentos. E especial. Como sabem o Natal é uma época difícil para mim. (Não vos vou falar disso aqui e agora porque já o trouxe a lume várias vezes). Mas, por vezes, existem os tais momentos que nos fazem esquecer algumas coisas que nesta época nos batem mais forte, pela mão de pessoas que nos são muito queridas. A noite passada foi um desses momentos. Ontem tivemos na nossa companhia a nossa família adotiva, - como gosto de dizer -, refiro-me à nossa afilhada Inês, ao seu irmão Tiago, aos pais, Sandra Patricia Ferraz e Aires Ferraz, e ainda a bisavó da Inês, - a dona Laurinda -, que com os seus 90 anos não deixou de participar e animar a festa. Foi a primeira vez que o Natal decorreu na nossa casa com este formato, e confesso que nos sentimos muito felizes. Obrigado à família linda que sóis, ao fim e ao cabo, aquela que nos resta. Foi um momento muito feliz com a alegria sempre contagiante da Inês - não fosse o Natal a festa maior das crianças - com a sua energia contagiante na expectativa de receber as tão desejadas prendas. E ela perguntava amiúde 'falta muito para a meia-noite' e assim foi noite dentro até ao clímax que ela tanto desejava. Assim aconteceu Natal com alegria, harmonia e a companhia sempre desejada da nossa tão querida afilhada. Obrigado por isso. Por seres quem sois, pela alegria que trazeis a nós, já a caminhar do outono para o inverno da vida, por aquecer os nossos corações através da simplicidade ingénua duma criança. E assim se fez Natal! Boas Festas.

Feliz Natal, Nicolau!

Estarás sempre no meu coração meu bravo guerreiro Nicolau. Nunca te esquecerei especialmente em momentos especiais como este, Lá onde estiveres que estejas em paz. Feliz Natal. Permaneceremos juntos para sempre.
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You are always in my heart my brave warrior Nicholas. I never forget you above all in this special moments. Wherever you are Rest in Peace. Merry Christmas. We all stand together.

Feliz Natal

Espero que estejais a ter um Feliz Natal. Estes são os meus votos.

Dorme, Nicolau!

Dorme bem meu bravo guerreiro, Nicolau. Feliz Natal. Lá onde estiveres que estejas em paz! Estaremos sempre juntos para sempre
...
Sleep well my brave warrior Nicholas. Merry Christmas. Wherever you are Rest in Peace! We all stand together.

Tuesday, December 24, 2019

Feliz Natal, Nicolau!

Feliz Natal, Nicolau! Lá onde estiveres que estejas em paz. Estarás sempre no meu coração.

Memórias dum tempo outro

Passam hoje dezassete anos sobre o dia em que acolhi o meu querido Nicolau. Depois de ter chorado toda a noite, em frente ao prédio onde então viva. Bem cedo na madrugada resolvi ir ver o que se passava. Encontrei-o debaixo dum carro todo molhado. Era um dia de forte temporal. Mal peguei nele logo o trouxe para casa. Tremia de frio. Mas recordo a maneira como me olhou bem fundo nos olhos e se calou. Tomou logo um banho quente e saciou-se-lhe a fome. Depois foi um sono reparador e bem quentinho. Era véspera de Natal como hoje. Era o dia em que se fala de São Nicolau, daí ele ter ficado com esse nome. Vim a saber que tinha apenas três semanas de vida quando foi abandonado duma forma aviltante. Nesse dia de à dezassete anos, o Nicolau entrou na minha vida para sempre. Agora que já partiu, ele continua a ocupar um lugar enorme no meu coração.

Feliz Natal, Inês!

Mais um Natal e tu cada vez mais crescida e bonita. És a alegria e o orgulho dos teus padrinhos. E cá 'se a montanha não vem a Maomé, vai Maomé à montanha'. E foi isso que aconteceu. Pois vieste tu jantar a nossa casa com a tua família, numa ceia de Natal inesquecível. Mas 'Natal é quando um homem quiser' como diz o poeta e nós quisemos assim e tu também. Desde as iguarias até aos presentes nada faltou porque para ti escolhemos sempre o melhor. Sei que gostavas que fosse diferente mas tem que ser assim. Seja Natal ou outra celebração qualquer estaremos sempre barrados por esta situação. Sabemos que os insultos, - sempre reles e ordinários, símbolos de uma educação bem frágil -, ficam com quem os profere, colam-se como sarna a quem os atira.  Sabemos que eles resvalarão sempre na couraça da nossa indiferença porque não acompanharemos ninguém a tão baixo nível. Simplesmente porque não nos insulta quem quer. Mas, por isso mesmo, tudo será diferente daqui para a frente. Isto não significa que fiques apreensiva. Porque tu és o mais importante para nós. Mais significativo que presentes ou mesa farta. Afinal o Natal tem algo de espiritual que as pessoas já esqueceram à muito. Não te vou aqui falar disso agora, porque ainda és demasiado pequena e isso não te interessa nada. Mas lembra-te sempre que, no meio da mesa abastada, do acumular dos presentes, pairará sempre algo mais importante e perene, o amor. Aquele amor que te dedicamos sem reservas ou tergivações. Aquele amor que ostentamos como um símbolo. Aquele amor que nos orgulhamos de mostrar ao mundo. Mesmo àqueles que não ficarão tão contentes com isso, mas isso não nos importa, porque o importante és e serás sempre tu. Estaremos sempre lá no último lugar da fila de afetos. E não penses que isso é mau. Quem está atrás, mas está atento, consegue controlar tudo à sua volta. E também estaremos muito atentos a ti em tudo o que precisares. Basta um pequeno gesto teu e logo nós apareceremos. Os teus padrinhos não te abandonarão em circunstância alguma pelo simples facto que és a jóia mais preciosa, a mais bela flor do nosso jardim cada vez menos de outono e mais de inverno, o ser de luz, daquela luz que irradias desde o berço. Tem um Feliz Natal, Inês!
estamos de novo a celebrar mais um Natal. E este já não afastado de ti. Até agora foi-o fruto da doença do Nicolau que nos obrigava a isso, agora, poderia ser a mesquinhez de terceiros que nos poderia impedir de estarmos contigo porque simplesmente não estamos disponíveis para estar debaixo do mesmo teto com pessoas que nos insultam a despropósito. É pena mas é assim. Mas este ano não será assim, será bem diferente. Sei que o sermos teus padrinhos pode ter mexido com alguns equilíbrios, mas isso é algo a que somos totalmente alheios. Não fomos nós que nos propusemos a sê-lo como bem sabes embora tivéssemos aceite com todo o gosto e carinho. E enquanto pudermos tentaremos ser os melhores padrinhos do mundo para ti porque tu és muito importante na nossa vida e temos-te um amor imenso. Mas como diz o povo,

Monday, December 23, 2019

Feliz Natal, amigos!

Mais um ano se passou. Dum Natal até outro Natal foi o tempo dum relâmpago. E aqui nos encontramos de novo na azafama da época. Para muitos a busca interminável do presente ideal, para outros, a busca daquela iguaria que vai surpreender todos à mesa, ainda para outros o reencontrar-se consigo mesmo, nunca época contemplativa e espiritual que foi sendo substituída pelo deus do consumo desenfreado. Coisas do tempo e não só deste tempo. Cada um irá celebrá-lo à sua maneira, com mais alegria ou tristeza, consoante o cenário que enquadra as suas vidas. No meu caso, será um Natal espiritual como vem sendo à muito, mesmo no bulício da estação, sempre assim foi, mesmo quando estou rodeado de pessoas tenho essa capacidade de abstração. (Será o primeiro sem o nosso velho companheiro Nicolau, companheiro de muitos e bons anos. E isso já é suficiente para que o meu Natal seja diferente). É a memória dos ausentes que cada vez são mais a engalanar a minha galeria, é a memória daqueles que por uma razão ou outra vivem nas veredas da vida, sem casa e sem família, na rua, ao frio e à chuva, sem amor, sem carinho, sem amanhã. Porque o amanhã lhes é negado e será tão ou mais sombrio que o presente. Gente que caiu na valeta da vida e que ignoramos porque as prendas, as iguarias e os néons ofuscam tudo. (E porque não queremos olhar. É sempre mais fácil ignorar). E não deveria ser assim. Mas também me vem à memória aqueles animais expostos às inclemências do tempo, aos perigos da vida errante, que andam por aí em busca de amor que quase sempre não encontram, a menos que um qualquer anjo se cruze com eles e lhes mude a vida. (Já para não falar daqueles que são brutalmente sacrificados nesta altura para alimentar a gula momentânea de uns tantos). Mas não quero aqui esquecer também a Mãe Natureza tão humilhada e vilipendiada pela Humanidade, que nesta época sofre mais um desbaste. Os pinheiros - que embora cada vez mais substituídos por plástico - são dizimados para se engalanarem por alguns dias, findos os quais são atirados para o lixo sem contemplações. Tudo isto é o Natal, um outro Natal, (talvez o Natal mais comum), mas um Natal frio de sentimentos numa época em que o amor maior deveria ser o mote. Incongruências desta espécie dista humana, que se vai tornando cada vez mais predadora de si mesma. Mas há quem pense de maneira diversa. Há quem faça um Natal diferente, mais frugal dentro da tradição primordial e ancestral daquilo que deveria ser o Natal. Seremos poucos talvez, mas tenho sempre a esperança que, ano após ano, possamos ser cada vez mais. Com mais consciência do mundo, do planeta que habitamos e que vamos destruindo dia a dia sem que pensemos nas consequências, a nossa casa comum que um dia poderá ser aniquilada pela vontade de outros e, quando isso acontecer, acabará o amanhã para todos nós sem exceção. Mas deixemos por agora estas filosofias. Utilizaremos os clichés costumeiros. E assim sendo, quero aqui saudar todos os meus amigos, aqueles de quem não gosto tanto, aqueles que não celebram a quadra por uma razão qualquer, os deserdados da vida, a todos sem exceção, vos deixo os meus votos dum Santo e Feliz Natal para todos vós e respetivas famílias. Todos sois importantes na minha vida. Boas Festas!

Sunday, December 22, 2019

7 meses já passaram

Cumpre-se hoje o sétimo mês da partida do nosso velho e fiel companheiro Nicolau. Sete meses de vazio, de memórias, de muitas recordações acumuladas que foram colecionadas durante dezasseis anos e meio. Apesar da partida, continuas presente em cada recanto da nossa casa, no jardim que tanto gostavas, nos espaços que ocupavas e que eram teus. Passado todo este tempo é como se por cá ainda andasses tais são as marcas que deixaste. Não te esquecemos. Não te esqueceremos. Serás sempre o nosso herói, o nosso menino mimado e rabugento, com aquele mau feitio que tinhas. Muito independente e senhor do seu nariz, o Nicolau sempre tinha um sorriso para os seus donos. E que belo sorriso tinha. Dentro de poucos dias celebraremos o Natal, o primeiro sem a tua companhia. Se os natais já são difíceis de gerir, sem a tua presença, será ainda pior. Lá teremos o teu espaço reservado para o caso de quereres aparecer. Estaremos sempre à espera. Porque um grande amor nunca se renega, e nós tínhamos-te um amor avassalador. Sete meses volvidos continuas aqui no mais fundo do nosso coração. Esperamos que lá onde estiveres que estejas em paz!

Solstício de inverno

Solstício de inverno é um fenómeno astronómico que acontece todos os anos ao dia 21 ou 22 de dezembro, ou seja, no dia em que começa o inverno. Este ano, o solstício de inverno ocorrerá no dia 22 de dezembro de 2019, às 4h. Esta data marca o início do inverno em Portugal e em todo o hemisfério norte, e do verão no hemisfério sul. É o dia mais curto do ano e, consequentemente, que tem a noite mais longa. A partir desta data, a duração do dia começa a crescer. Por isso, na antiguidade, o solstício de inverno simbolizava a vitória da luz sobre a escuridão.

Saturday, December 21, 2019

Adeus, Facebook! (Ou talvez não...)

Num espaço de uma ou duas semanas, fui três vezes bloqueado no Facebook (FB), coisa que só uma vez aconteceu e já lá vão alguns anos. Não percebo a razão, mas também acho estranho o silêncio dos responsáveis aos muitos pedidos de esclarecimento. Sei que o FB é regido por uma espécie de Inteligência Artificial (IA), mas isso só demonstra o quanto perigosa esta pode ser, fria, bruta, implacável. A propósito disso, já escrevi algumas linhas, e agora reforço porque a IA pode de facto ser o fim da Humanidade porque irracional, desprovida de sentimentos e irredutível dentro dos limites que lhe são impostos. Amanhã, quando a IA for autónoma dos humanos, penso que não estaremos melhor, bem pelo contrário. Mas isso não justifica o sucedido porque existe supervisão tanto quanto julgo saber. Sei que o meu perfil incomoda alguns, sei que há quem nele não se reveja, mas também sei, que ninguém, até agora, teve coragem de enfrentar a situação. É melhor atitudes cobardes e pretensamente incógnitas, para criar dificuldades. Se isto continuar, estou a pensar seriamente abandonar o FB. Eu não preciso dele embora haja quem precise. Este perfil na sua última versão, tem-se dedicado aos animais como sempre fez, mas também se transformou num espaço de cultura, numa rede tão carente dela. Basta ler algumas coisas que por aqui andam para se saber do que falo. E só isso me fez evitar isso até agora. Mas estou a pensar seriamente nisso. Há alturas em que é preciso dizer basta. O FB que fique com os perfis onde se lêem um chorrilho de palavrões ou algo semelhante. Isso só vai nivelar a rede por baixo, mas se calhar é isso que o FB quer. Quanto mais estúpidos e ignorantes forem os seus utilizadores, tanto melhor. É assim que se controlam as mentes mais frágeis, muito ao estilo dos ditadores. Seja como for, as hipóteses estão todas em cima da mesa. Em breve tomarei uma decisão.

Friday, December 20, 2019

À volta do Orçamento de Estado 2020

Esta pretende ser uma primeira abordagem a um documento complexo e extenso como é o Orçamento de Estado (OE) que só à dois dias foi conhecido. Coisa que tenho que fazer para outras instituições como é habitual ano após anos. Mas trata-se apenas dum esboço do muito que há para dizer a quando da versão final do documento. Mas numa primeira abordagem há coisas que merecem ser clarificadas. Sou um grande admirador do Professor Mário Centeno o que não quer dizer que concorde com tudo o que ele defende. Desde logo aquela ideia que não há aumento da carga fiscal. Esta é uma daquelas asserções que carecem de fundamento. Basta olhar para o impacto das alteração dos escalões de IRS para se perceber que não será tanto assim. Haverá pessoas que por este efeito logo passarão a pagar mais, disso não existem dúvidas. Já para não falar nos impostos indiretos a que nenhum de nós pode escapar embora, por vezes, sem darmos por isso. Outra questão prende-se com o superavit orçamental coisa que nunca aconteceu desde o início da nossa democracia. Confesso que como economista me sinto dividido sobre o tema. Se por um lado, fique satisfeito por ver Portugal com superavit orçamental, - muito na linha dos países do norte -, também tenho que considerar que esse pode ser um engulho para economias pequenas, frágeis, muito dependestes do exterior e sobretudo muito abertas como é a portuguesa. Se por um lado tal fica bem para apresentar em Bruxelas, temos que considerar que os mecanismos de ajuste e o impacto de tal atitude é bem diferente entre nós do que seria num dos países mais ricos do norte. Estamos a falar de realidades bem diferentes cuja comparação é sempre difícil por mais efeitos que lhe queiramos dar. (Penso que o ministro das Finanças quer passar à História como o ministro do superavit dado o empenho que tem em obtê-lo, a que não será alheia a sua posição de presidente do Eurogrupo. Coisa que até compreendo). Acresce ainda que tal não está inscrito em nenhum tratado da União Europeia (UE), como tal, o dizer-se que será o caminho certo em relação às normas de UE, também aqui, carece de fundamento. Se calhar este excedente poderia ser encaminhado para o investimento público tão depauperado, que teria o efeito de alavancagem da economia como um todo e no emprego também, bastando para isso ter um pequeno défice que ninguém de boa fé levaria a mal. Mais do que o défice penso que é na dívida pública que o problema assume maior dificuldade. Temos uma elevada dívida que é um fator de constrangimento do país e, apesar da grande amortização que foi feita nos últimos quatro anos, ainda assim é muito elevada e deve, diria mais, tem de ser abatida a um ritmo mais rápido do que aquele que tem acontecido. Penso que é aqui que a governação deve estar mais atenta, - e estará seguramente -, porque este é um problema que pesa e muito sobre o país. Mas nem tudo é mau. Um OE tem, como é óbvio, coisas boas e outras nem por isso, e este não é exceção. O investimento na saúde já anunciado a algum tempo é uma atitude correta, com uma dotação que não é coisa pouca, o que deve deixar mais tranquilo e equilibrado este setor fundamental. Mas outros também não poderão ficar esquecidos, e não o estão de todos, como o investimento na educação tão carenciada também, bem como nas forças de segurança. Naturalmente que um OE é um exercício de equilíbrios nem sempre fácil. Também sei que vamos ter que ir mostrando recuperação face à UE. Mas também sei que é necessário buscar pontes de consenso que nem sempre, para não dizer nunca, são fáceis. Esta pretende ser apenas e só um primeira abordagem - desprovida da língua técnica sempre de difícil entendimento para o público em geral -  duma peça muito complexa que só agora conheceu a luz do dia. Mas achei necessário esclarecer alguns pontos face a um certo ruído que a política e os políticos tanto gostam. (Foi sempre assim, mesmo no anterior regime. Basta olhar para os famosos 'Planos de Fomento' de então e ver a sua execução para não termos dúvidas disso). Contudo, estou certo que ainda algumas coisas mudarão em sede de especialidade. Ainda muita água vai correr sob as pontes até termos a versão definitiva do texto. O processo do OE é longo e só estará concluído lá para meados de Fevereiro de 2020. Ainda haverá muito tempo para discussões e ajustes que esperemos sirvam para o tornar uma peça mais interessantes para os portugueses.

Thursday, December 19, 2019

Um profundo agradecimento à Paula Maia

Não pensei que voltaria a falar da matilha de Rio Tinto, já extinta vai para dois anos, mas tenho que o fazer. Porque é minha obrigação aqui dar um elogio e um agradecimento à minha querida amiga Paula Maia. Durante dezassete anos acompanhei e ajudei a chamada matilha de Rio Tinto. Embora morasse um pouco afastado  - eram cerca de cinco quilómetros mesmo assim - nunca deixem de lá ir diariamente. Mais tarde passei a ir só aos fins de semana, feriados e férias do pessoal das empresas que então lá existiam. E fi-lo porque vim morar para mais longe - já não eram cinco mas cerca de vinte quilómetros - e era difícil ir lá tão amiúde, quer fruto da minha atividade profissional, mas também dos encargos que tal implicavam. Fiquei descansado porque tinha outras pessoas que me dobravam nas ausências. Um senhor que mora lá perto e uma senhora que lá trabalhava. Assim, de certo modo, sentia-me tranquilo. Quando a matilha de Rio Tinto terminou, já lá vão dois anos, pedi a uma terceira pessoa, que entretanto tinha juntado a estas, para continuar a ajudar uma gatinha que por lá andava. A pessoa em causa é a minha amiga Paula Maia. A Paula já me vinha ajudando antes da adoção do Repinhas, e logo concordou em continuar com o processo, agora com a gatinha. (Cumpre informar que a matilha era o meu objetivo primeiro, embora não descartasse a gatinha que tinha lá aparecido mais recentemente). A Paula tinha-me dito que morava lá perto o que facilitava a escolha. Eu queria retirar-me porque já era difícil para mim manter a situação. Tinham sido dezassete anos, - muitos dos quais diariamente como atrás afirmei - e começava a ser difícil continuar. Sem apoio de ninguém, - coisa que, aliás,  nunca aceitei, tendo até desviado para terceiros as ajudas que apareceram, quer de Portugal, quer do estrangeiro -, fazendo com que quem lá estava comigo se sentisse também mais respaldado e apoiado. Afinal eu tinha as minhas outras causas, mais perto do local onde vivo, e que nunca referi neste espaço. Na minha ligeireza de análise da situação, não medi as consequências, coisa muito pouco habitual em mim, mas também erro como todos. A Paula continuou a ir lá denudadamente, a fazer o seu melhor - e que bem o faz e disso dou testemunho - mas não pensei que as pessoas tinham as suas próprias causas e os recursos são limitados para todos. A Paula nunca desistiu daquilo que combinou comigo, mas penso ser tempo de ser eu a libertá-la. Assim, deixo aqui à Paula a nota de que já fez muito o qual agradeço do coração. Mas não quero que se sinta na obrigação de continuar só porque eu lhe pedi. Parece-me justo que a liberte desse compromisso e quero fazê-lo aqui e agora. Por mim, está liberta do que acordamos, se quiser continuar a ir, será necessariamente por sua vontade e desejo, sem que se sinta obrigada a um compromisso. Peço-lhe desculpa por ter chegado a esta conclusão tão tardiamente mas, como disse atrás, também tenho falhas que estou certo me perdoará. E daqui para a frente continuaremos com certeza esta saga dos animais. Afinal gostamos demasiado deles para lhes virar as costas. E mesmo para terminar, quero aqui deixar de novo o meu público e caloroso agradecimento por tudo o que fez e pela pessoa que é. Continuará certamente a espalhar o bem junto desses seres sem voz como eu o tentarei fazer também dentro daquilo que me for possível noutras paragens. Apenas me resta agora deixar-lhe aqui um profundo e sincero obrigado por tudo.

Wednesday, December 18, 2019

À memória de Fátima Cerqueira Rocha

Fui surpreendido à uns dias atrás pela morte da Fátima Cerqueira Rocha. Fiquei tão surpreso e atónito que demorei a reagir. Foi dia 12 de Dezembro de 2019 ao que julgo saber. Sabia que tinha problemas de saúde, mas não sabia que estava tão doente assim. Foi um choque. Por isso, só agora alinho aqui estas palavras. Nunca conheci pessoalmente a Fátima mas habituei-me à muitos anos a respeitá-la pela sua formidável obra em prol dos animais. O seu amor pelos seres indefesos e sem voz era bem conhecido, quase proverbial. Apesar de não a conhecer, e como ando também envolvido nesta causa, por uma razão qualquer, acabamos por nos cruzar no ciberespaço. Falamos algumas vezes, tendo sempre por mote a defesa dos animais. Também lhe conheci alguns desabafos por ver pessoas que nada tinham a ver com os animais,  a aproveitarem-se da causa para outros fins. Falou-me de alguns. Citou alguns nomes. Fez-me ver o que até aí eu ainda não tinha visto, ou simplesmente me recusava a acreditar. E com clareza e objetividade o fez. Mais tarde vim a dar-lhe razão. Afinal a Fátima tinha uma leitura clara do muito que existe em torno dos animais para além da sua proteção e defesa. Ela sabia-o e ensinou-me a ver. Estou-lhe grato por isso. Da sua formidável obra em torno dos animais todos sabemos. Ela foi um exemplo para todos nós. Uma força inspiradora e tenaz. Deixou muitos animais que tinha à sua guarda. Sei que há pessoas que estão a ajudar estes animais homenageando assim a memória da Fátima. E como ela se sentirá feliz lá onde estiver, ao ver que a sua causa vai ser continuada por outros, e que os seus animais terão sempre quem os proteja e defenda. E a Fátima bem o merece pelo que foi e pela obra que fez em prol dos sem voz. Embora não a conhecendo pessoalmente, como atrás disse, fica aqui a minha homenagem que estou certo será seguida por tantos outros. A Fátima era o melhor de nós. Foi aquilo que gostaríamos de ter sido e não fomos capazes. É a verdadeira inspiração para outros se juntarem a esta tão nobre causa que, embora contando com muitos mais do que num passado recente, ainda somos muito poucos face à dimensão do problema. A Fátima foi e continua a ser um ser de luz que ilumina o caminho de quem a vai seguir e cobre com o seu manto protetor os desvalidos. Por tudo isto achei que não devia nem podia ficar indiferente. Que estejas em paz, Fátima!

Tuesday, December 17, 2019

Feliz aniversário meu avô e padrinho, José!

Passam hoje 109 anos sobre o nascimento do meu avô materno e padrinho, José! Um homem de grandes princípios com quem fui praticamente educado, a quem devo uma certa linha de vida que ele tanto se esforçou para eu seguir. O meu avô - curiosamente nunca o tratei por padrinho - era um homem do início do século passado, forjado numa retidão de vida e princípios de que fui herdeiro. Uma pessoa muito respeitada por todos os que o conheceram. Sempre o tive como um mentor ao longo da vida. A ele devo tudo o que sou. Ele foi um visionário no seu tempo. Um homem simples mas com uma sensibilidade muito grande para 'farejar' o futuro. Foi-me orientando sempre naquilo que para ele seria o ideal. E fê-lo bem. Ainda viu a 'obra' que tentou idealizar antes de partir. (Julgo que partiu feliz por isso mesmo). Há muito que desapareceu do meu convívio, mas a sua memória perdura e sempre perdurará enquanto por cá andar. Diz-se que enquanto a memória vai trazendo essas pessoas que já nos deixaram, é como se elas não tivessem morrido. A ser assim, ele será eterno enquanto a vida me deixar recordá-lo em toda a sua dimensão e plenitude. Hoje celebrar-se-ia o seu aniversário. Sei que não é tradição da nossa família celebrar aniversários. Enquanto menino, mais do que o aniversário, era o sinal de que o Natal tão ansiosamente esperado, estava para chegar. E eu lhe dizia-lhe  isso e como ele sorria face à inocência duma criança. Mas hoje aqui quero recordar a data como sempre faço. Pois que tenhas um feliz aniversário, avô José! Lá onde estiveres que estejas em paz.  

Monday, December 16, 2019

Carta à Margarida Ferreira em dia de aniversário

Cara Margarida.

Os meus melhores cumprimentos.

Venho escrever-lhe esta missiva porque hoje celebra mais um aniversário. Não sei se segue ou não uma regra que tenho por muito avisada. Neste dia nunca celebro o aniversário, aproveito para fazer uma reflexão daquilo que foi o meu percurso de vida até aqui, aquilo que é hoje e aquilo que perspetivo para o futuro, embora o futuro para mim comece a escassear. Como tal, porque talvez não siga esta metodologia, venho fazê-la um pouco por si, sem disso lhe ter antecipadamente pedido permissão, e com possíveis afirmações, seguramente controversas, mas que julgo que a minha idade já vai permitindo fazer a uma pessoa que podia ser minha filha. Também quero aqui deixar a minha declaração de interesses para quem ler esta missiva. Admiro muito esta Senhora - com S maiúsculo, sim senhor -, pelo que é e, sobretudo, pelo muito que faz em prol dos animais. É uma verdadeira fonte de inspiração. Posto este preâmbulo cá me vou lançar nesta aventura com riscos inerentes, mas devidamente ponderados e assumidos.

E começo por aquilo que é mais evidente, o seu feitio irascível, que não permite a opinião a ninguém, a não ser a sua. O seu egocentrismo é de facto muito assumido o que a impede de ver mais além em determinadas situações. E é pena que assim seja, porque isso obscurece a sua formidável obra junto dos animais, que passa irremediavelmente para segundo plano. Disso sou testemunha quando afirma coisas por vezes temerárias de sustentação débil como sendo a verdade mais absoluta sobre a Terra. E para isso, não o faz só nos espaços que frequenta - o que seria o menos - mas nos espaços de terceiros onde trava batalhas inócuas sem que para isso necessite da autorização de seja quem for. Tudo é radical, extremista, e sei lá mais o quê, sem perceber que extremista é a Margarida nas posições que defende e para as quais quer arrastar as outras pessoas. (Sei de alguns problemas que a incomodaram e da doença que a persegue. Sei também que seria difícil a qualquer pessoa, confrontada com o mesmo, ser assumidamente menos revoltada). Mas a Margarida é assim e parece não haver nada a fazer. Embora isso lhe traga engulhos que depois se vê com dificuldades para ultrapassar. Fico triste com algumas coisas que leio, mas sei que em nada poderei interferir para as alterar. Da próxima vez fará o mesmo e assim continuará até que a poeira do tempo nos cubra definitivamente. E assim tenta, deliberadamente ou não, esconder o formidável coração que tem do qual a sua obra é bem largo testemunho.

Mas agora, depois daquilo que já disse (e que provavelmente está já a preparar a arma para disparar sobre mim) deixe-me que me dirija aos seus detratores que já devem estar a esfregar as mãos de contentamento, caso estejam a ler estas linhas. Pois vós que a atacais e lhe infernizais a vida, não sois melhores do que ela, apenas o seu reflexo em sentido oposto. É como se estivessem a ver-se a um espelho. E se achais a Margarida irascível, mal educada, intratável, - e se calhar com justificação para isso -, respondei-me a estas questões que já trouxe a este espaço mais do que uma vez. Assumidamente não sereis capazes de abrir a porta à Margarida, mas sê-lo-ies a um pobre e obscuro homem, funcionário público de profissão, sempre de negro vestido, que dá pelo nome de Fernando Pessoa? E já agora, aquele fanfarrão, brigão e mulherengo do Camões sempre metido em problemas por tudo e por nada? E aquele outro, esse intratável sujeito, de péssimo feitio e beberrão, dum Beethoven, sempre enfiado nas tabernas? E que dizer dum tal Leonardo nascido em Vinci que profanava sepulturas para retirar cadáveres onde estudava anatomia? Ou desse outro, Carravaggio figura importante do Renascimento italiano, assumidamente pedófilo? Ou dum Rafael, com a sua assumida homossexualidade? Ou ainda, se recuarmos no tempo, desse profeta e líder Jesus Cristo? (Não aquele que visitais ao domingo na missa, a quem prometeis perdoar a quem vos ofendeu, coisa que logo esqueceis quando saís da Igreja. Não é a este Cristo que me refiro, aquele que ficou cativos dos ricos e poderosos, mas do outro, o autêntico, aquele que lutou contra a ocupação romana e até contra os poderes dos seus iguais. Esse Cristo radical, extremista, - não sei se de esquerda ou direita porque nesse tempo ainda não havia essa geometria política dos nossos dias -, aquele que lutou até à morte pelas ideias em que acreditava). Será que éreis capazes de lhe abrir a porta? Se sim, então porque que a fechais com estrondo à Margarida? Se não, então tudo aquilo que fazeis não passa duma encenação. Da literatura e poesia que nunca lestes, da pintura e escultura que não compreendeis, da música que ouvis só porque é de bom tom e estatuto social, ou da fé que dizeis professar em nome duma quimera?

Sei que tudo isto é controverso, mas mesmo assim arrisco. Porque o que quero dizer é que a obra destas pessoas está muito para além delas e do que elas foram quando viveram no tempo que foi o seu. As pessoas passaram, as obras ficaram mais os mitos, mais ou menos românticos - talvez até romanescos - das personagens. A Margarida é um exemplo disso. Quando um dia o manto do tempo nos cobrir a todos, apenas a sua obra junto desses pobres seres sem voz, será o seu testemunho. E um dia, talvez até a Margarida seja personagem de romance, depois de expurgadas algumas arestas da sua personalidade. Quiçá uma estátua a preceito com discurso de circunstância. Acho que a Margarida também não tem feito por isso. Muitas coisas que diz e faz, acabam por obscurecer a sua obra tão nobre, e acabam por criar obstáculos em tempos mais controversos. (Aqui não me alongarei, a Margarida sabe do que falo e basta). Desculpe esta sinceridade de alma lavada mas, como disse atrás, talvez a minha idade seja uma boa desculpa, talvez a única, junto de si. Se é que o é de facto.

Esta é uma reflexão que gostaria de aqui deixar neste dia de aniversário tal como faço para mim mesmo. Não pretendo ofender quem quer que seja, - muito menos a Margarida por quem tenho uma autêntica veneração -, apenas tornar evidente as contradições que existem em todos nós e de que não damos conta. Mas o dia de hoje é de aniversário e não quero estragar-lhe a efeméride. Apesar da missiva já ir longa - será que ainda aí está, Margarida? - não gostaria de acabar sem uma palavra para a senhora sua Mãe. Porque este dia que é o do seu nascimento, é também o verdadeiro dia da Mãe,  - da sua Mãe -, daquela que lhe deu o ser e que sofreu neste dia para que pudesse existir nesta vida. E como acho que a gratidão é um sentimento muito nobre, aqui estou a trazer a sua Mãe à colação. Ela, seguramente, não esqueceu esse dia e até será capaz de lhe contar tudo o que aconteceu, e como aconteceu, com os maiores pormenores. Para ela aqui fica as minhas homenagens e para si os votos dum feliz dia, dum feliz aniversário com muita luz no seu caminho, aquela luz forte e brilhante que trás à vida dos seres que ajuda a resgatar a uma morte certa, e já são muitos.

Agora sim, - uf! dirá você já entrincheirada e de dedo no gatilho -, porei um ponto final sem que antes lhe deseje o melhor para a sua vida porque ela é importante (seja porque preço for) para continuar a ajudar aqueles sem voz que fez causa da sua caminhada. E também pelo seu sobrinho que sei que adora (mas, por favor, compre-lhe outra camisolinha porque a cor com que o vi da última vez não o favorece em nada!!!) Um bem aja por tudo isso e que ainda muitos mais sejam fadados para serem resgatados a uma vida vil e de sofrimento. E por aqui me fico... finalmente.

Com os meus melhores cumprimentos.


José Ferreira

Sunday, December 15, 2019

Intimidades reflexivas - 1200

"Procuro não ter planos para a vida para não atrapalhar os planos que a vida possa ter para mim." - Agostinho da Silva (1906-1994)

Saturday, December 14, 2019

Intimidades reflexivas - 1199

"Era quase mais odioso o silêncio do que o próprio mal, do que a indiferença, do que a inércia, do que o egoísmo. Todos os gritos, todos os pavores, todos os remorsos o silêncio sufocava e recobria com o seu mármore majestoso e frio." - Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013) in 'Os Insubmissos'.

Friday, December 13, 2019

Que ousadia!

Para surpresa minha quando abri o dia verifiquei que estava bloqueado numa rede social, mais concretamente o Facebook. Pelo que li, parece que alguém ficou incomodado com algumas coisas que por lá coloquei. Como o meu comportamento, - de todos conhecido -, sempre se pauta por princípios rígidos no que diz respeito a educação, confesso que não entendi o que se passava. Mais tarde obtive a resposta que obviamente aqui não vou divulgar. Apenas quero dizer que há gente que não merece esse título, - o de gente -, porque a sua condição intelectual, ou de princípios é tão baixa que se confunde com o chão que piso. Gente pequena e rasteira que pretende dar lições a quem delas não carece em vez de aproveitarem para aprenderem um pouco mais e libertarem-se da imbecilidade que é apanágio desses prosélitos. Com que ousadia fazem estas coisas! Talvez seja assim que se sentem melhor com o seu pobre ego embrutecido pela estupidez. Mas não conseguem em circunstância alguma, libertarem-se da pequenez que é o seu símbolo maior. (O simples facto de estar a alinhar estas ideias já é demasiado para gente tão baixa). Contudo, não queria deixar aqui esta nota a todos os que me seguem ao longo dos anos para que percebam o meu silêncio. Não sou dos que viram a cara para o outro lado. Se tiver que ir à luta faço-o com denodo. Não fujo. A bem da liberdade de expressão e da condição maior que a cultura nos dá como carapaça. Obrigado a todos os que estão aqui por bem.

Thursday, December 12, 2019

Intimidades reflexivas - 1198

"Dai-me a casa vazia e simples onde a luz é preciosa. Dai-me a beleza intensa e nua do que é frugal. Quero comer devagar e gravemente como aquele que sabe o contorno carnudo e o peso grave das coisas. Não quero possuir a terra mas ser um com ela. Não quero possuir nem dominar porque quero ser: esta é a necessidade." - Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

Wednesday, December 11, 2019

A problemática do SNS

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma das grandes conquistas que emergiram do 25 de Abril de 1974, sonho do já desaparecido António Arnault, numa época em que, quem tinha dinheiro, ia ao médico, quem não tinha, que se arranjasse. Ainda me lembro da maneira festiva como tal inovação foi acolhida e o alívio que trouxe a algumas populações economicamente mais debilitadas. (Algumas delas pessoas de quem tenho conhecimento direto e que ainda hoje dizem como a criação do SNS lhes veio melhorar a vida). Passados todos estes anos, parece que tudo se inverteu. Pode haver várias razões para isso, desde logo os constrangimentos financeiros do país que existem, embora muita gente pense o contrário. Mas não deixa de ser estranho que esse serviço seja diariamente posto em causa quando ainda hoje é considerado um dos melhores do mundo pelos organismos internacionais de saúde. É certo que existem coisas que não estão bem, seria errado negá-lo. Afinal não há sistemas perfeitos. Mas também é certo que existem muitas outras razões para o quererem por em causa, razões menos confessáveis. Desde a mais alta hierarquia médica, enfermeiros, auxiliares, etc. parece que todos se conjugaram, - independentemente de interesses variados -, no ataque ao SNS. Até as populações, mas essas são facilmente orquestráveis. Estou à vontade para falar dele porque o vejo de fora. Normalmente não recorro a ele, e sei o que se fala nos corredores do privado. Parece que, isso sim, existe um interesse em privatizar tudo porque a saúde é o verdadeiro negócio da China. Quem perderia com isso seria necessariamente as populações que, ou têm dinheiro para comprarem um seguro de saúde ou então voltam ao tempo de antes 1974. A ideia de privatizar o SNS sempre foi uma tentação para muita gente. O governo que existia durante a 'troika' não se cansou de ensaiar a situação, com um desinvestimento crescente, e isso ajudou a degradar uma área já de si a braços com muitos problemas. A privatização seria um erro, na minha ótica, mas para que isso não aconteça será necessário que se libertem mais fundos, que se invista mais no setor, para que se faça uma verdadeira reforma. Um sistema com mais de 40 anos, necessariamente carece de ajustes que nunca foram feitos. E quanto mais tarde pior. Mas se vissem o que se passa com os serviços de saúde noutros países europeus compreenderiam aquilo que aqui quero dizer. Normalmente temos a ideia bizarra de que tudo o que vem de fora é que é bom, mas no caso da saúde, não é assim. Por isso, é que me entristece ver a situação atual e a falta de respostas da tutela. Mas, estou convicto, que a problemática do SNS é outra bem diferente e bem mais complexa.

Tuesday, December 10, 2019

Ainda em torno do Bazar dos Três Vinténs

Explicação sobre o Bazar dos Três Vinténs dada ainda pela Gina Cunha. Diz assim: "Foto registada na rua de Cedofeita Porto. Este painel de azulejos representando o Pai Natal, foi produzido na Fábrica do Carvalhinho, em Vila Nova de Gaia e pintado por Fernando Gonçalves, na década de 50. Era o famoso Bazar dos três vinténs, Porto. Algumas das fichas da loja de brinquedos, situada na rua de Cedofeita no Porto. Fundada em 1880 e doada pela viúva, cerca de 1910, a um barcelense. No início da República o nome passou para Bazar Parisiense. No entanto na fachada manteve-se o nome que tornou famosa a loja: Antigo Bazar dos três Vinténs. Estas doze fichas foram-me oferecidas por um amigo cá de Barcelos, que tem um estudo avançado sobre esta famosa loja, e a coleção completa das fichas". E aqui ficam mais umas memórias a juntar às muitas que este antigo bazar me trouxe com todo o simbolismo duma infância feliz.

Monday, December 09, 2019

Viagem no tempo ou memórias de infância

Ontem vi uma foto num grupo sobre o Porto a que pertenço e que aqui reproduzo com a devia vénia à sua autora Gina Cunha. Esta foto não me deixou indiferente. E as memórias saltaram de imediato. A foto era a do antigo Bazar dos Três Vinténs sediado na Rua de Cedofeita no Porto. (Que nessa época natalícia até tinha polícia à porta e um enorme Pai Natal que toca um sino e abanava a cabeça. E que grande que ele me parecia face à minha pequenez de criança). Recordo-me desde muito menino de ir a esse bazar comprar os enfeites para a árvore de Natal. Enfeites de vidro como era apanágio nessa época, muito frágeis, mas bonitos, com aquele brilho que encanta qualquer criança. E eu criança ainda ficava deslumbrado. Era também aí que me compravam os brinquedos. Primeiro de madeira e chapa, mais tarde de plástico, num cortejo infindável de mistério e encanto, - como era o Natal nessa época -, bem longe do Natal dos nossos dias, onde apenas a mesa farta é que importa. E como as crianças têm tudo em qualquer época do ano, o Natal perdeu também esse encanto que era para as crianças do meu tempo, onde só nesta quadra se recebiam brinquedos. Mais tarde, já um pouco mais crescido, ainda me lembro de ir com a minha família ver os enfeites para a árvore natalícia e, quando era chegada a hora dos brinquedos, eu disfarçar para não ver o que era. Afinal, e mesmo sabendo onde eles eram comprados, a magia do Natal continuava, quando chegava a altura de simular o Menino Jesus a trazer os brinquedos, num ritual encenado pelo meu avô materno e padrinho. Sim, nessa época era o Menino Jesus que trazia os presentes, o Pai Natal embora presente nas celebrações, era remetido para outras atividades. Enfim, coisas de criança feliz, como eu fui, num ritual que se perpetuou por muitos anos. E tudo isso me veio à memória depois de ver esta foto. E como me lembrava de ir com a minha família à noite ver as decorações de Natal que iluminavam as ruas trazendo aquele ar de festividade que tanto me enternecia. Hoje já não existe o Bazar dos Três Vinténs. Nem sei o que lá está. Penso que é uma loja de chinês. Tudo muda com o tempo, afinal o tempo, como diz o poeta, é feito de mudança. Mas as memórias ficam porque a mudança é mais lenta. E quando são impressas por algo que muito nos marcou, ainda mais. E assim, lá fui de novo, qual viajante do tempo, mergulhar na minha infância já tão longínqua. E tudo à boleia duma simples foto.

Sunday, December 08, 2019

'For the Fallen' (Aos que tombaram) by Laurence Binyon (1869-1943)

Robert Laurence Binyon (de 1869 a 1943) foi um poeta e historiador de arte que passou sua carreira inteira no Museu Britânico, onde escreveu estudos sobre a arte holandesa, britânica e asiática. Aos 16 anos publicou o seu primeiro poema e continuou a escrever poesia ao longo de sua vida. Em 21 de setembro de 1914, logo após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Binyon publicou, no The Times de Londres, o que se tornaria seu poema mais famoso, a elegia “Aos que tombaram”. Profético em relação às enormes baixas que a Grã-Bretanha sofreria durante os próximos quatro anos de guerra, o poema mais tarde foi transformado em música por Sir Edward Elgar na sua obra de coral 'O espírito da Inglaterra' (de 1916 a 1917). Após a guerra, passagens de “Aos que tombaram” foram esculpidas em diversas lápides e cenotáfios, e a obra era frequentemente recitada nas cerimónias do Dia da Memória, recordando as perdas da Grã-Bretanha durante a guerra, uma prática que continua até os dias de hoje.

For the Fallen (Aos que tombaram) by Laurence Binyon (1869-1943)

With proud thanksgiving, a mother for her children,
England mourns for her dead across the sea.
Flesh of her flesh they were, spirit of her spirit,
Fallen in the cause of the free.

Solemn the drums thrill; Death august and royal
Sings sorrow up into immortal spheres,
There is music in the midst of desolation
And a glory that shines upon our tears.

They went with songs to the battle, they were young,
Straight of limb, true of eye, steady and aglow.
They were staunch to the end against odds uncounted;
They fell with their faces to the foe.

They shall grow not old, as we that are left grow old:
Age shall not weary them, nor the years condemn.
At the going down of the sun and in the morning
We will remember them.

They mingle not with their laughing comrades again;
They sit no more at familiar tables of home;
They have no lot in our labour of the day-time;
They sleep beyond England's foam.

But where our desires are and our hopes profound,
Felt as a well-spring that is hidden from sight,
To the innermost heart of their own land they are known
As the stars are known to the Night;

As the stars that shall be bright when we are dust,
Moving in marches upon the heavenly plain;
As the stars that are starry in the time of our darkness,
To the end, to the end, they remain.

Saturday, December 07, 2019

O paradoxo de Teseu (O barco de Teseu)

Imagine que você tem um barco de madeira… E que à medida em que o tempo passa, você substitue as tábuas que se estragam por tábuas novas, mantendo as tábuas que estiverem boas. Anos depois você acabará substituindo todas as tábuas velhas por tábuas novas. E para você continuará sendo o mesmo barco. Mas… e se você utilizasse essas mesmas tábuas que usaria para substituir as velhas e construísse um novo barco? Ele seria outro barco não seria? E o seu barco original? Ainda será o mesmo depois de tantos anos e todas as tábuas trocadas?
– – –
O mito de Teseu e o paradoxo do seu barco é uma daquelas histórias que não lhe despertou muita atenção na escola. Teseu (ou Teseus) foi um herói mítico grego, considerado como o fundador de Atenas. Como herói grego, Teseu passou por diversas aventuras, encontrando-se com outros personagens da mitologia e com deuses em diversas histórias. O resumo da história a qual o paradoxo faz referência é a seguinte: O Rei Minos, de Creta, tendo sucesso na guerra contra Atenas decretou que de nove em nove anos 14 jovens atenienses deveriam ser enviados até o labirinto do Minotauro – aquela besta de corpo de homem e cabeça de touro – para que fossem devorados pelo mesmo. Partindo para Creta em barcos com velas negras, por duas vezes jovens atenienses foram sacrificados. Na terceira vez, Teseu se voluntaria para ir com a promessa de que iria liquidar o Minotauro e, caso tivesse sucesso, iria voltar à Atenas com velas brancas no barco, anunciando o seu triunfo. Teseu venceu a luta contra o Minotauro e retornou para Atenas com todos os outros 13 jovens. O barco foi guardado e deixado em exibição. O barco foi mantido como relíquia ao longo de séculos e, pouco a pouco, suas partes originais eram substituídas à medida em que iam apodrecendo. No final de vários anos todas as partes do barco original haviam sido trocadas e do barco original que estava em exibição no porto de Atenas não restava um único pedaço. A pergunta que os filósofos se faziam é: esse barco, dado que as partes foram substituídas, se não inteiramente mas pelo menos a maior parte do original, é o verdadeiro? Portanto, quando se fala em barco de Teseu (ou modernamente no navio de Teseu), em filosofia se faz referência à natureza das coisas, das suas essências. Algum paradoxo semelhante na sua vida?

Friday, December 06, 2019

Intimidades reflexivas - 1197

"Estes são os meus domínios, as alturas, a solidão, o silêncio da grande verdade, longe da tagarelice dos mortais, nas fronteiras do eterno." - Fernando Campos (1924-2017) in 'Lagoa Azul'.

Thursday, December 05, 2019

O sentido da vida

À medida que o Natal se aproxima começo a pensar no balanço de mais um ano. Já à muitos anos que dedico a noite de Natal a essa análise introspetiva sobre o ano que findou e, cumulativamente, com a minha própria vida. Porque quando já se tem alguns anos, temos mais estórias associadas: umas que ficaram, outras que a memória foi esbatendo senão mesmo apagando. Mas algo existencial na minha vida foi sempre o tentar adivinhar o seu sentido. Considero a vida uma benção, algo de divino à falta de melhor expressão. Mas também acho que todos nós nascemos com um designo, seja ele qual for, que será uma espécie de contributo que trazemos ao evoluir das consciências do mundo e que por cá deixamos quando chega a hora de partir. E como este é o meu modelo de partida, fico ainda mais confuso, porque ao fim de todos estes anos, confesso que não sei qual é o meu. A História vai-nos dando exemplos aqui e ali de pessoas que com um único gesto marcaram a sua existência. Uma vezes para o bem outras para o mal. Embora este último, por vezes represente um mal no imediato, embora se venha a ter uma leitura diferente com o passar dos tempos. Estou a recordar-me, por exemplo, de Judas Iscariotes, que passou à História como o símbolo do traidor, mas sem ele, o Cristianismo talvez nunca tivesse existido. Este é o único verdadeiro gesto conhecido deste personagem, cuja vida parece ter decorrido na maior obscuridade. E já que falo de Judas porque não falar da sua vítima Cristo que, embora sofrendo a morte mais horrível que se podia infligir a uma pessoa nessa época, acabou por selar uma religião. E porque não Pôncio Pilatos que, com um simples lavar de mãos, fixou a sua marca. Mas noutras latitudes o mesmo se passa, lembro-me de Sócrates, o filósofo grego que nunca escreveu nada que se conheça mas que foi o fundador duma corrente filosófica. Podemos não conhecer nada dele, mas o gesto de tomar nas suas mãos a cicuta que o levaria à morte a que tinha sido condenado é conhecido de todos. E então Mozart, esse jovem e inveterado rebelde que no fim da sua curta vida e depois de receber uma encomenda que o atormentou iria compor uma obra formidável como o Requiem que nunca chegou a concluir. Esse momento que tanto o abalou foi o clique para despertar a sua imortalidade. E então esse Leonardo oriundo de Vinci, o pintor das obras inacabadas que com um gesto criou uma das suas obras mais conhecidas como a Gioconda. Quadro que sempre o acompanhou até ao fim da vida e que ele foi aprimorando com os anos. A juntar a estes nomes quantos mais poderia aqui citar. A lista seria longa e interminável. Porque acho que cada um de nós tem a sua estória, aquele momento que define a sua existência, aquela marca que assegurará a sua lenda pessoal como diz Paulo Coelho. Eu, como cada um de vós, não sou exceção. O problema é essa definição, essa marca de água que servirá de moldura a uma existência. Já terá passado e nem dei por isso? Ou ainda estará para vir? Esta é uma espécie de demanda do Graal para o qual parece que nunca encontrarei resposta. A maioria de nós não reflete sobre isso, assoberbados que estão pelo trabalho ou pela falta dele, pelo acumular mais e mais ou simplesmente para garantir a subsistência, alienados sempre pelos ruídos do mundo que nos impedem de pensar. Mas esta é uma época de balanço, talvez seja o defeito profissional aqui a imperar, é a altura da análise e da reflexão sobre mais um ciclo que está prestes a fechar-se. Um ciclo a somar a tantos outros ciclos que a vida me tem dado e eu sempre com esta dúvida existencial a bailar na minha mente. E assim continuará até ao fim porque acho que nunca o saberei. Julgo que essa marca, esse sentido da vida, só aparecerá depois da nossa existência ter terminado. Afinal, será, talvez, aquilo que os outros verão em nós. Será esse o segredo? Talvez seja essa não-existência que me perturba. Essa questão sem resposta, será afinal, apenas e só uma quimera? Não penso que assim seja, mas não tenho resposta que contrarie. E assim vou caminhando para o fim de mais um ano onde farei o tal balanço sempre indefinido e inconclusivo. Necessariamente incompleto.

Wednesday, December 04, 2019

Intimidades reflexivas - 1196

"Qual é a sua estrada, homem? - A estrada do místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância." - Jack Kerouac (1922-1969)

Tuesday, December 03, 2019

As alterações do clima

Ouvi anteontem a intervenção do Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, sobre as alterações climáticas. Estas afirmações foram proferidas em Madrid no âmbito da Cimeira do Clima que ontem começou na capital espanhola. Na sua intervenção, Guterres quis passar uma mensagem de esperança e não de desespero, para usar as suas próprias palavras. Em geral estou de acordo com as suas intervenções, mas não com esta. Embora não querendo passar nenhuma mensagem alarmista para o mundo, Guterres deve estar ciente de que a linha vermelha já foi ultrapassada à muito. Cada vez a seca é maior, com ela o cortejo de incêndios cada vez mais extensos e devastadores; as tempestades mais violentas, onde se assiste a fenómenos, - como por exemplo os tornados -, a aparecerem em regiões do mundo onde não era habitual acontecerem. O degelo que está a acontecer aceleradamente nos pólos que conduzirá, inevitalvemente, à subida das águas do mar. (O nosso país é disso exemplo). Embora querendo motivar os dirigentes políticos, Guterres sabe bem que isso será difícil, se não impossível, pelo menos com alguns que apenas parecem ter areia na cabeça, cegos pela sua ambição desmedida do poder, embriagados com a sensação de serem senhores do mundo. Só que eles não o são e ainda não deram por isso. E um dia, que cada vez está mais próximo, eles serão senhores dum deserto tão cheio de areia como a mentes destes coitados que nos colocaram a todos no abismo. Nem sequer atentam na comunidade científica que vale muito mais do que um átomo da sua proverbial estupidez. Este fenómeno do clima é já antigo e muito antes deste 'boom' que vimos assistindo - fruto da urgência da situação - já à muito que alguns de nós já tínhamos sido alertados para esta situação que se aproximava a passos largos. Recordo-me ainda de jovem adolescente, ter tido o privilégio de ter grandes Professores por onde passei. (Aqueles a quem coloco um P maiúsculo porque o merecem). Já nessa altura havia alguns mais empenhados que faziam notar aos seus alunos que, desde que começou a revolução industrial, estávamos a caminhar para uma situação de não retorno. Nessa altura, ainda muito jovem não tinha a real preceção da situação. À medida que os anos foram progredindo comecei a pensar melhor naquilo que tantas vezes me disseram e a ver que esses ensinamentos eram como uma profecia para o nosso tempo. Mesmo para aqueles que estão mais virados para a visão esotérica do mundo, quero-vos dizer que esta perspetiva dos nossos dias e o seu caminhar para um qualquer 'armagedon' já está traçada à mais de meio milénio. Queiramos ou não, não estamos já à beira do abismo. Estamos no abismo. Estou convencido que não passarão três gerações sem que nos demos conta de que estamos a mergulhar numa nova idade do gelo, num ciclo geológico que já aconteceu há milhões de anos atrás (e não só por uma vez) e que irá acontecer de novo. É urgente a urgência, embora ache que já nada nos afastará do inevitável. Estas novas gerações estão mais conscientes e mais bem preparadas do que as anteriores. Por isso, estão a fazer desta urgência uma luta que não pode ser ignorada. Quanto às cimeiras - esta ou outra qualquer - não passarão duma conversa como tantas outras porque para uma certa parte dos dirigentes mundiais o que conta é o seu poder momentâneo que acham que será eterno. E enquanto isso, a vida vai desaparecendo, o mundo mergulhará na escuridão de novo. O fim será inevitável, ou pelo menos, com uma nova realidade que nem sequer temos noção.

Monday, December 02, 2019

Intimidades reflexivas - 1195

"Quando eu danço, eu não tento superar ninguém além de mim mesmo." - Mikhail Nikolayevich Baryshnikov

Sunday, December 01, 2019

Intimidades reflexivas - 1194

"Quem está descontente com os outros está sempre descontente consigo próprio." - Émile-Auguste Chartier (1868-1951)